terça-feira, 29 de abril de 2003

Improviso

Uma idéia. Um olhar. Uma sugestão. E pronto. Alguém se apaixonou.

Um minuto depois, um dia, um olhar mais profundo e acaba.

Mas aquele instante da sensação boa de apaixonar-se é introcável. Ainda que passe em seguida. Em mim é um momento em que todas as engrenagens começam a funcionar juntas e em velocidade. Mil palavras surgem pra dizer e ao mesmo tempo nenhuma é boa o suficiente. Então eu sempre digo qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo. Um comentário bobo que, se bem aproveitado, pode dar início a uma longa conversa. Mas naquele segundo da descoberta da paixão eu nem sei se o que a gente escuta é exatamente o que está lá sendo dito. Eu, no fundo, não escuto quase nada. E nem me lembro muito depois. Eu guardo, sim, a sensação. Aquela euforia, aquele descontrole histérico. Nem sei se é saudável. Pode ser ao mesmo tempo o momento em que se estraga qualquer possibilidade de ir adiante. Ah, mas é um mar. É aquela vista do mar no entardecer. Que você tenta enxergar o fim e não tem... Então começa a filosofar sobre a vida, o mundo, o amor.



Eu acho que o Amor de Improviso é mesmo assim, curto, rápido, estranhamente mágico e bom. E acabou. Até acontecer a próxima idéia, o próximo olhar, a próxima sugestão...

O próximo toque, talvez.



Você tá olhando pra mim?



Sobre o Amor:

Como uma coisa tão assustadora pode ser ao mesmo tempo tão boa?

Oscar Wilde



O amor é um conflito entre reflexos e reflexões.

Magnus Hirschfeld

segunda-feira, 28 de abril de 2003

Será?

A gente só sofre o que não conclui

Porque não diz ou aceita a última palavra

Porque não permite a última tentativa



Li na Disa, que descobri há pouco.

E que, me parece, tem muito a dizer.




E eu acho que a gente sofre o que não conclui exatamente porque não conclui e fica no ar essa sensação de que poderia ser, se a gente tentasse ainda um pouco. Mas a verdade é que se já não é, ainda que seja de novo não será o que era. Ou seria?



Pra que ficar pensando nisso, meu Deus?

Vamos ao teatro e esperar a vida passar...

sábado, 26 de abril de 2003

What did I ever know about this love anyway?



What went right

What went wrong

Doesn't really matter much

When it's gone



Was it too hard to try

Was it too hard to lie

Did you just grow tired of hello and goodbye

Was it the naked truth that made you run

Where do I go now

That I'm down to one



Sooner or later

We all end up walking alone

I'm down to one

My heart is a traitor

It led me down this road

Now it's done

I'm down to one



I want to know where I failed

I want to know where I sinned

Cause I don't want to ever feel this way again

Was the wanting too deep

Did it block your sun

Where do I go now

That I'm down to one



What am I supposed to think

What am I gonna say

What did I ever know

About this love anyway



Down to One, Melissa Etheridge

sexta-feira, 25 de abril de 2003

Prioridades, Necessidades e Casamentos

A irmã do Toninho casou.

A cerimônia foi bonita e emocionante.

Mas eu não prestei tanta atenção quanto costumava.

Mais me interessaram amigos queridos, amigas grávidas, qualquer assunto.

Depois do casamento, a recepção, pequena e ideal.

Aquela família em que eu tanto quis entrar, toda ali, e eu tão distante.

Os abraços neles foram todos DE VERDADE, claro.

Ainda tenho por eles um carinho sem tamanho. E ainda lamento não querer mais.

Eu queria querer. Queria um pouco só. Mas queria. Seria tudo tão mais fácil.

Mas, definitivamente, as minhas prioridades são outras.



Como a gente muda, meu Deus! Como a gente amadurece e muda!

Não em tudo, claro. Tem amor que não morre. Família, né...

Passei a noite inteira com a minha prima Mari, que eu amo demais desde sempre.

Isso não mudei e não vou mudar nunca. Nunca! NUNCA!

Conversamos tanto, sobre a vida que me afasta... que por enquanto me afasta.

Ela tem razão em muita coisa. Resta saber se EU vou ter PACIÊNCIA.

E eu-de-novo lá me dando conta de que tudo pode ser e tudo pode não ser.

Tentando responder tantas perguntas que pessoas queridas têm me feito.



Ana, eu não sei em que apostar.

Flá, acho que não quero mais só A pessoa, não, mas Alguém mesmo.

