terça-feira, 31 de dezembro de 2002

2003



Doisperandonadaemtroca, masseviercarinhoélindo.

Milagresacontecem, sim.

Encontraralguem, encontraralguem... quemedeamor...

Trestezanaoqueromais, nuncamais.



Sejafelizvocêtambém.










sábado, 28 de dezembro de 2002

Ana,



tô aqui na Argentina de novo. Cheguei hoje. Tá um tempinho feio, chuvoso, abafado... Mas a sensaçao de que vou ver minha irma e conhecer minha sobrinha Sofia logo logo faz meus dias serem cheios de sol! Tô bem feliz, apesar de infeliz. Tô bem alegre, apesar de triste. Mas 2003 vai chegar.

No entanto te escrevo por outra razao. Naquele dia conversamos sobre ler, sobre livros... Eu te contei que havia lido em algum lugar uma coisa muito legal sobre ter livros que a gente nao leu na estante, sobre colecionar livros. Algum escritor que fazia uma comparaçao maravilhosa para dizer que quem realmente gosta de livros, e de ler, e de apreciar boa literatura, invariavelmente tem em sua biblioteca livros que nao leu... Bom, milagrosamente achei a tal entrevista na revista Bravo de Setembro (capa Cidade de Deus), que eu tinha deixado na apartamento aqui de Buenos Aires. Que louco ainda estar aqui e eu achá-la, e me lembrar...! Mas, nao adianta, tem coisas que foram escritas especialmente pra nós e, mais dia menos dia, voltam às nossas maos... Fim de ano, sabe, estou bestamente filosófica. Bom, mas chega de blá blá blá, aí vai o que precisa ser lido:



Você já leu tudo isso?

A questao só ocorre a amadores, pois o bibliófilo jamais

permite que certos livros sejam profanados pela leitura


Para quem possui qualquer estante com mais de 12 livros, a pergunta é tao comum quanto o ar, tao universal quanto o tempo e tao inevitável quanto a morte - e nem mesmo Anatole France (escritor francês, Nobel de Literatura em 21) escapou de sua repetiçao impertinente quando um amigo que o visitava resolveu adimirar sua biblioteca. "E você já leu tudo isso, Monsieur France?" - perguntou-lhe o amigo -, como costuma ser, miseravelmente, a praxe unânime. "Nem um décimo", respondeu Anatole France. E completou : "suponho que você nao use sua porcelana Sèvres todo dia".

A comparaçao pode sugerir pelo menos quatro conclusoes prováveis: a de que a sabedoria é uma questao de elegância; a de que a propriedade nao implica o usufruto; a de que a utilidade é um valor vazio e a de que a leitura é um privilégio delicado. Comprar livros para serem lidos é um hábito exclusivo dos que nao sabem ler.

Um livro, afinal, nao é um manual de instruçoes: no pior dos casos, é um fetiche; no melhor, uma presença. (...)




O texto continua - longo - e fala, na verdade, do ato e da paixao por colecionar - sobretudo livros. O autor do texto, Sérgio Augusto de Andrade, cita uma obra de Waltercio Caldas, O Colecionador. E o mais louco de tudo é que existe um livro com esse mesmo nome que faz parte da trilogia que Marilia quer montar no teatro. Ela tem falado tanto desse livro, mas tanto! Acabou de reler. Manoela tá lendo. E eu jamais teria me dado conta de que já estive tao perto dessa história se nao tivesse reencontrado este texto da Bravo... Serendipity. Onde será que tudo isso nos leva? Bom, se for a uma biblioteca de colecionador, cheia de livros nao lidos, já me basta. Se for pro palco também, melhor ainda. Presente.



um beijo guardado dentro de um livro antigo,

J.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2002

Vinte e Sete

Hoje é meu DESaniversário. (Meu aniversário é 27 de julho!!!)

Vinte e Sete. Meu número favorito - junto com o oito.

Sempre no dia 27 eu tenho a sensação de que tudo é legal,. de que as pessoas se amam, de que magicamente tudo vai dar certo, de que eu sou importante na vida de alguém. Não que eu não seja, mas no dia 27 parece mais, parece perfeito. Então vou aproveitar o feitiço desse dia para fazer 27 desejos de ano novo:

1. Muito Teatro

2. Amor

3. Saúde

4. Meus sobrinhos bem perto

5. Comida pra quem tem fome

6. Agasalho pra quem tem frio

7. Abraço pra quem tem saudade

8. Regi

9. Minha tia presente, onde quer que ela esteja

10. Deus mais próximo

11. Manhãs de sábado com os meus alunos

12. Caminhadas no Ibira em dias de sol

13. Encontros

14. Muito Koi

15. Muito Cinema

16. Carteirinha da Une

17. Menos sono

18. Viagens boas

19. Menos gripe

20. Mais Teatro

21. Descobertas

22. Alguém comigo

23. Alguém comigo

24. Alguém comigo

25. Alguém comigo

26. Amor recíproco

27. Ciça e Rods casando felizes

terça-feira, 24 de dezembro de 2002

Querido Papai Noel,



não se preocupe em me trazer presente neste natal, porque o presente que eu quero e preciso está dentro de mim. Eu quero renascer, e só. Preciso renascer de tudo o que me escurece. Como se o Natal fosse um dia diferente dos outros e pudesse mesmo realizar milagres. Pois o presente que eu quero é um milagre. Um milagre, Papai Noel. Será que eu posso pedir isso? No meio de tanta gente que precisa de milagres muito mais do que eu... Será que eu tenho esse direito? Prefiro acreditar que sim porque Deus é onipresente. E um dia me ensinaram que os meus pedidos não tomam o lugar dos pedidos de quem precisa mais do que eu. Portanto, que bom. Que bom ainda conseguir acreditar nessas coisas. Que bom ainda ter esperança... Em alguma coisa. Em milagres.

Que neste natal, Papai Noel, todos recebam o milagre que desejam, ou de que precisam.

Obrigada,

J.



Feliz Natal.



Já nasceu o Deus menino

E as vaquinhas vão mugindo

Blim blom, blim blom

Blim blom nylon

Mary Mary Mary Cristo

Cristo Cristo Mary Mary

Esta noite olham por nós

Anjos cantam de lá do céu

Carneirinho me dá lã, mé

Passarinhos de manhã, né

Cantam

Tudo tão bom

Papai Noel

Momo do céu



Mary Cristo, Tribalistas

segunda-feira, 23 de dezembro de 2002

Poesia e Ciência

Nós somos poeira de estrela.

domingo, 22 de dezembro de 2002

Outubro de 1996



Já faz quase um ano e quatro meses que eu comecei a aprender coisas especiais na minha vida. Já faz quase um ano e quatro meses que uma pessoa maravilhosa vive me ensinando coisas novas e lindas. Talvez essa pessoa nem saiba o quanto ela já me ajudou a descobrir coisas...



Eu descobri que viver pode ser muito mais arriscado e perigoso.

Eu descobri que amar alguém de verdade é um sentimento que a cada dia se renova, e aumenta, aumneta, aumenta. E tem que ser assim, sempre.

Eu descobri que não há nada melhor do que ficar no sofá, assistindo televisão, com quem a gente ama.

Eu descobri que "ter" que ficar dando explicações sobre a minha vida não é uma obrigação, e sim uma vontade própria.

Eu aprendi que viver numa rotina pode ser mais desejado que qualquer outra coisa.

Eu aprendi que dividr as coisas em dois é melhor do que ficar com elas só pra mim.

Eu descobri que ter alguém com quem a gente SEMPRE pode contar é a coisa mais especial que existe.

Eu descobri que acreditar em Deus é acreditar um pouco mais em mim.

Eu descobri que comer num restaurante japonês é caro, e tem bons motivos pra isso.

Eu descobri que não se pode alugar mais do que um filme de vídeo por noite.

Eu aprendi que fazer coisas aparentemente tontas é assumir que se está apaixonado, e isso é bom de vez em quando.

Eu aprendi que ir ao cinema semanalmente é um dos programas preferidos do paulistano.

Eu descobri que meus amigos não sabem, mas que todo fim de semana eu saio com eles.

Eu aprendi que chegar em casa meia hora adiantado é a coisa mais importante da noite.

Eu descobri que na hora dormir não posso me esquecer de uma coisa muito importante.

Eu aprendi a chegar QUASE na hora nos meus compromissos.

Eu descobri que existe uma pessoa tão boba quanto eu.

Eu descobri que a cor amarela combina muito bem com a cor roxa.



Enfim, sem querer, eu aprendi a viver.



Eu aprendi muito, e aprendi com você. Eu devo a você todas essas coisas lindas. Obrigado. E eu só queria terminar contando minha mais nova descoberta: eu descobri por que fico falando toda hora que te amo e que não sei viver sem você. Porque se um dia eu não puder mais te falar isso, eu já terei que ter repetido um número de vezes suficiente pra que você se lembre pro resto da sua vida.



PS: Eu acabo de perceber que também existem muitas outras coisas que eu ainda não aprendi...




É uma dor bem grande ter de aceitar que esse amor lindo não existe mais.

Ou que o resto do mundo foi mais forte do que o que a gente sentia.

Mas eu sou feliz porque um dia alguém me escreveu isso.

Melhor do que nunca ter tido.

Ou não?
Espelho, Espelho Meu,



existe alguém no mundo, hoje, mais triste do que eu?

Não... Mas a culpa é de quem? Minha. Eu sei.

A culpa é de mim, que inventei de ler todas as 8.278 cartas que nos escrevemos naqueles anos felizes. Eu sei, espelho, que eu não tinha nada que ir lá na casa da minha amiga My buscar tudo isso que deixamos lá guardado esses anos todos. Eu sei que não precisava ficar relendo, mas a vida é assim. E, olha, mais do que triste eu fico orgulhosa de tanta coisa linda que a gente botou no papel. Tudo tão verdadeiro que dá vontade de sair por aí mostrando...

Não briga comigo, espelho. Nada de quebrar a minha cara. Já basta o coração partido.

E quebrar espelho dá 100 anos de azar.

Já me bastam os últimos três.

Grata,

J.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

Lindão,



isso!!

Isso, lindão!!

A Sétima Arte foi um espetáculo ontem, como todas as outras vezes. Parabéns!

Você disse que não é tutor, não é guru, não é exemplo... mas você é um cara extremamete profissional, e talentoso, e "excelente" - como atesta o tal do prêmio - naquilo que faz. Portanto é, sim, exemplo de muita coisa. Inclusive de responsabilidade, artística e pessoal, com o seu elenco e com o seu trabalho. E as suas atitudes são coerentes com isso - apesar de você não ser um cara coerente (risos).

E que bom que eu tive o prazer de estar mais perto esse ano, finalmente, e de ser parte dessa coisa mágica que vocês conseguem fazer... Cê não sabe quanto eu aprendi! Não, meu querido, você nem imagina quanto! E como tudo isso foi a minha válvula de escape, o meu motivo do dia tantas vezes! E tantas vezes sempre felizes!!

