quarta-feira, 31 de julho de 2002

Viétia and the blonde out of the Playground

Não é muito louco quando você encontra uma pessoa que não conhece, durante anos, em quase todos os lugares onde vai? É muito, muito maluco! É uma sensação engraçada, ao mesmo tempo excitante e incômoda, de não saber como se portar e de se portar cada vez mais à vontade para que a pessoa repare em você... Afinal, vocês já se cruzam há tempos e vai criando essa falsa intimidade, que pode não ser nada disso porque você nunca pode ter certeza de que a outra pessoa também te percebe assim... Mas é bem interessante. Ainda mais quando a pessoa é interessante.



Mas confesso que eu gostaria de chegar o dia em que seremos apresentadas, e então nos tornaremos amigas e acabaremos falando sobre isso..."nossa, quanto tempo passamos nos encontrando nos lugares sem nos conhecer, não é!?"... "Muito prazer." "Muito prazer." "Quer uma carona??"



Hoje foi mais uma vez no Pequi. E o agravante era que tinha uma amiga minha na mesa delas. Sem tê-las visto eu fui lá, deixar um papel com as datas da peça... Imagine a minha surpresa ao me dar conta de que eram elas ali! Muito louco. Tudo muito louco. Qual será o segredo de Tostines??
Voz

Tô tão preocupada com a minha voz. Imagina se fico rouca... Que é que se faz??? Santo Deus...

O pior é que não são as músicas que forçam, são as cenas, os gritos, as brigas... E eu quero fazer menos e o cara não me deixa. Além disso o desgraçado do violão não sabe tocar, me fode, me detona... Eu tento segurar mas tem hora que não rola, né... E aí é aquela coisa horrorosa. Tá duro, viu. É só o que eu tenho a dizer... "homem novo, não sei, não!".

terça-feira, 30 de julho de 2002

Ana Rita Joana Iracema Carolina



Que show! Nini e eu fomos ver Ana Carolina no Tom Brasil! Nossa, é bom demais! e fala o que que é essa mulher tocando pandeiro! Se ela prometesse tocar meia hora por dia eu casava com ela! Risos... Mas foi bom demais. E ainda teve Pedro Luís (sem a parede!). E sem Karina, minha amiga de Recife que é mulher dele. Uma delícia o som do cara. Até quero comprar o cd...



Bom, e hoje ensaiamos pela primeira vez a peça inteira... Ai, falta tanto... Pra variar vai ficar pronta lá na última apresentação.



Almocei com a Maricota. Que saudade que eu tava dela, meu Deus!!



Tô com sono de novo pra contar dos presentes... Mas voltarei a eles, prometo.

E revelei as fotos. Ficaram ma-ra-vi-lho-sas!!!

Rapha, brigada, fotógrafo lindo!



domingo, 28 de julho de 2002

Mas...



...não dá pra esquecer que depois de tudo, cá estou, sozinha outra vez.

Até quando?
Presentes



Ganhei muita coisa legal.

Amanhã eu conto porque agora tô com sono.



Mas entre os mais bacanas, o pôster da tia Lena, os ingressos pro show da Ninica e o relógio-sushi da Crisinha e... Reinações de Narizinho... da minha quase sempre amiga. "Fingia que não o tinha só para de repente ter o susto de o ter!"

Fora os macacos fofos da Cami e da Mari.



Amanhã conto detalhes. Muita coisa legal demais.

Festa do Chapéu



Foi lindo o meu aniversário. Tô muito feliz, finalmente.

Apesar de sentir a sua falta aqui comigo.

E a surpresa da noite foi o Toninho ter aparecido...

Essa sim é uma "never endding history", Rapha!.



Pai, Mãe, Vó, Rapha, Rosinha, Dani, Rene, Felipe, Laura, Pati, Ale, Toninho, Cicets, Rods, Dani, Diego, Mil, Bel, Cri, Mau, Carola, Flavio, Mari, Fê, Me, An, Sa, Tio Vi, Rê, Tia Ivani, Tia Nadia, Madrinha, Tia Violeta, Tia Marilena, Tio Silvio, Tia Odila, Tio Roni, Tio Evê, Tia Cris, Padrinho Nico, Tia Ivete, Tio Gegê, Dani, Nando, Tia Ana, Tio Milton, Tia Malu, Lu, Tio Sergio, Tia Marlucha, Paula, Déia, Quinhos, Ju, Otávio, Daninha, Rafa, Tato, Mau, Fifa, Cami, Zeus, Ninica, Ju, Aninha... e mais umas pessoas.



Foi bem especial.

Muita falta da minha tia querida, da minha irmã querida, e dos meus irmãos.

E da Crisinha que ainda não pode sair de casa depois da operação. Te amo.

Mas tô feliz.

sábado, 27 de julho de 2002

Saudade demais



Muita saudade da minha tia querida.

Muita saudade da minha irmã.

Muita saudade de...você...que eu sempre vou amar.

Hoje é meu aniversário



Eu adoro aniversário.

Mas este ano tô assim... assim...





Sempre chega a hora da solidão

Sempre chega a hora de arrumar o armário

Sempre chega a hora do poeta plêiade

Sempre chega a hora em que o camelo tem sede



O tempo passa e engraxa a gastura do sapato

Na pressa a gente não nota que a lua muda de formato

Pessoas passam por mim pra pegar o metrô

Confundo a vida ser um longa metragem

O diretor segue o seu destino de cortar as cenas

E o velho vai ficando fraco esvaziando os frascos

E já não vai ao cinema



Tudo passa e eu ainda ando pensando em você

Tudo passa e eu ainda ando pensando em você



Penso quando você partiu assim sem olhar pra trás

Como um navio que vai ao longe e já nem se lembra do cais

Os carros na minha frente vão indo e eu nunca sei pra onde

Será que é lá que você se esconde?