Rapha, eu não alimento esperança, mas tenho ainda o desejo.

Mari, você tem razão. Tem coisas que não serão nunca melhores, mas há outras que fazem valer.



Mas as minhas perguntas no espelho sempre vão existir.

As minhas prioridades também, assim... algumas mutantes, algumas eternas.

As necessidades e os casamentos, não sei...



domingo, 20 de abril de 2003

Alguém

Procuro alguém que tenha olhos que me olhem fundo.
Alguém que tenha pensamentos comigo. E palavras comigo também.
Procuro alguém que segure muito a minha mão. No cinema, no caminho.
Alguém que adore fazer carinho nas costas e que goste de colo.
Procuro alguém com quem eu converse até amanhecer o dia.
Alguém que durma ao meu lado sorrindo, sem hora.
Procuro alguém que cante alto, ria, pule e brinque igual criança.
Alguém que grite de alegria à toa, só por estarmos lá.
Procuro alguém que almoce comigo em família. E que participe.
Alguém para quem eu leve o jantar, as flores, os detalhes.
Procuro alguém que tenha o que dizer nas conversas ao redor da mesa.
Alguém que dê risada das piadas e que conte outras.
Procuro alguém que tenha detalhes nossos como tesouros.
Alguém que queira ir aos novos lugares, que corra riscos.
Procure alguém que goste de teatro, e de cinema, e de carinho.
Alguém que ame coisas pequenas. Alguém que tenha Deus.
Procuro alguém que me traga de volta as vontades.
Alguém que me provoque, me motive, me acompanhe.
Procuro alguém que queira abraço no frio e carnaval no calor.
Alguém que vá comigo. Alguém que me leve para onde quiser ir.
Procuro alguém que saiba receber e que dê sem cobranças bobas.
Alguém que saiba que não precisa cobrar. Porque há amor.
Procuro alguém que tenha segurança mas que precise de mim também.
Alguém que tope ir a todo tipo de peça. Alguém que me faça fazer exercícios.
Procuro alguém que me telefone no fim do dia e me conte como foi.
Alguém que escute com graça o que eu tenha pra contar.
Procuro alguém que imagine coisas boas, que compartilhe idéias e histórias.
Alguém que não ache nada bobo demais. E que ache tudo bobo e divertido!
Procuro alguém que seja simples, mas com ousadia e ar condicionado no verão.
Alguém que coma pastel na feira - de queijo, de carne, de palmito e de camarão.
Procuro alguém que ache gostoso ir ao supermercado comigo.
Alguém que se arrisque na cozinha e que me ensine a não usar tanto sal.
Procuro alguém que compre Contigo! sem culpa e que assista a Friends.
Alguém que compartilhe meu fascínio por Clarice. E que também a ame.
Procuro alguém que finja não ter para de repente ter o susto de ter!
Alguém que leia, que procure, que insista, que questione, que responda.
Procuro alguém com força e com delicadeza.
Procuro alguém com saudade.
Procuro alguém com silêncio e com discursos.
Procuro alguém com tempo.
Procuro alguém sem tempo.
Procuro alguém.

Ou só espero.

Alguém existe.
Quantos alguéns existem?

quinta-feira, 17 de abril de 2003

PÁSCOA

Eu queria estar menos estranha para ter uma boa Páscoa. Mas estou estranha com Deus. Não brava, nem nada de ruim... Mas estranha. Acho que até com Ele ando tanto faz. Ou... não. Não é verdade: Deus nunca é tanto faz pra mim. Mas é um "não sei" que me entristece. Não consigo trazer de volta o que tive de tão forte e bom com Ele. Está aqui, eu acho. Mas é que essa coisa de não entender tanto acaba me sugando um pouco a fé. Portanto meu pedido de Páscoa é este, este de ultimamente e talvez de sempre: volte. Ou melhor, me ensine a voltar. Me faça ver. Me obrigue. Me salve. Me apaixone de novo. Porque me explicar já sei que Você não vai...



E que triste pensar que perdi a quaresma.



Vou pra fazenda passar dois dias com os meus sobrinhos.

É sempre uma benção estar com eles, e com a parte boa de mim.



Feliz Páscoa.


terça-feira, 15 de abril de 2003

Era uma vez...

Os Quatro Filhos vão nascer. Eu resolvi escrever um livro. Mas vai demorar quatro anos para ficar pronto. Para quem não quer mais fazer nada a longo prazo me parece razoável. Para quê, nem sei. Talvez porque vou morrer depois disso. Sem drama. Tranqüila.