E agora o quê? Cada um pro seu lado... até Deus-sabe-quando!

Por enquanto, como cantou maravilhosamente brother Brown, Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar, rir pra não chorar... Se alguém por mim perguntar, diga que eu só vou voltar quando eu me encontrar...

Essas despedidas são sempre uma desestrutura na vida. São a própria vida, no entanto.

E por falar em despedidas inevitáveis e desestruturas, sempre me pergunto se é melhor ter um pouco e depois aprender a conviver com a perda, a falta, a ausência, a dor, ou se é melhor não ter, não saber como é, não conhecer, nunca ter experimentado, para não sofrer quando acabar... Sempre me pergunto. A resposta é cada dia uma. Hoje, quero a segunda opção.

É, lindão, nem sempre quando fica escuro a deusa da arte vem.

Hoje está escuro, e sem deusa, e sem deus.

Desci do palco e a metade de mim está em outro cenário.

Vamo dá cinco minutinhos...!? Desce o sanduíche de lombo do pessoal.

um beijo, Can, obrigada por tudo.

E um beijo também na lindona, que ela merece, por te aguentar! (mais risos)

J. Dora

PS: Obrigada em especial por ter trazido pra nossa peça a voz maravilhosa da Estela.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2002

Tempo, Tempo... Mano Velho,



o que é que há? A gente não vai se entender nunca?

Ou você me sobra, ou você me falta...

Será que não dá pra achar um equilíbrio, não??

Tá bom, eu sei que você vai dizer que a culpa é minha, que sou eu aqui a inconstante, a extremista. Mas, seja sincero, eu tenho tentado melhorar. Preciso da sua ajuda. Você assim, sempre em movimento, me deixa atordoada. Eu vivo tentando te parar um pouco pra gente conversar com calma, procurar saídas... mas você não pára, você passa, passa, passa... quando me dou conta, já te perdi. E dá uma angústia te perder...

Espera, não reclame! - eu admito que você também tem sido bom comigo, tem me curado umas dores enormes e muitas vezes é meu único remédio. Mas, poxa, de vez em quando você é muito cruel. E olha que eu nem estou falando das suas surpresinhas indigestas... Estou falando do dia-a-dia mesmo! Por favor, vê se dá uma trégua, a gente vive nessa luta contra você, é tão chato viver assim... Pára de correr um pouco... Ah, e, de preferência, pára nos momentos felizes, tá. Senão vai ser impossível suportar. Já não tem sido fácil...

Eu continuo apostando em você pra um monte de coisas. Não vá me decepcionar porque a minha vida depende disso. Deixo muitas coisas nas suas mãos porque não me resta mais nada.

Portanto, tempo amigo, seja legal. Conto contigo. Pela madrugada. Só me derrube no final.

Não me abandone mais.

É muito ruim não ter você.

J.

domingo, 15 de dezembro de 2002

Meu amor,

(eu sei que ainda te chamo assim por pura ilusão, mas me deixa sonhar uns instantes, às vezes preciso, e então passa...)




tenho sonhado com você noites seguidas. Estava com a Má agora há pouco e falei disso... do quanto você ainda é presente nesses dias em que tenho coisas boas pra dividir. Do quanto é pra você que eu sempre quero contar tudo. Do quanto ainda fico imaginando a sua opinião sobre cada detalhe. Eu vejo seus olhos, ainda. Vejo suas caras reagindo às minhas notícias. Vejo a gente rindo igual criança, fazendo planos e acrediitando muito. Escuto a nossa alegria. Nesses dias eu volto a morrer um pouco, sabe... Porque me dói como na primeira semana sem você cada vez que penso em tudo isso que seria e não é mais. Me dói uma sensação de perdas irreparáveis.... Será que a nossa vida não volta nunca mais mesmo? Te confesso que em algum lugar em mim ainda existe uma esperança. Não adianta. Por mais que eu me convença do contrário, a esperança não vai embora inteira. Nem sei se o nome disso é esperança. Mas está lá.

Hoje eu levei as crianças ao cinema. Sempre que estou com eles lamento por você não estar. À noite fui jantar no An e na Mê. Aniversário dele. Toda a família. Tudo muito feliz e gostoso. Aquelas tias libanesas que eu amo e que me amam também, Graças a Deus. Aquele monte de primos que eu vi nascendo, tudo maior do que eu...! Até o Toninho apareceu lá. Pra variar. Como ele tem aparecido!!! E eu... eu sinto a sua falta. Eu queria você lá comigo. Nessas festas eu sempre me sento por um momento, quieta, sem ninguém, e fico pensando "como seria se ainda fosse..." - Como seria...

Bom, nosso time vai jogar a final e não dá pra não pensar em você. Aliás, aquela sua camisa antiga ficou aqui... não dá pra não lembrar. Claro que eu uso a camisa quando a gente ganha. Não por causa do time, mas e daí. Ninguém sabe que é porque era sua. Ainda tem bastante coisa que era sua por aqui. Inclusive eu. Que talvez ainda seja.

Eu não quero ganhar Eu quero chegar junto Sem perder Eu quero um a um Com você No fundo não ter Eu só quero dar prazer Me ensina a fazer Canção com você Em dois...

eu te amo,

J.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2002

Minha tia, amada, idolatrada, melhor pessoa do mundo, Didi,



e cá estamos há um ano sem você.

13 de dezembro de 2001, o dia que eu temia tanto chegou naquela madrugada.

Eu ainda sinto sua falta desde que acordo até quando acordo no outro dia...

Mas eu também ainda sinto a sua presença constantemente aqui e sei que você sabe disso e me dá sinais. Você sabe também que eu não acreditava muito no tal do sobrenatural, mas depois que você morreu, coisas tão incríveis aconteceram... Você sabe. Hoje foi um arrepio!!! Você viu, não viu?! Eu sei que você estava lá com a gente naquele carro... Porque nunca, tia, nunca antes a Giovanna tinha mencionado seu nome daquele jeito, espontaneamente, no meio de uma conversa nada a ver. Pois assim, como se ela tivesse sido tocada por você ou sabe-Deus-por-quê, ela me solta esta: eu vou rezar pra vovó Dila.(!!) E, eu, quase num pulo: O quê???, ...Eu vou rezar pra vovó Dila, ela repetiu. Por que você tá dizendo isso agora, Nana? - Porque eu vou, ué... E então o Luca: eu tô com saudade dela, da vó Dila... Bom, eu, a essa altura, já queria parar o carro e trancar todas as portas pra não te deixar sair nunca mais de perto da gente. Eu sei que você estava lá. E então ficamos falando de você e o Luca quis saber por que você tinha morrido, e a gente explicou que os seus "soldadinhos" não conseguiram vencer os "maus". E eu disse pra ele que você era a pessoa mais legal do mundo e que bom que eles tinham te conhecido, ainda que pouco... Contei que você sempre me fazia parar no caminho pra comprar as batatinhas pra eles e que você me contava as histórias mais engraçadas que eu já tinha ouvido, da sua vida, da nossa família... Eles querem saber, um dia eu conto. E sabe, Didi, todo esse papo só fez aumentar a minha saudade e, ao mesmo tempo, a alegria que eu sinto por você fazer parte da MINHA família. Por EU ser a menina de sorte que viveu tão perto de você durante 27 anos. Porque não existe nenhuma outra pessoa como você no mundo. Não existe. Nem no mundo nem fora do mundo.

Às vezes eu me pego um pouco confusa, achando que qualquer hora vou te ver ali ou aqui... ou que você vai telefonar... parece um sonho nublado que eu às vezes tento encaixar na realidade... Ou então é porque vou mesmo te ver de novo, te ouvir. Eu não sei. Ninguém sabe. Mas que você está aqui, está. Invisível, mas está. Pode deixar que eu sempre reconheço seus sinais - que me guiam, me acolhem, me confortam, me coçam as costas.

Tudo o que eu faço de bom é dedicado a você - como sempre foi, minha vida inteira.

da sua sobrinha que mais te ama nesse mundo,

e que bom que eu pude te dizer isso tantas vezes...

JJ.

PS: Mas sinto muita saudade de te abraçar. Muita.
Marília, não-de-Dirceu, Minhamiga,



obrigada.

Muito graças a você hoje eu estive onde amo estar. No palco.

E com a chance de transformar um passado invisível num futuro possível.

E tantas coisas legais acontecem por sua causa... Portanto hoje, Mari, apesar de eu sempre ter muito pra te dizer, especialmente hoje quero falar do quanto têm sorte as pessoas que, como eu, encontram outras pessoas tão compatíveis e complementares - como você. Quero te falar hoje sobre o valor das grandes amizades, como é a nossa. Quero te falar do quanto você é importante, insubstituível, e transformadora na minha vida.

Um dia você me deu aquele caderninho de telefone e escreveu nele:

Quando passei no teste de estagiários de jornalismo fiquei na dúvida e quase não aceitei. Mas sabia que, por algum motivo, tinha que ir. O motivo era você.

Nunca te contei mas ando com o caderninho na minha bolsa e muitas vezes pego aquilo e leio, releio, sorrio sozinha, e agradeço a Deus por ter me dado o privilégio de conhecer você na hora certa. Não por nada além de você, de nós, da nossa amizade que me faz tão melhor. Mas também porque você é um exemplo pra mim em tantos aspectos. Porque você me faz acreditar em coisas que eu quase esqueci que existiam, ou que podem existir. Porque eu gosto de te ouvir e de te falar. Sempre. Tudo. Mais e mais e mais. E a gente canta, e a gente dança, e a gente não se cansa... de ser criança.... e a gente brinca... a nossa velha infância... Não crescemos juntas mas você está tão aqui que eu bem te vejo pequena, brincando comigo no quintal de casa, na areia da praia, na piscina do clube, na biblioteca, no teatro. Não sei mais o que dizer porque tudo é pouco pras coisas que eu sinto. Não sei, mas sei que você sabe tudo o que eu sempre tenho pra te dizer. E é isso. É essa a magia entre nós. A gente sabe.

Obrigada. Por hoje e por todos os dias.

Tomara que eu tenha a honra de dizer o texto que você escreveu.

E tomara que a gente consiga ajudar - com uma gota do oceano que seja - na educação de milhares de crianças cheias de potencial.

E não me enche senão eu te mando pro Ruuuuuuuubens!!!

beijo

J.

Meu sempre amado Jesus,



pensei muito em você nessa noite. Fui ao teatro ver o Sujeito Estranho. Apesar de eu não te achar um sujeito estranho... Falaram de você de um jeito que QUASE me comoveu, QUASE me incomodou... Cheguei a pensar que tinha sido tudo QUASE porque você estava QUASE na minha vida. Mas, não. Passou o instante e vi que o problema não eram meus olhos, nem meu coração, nem minha fé... Eles é que foram QUASE e não você em mim. Você em mim permanece. Ainda que EU, sim, esteja bem estranha ultimamente. Às vezes me sinto Madalena, em JC Super Star, cantando pra você...

I don't know how to love him. What to do, how to move him.

I've been changed, yes, really changed. In these past few days, when I've seen myself.

I seem like someone else. I don't know how to take this. I don't see why he moves me.

(...) Should I bring him down, Should I scream and shout,

Should I speak of love, Let my feelings out...

(...) He scares me so

I never thought I'd come to this. What's this all about?

Yes, if he said he loved me, I'd be lost, I'd be frightened

I couldn't cope, just couldn't cope. I'd turn my head. I'd back away.

I wouldn't want to know

He scares me so

I want him so

I love him so


Não me abandone nunca, por favor.

amor,

J.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

Ana Querida,



o nosso almoço e depois a nossa tarde foram mesmo muito, muito bons! E eu estou aqui me perguntando o que é que houve de surpreendente em mm. Às vezes sou tão óbvia. E a gente já tá cansada de saber que o ser humano é repetitivo...não é? E hoje onde você anda? Saudade já. Eu, depois de tanto fugir, hoje não tive ladrão e fui lá para a conversa indesejada - com meu pai, no escritório. Sem saída. Segunda-feira começo no que, em princípio, é pra mim uma tortura. Mas tudo bem, combinamos que não vou enterrar os meus sonhos, minhas conquistas, meus dons - se é que isso há - mas trabalhar também neles - lá. Meu pai diz que não há nada disso de dons. Diz que qualquer um aprende qualquer coisa. E que não precisa gostar. Você aprende a gostar. Bom, chega disso. Depois te conto. Vou treinar pro meu teste de amanhã. Torça.



beijo,

J.
Cara Clarice,



escrevo para dizer que lamento muito não poder ir até a sua casa trocar um dedo de prosa. Bem, eu lamento é não saber onde você mora, senão eu iria. Iria mesmo. Tenho umas coisas aí pra lhe perguntar, umas outras pra lhe contar, e mais um bocado de opiniões que quero lhe pedir. Não queria falar da morte hoje, mas, afinal, ela sempre está presente porque um dia vem. Hoje eu queria falar de amor. Não desse amor bobo que anda por aí pelos bares, pelos clubes, pelos hotéis de luxo. Queria falar de amor mesmo, desse que a gente sente uma vez, por uma pessoa, e fica a vida inteira tentando sentir outro igual. Ou, quando Deus é bom, a gente fica a vida inteira sentindo esse amor mesmo, com a pessoa-espelho, a que nos ama-igual, ao lado. Sabe, o que eu queria te contar é que acho que perdi minha chance. É. Bom, talvez ela volte mas, por enquanto, perdi. Porque eu já amei assim. Ah, sim, amei. E foi tão bom. Mas um dia eu não estava mais distraída e... perdi. Não tenho pensado muito nisso ultimamente, mas hoje me veio. Hoje senti. Hoje senti muitas saudades. Hoje senti muita vontade daqueles anos, daqueles dias, daqueles instantes de profunda alegria... Hoje senti, sim senhora. Ah, mas você não tem nada com isso. Deixa pra lá. Me manda seu endereço. Qualquer dia apareço.



Um abraço,

J.

Cartas

As correspondências de Clarice me dão vontade

de transformar o espelho em cartas.

Ainda que não de papel.

Ainda que as de papel sejam as mais fascinantes.

Ainda que só as de papel existam.

(E acho que vou voltar a escrevê-las, as de papel.)

Mas, aqui, também serão cartas.

Ainda que invisíveis para alguns destinatários.

Como muitas de papel.

Como muitas.
Um Dia de Silêncio por Clarice

Ontem foi o dia de Clarice.

Fiquei em silêncio.

O silêncio, de que ela gostava tanto.

Não quero falar muito, portanto.

Clarice está em mim todos os dias.

Não precisamos mais de um dia.

Todos os dias são de Clarice.

Mas me dei de presente o novo livro: Correspondências.

Porque ela escreve...

E a mim, para falar dela... silêncio.



Maravilhosa Clarice...



Mas há um momento em que do corpo descansado se ergue o espírito atento, e da terra a lua alta. Então ele, o silêncio, aparece.

O coração bate ao reconhecê-lo.

Pode-se depressa pensar no dia que passou. Ou nos amigos que passaram e para sempre se perderam. Mas é inútil esquivar-se: há o silêncio. Mesmo o sofrimento pior, o da amizade perdida, é apenas fuga. Pois se no começo o silêncio parece aguardar uma resposta - como ardemos por ser chamados a responder - cedo se descobre que de ti ele nada exige, talvez apenas o teu silêncio. Quantas horas se perdem na escuridão supondo que o silêncio te julga - como esperamos em vão por ser julgados pelo Deus.



Silêncio, Clarice Lispector






segunda-feira, 9 de dezembro de 2002

Sábado - A Casa de Bonecas

Minha casa se transformou no Hopi Hari.

Aniversário da Nana. Seis anos.

Minha irmã faz a festa pras crianças mas não se incomoda nem um pouco se as amigas dela ficarem comentando depois que foi a festa mais linda que já viram na vida! É, ela é um pouco... megalomaníaca, eu diria. Um pouco "de grife" demais pro meu gosto. Acaba sendo fútil, não tem jeito. E eu não entendo. É uma mulher tão inteligente, tão bem sucedida, tão bem criada, tão esclarecida... E parece que não vê o mundo miserável que há em volta do seu castelo de ouro. Claro que eu gosto dela, é minha irmã. E claro que a festa foi uma delícia, e maravilhosa, e acho até que foi a festa mais linda que eu já vi na vida! Mas precisa? É só o que eu gostaria de saber... precisa? Não seria tão bom quanto se gastasse a metade e desse a metade em presentes de natal e comida pra crianças que não têm nada? Seria, sim, tão bom quanto. Pronto, é só essa a parte que eu não entendo. Eu admito que foi fantástico, mas é muito difícil pra mim aceitar esse mundo injusto de crianças que têm demais e crianças que têm de menos.

Isto posto... sim, eu me diverti muito.

E terminamos o dia à noite, no sofá, Nana, Duduzinho, Luca, Rafa, Peter, Marília e eu, contando história da Dona Alanha, do Trem, do Macaco Loco atrás da placa vermelha... e puxando a vovó Daysi pra nossa viagem. Até que a estraga-prazer-mor decidiu ir embora: "imediatamente". Mas tudo bem, um dia a gente manda a Dona Alanha prender ela na teia por uns dois meses.






Domingo - O Vale Encantado

Fui ver o Vale.



Pode ser

Que a gente se acostume a ficar só

Tente

Só que eu duvido muito

Quando a gente fica junto

O coração desfaz o nó



E bate palma pra entrar na brincadeira

E bate palma que é pra mão não ficar só

E bate como vai bater a vida inteira

O coração

Quando a gente se separa

Dá um nó




Sempre me encanta.

Mesmo com tanto desencanto.

Mesmo com tanto...



Desencanto foi ter ido sem ninguém

Desencanto foi encontrar quem encantava e não ter mais os diamantes nos olhos.

Desencanto foi encontrar quem eu amei tanto e ver que desamo a cada dia.

Desencanto é ouvir as coisas bobas que diz esse menino que foi tudo pra mim.

Desencanto é ter tanta certeza de que ele não é mais, nem tudo, nem um pouco.

Desencanto é ter de aceitar o desencanto.

Desencanto é não ter ninguém pra contar meus desencantos... e me encantar, de novo.




Quem é que nunca sentiu que o mundo é um gigante

e achou que era fraco, e se achou quase um rato

e que o gato era o mundo, um gigante malvado

e quem é que, coitado, n'olhava pra cima

esperando a porrada, o cacete, o esporro,

a mijada, a espora, o facão?



Quem é que nunca arregou, nunca teve paúra

e será que alguém jura que nunca tremeu de pavor,

de terror, de vertigem, de altura (oh! Que tava no chão!),

e quem é o machão que não teve a surpresa de ser humilhado

igual feio na festa e menino mijão?

Presta atenção!



Quem não perdeu a atenção dos seus pais,

quem não foi encarnado depois de uma queda

ou porque era vesgo ou porque era torto

ou se o avô já tá morto, se sente sozinho

ou porque é menorzinho ou porque é bobalhão,

é pereba ou otário?

E olha presta atenção!



Quem não levou uma surra, perdeu um horário,

quem é que jamais teve um sonho esmagado

ou sofreu uma ofensa do melhor amigo

e quem é que concorda comigo

esse mundo é um gigante

e a gente é anão?

a gente é anão!

Presta atenção.




E saio de lá só.

Saio do vale desencantada.

Mas existe qualquer coisa que ainda pulsa em mim, em alguém.

Existe o que tem que existir porque eu estou viva.

Hoje eu queria alguém pra dividir.

Uma boca no meu rosto sorrindo pra mim.

Hoje eu queria não o que eu quis, que podia ter, mas já não amo.

Saudade não me serve mais. Ilusão não me serve. O que já foi não tem volta.

Hoje eu quero o toque. A delicadeza do toque de quem ama de verdade.




Hoje eu quero a rua cheia de sorrisos francos

De rostos serenos, de palavras soltas

Eu quero a rua toda parecendo louca

com gente gritando e se abraçando ao sol

Hoje eu quero ver a bola da criança livre

quero ver os sonhos todos nas janelas

quero ver vocês andando por aí

Hoje eu vou pedir desculpas pelo que eu não disse

Eu até desculpo o que você falou

eu quero ver meu coração no seu sorriso

e no olho da tarde a primeira luz

Hoje eu quero que os boêmios gritem bem mais alto

eu quero um carnaval no engarrafamento

e que dez mil estrelas vão riscando o céu

buscando a sua casa no amanhecer

Hoje eu vou fazer barulho pela madrugada

rasgar a noite escura como um lampião

eu vou fazer seresta na sua calçada

eu vou fazer misérias no seu coração

Hoje eu quero que os poetas dancem pela rua

pra escrever a música sem pretensão

eu quero que as buzinas toquem flauta-doce

e que triunfe a força da imaginação




Tem dias em que a gente não consegue enxergar o que há de lindo no mundo.

Tudo de lindo que está por perto, ao nosso redor, nos nossos espelhos.

Tem dias bem difíceis de passar. Que trazem outros dias difíceis.

Tem dias que são noites.




Quando vocês estiverem tristes, pensem em coisas lindas:

balas, travessuras, carinho, carrinho, beijo de mãe,

brincadeira de queimado, árvore de Natal,

árvore de jabuticaba, céu amarelo, bolas azuis,

risadas, colo de pai, história de avó...