Quem resolveu que viveríamos vidas separadas não fui eu. Por isso, sim, você tem a obrigação de estar bem. Você não tem o direito de ME fazer sofrer por TE ver infeliz. Eu sei que não te vejo. Estou só divagando sobre o nada que tenho aqui em mim. Mas se um dia nos encontrarmos, por favor, esteja feliz. Não seria justo comigo de outra forma. (Como se existisse justiça no mundo).

Eu resolvi que não me quero mais assim. Quero ser outra. Mas vou demorar quatro anos para ficar pronta. Se não morrer antes. O que também não seria ruim. Tanto faz. Sem drama. Estou tranqüila.

Era uma vez uma menina, meu Deus!

Respondi que gostaria mesmo era de poder um dia afinal escrever uma história que começasse assim: "era uma vez...". Para crianças? perguntaram. Não, para adultos mesmo, respondi já distraída, ocupada em me lembrar de minhas primeiras histórias aos sete anos, todas começando com "era uma vez"; eu as enviava para a página infantil das quintas-feiras do jornal de Recife, e nenhuma, mas nenhuma, foi jamais publicada. E era fácil de ver por quê. Nenhuma contava propriamente uma história com os fatos necessários a uma história. Eu lia as que eles publicavam, e todas relatavam um acontecimento. Mas se eles eram teimosos, eu também.

Mas desde então eu havia mudado tanto, quem sabe eu agora já estava pronta para o verdadeiro "era uma vez". Perguntei-me em seguida: e por que não começo? agora mesmo? Seria simples, senti eu.

E comecei. Ao ter escrito a primeira frase, vi imediatamente que ainda me era impossível. Eu havia escrito:

"Era uma vez um pássaro, meu Deus".

Era uma vez, Clarice Lispector


segunda-feira, 14 de abril de 2003

Eu fui. Eu choro.



Fabio lindo!



Quer saber, fui mesmo. Nem ingresso tinha. Mas tive sorte, digamos. Entrei. Sem lugar. E fiquei lá no fundo, de pé, sozinha, mas a-do-ran-do aquilo! A verdade é que quem eu queria mesmo que estivesse lá comigo não estava, então... sozinha ou não... é... tanto faz. Mas, enfim, fiquei bem feliz de ter ido. Incrível como aquelas músicas me traduzem e de alguma forma me confortam. E eu sei que já coloquei esta letra aqui, mas hoje vai de novo, porque foi um momento especial ouví-la no show. E eu choro mesmo, por tudo isso mesmo... fazer o quê?!



Tem horas que bate uma tristeza tão grande

Que eu não sei o que fazer e nem pra onde ir

É tanta coisa que eu queria dizer

Mas não tem ninguém para ouvir

Entao choro

Sem ninguém ver

Eu choro



Choro por tudo que a gente não teve

Por tudo que a gente realizou

Choro porque sei que ainda te amo

E você me amou... e ama

Choro por tudo se assim for preciso

Choro porque sei que ainda te quero

Choro por tudo e por tudo lhe digo

Te espero, te quero, te amo...

Eu choro, Fábio Jr.




Mas choro cada vez menos, eu acho.

Devagar...

Me ilumina! Ilumina! Ilumina!



E EU NÃO SOU CAFONA!!





sexta-feira, 11 de abril de 2003

Não aguento mais

Não aguento mais as pessoas me perguntando como eu estou e se indignando ao ouvir a resposta! Eu estou "tanto faz" e pronto, meu Deus! Por que não posso estar assim? Quem estabeleceu as regras? Por que preciso ter planos, por que preciso ainda querer muitas coisas? Só porque tenho 28 anos?? E daí? Por que ninguém pode simplesmente dizer "tá bom"... "Que bom que você está assim e tudo bem pra você..."? O que eu acho interessante é que falar, todo mundo fala, mas tem alguém aqui? Tem? Não tem. Entãome deixa decidir sozinha como eu estou e quero estar. Alguém está aqui comigo hoje me dando remédio? Porque eu estou de cama, e alguém está aqui? Não. Então... Alguém vai comigo ao show do Fábio Jr? Não, ninguém vai. E eu faço o quê? Fico aqui chorando? Eu não... Alguém se importa se eu não vou por falta de companhia? Não. E eu faço o quê? Choro? Eu não...