Quando vocês forem grandes e acharem que a vida não é linda

pensem em coisas lindas.

Mas pensem com força, com muita força,

porque aí o céu vai ficar cheio de vacas gordas amarelas,

cachorro bonzinho, bruxa simpática,

sorvete de chocolate, caramelos e amigos

Vamos, vamos lá! Vamos pensar só em coisas lindas!

Brincar na chuva, boneca nova, boneca velha, bola grande,

mar verde, submarino amarelo, fruta molhada, banho de rio,

guerra de travesseiro, boneco de areia, princesas,

heróis, cavalos voadores...



Ih! Já tá anoitecendo no Vale Encantado!

Dorme em paz, minha criança querida

Vamos pensar em coisas lindas até amanhecer



Pode Ser, Canção do Gigante, Sem Mandamentos, Pensar em Coisas Lindas

- O Vale Encantado, Osvaldo Montenegro

sexta-feira, 6 de dezembro de 2002

O Erro

Aconteceu de novo muitos anos depois da última vez. Ela nem se lembrava de como era. Mas aconteceu. E doeu. Foi num dia qualquer, como outro qualquer, e poderia ter sido em qualquer lugar, a qualquer momento. Ela não sabe explicar. Pois se foi uma música, um cheiro, uma paisagem... ela não sabe. Aconteceu enquanto respirava, num piscar de olhos, numa virada de cabeça, enquanto manobrava o carro no estacionamento do shopping. E depois aconteceu no trânsito, quando olhou o céu pela janela, e assim que encostou o carro para pegar as crianças na escola. Aconteceu tantas vezes durante o caminho de volta, quando viu que o sol estava se pondo, quando comprou balas no farol, quando a filha lhe mostrou a estrelinha na prova. Aconteceu quando ela chegou em casa e viu as flores que o marido lhe comprara, por nada, porque não é preciso um dia especial para dar um presente a uma pessoa especial. Aconteceu. Ela sentiu saudades do amor de sua vida. E viu que não era feliz. (A não ser pelas crianças).



As Crianças em Nós

Tá bom, A-na-Ca-ro-li-na!

Mas precisa me fazer chorar?

Sua cara de lâmpada!!!



Os Olhos em Mim

Recebi um texto de alguém que passou por aqui outro dia e me viu perguntando por que a gente deixa de "amar". O texto é "Aos Apaixonados", de Rubem Alves. Um texto lindo e brilhante. Está aqui. ...apesar de eu não concordar com tudo, porque acredito em paixões que se transformam em amor quando o objeto da paixão é conquistado. Mas vale a pena ler.



(...) Cassiano Ricardo sabia disso e escreveu:



"Por que tenho saudade

de você, no retrato, ainda que o mais recente?

E por que um simples retrato,

mais que você, me comove, se você mesma está presente?"



Que coisa mais esquisita! Como pode ser isso? Como pode se sentir saudade de algo que está presente? A resposta é simples: a gente sente saudade de uma pessoa presente quando ela está se despedindo. Cecília Meireles, desenhando sua avó morta, a quem ela muito amava, disse: "Tu eras uma ausência que se demorava; uma despedida pronta a cumprir-se." Dirão: "É natural. A avó já era velhinha..." É verdade. Mas o que caracteriza o olhar apaixonado é que ele percebe, no rosto da pessoa amada, essa ausência que se anuncia e essa despedida pronta a cumprir-se. (...)




As Vozes em Patrícia Palumbo

Como é bom esse programa! Tô aqui escutando...

MPB da melhor qualidade, como ela sempre diz.

Quem nunca ouviu, ouça. Diariamente. Deleite-se.

Vozes do Brasil, Rádio Eldorado (92,9), às 12h.



As Expectativas em Quem

Não sei.





quinta-feira, 5 de dezembro de 2002

Meus pais

4 de dezembro

Du e Dê fazem 40 anos de casados!


Mais nove de namoro.

E ainda namoram.

Se a gente fosse capaz de seguir exemplos...

Se querer fosse poder.

Que Deus permita muitos anos mais,

de exemplo,

de amor,

do maior amor que já vi.

Amém






Ana Carolina

Hoje minha amiga conheceu quase toda a minha família.

E foi como se a gente se conhecesse há anos...

Foi aniversário do Luca, no boliche.

Pela primeira vez nos encontramos fora do teatro.

Eu com roupa de gente (ou quase!), de cara limpa.

Ela, o doce de sempre.

Este blog, no mínimo, me deu amigos.

E amigos são a família que a gente escolhe.

Descobrimos, ainda, que somos corinthianas...

O que faz uma enoooooorme diferença. :)

E que bom que os sentimentos existem, Aninha!!!!!!

Um beijo





As Criaturas da Noite







Hoje estou Noturna.

Com a voz de Estela abençoando o ar.

O ar cheio de criaturas noturnas.





Era de vidro, quase de lâmina

há de haver no espaço uma igual

Era uma lagrima, há de ter sido

um choro natural

Era estrela clara de lua

gota de lume branco e de sal

Era uma lagrima, há de ter sido

um choro natural


Era vitrine como é vitrine

o olho, a janela, a ruga e o cristal

Era uma lagrima, há de ter sido

um choro natural


Era de água, quase de espelho

como o olhar de quem passa mal

Era uma lagrima, há de ter sido

um choro natural


Era de lua sempre de enluarada impressão

divina e normal

Era uma lagrima, há de ter sido

um choro natural


Era menino, muito menino

como é menino o bem contra o mal

Era uma lagrima, há de ter sido

um choro natural


Cristal, Osvaldo Montenegro


Pra Mê, que eu amo muito

Pooh!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2002

Descomplemento

Amanhece, em Copacabana, e estamos todos cansados. Todos, no mesmo banco de praia. Todos , que somos eu, meus olhos, meus braços e minhas pernas, meu pensamento e minha vontade. O coração, se não está vazio, sobra lugar que não acaba mais. Ah, que coisa insuportável, a lucidez das pessoas fatigadas! Mil vezes a obscuridade dos que amam, dos que cegam de ciúmes, dos que sentem falta e saudade. Nós somos um imenso vácuo, que o pensamento ocupa friamente. E, isso, no amanhecer de Copacabana.

Antonio Maria



Li na Cora Rónai, que achou aqui. Mas, originalmente, é das releituras.

terça-feira, 3 de dezembro de 2002

Desencanto

O que me encantava desencantou.

Desencantei.

Por quê, não sei.

Desencantei.

Assim, sem mais.

Em paz.

Em mim.

Assim.

Se é bom ou ruim.

De novo não seii.

Mas desencantei.




Despaixão

Desapaixonei.

E agora quem?

E agora quando?

Queria logo.

Mas queria bem.

Queria brando.

Em paz.

Em mim.

Em nós.

Que nós?

Sós.

Sóis.




Descanção

É você

Só você

Que na vida vai comigo agora...


Não é ninguém.

É solidão.

A música toca mas não há ninguém, não.



Desesperança

Ano que vem vai ser um ano bom.

Um ano de bom tom.

De silêncio e som.

Mais som.

Silêncio é o resto.

Na verdade sou eu, mas queria citar Hamlet.

Envenenar-me.

E morrer.

Mas depois.

Porque ano que vem vai ser um ano bom.




Desprendimento

Não penso mais em você como antes. Não acordo mais com a sua imagem nos olhos, apesar do porta-retrato aqui, insistente. Minto se disser que o dia vai inteiro sem você, mas quase. Quase quase. Minto se disser que escuto música impunemente. Isso talvez nunca. Nem quase. Mas a sensação de acordar sem dor tem uma melodia boa. Ainda é tudo muito vazio portanto é difícil avaliar o estrago, avaliar a recuperação, avaliar as melhoras. Ainda é tudo muito confuso portanto é difícil. Mas é livre. Ainda que a solidão seja a pior das grades.




Desalento

Começo a precisar

de dedos nas costas de noite

de abraço na madrugada.

de pernas enroscadas

de sorriso de manhã

de beijo de café

de bala de hortelã

de oi

de tchau

de saudade

de carinhos sem ter fim.




Deus...?

Alguém...?



Se fosse um filme seria tão mais fácil.

Mas é teatro.



Ano que vem vai ser bom.

Seremos felizes para sempre.



Estou dilacerada.



Outro dia uma amiga me disse: "você é uma pessoa que ama".

Pois desamei.

Desisti.

Deixa.

Passa.













segunda-feira, 2 de dezembro de 2002

Caminhando...

Roubei do Romeu
- que provavelmente pegou daqui -
Porque achei brilhante, o caminhante.

sábado, 30 de novembro de 2002

Grades



Encontrei esta imagem no zeroblog.

Peguei emprestada

porque ela diz as palavras que me faltam para dizer o que ela diz.




Tirei a imagem daqui

porque estava travando.

Mas veja lá no zeroblog...

é o código de barras.


O Filho da Noiva

Meus pais fazem 40 anos de casados e eu fui assistir a O Filho da Noiva.



El Hijo de La Novia



Em teoria uma coisa não tem nada que ver com a outra.

Mas me pergunte e eu lhe respondo... Estou comovidíssima.

Porque, sem saber, ver um filme deste neste momento foi uma benção.



O filme é maravilhoso.

Às vezes se chora de rir, e outras vezes se chora de chorar mesmo.

Mas é um choro bom... que aquece o coração e a alma.

Mais uma coisa da série "não se explica".



Bueno, que se yo... Hay que verlo!

Y quien le va a dar clases? El professor Girafales?

Que pesado!



O filme é imperdível.

Muito sensível. Muito inteligente. Muito, muito bom!



E esta Norma Aleandro é ex-tra-or-di-ná-ria!



Norma



Ela e Huppert podem se dar as mãos e caminhar pelas ruas do paraíso.

Ou senão pela rua aqui de casa.

Não, não somos nada perto delas.



E se ela um dia despencar do céu

E se os pagantes exigirem bis

E se um arcanjo passar o chapéu

E se eu pudesse entrar na sua vida...

Be Atriz










Sortimento Vivo

Sortimento Vivo

Fui também ao show da Zélia.

Hours-concours (é assim que se escreve?) da série "não se explica".

É como... "se você não foi à Bahia, vá!"



E ninguém aqui vai notar que eu jamais serei a mesma...

sexta-feira, 29 de novembro de 2002

Sebastião Sou Eu



Filha de sem-terra num acampamento em Barra do Onça. Sergipe,Brasil, 1996...Criança deslocada que se perdeu de sua família, em Mopéia. Província de Zambeze, Moçambique, 1994...Criança angolana deslocada, em Cazombo. Província do Alto Zambeze, Angola, 1997.



Campo de Polhó para índios zapatistas deslocados. Chiapas, México, 1998...Campo de Turanj para refugiados bósnios do enclave de Bihac. Krajina, Croácia, 1994...Centro para orfãos das tribos do sul de Bihar Bihar, Índia, 1997



Crianças

Não sei...

Estou assim.

Criança em preto e branco.

Impotente diante da tragédia.

Não que tenha me acontecido alguma.

Não hoje. Não hoje. Não hoje.

Queria melhorar o mundo.

E não faço nada. Nada.

Queria melhorar.



Querer

Quanta coisa a gente quer e... não faz, não tem, não consegue.

Quanto a gente quer o que não se pode querer.

Quanto a gente sofre de tanto querer e não querer.

Às vezes não quero mais... nada.

Nem sei o que estou dizendo. Só quero dizer.



Friends

Yes I know and Joey knows but Ross doesn't know so you have to stop screamming!



Don't worry

Be happy



Obrigada

Por todos os parabéns, u-huuus, êêêêêssss, oobbbaaass e yuuupis.

Esta Joana agradece comovida, e aposentada.



Fábio

Tem hora que bate uma tristeza tão grande

Que eu não sei o que fazer e nem pra onde ir

É tanta coisa que eu queria dizer

Mas não tem ninguém pra ouvir

Então choro... sem ninguém ver.

Eu choro...




Sono

Sono

Sono

Sono

Cê namora...

E eu não queria ter crescido.




Quando você chega na classe

Nem sabe

Quanta diferença que faz

E às vezes

Faço que não vejo e não ligo

E finjo, ser distraída demais



Quantas vezes te desenhei

Mas não consigo

Ver o teu sorriso no fim

Te sigo

Caminhando pelo recreio

Quem sabe

Você tropeça em mim



Se enamora

Quem vê você chegar com tantas cores

E vê você passar perto das flores

Parece que elas querem te roubar

Se enamora

Quem vê você chegar com tantos sonhos

E os olhos tão ligados nesses sonhos

Tesouros de um amor que vai chegar



Quando toca o despertador

De manhazinha

Me levanto e vou me arrumar

E vejo

A felicidade no espelho

Sorrindo

Claro que vou te encontrar



Fico só pensando em você

E juro

Que vou te tirar pra dançar

Um dia

Mas uma canção é tão pouco

Nem cabe

Tudo que eu quero falar



Se enamora

Quem vê você chegar com tantas cores

E vê você passar perto das flores

Parece que elas querem te roubar

Se enamora

Quem vê você chegar com tantos sonhos

E os olhos tão ligados nesses sonhos

Tesouros de um amor que vai chegar



Se enamora

E fica tão difícil

De ir embora

E às vezes escondido

A gente chora

E chora mesmo sem saber porque




Se enamora

A gente de repente

Se enamora

E sente que o amor

Chegou na hora

E agora gosto muito de você.



Se Enamora, Balão Mágico

quinta-feira, 28 de novembro de 2002

Ganhamos!



A Gota d'Água ganhou o Festival de Teatro! Muito legal.

E eu ganhei o prêmio de melhor atriz. Bem emocionante... Essa Joana!

Não que isso mude a minha vida porque não muda nada, mas foi legal.




E A Sétima Arte também ganhou.

Ganhamos um prêmio especial.

De excelência técnica e artística do espetáculo!




Mas o mais gostoso de tudo é a gente lá quando anunciam os vencedores.

Aquele mar de gente gritando junto... aquilo é bom demais.




Me fez lembrar do nosso elenco gigante em 1987, quando ganhamos todos os prêmios do Festival com Vídeo Pícles...



E melhor ainda foi que estavam lá pessoas que eu amo tanto.

Come what may...




Enfim... é muito bacana ganhar Festivais... mas a vida não é feita de Festivais.

E a fila tem que andar. Só não sei pra onde...

quarta-feira, 27 de novembro de 2002



The greatest thing you'll ever learn...Is just to Love, and be Loved in return.

Moulin Rouge






Ela

Está um tal de falar sobre a morte...

Pois vou entrar na onda e falar dela também.

Na verdade não tenho muito o que dizer, afinal, a morte é a morte, e ponto.

Se tem uma coisa que termina e ponto é a morte.

É ponto mesmo. Acabou. A morte levou alguém e nos deixou sem. Ponto.

Pelo menos pra gente que fica aqui nessa sobrevida acabou alguma coisa.



Na semana passada meu cachorro morreu.

A gente anda pelo jardim, pela garagem... e é estranho.

Ele morreu. Acabou.



No ano passado a morte levou a minha pessoa favorita. Minha tia Odila.

E, bem, eu sofri e sofro até hoje sem ela. Mas e...? E nada. Ela morreu.

Se tivesse ido morrar no Japão, se estivesse internada num hospital, se estivesse sequestrada... eu poderia pensar qualquer coisa, esperar, querer, poderia, sei lá... sentir mil sentimentos diferentes. Mas não. Ela morreu. Acabou. Todos os dias eu penso nela. Olho a foto, converso com ela, mas tenho de conviver com a dor porque ela morreu. E ponto. Eu sei que ela me escuta, eu sei que ela vê meus pensamentos, sei até as caras que ela faz durante as nossas conversas, mas não vou mais tocá-la, vê-la... pelo menos por enquanto. Porque ela morreu. Hoje o tio Dinho apareceu no Video Show, passou um trecho enorme de Gabriela... eu tive por um segundo o impulso de pensar nela, de ligar pra ela. Mas em seguida me veio o ponto final: ela morreu. A morte é isso, essa coisa sobre a qual não há o que dizer, e se há, termina no ponto, e ponto.



Não tenho medo de morrer. Também acho muito cruel perder as pessoas que a gente ama, assim, na hora do almoço, na noite de natal, numa madrugada de chuva... de repente a morte vem. Mas acho cruel ter de ficar sem quem foi. Porque quando EU morrer não vou achar cruel, não. Vou morrer, e ponto. E, não sei bem por que, mas tenho a sensação de que vou morrer cedo. E ponto.



E só mesmo a morte é que não tem jeito.

O resto a gente resolve. Resolve, sim.



Ele

Sobre amor sempre é hora de falar.

Fomos hoje ao Telefonica Open Air.

Moulin Rouge... A Story about love.

E o amor é o oposto da morte.

Não sei bem por que tive agora essa idéia, de que o amor é oposto da morte.

O amor correspondido. É. Que é o oposto de não ter mais quem a gente ama.

Que difícil me expressar...

Acho que estou com sono.

E se eu dormir e morrer... morri.

E ponto.



Saibam que tive últimas horas muito felizes na vida.

E como ouvi esta noite: a gente esquece da gente.



Incrível... acabei de me dar conta de que conversamos exatamente sobre a morte e sobre o amor.





And you can tell everybody that this is your song

It may be quite simple but now that it's done

Hope you don't mind

I hope you don't mind that I put down in words

How wonderful life is now you're in the world

Your Song


terça-feira, 26 de novembro de 2002

Pra Você, Meu Sonho



você é assim

um sonho pra mim

e quando eu não te vejo

eu penso em você

desde o amanhecer

até quando eu me deito

eu gosto de você

e gosto de ficar com você

meu riso é tão feliz contigo

e o melhor amigo é o meu amor

e a gente canta e a gente dança

e a gente não se cansa de ser criança

da gente brincar na nossa velha (amiga) infância

seus olhos, meu clarão

me guiam dentro da escuridão

seus pés me abrem o caminho

eu sigo e nunca me sinto só

você é assim, um sonho pra mim

quero te encher de beijos



Velha Infância, Tribalistas





Tribalistas
E O Vento Levou...

Houve uma terra de cavaleiros e campos de algodão denominada O Velho Sul.

Neste mundo o galanteio fez sua última mesura.

Aqui foram vistos pela última vez cavaleiros e suas damas,

senhores e seus escravos.

Procure-os apenas nos livros pois não passam de um sonho a ser relembrado.

Uma civilização que o vento levou...




E o vento levou esses dias e meses maravilhosos de teatro no ar, no sangue, nas noites, na minha vida.

Estou cheia de um vazio novamente que, nem que eu tente, se explica.

Talvez quem já viveu coisa assim entenda. Um pouco.

Em mim é uma dor. Especialmente este ano, uma dor bem doída.

Now what?

Agora não sei...



À Flor da Pele

Estive muito sensível esses dias.

E coisas bem extraordinárias aconteceram.

O que fechou com uma chave que não sei bem se é de ouro foi o Tom aparecer ontem na peça. Não se entende, não se explica. Os motivos que o levaram lá são os mais bobos possíveis. E eu estava lá mais uma vez. E eu perguntei: como você está? E ele respondeu: SÓ. Como assim "só"? Só, ele disse. Estou sozinho. E ele está sozinho e foi lá, me contar... E quando olho aqueles olhos tanta coisa passa na minha cabeça... dez anos apaixonados por ele... e mais alguns de tantas descobertas tão distantes dele... Eu me pergunto se ainda temos algum caminho... Mas sempre que andamos juntos vejo que não... não ... não... Por que é que a gente deixa de admirar alguém que era tudo na vida? Por que é que a gente se cansa? Por que é que a gente abre mão do sonho da vida inteira? Por que e que a gente amadurece, cresce, e se afasta tanto de quem não vem junto? Por que é que a gente ama outra pessoa e descobre que o amor não era aquilo que se tinha? Por que é que a gente não pode viver na ingenuidade? Por que é que a gente deixa de amar?

Eu quero, mas só quero quando ele está longe. Quando ele vem é tão claro que não quero mais. Que triste.



Tudo Sobre Minha Mãe

A Dona Daysi foi ver a peça ontem... e amou. Vejam só que coisa! Parece que minha mãe mudou de olhares. Ou então aquelas peças de antigamente eram muito ruins mesmo! Risos. Deviam ser, sim. Porque ela sabe das coisas. Ela tem bom gosto, eu sei. E me pergunto como vamos indo, nós duas... Bem, eu diria. Mas quero ver até quando. Até eu, e ela, descobrirmos que talvez não tenha sido só uma fase... Sei lá. Mas que é bom demais essa coisa boa entre a gente, isso é. E eu gosto tanto de vê-la lá... Até fico pensando que pode ter sido bom um tanto de ausência que senti a vida toda... porque agora dou tanto valor à presença dela. E ela vai comigo ao prêmio amanhã. E é realmente ela quem eu quero ali ao meu lado. Independentemente de qualquer coisa, sei que a gente vai dar risada, e que vamos nos entender no olhar, e que vamos debochar das coisas de que sempre debochamos. E sei que vamos sentir muito a falta da minha irmã que está longe, e da minha tia linda e amada que está vendo tudo lá de cima. E só ela e eu sabemos o que a gente sente. E é por isso que tem de ser ela lá, a minha mãe. Que só reclama, que briga sem nem saber por que, que fala NÃO até hoje, sem motivo, como se eu tivesse 15 anos... Mas que é ela, minha mãe. E que no dia 4 de dezembro vai ser beatificada por aguentar o senhor meu pai há quarenta anos - de casados - mais dez - de namoro... Bendita seja. O seu Eduardo é legal, eu sei... Mas ela aguenta, viu! E não posso parar de pensar no comentário da DonAna, a cozinheira: Graças a Deus sua mãe voltou de viagem... É só ela mesmo que esquenta lugar nesta casa! Não adianta: é ela que manda! ... Pois é. É ela que manda.