Portanto, ou eu fico "tanto faz" ou vai ser meio difícil passar os dias numa boa. Então me deixem! Me deixem, por favor, não ter mais planos, não ter mais grandes vontades... Estou bem, estou tranqüila até. Estou feliz com as coisas que já tive, fiz, conquistei. Se foi pouco ou não, só eu sei. Mas, pronto, não quero querer mais por enquanto. Não me faz diferença e só. Posso? Não quero mais, não me importa neste momento. Posso? Obrigada.



Eu sempre me entreguei de corpo e alma

Pra vida, pras pessoas, tudo enfim

Então desculpe se eu às vezes perco a calma

É que não dá pra segurar a dor em mim

Eu fico tenso, choro, grito até o fim

É como segurar o céu nos braços

E fico tenso, choro, grito até que enfim

Enfim até que eu morra de cansaço

(...) Tentei...

Fiz o que pude.

Fiz o que pude, Fábio Jr.




Estou feliz de viver a curtíssimo prazo. Foi o caminho que eu achei. E ok.



Mas, apesar de "tanto fazer", ao show do Fábio eu queria muito ir.

Faz três anos que não vou. E agora acho que estou pronta. Queria testar.

Mas sozinha não dá. Já não ia ser muito fácil estar lá. Sozinha então, sei não...

A verdade é mesmo que a gente não tem ninguém na vida.



Até pai e mãe que eu achei que estariam sempre aqui... cadê?

Estou bem chateada hoje - dentro do meu momento tanto faz.



Nem sei por onde anda quem eu amo.

Que mais pode importar?

Sonhei a noite inteira com você.

Que você estava aqui, e eu sorria, sorria tanto que doía a minha cara.



O resto tanto faz.



Quantas vezes te liguei e não falei

Quantas cartas escrevi, depois rasguei

Tantas coisas tenho feito pra enganar a solidão

Mas eu sei que não tem jeito, impossível te arrancar do coração

Por que é que você veio se não era pra ficar?

Quem mandou você deixar tanta saudade em seu lugar?

E agora o que que eu faço? Não existe igual você...

Eu não posso inventar uma paixão

Só no tempo e no espaço estou longe de você

Porque sei que aqui dentro não vou te esquecer

Os desejos só acordam pra quem faz você sonhar

Quando o amor é só no corpo muito pouco pra ficar

Pode ser que eu esteja louco, me agarrando ao que passou

Mas no fundo só um louco é que se entrega a um grande amor

Te amo, cada vez te quero mais

Eu só tenho esse horizonte a me guiar nos oceanos

Me ama, diz que vai voltar pra mim

Qualquer coisa pra enganar meu coração

Eu preciso dar um tempo nessa solidão

Desejos, Fábio Jr.




terça-feira, 8 de abril de 2003

Loucura e Solidão



Loucura Gabriel



Fui ver o Gabriel apresentar Loucura no Sesc Pinheiros.

Gabriel me encanta em todos os sentidos.

É um ator visceral - como eu. É dedicado, bailarino, inteiro.

É lindo vê-lo no palco. E mais ainda por saber o quanto ele "trabalhou" para estar lindo ali.

Mas, mais do que na loucura, saí de lá pensando na solidão.



E não sei saber se o "tanto faz" que está em mim também tanto faz a solidão.

Acho que não. Acho que a solidão é culpada.

Culpada. Crime e Castigo. Culpada.



Porque se estivesse aqui alguém, não tanto fazia.



Mas quem?

domingo, 6 de abril de 2003

Nasceu!!





Convite da estréia!





Ai, foi uma delícia!

Pelo menos 70 dos meus conseguiram entrar!

Preciso dizer que fiquei bem feliz.

Afinal, faço teatro pra quem, se não pros amigos que eu amo e pros meus pequenos lindos?!

E quase todos desses todos estiveram lá.

Faltou gente essencial, mas deu pra disfarçar isso em mim.

E, também depois eles vão.

Eu quero mais é curtir essa alegria muitos dias mais.

Platéia lo-ta-da.

E o mais legal é que eu me divirto muito, muito...

Um beijo pra vocês, minhas queridas, que foram lá e me encheram de felicidade!



E é isso... estão todos convidados.

Ficamos em cartaz até o final de junho.

Mas o que eu faço não vou contar!!!



MERDA!!!!!



Amídala é pra essas coisas...

Na hora do canto e da dor também...

Unidas resistiremos.

Unidas não tememos ninguém.

Vem cá, me abraça e me beija.

Onde quer que esteja, contigo estarei bem!