And The Oscar Goes To...

O Oscar vai para as minhas queridíssimas Débora e Ana! Que me deram mais uma vez o prazer inenarrável de irem me ver no teatro! A Débora escreveu lá sobre esse nosso louco encontro nessa rede louca, e que se não fosse isso talvez nunca nos cruzássemos por aí... e pode ser mesmo... Mas seja como for, eu só tenho a agradecer a Deus por, eu sim, ter tido o privilégio de cruzar o caminho de duas pessoas tão, tão queridas. Ahhhhhhhh, e o Raul gostou da peça!!!! Ufa!!!! Pontos para o teatro! Deus seja louvado! Por falar em Deus... esta rede maluca ainda nos fez descobrir, Ana e eu, que sempre estivemos unidas de alguma forma por Ele, ainda sem saber. Que coisa iluminada.

Obrigada, meninas! Vocês moram no meu coração. E no meu palco, sempre!



Ah, e o Oscar vai também pros meus lindos!!!!!

Luca e Nana!

Que foram ver a peça! E adoraram!

Fazer teatro pra eles é tudo o que me tira do chão.

Não vejo a hora de fazer mais.

Breve, num teatro perto de você: Amídalas!



The End

Acabou, acabou... por enquanto acabou.

Temos mais duas apresentações marcadas, se é que serve de consolo.

Nos dias 4 e 19 de dezembro.

No teatro Paulo Autran, e no Ruth Escobar, respectivamente.

Legal, né. É.

Mas é outra coisa...

O primeiro The End aconteceu e a gente vai juntando os pedaços devagarzinho essa semana. Eu estou quebrada como se tivesse apanhado muito. Mas nem te conto como é boa essa sensação de dever cumprido, como diria meu diretor Marco André. Dever cumprido. E essa certeza de que não dá pra fazer outra coisa na vida a não ser cumprir o meu dever de estar no palco. E o meu dever de educar por meio dele, e de contribuir com o mundo também por meio dele, o palco. E isso não vai ter The End.

Coooooooooooorta!!!!!!!!!!!!

Olha, foi muito bom mas nós vamos ter de refazer a cena, pessoal.

Every day!



Dan e a Nossa Cidade

Fui ver a peça da ESPM no sábado.

Entrar ali foi só o começo da emoção sem tamanho que eu iria viver naquela noite.

A peça foi muito bonita... aquela quadra, aquelas pessoas, aquela cena de Se Essa Rua Fosse Minha... Aquelas lembranças... Aqueles olhos azuis que passaram como um vulto por mim e me trouxeram tanta saudade...

OI, Dan. Oi, Ju... e uma conversa de quase uma hora sobre o nosso encontro, sobre a nossa paixão pelo teatro, sobre a nossa cena, sobre as nossas emoções, sobre tudo o que fizemos, tivemos, vivemos, sentimos... Coisas que só a gente, e quem esteve lá, e mais ninguém pode saber o que é. Mais uma vez essas coisas que não têm explicação... não tem, não tem. Debruçados ali, em cima daquela arquibancada, lembrando de cada momento lindo, do começo de tudo... e olhando pro momento do Dan agora, e pras coisas que vêm por aí... e falando do que eu não posso fugir... E... sei lá. Foi aquilo, que mais uma vez a gente teve... e é nosso. Eu te amo, Dan. E nada, nada vai tirar da gente o que a gente tem. Não tirou até hoje. E agora somos gente grande, grandes crianças que amadureceram... E nada vai nos tirar o que é nosso. E o amor que a gente tem. Pelo teatro, que nos une, pra sempre. Fiquei muito, muito feliz com esse reencontro e, finalmente, com uma conversa boa que havia muito, muito tempo eu esperava acontecer. E ainda vou te ver gigante, ainda vou ter aquela emoção que senti no Rio multiplicada por mil quando muito mais gente descobrir o universo que há dentro de você... Quando muito mais gente tiver a alegria de te ver atuar, do jeito que eu vi, vejo, verei sempre. Os olhos têm que brilhar. Como os seus. Azuis. Diamantes.



A Semana

Esta semana vai ser muito feliz.

Mas o motivo eu guardo aqui dentro.

A gente sabe, né. E isso basta.



À Flor da Pele II

Continuo bem sensível esses dias.

Não sei se isso é bom ou ruim.

Mas é isso.



Coisa de Criança

Tinha mais pra dizer mas... esqueci.







quinta-feira, 21 de novembro de 2002

O cinema cada vez mais se restringe a essa grosseira alternativa:

ou o seio de Martine Carol ou o revólver de Glenn Ford.

Sexo e violência.

Impasse e degradação duma arte que nos deu um Chaplin."



Paulo Mendes Campos, Quadrante II



Quebra Tudo!!!!!!!!

Suuuuuuper estréia!

Foi lindo!

E o que é a Estela cantando, meu Deus!

Estou loucamente apaixonada por aquela voz!

É absurdo o que aquela menina canta!

Dá vontade de parar a peça e só deixar ela lá cantando..................

A Senhora dos Anéis.



I am calling you

Can't you hear me

I am calling you

I am calling you

Can't you hear me

I am calling you



Um real, seu Sérgio.

Até, Dona Dora...



Isso, lindão!!!!!



Basta. Não adianta dizer muito.

Precisava estar lá pra saber.



And the Oscar goes to...



Smile... Sorrir




Smile, though your heart is aching

Smile, even though it's breaking

When there are clouds in the sky,

You'll get by

If you smile through your fear and sorrow

Smile, and maybe tomorrow

You'll see the sun come shining through, if you...



Light up your face with gladness

Hide every trace of sadness

Although a tear maybe ever so near

That is when you must keep on trying

Smile, what's the use of crying?

You'll find that life is still worthwhile

If you just smile.



The Charles Chaplin song




quarta-feira, 20 de novembro de 2002

A Sétima Arte

A estréia é hoje. Eu estou quebrada.

Mas que delícia. Que respiro na vida!

Só que...

Mais uma estréia e mais um fim chegando.

Depois, não sei. Quem sabe?

Deus?

Alô?

Deus?

Eu Te Atro.



Pra você que eu Amo assim

Que saudade do seu olhar e do seu sorriso.

Que saudade da sua voz, das suas roupas, do seu cabelo.

Qua saudade do seu andar, das suas mãos.

Que saudade de te beijar e de ficar te olhando.

Que saudade de te ver dormir.

Eu só perco mesmo...



Sei que vou te ver mais tarde e já ganhei o dia por isso.



You've never been to the moon

But don't you want to go

Under the sea in the volcano

You've never looked into my eyes

But don't you want to know

What the dark and the wild

And the different know



Come dance with me now

We'll dance without a care

I'm as free as a fire

And change is in the air

There are some things in my life

I'll never understand

But they become the force

That makes me who I am



(...)



Come with me now

Come with me now

It's time to try

It's time to fly



The Different, Melissa Etheridge




La Solitudine

Quantas praias vazias na chuva, na noite, no frio.

Quantos estádios, quantos parques vazios na madrugada.

Quantos desertos.

Quanto de mim, eu, vazia.



La solitudine fra noi

Questo silenzio dentro me

È l'inquietudine di vivere

La vita senza te




A Saudade de Sempre

Hoje ouvi essa música e não pude não lembrar,

não lamentar,

não querer,

não chorar,

não me perguntar...

Só pude não te escrever, não te incomodar.

Não te amar... ?

Talvez.

Um dia o dia chega.

Há de chegar.

Há de ficar.

Ouça:



What went right

What went wrong

Doesn't really matter much

When it's gone



Was it too hard to try

Was it too hard to lie

Did you just grow tired of hello and goodbye

Was it the naked truth that made you run

Where do I go now

That I'm down to one



Sooner or later

We all end up walking alone

I'm down to one

My heart is a traitor

It led me down this road

Now it's done

I'm down to one



I want to know where I failed

I want to know where I sinned

Cause I don't want to ever feel this way again

Was the wanting too deep

Did it block your sun

Where do I go now

That I'm down to one



What am I supposed to think

What am I gonna say

What did I ever know

About this love anyway



Down to One, Melissa Etheridge


terça-feira, 19 de novembro de 2002

Isabelle Huppert

Estou absolutamente enlouquecida por essa mulher.
Não é de hoje, não... Mas agora me deu na lata falar dela.
Na minha opinião, ela é a atriz mais extraordinária da atualidade.

Também por que hoje fui ver Teia de Chocolate e... ela é arrebatadora.
(Não tanto a Teia, mas Huppert).

A cena final - ela, o rosto dela, estático - é uma das atuações mais brilhantes que já vi.
O filme é muito interessante também. Mas mesmo se não fosse, valia por essa cena.
E vale por ela, Gigante.

Sem falar em A Professora de Piano - sufocante, destruidor, imperdível.
E 8 Mulheres - divertidíssimo.
Huppert é absoluta em todos eles.
E já quero ir atrás dos antigos dela.
Quero "devorá-la" (no bom sentido, claro).

segunda-feira, 18 de novembro de 2002

O Rouxinol



Claudia Zucheratto e Kleber Montanheiro



No domingo assisti a um dos espetáculos infantis mais completos que já vi.

É tudo lindo, é inteligentíssimo, bem resolvidíssimo, engraçadíssimo, superlativo!

E nesse mar de porcarias que afoga as crianças que são levadas a teatros por aí, O Rouxinol é um ar puro, um oásis. Dá vontade de enviar um comunicado a todas as mães, pais, irmãos, tios, tias, avós... um comunicado para que não deixem de levar suas crianças a esse espetáculo. É visulamente maravilhoso e o texto estimula a criança (e o adulto também) a pensar, a se questionar, e a ter suas próprias respostas. Principalmente porque o grand finale da peça é exatamente uma pergunta.



E a Marília ainda me disse que o Kleber - ator, diretor, iluminador figurinista - TUDO do espetáculo - Marília disse que ele é um gênio. E eu vi que é mesmo. E para alegria geral da nação, é ele que vai nos dirigir em Amídalas, ano que vem. Amídalas... Amídalas...!!



Vá ao teatro.

O que o quê?



Não quero seu sorriso,

Quero sua boca no meu rosto

Sorrindo pra mim.

Não quero seus olhares

Quero seus cílios nos meus olhos

Piscando pra mim.

Transfere pro meu corpo

Seus sentidos, pra eu sentir

A sua dor, os seus gemidos

E entender por que

Quero você...

Não quero seu suor

Quero seus poros na minha pele

Explodindo de calor

Transfere pro meu corpo seus sentidos,

pra eu sentir

A sua dor, os seus gemidos

E entender por que

Quero você...

Quero você...

Quero você...



Sentidos, Christian Oyens e Zélia Duncan


sexta-feira, 15 de novembro de 2002

Madame Satã e A Menina dos Olhos

"...se apenas uma pessoa me disser "Você me fez ganhar o dia!", o meu dia está ganho."

Tenho ganho os dias, as noites, todos os minutos eu tenho ganho porque você está perto. Eu te disse hoje e é verdade: a sua companhia cura todas as minhas tristezas.



Assistimos a Madame Satã.

Atores maravilhosos, impecáveis.

Trilha linda; fotografia também; edição interessante.

E o roteiro... hmmm... achei bem fraco em alguns momentos.

Mas a companhia era tão boa que... nem sei.

Nem sei se prestei tanta atenção no filme.



Quando estou com você eu até esqueço de tudo que quero tanto. E me invade uma certeza de que se quem estiver aqui comigo me causar o que você causa - essa alegria, esse descontrole bom, esses diamantes nos olhos, essa coisa que basta - se quem estiver comigo me causar o que você me causa, então o que eu quero é isso e mais nada.



A Melhor Coisa do Mundo

Sorvete não é a melhor coisa do mundo porque a melhor coisa do mundo é se sentir assim, como eu me sinto com você. Você me traz de volta a sensação de que aquela felicidade que eu tive - e que foi a maior que eu imagino que alguém possa ter - você me traz de volta a sensação de que aquela felicidade pode existir de novo. Você é a minha certeza de que ninguém é insubstituível, ainda que único, cada um. Hoje, de novo, eu disse e me escutei dizendo que eu sinto com você, de novo, o que eu sentia então, naquele começo, naquela fase de descobertas. Esses dias tranquilos, esses papos leves, essas brincadeiras sem consequências, essa meiguice... tudo isso me devolve tanto da vida que foi me sendo tirada nesses anos de escuro. Brigada, Acende a lanterna e me deixa te olhar, te olhar, te olhar...



Luz dos olhos

Os meus olhos vibram ao te ver

São dois fãs




Night Club, Sshhut Club, Drrrrinkss!

Jantei com a Má no Eugenia.

Coversamos tanto...

Como a gente é igual e como a gente é diferente.

Que amizade boa! Que feliz encontro!

E o melhor é que quando a gente se enche, mandamos tudo pro Rrrrrruuubensssss e tá feito.

Te amo, Mari.



O Medo

O Medo

O Medo

O Medo

Amídalas.



There You Go...

E meu coração não está no peito nos próximos dias.

Foi acampar e já volta.

Do latim... a-ma-re.





quarta-feira, 13 de novembro de 2002

Telefônica Open Air e Blade Runner



"All of this will be lost in time

Like tears in the rain"



SENSACIONAL.

Uma Tarde Boa

Fui ao cinema. Com uma das poucas pessoas que me bastam atualmente.

E tive uma tarde boa. Como pouco tenho tido atualmente.



Assistimos a Casamento Grego. Como somos todos iguais, meu Deus! O filme é engraçadíssimo, mas hoje estou profunda e aquilo tudo só me fez pensar demais na vida. Como amo essa família festeira, barulhenta, enooorme, feliz! E é muito triste pensar que não vou ter nada daquilo que amo tanto! Por que, meu Deus? É justo? Eu quero saber se é justo!



Eu quero.



Quero a igreja linda, e meus padrinhos lindos no altar, e minha mãe, e meus sogros. Quero uma música linda e eu entrando emocionada por aquela porta, com meu pai. Quero andar por aquele corredor tremendo, sorrindo para um lado e para o outro, e meu pai com pose de presidente. Quero aquele Cristo me olhando com alegria, orgulho, perdão e cheio de bençãos. Quero olhar nos olhos daquele homem ali me esperando e quero que aquele olhar me baste. Quero que fiquemos de mãos dadas enquanto ouvimos o que Deus nos diz. Quero sentir a boca doer de tanto sorrir e o coração disparar na hora de dizer aquilo tudo. Quero te amar e te respeitar, na saúde e na doença, na alegria e na trsiteza, todos os dias da nossa vida. Quero dizer sim como quem conta para todas aquelas pessoas tudo o que aconteceu e diz: estou aqui, sim. Quero a valsa, as trocas de par, a felicidade nos olhos de cada um que dança e cada um que assiste. Quero aqueles tambores e minha família dançando dabik numa roda imensa no meio da pista. Quero meus tios, meus primos, minhas amigas queridas, e eu, suando, e guardanapos nas pontas, ao som do Ginalgi Nalgina Jublalah Hari Sur Gina! Quero as pessoas jantando, brindando com champagne e morangos, os abraços, os silêncios. Quero as cadeiras no alto, o beijo, o olhar... e que aquele olhar, no alto, de novo me baste. Depois quero os meus amigos gritando I Will Survive e me olhando sem palavras! Quero também os olhares de Não acredito! Que bom! Tomara que dê certo e que você seja feliz! Mas quero que naquele momento eu não tenha nenhuma dúvida de que vai dar certo. Por isso é que eu quero que o olhar, a cada instante, me baste. E que o abraço seja forte. Quero tirar os sapatos, soltar os cabelos, e dançar Bahia até as cinco da manhã. E então quero que nos sentemos à mesa para jantar aquela comida melhor do que antes. E quero beber muita água, e comer a sobremesa. E olhar para o lado e ver, de novo, que me basta. Quero não pensar em nada, então, quando nos levantarmos para ir. Quero no final aquela gente que eu amo, que sempre está nos finais. Qurero também os que não estarão por causa dos filhos pequenos em casa. Mas quero que estejam no meu, afinal, quem diria! Sou eu, lá, e com alguém que me basta. E quero então descer aquelas escadas, sentar naquele carro, encostar a cabeça naquele peito e sentir que me basta. Quero chegar naquele hotel, subir para aquele quarto, e me sentir completa. Quero ainda que venham invadir um pouco aquele momento que deve ser invadido por pessoas queridas. E quero dar risada, e depois me despedir, e fechar a porta, e ficar lá com quem me basta. Algumas horas depois quero acordar com as malas prontas e com a alegria de quem ama aquele homem ao lado. Quero viajar, e voltar, e tirar os presentes das caixas, e montar minha casa, e cozinhar, e dormir, e acordar, e dormir, e acordar. Quero voltar ao trabalho e todos os dias à noite ter o que contar e o que ouvir. E que me baste. Quero fazer teatro e ter para quem perguntar como foi, e ter com quem conversar sobre os erros antes de dormir. E quero ter nossos filhos, olhar para eles e saber, da forma mais sublime, que a vida me basta, afinal. Quero tanto.



Mas querer não basta.

Basta?

Deus?



Pelo menos minha tarde foi boa. Com alguém que eu amo hoje.

Que não me basta para o que eu quero, mas me basta hoje.

Mas como eu queria que fosse diferente!

Como eu quero que seja!



Deus??



terça-feira, 12 de novembro de 2002

CAROLINE

Santo Deus! Como pude não dizer aqui que nasceu minha QUINTA sobrinha! Filha do meu irmão. Foi na sexta, dia 8. Dia oito... OIto, oito, oito... Tudo nessa vida me traz saudades. Mas voltando à fofa. Nasceu. Imagina os próximos natais. Ai, que delícia! Que bom que os meus sobrinhos existem para distrair um pouco a minha atenção dessa vida vazia e... só.



segunda-feira, 11 de novembro de 2002

Amnésia

Tenho coisas a dizer mas às vezes esqueço.



Que dia feliz foi hoje.

Mas é metade, não adianta.



E que mundo pequeno!

Por que é que sempre tem alguém conhece alguém que você não queria ter conhecido. Por que é que tem sempre alguém pra te lembrar de pessoas cujas lembranças te fazem sofrer? Por que é que a gente nunca consegue não falar nessas pessoas quando fica sabendo que tem alguém que conhece alguém que conhece alguma dessas pessoas? Por que é que a gente puxa assunto com a pessoa sobre as outras pessoas, fala bobagem, xinga, lamenta, pede pra matar, depois fica triste, se arrepende, e acaba dando de ombros? Me fala por que é que aquela menina tinha que ter entrado naquela faculdade e jogar naquele time e conhecer aquela menina que esntrou naquela faculdade e que jogou naquele time com a gente, e que, por isso, acabou conhecendo você, que era tudo pra mim? E por que é que eu tinha de saber disso? E por que agora sempre que olho pra ela tenho que me lembrar dela e ter raiva porque não tenho mais você comigo? Por que é que Deus não vem aqui com um apagador e limpa esse quadro negro de uma vez por todas?





15 anos

O que uma menina de 15 anos pensa? O que espera? O que já fez? Em que acredita? Tento me colocar no lugar delas para entender até onde posso dizer, até onde posso explicar, até onde devo ir... Mas é tão difícil. Tudo se transformou com uma velocidade tão incrível! Não adianta eu me lembrar de como era quando EU tinha 15 anos. Não adianta porque era outro mundo. Quando eu era pequena e ouvia essa história de que as outras gerações eram tão diferentes da nossa eu não entendia isso tão bem quanto entendo hoje. Porque essa geração dos 15 é muuuito diferente da minha, aos quinze.E como é que faz entender? Porque passar de novo pelo que passei com a dona Alma, tsc tsc, não vou MESMO. Melhor ficar calada. Quinze vezes melhor.



Ainda mais depois de ter escutado a "máxima dos 15" de hoje: toda brincadeira tem um fundo de verdade.

Ok, dona Francisca. Ok.
Para você o que você gosta



Para calar a boca: Ricino

Para lavar a roupa: Omo

Para viagem longa: Jato

Para difíceis contas: Calculadora

Para o pneu na lona: Jacaré

Para a pantalona: Nesga

Para pular a onda: Litoral

Para lápis ter ponta: apontador

Para o Pará e o Amazonas: Látex

Para parar na Pamplona: Assis

Para trazer à tona: Homem-rã

Para a melhor azeitona: Ibéria

Para o presente da noiva: Marzipã

Para adidas o conga: Nacional

Para o outono a folha: Exclusão

Para embaixo da sombra: Guarda-sol

Para todas as coisas: Dicionário

Para que fiquem prontas: Paciência

Para dormir a fronha: Madrigal

Para brincar na gangorra: Dois

Para fazer uma toca: Bobs

Para beber uma coca: Drops

Para ferver uma sopa: Graus

Para a luz lá na roça: 220 volts

Para vigias em ronda: Café

Para limpar a lousa: Apagador

Para o beijo da moça: Paladar

Para uma voz muito rouca: Hortelã

Para a cor roxa: Ataúde

Para a galocha: Verlon

Para ser moda: Melancia

Para abrir a rosa: Temporada

Para aumentar a vitrola: Sábado

Para a cama de mola: Hóspede

Para trancar bem a porta: Cadeado

Para que serve a calota: Volkswagen

Para quem não acorda: Balde

Para a letra torta: Pauta

Para parecer mais nova: Avon

Para os dias de prova: Amnésia

Para estourar pipoca: Barulho

Para quem se afoga: Isopor

Para levar na escola: Condução

Para os dias de folga: Namorado

Para o automóvel que capota: Guincho

Para fechar uma aposta: Paraninfo

Para quem se comporta: Brinde

Para a mulher que aborta: Repouso

Para saber a resposta: Vide-o-verso

Para escolher a compota: Jundiaí

Para a menina que engorda: Hipofagi

Para a comida das orcas: Krill

Para o telefone que toca

Para a água lá na poça

Para a mesa que vai ser posta

Para você o que você gosta: diariamente



Diariamente, Marisa Monte canta Nando Reis

sábado, 9 de novembro de 2002

Rótulos

Eu detesto rótulos.

Acho que ninguém gosta, né...

A primeira brincadeira que a gente faz depois do Encontro é a do rótulo.´Porque é como se fosse premissa básica pra vida, pra convivência, pra amizade, é como se fosse premissa básica - e é - não rotular as pessoas. Mas sempre se acaba fazendo isso. Nem posso condenar porque acho que eu também, sem perceber, devo fazer isso por aí. Mas quando é com a gente rola um incômodo.



Hoje eu estava lá e senti um pouco isso. Essa coisa de "eu vi o que você fez, eu sei quem você é". Não fico brava nem nada, mas sei lá. Porque eu não sei o que você sabe, não sei o que as pessoas sabem, não sei o que você vê em mim... Não sei o que dizem, não sei o que pensam. E a chance de pensarem errado é enorme. Por isso é que é ruim o rótulo. Porque talvez não seja bem assim... Cada um é cada um, e não simplesmente "isto ou aquilo"... Cada um com seus motivos, suas histórias, seus momentos. Então tem que sentar e conversar, entender o que acontece, conhecer os detalhes. e aí, sim, SABER.



O que me incomoda não é você saber de alguma coisa sobre mim. Mas é você pensar que sabe, estabelecer uma verdade que pode estar errada. O que me incomoda, no fundo talvez, é que nem eu sei que verdade-ou-não é essa. Portanto quando você me rotula, começa de novo a me convencer de coisas que eu não quero que sejam absolutas. Começa a ter de mim uma verdade que talvez eu nem seja, e que eu quero ter a possibilidade de não ser. Então, não saiba o que eu posso não ser... Não me convença de nada. Não me rotule. Deixe a vida ter caminhos.



É isso.



Saudades

Que saudades eu sinto de você!

Nem sei se seria melhor o coração vazio.

Mas melhor mesmo seria você aqui.

Acampando comigo.

Falaram tão bem de você hoje.

Fiquei orgulhosa como se eu tivesse algum direito!

Imagina...



"Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher,

sou minha mãe e minha filha, minha irmã, minha menina.

Mas sou minha, só minha, e não de quem quiser..."


quarta-feira, 6 de novembro de 2002

Drummond

Também não posso deixar passar em branco o centenário de Drummond.

Principalmente porque Drummond não deixa nada em branco.



CarlosDrummonddeAndrade





Hoje estou... triste.





Deus Triste



Deus é triste.



Domingo descobri que Deus é triste

pela semana afora e além do tempo.



A solidão de Deus é incomparável.

Deus não está diante de Deus.

Está sempre em si mesmo e cobre tudo

tristinfinitamente.

A tristeza de Deus é como Deus: eterna.



Deus criou triste.

Outra fonte não tem a tristeza do homem.











Hoje sou... uma porta cerrada.





Cuidado



A porta cerrada

não abras.

Pode ser que encontres

o que não buscavas

nem esperavas.



Na escuridão

pode ser que esbarres

no casal em pé

tentando se amar

apressadamente.



Pode ser que a vela

que trazes na mão

te revele, trêmula,

tua escrava nova,

teu dono-marido.



Descuidosa, a porta

apenas cerrada

pode te contar

conto que não queres

saber.








Hoje... Sempre... vejo Clarice





Visão de Clarice Lispector



Clarice,

veio de um mistério, partiu para outro.



Ficamos sem saber a essência do mistério.

Ou o mistério não era essencial,

era Clarice viajando nele.



Era Clarice bulindo no fundo mais fundo,

onde a palavra parece encontrar

sua razão de ser, e retratar o homem.



O que Clarice disse, o que Clarice

viveu por nós em forma de história

em forma de sonho de história

em forma de sonho de sonho de história

(no meio havia uma barata

ou um anjo?)

não sabemos repetir nem inventar.

São coisas, são jóias particulares de Clarice

que usamos de empréstimo, ela dona de tudo.



Clarice não foi um lugar-comum,

carteira de identidade, retrato.

De Chirico a pintou? Pois sim.



O mais puro retrato de Clarice

só se pode encontrá-lo atrás da nuvem

que o avião cortou, não se percebe mais.



De Clarice guardamos gestos. Gestos,

tentativas de Clarice sair de Clarice

para ser igual a nós todos

em cortesia, cuidados, providências.

Clarice não saiu, mesmo sorrindo.

Dentro dela

o que havia de salões, escadarias,

tetos fosforescentes, longas estepes,

zimbórios, pontes do Recife em bruma envoltas,

formava um país, o país onde Clarice

vivia, só e ardente, construindo fábulas.



Não podíamos reter Clarice em nosso chão

salpicado de compromissos. Os papéis,

os cumprimentos falavam em agora,

edições, possíveis coquetéis

à beira do abismo.

Levitando acima do abismo Clarice riscava

um sulco rubro e cinza no ar e fascinava.



Fascinava-nos, apenas.

Deixamos para compreendê-la mais tarde.

Mais tarde, um dia... saberemos amar Clarice.






Mulholland Drive again

Assisti de novo. DVD this time.

Ficou tão claro.

Afinal a minha vida é clara.



É por isso que eu sempre choro.



Yo que pense que te olvide

pero es verdad, es la verdad

que te quiero aun mas

mucho mas que ayer

dime tu que puedo hacer

no me quieres ya

y siempre estare

llorando por tu amor

llorando por tu amor

tu amor

se llevo

todo mi corazon

y quedo llorando

llorando

llorando

llorando

llorando

llorando

por tu amor



Rebekah Del Rio, em Mulholland Dr.





Fale comigo
"El amor és la cosa mas triste del mondo cuando acaba"

Assisti hoje.

Almodovar é sempre bom.
Chus Lampreave é maravilhosa.
Geraldine Chaplin é deslumbrante.

"Por isso é que eu chorava sempre que via alguma coisa que me emocionava...
Porque não podia dividir aquilo com ela."

Por isso é que eu choro sempre.

Fale com ela.
Por mim.

terça-feira, 5 de novembro de 2002

Esses Dias

Esses dias sempre voltam. Quando a gente sente tudo e não sente nada. Quando a gente quer pôr no papel o que tem e o que não tem, o que ama e o que não ama. Quando a gente quer que alguém saiba tudo de nós porque não dá pra explicar.Ai, esses dias de uma solidão estranha. Não é só trsite. Tem uma alegria também, mas é tão sozinho. Esses dias em que a gente vê na luz forte que a vida está sem rumo porque não tem graça. Não tem graça não ter quem baste, quem divida tudo. E então os dias são repetidos e a gente repetitiva. Todo dia penso isso. Todo dia digo isso. Que cansei. Antes pensava que era da vida, agora sei que é da solidão. E nunca estive tão perto de tanta gente. Nunca estive tão próxima da minha família... E sozinha já estive bem mais. Mas acho que antes sempre é menos. Antes sempre é menos. Esses dias que demoram a passar. Essas noites em que o sono não chega nunca e parece que a gente vai morrer aqui de tanto ficar acordado. Tudo está cansado mas a cama frita. Tudo está cansado. Tem teatro, tem cinema, tem um monte de ilusão. Mas não tem um abraço de noite. Não tem um telefone que toca na hora certa. Não tem alguém pra quem ligar de madrugada. Ter tem. Mas não tem. Ter tem. Mas não tenho quem tem. Esses dias eu penso que não sei se é pior não amar. Ou amar sem ter. Não sei se é pior não amar e não ter ou ter sem amar ou amar sem ter ou amar, ter, e não ter. Amar eu sempre amo. E como amo! Meu Deus! Conheço pouca gente que ama como eu! E esses dias me fazem achar que isso é um castigo. Amar desse jeito é um castigo. Porque não é que eu queira, não. Eu não queria. Já que há solidão que houvesse também um vazio pra aliviar um pouco. E estar oca não é estar vazia. Não. Estar oca é estar cheia do que não se tem. Cheia de querer e sem ser querida... Ai, e sou tão querida, eu sei. Mas alguém que esteja aqui, que esteja sempre aqui, alguém aqui, sempre, não há. Quem há não quero. Nem sei mais o que querer. No fundo eu não queria querer o que quero e talvez isso seja a maior de todas as angústias. A maior de todas as solidões. Não querer querer o que se quer. Mas só não quero porque não tenho, claro. Nem sei. O que eu sei é que cansei dessa brincadeira de viver só. E sabe quando é que vai acabar?! Não vai ser logo, não. Não, não vai. Senta que lá vem a história...





Gota d'Água Nunca Mais, Seu Jasão!

Acabou mais uma etapa dessa vida que não sabe pra onde ir.

Que coisa intensa que foi tudo isso!

Que turbilhão de sentimentos essa mulher me fez remexer!

Que tempestade, que tormenta, que alegria misturada a tudo.

Às me sinto com 50 anos.

E não tenho nem 30.

Não tenho nem 20.

Lá estou, de igual pra igual, com aquelas meninas de 16.

Who am I?



Ana Tereza foi ver a peça e que alegria em vê-la lá.

Faugeres, minha amada idolatrada salve salve, também foi.

Que mais eu posso querer?

O que tive... Aquele rosto que me ilumina os sonhos, os dias, as saudades, ali, no final de tudo, no meio daquele teatro, como quem diz: olha, eu vim só pra você me ver e ficar feliz..." Ai, como muda o meu dia, como muda meu humor, como muda meu olhar, como me dó a cara de sorrir. Como você me faz bem! Juro! Eu juro!



É só pensar em você

Que muda o dia

Minha alegria dá pra ver

Não dá pra esconder

Nem quero pensar

Se é certo querer

O que vou lhe dizer

Um beijo seu

e eu vou só

Pensar em você

Se a chuva cai

E o sol não sai

Penso em você

Vontade de viver mais

E em paz com o mundo

E comigo

E consigo



Pensar em Você, Chico César