Tudo passa e eu ainda ando pensando em você

Tudo passa e eu ainda ando pensando em você



A idade aponta na falha dos cabelos

Outro mês aponta na folha do calendário

As senhoras vão trocando o vestuário

As meninas viram a página do diário



O tempo faz tudo valer a pena

E nem o erro é desperdício

Tudo cresce, e o início

Deixa de ser início

E vai chegando ao meio

Aí eu começo a pensar que nada tem fim

Que nada tem fim...



O Avesso dos Ponteiros, Ana Carolina


sexta-feira, 26 de julho de 2002

Eu ando assim



Eu perco o chão

Eu não acho as palavras

Eu ando tão triste

Eu ando pela sala

Eu perco a hora

Eu chego no fim

Eu deixo a porta aberta

Eu não moro mais em mim

Eu perco as chaves de casa

Eu perco o freio

Estou em milhares de cacos

Eu estou ao meio

Onde será que você está agora?



Metade, Adriana Calcanhoto

Ninguém



Como é chato, e triste, e a cada dia mais insuportável, entrar naquele carro, chegar nesta casa, levantar desta cama, fazer qualquer coisa, e tudo dos meus dias, sem ter com quem compartilhar. Sem ter pra quem telefonar de noite. Sem ter o abraço certo que sempre me acalmaria. Sem o colo pra chorar nessas horas de angústia. Sem o sorriso, o conselho, a opinião. Como não vale a pena, meu Deus! E como parece injusto eu me sentir assim e dizer essas coisas já que tenho tanto e tanta gente não tem nada. Mas como é que faz pra evitar esse nó na garganta? Como é que faz pra aprender a dar valor pra o que se tem e não sofrer pelo que não há? Parece que não ter com quem dividir faz com que nada de bom exista.



Como é trsite, meu Deus... Como é triste entrar naquele carro e constatar, dia após dia, que não tenho ninguém comigo. E é mais triste porque eu só sei que não tenho quando lembro que já tive... e como é feliz ser dois em vez de um. Um não é oito. Dois é.



Eu não quero mais entrar naquele carro.

Eu não quero mais levantar dessa cama.

quinta-feira, 25 de julho de 2002

Ela escreve, Eu choro



Oi Ju, tudo bem?

Tô te escrevendo hoje pra te desejar feliz aniversário

adiantado.

Amanhã vou viajar para Buenos Aires com os meus pais e só

volto em agosto.

Felicidades pra vc.

Um beijo




quarta-feira, 24 de julho de 2002

A Menina Tudo Isso



É...

Hoje ela tá assim...

Tudo isso.

Múltipla.

Eclética.

Essa mistura de tanta coisa.



Mas oca... sempre oca, apesar disso tudo.



Uma avalanche.


A Menina Sem Palavras

A Menina Sem Roupa (ha ha!)

A Menina Sem Moral

A Menina Sem Amigo
A Menina Sem Dinheiro

A Menina Sem Amor

A Menina Sem Resposta


A Menina Sem Sono

Uma história de tanto amor



A menina era uma criatura de grande capacidade de amar:

uma galinha não corresponde ao amor que se lhe dá e no entanto a menina continuava a amá-la sem esperar reciprocidade.

Clarice, absoluta
Felicidade Clandestina



Onde anda Clarice em mim?

A minha felicidade de hoje é decididamente clandestina...

Portanto lembremos Clarice.

Trechos, já que a felicidade minha é um trecho...



(...) Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.



Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.



(...) Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.



(...) Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.



(...) Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter.



Felicidade Clandestina, Clarice Lispector

(Se quiser a Felicidade inteira, na clandestinidade)





Como é que alguém pode escrever assim, meu Deus!

Sinto uma inveja estranha. Por que não fui eu?

Às vezes finjo que não tenho Clarice, só para de repente ter o susto de tê-la.



...



E você, hein? Veja que não estou falando dela, é de você! Você.

O susto de não tê-la mais não é fingimento. É sofrimento.
Preciso Dizer Que Te Amo



Quando a gente conversa

Contando casos besteiras

Tanta coisa em comum

Deixando escapar segredos

E eu não sei que hora dizer

Me dá um medo...



Eu preciso dizer que te amo

Te ganhar ou perder sem engano

Eu preciso dizer que te amo, tanto...



E até o tempo passa arrastado

Só para eu ficar ao teu lado

Você me chora dores de outro amor

Se abre, e acaba comigo (...)



Que eu preciso dizer que te amo

Te ganhar ou perder sem engano

Que eu preciso dizer que eu te amo, tanto!



Bebel Gilberto, Dé e Cazuza


1º de Julho



Eu vejo que aprendi e o quanto te ensinei

E é nos teus braços que ele vai saber

Não há porque voltar

Não penso em te seguir

Não quero mais a tua insensatez

O que fazes sem pensar aprendeste do olhar

E das palavras que eu guardei pra ti

Não penso em me vingar

Não sou assim

A tua insegurança era por mim

Não basta o compromisso

Vale mais o coração

Já que não me entendes, não me julgues, não me tentes

O que sabes fazer agora

Veio tudo de nossas horas

Eu não minto, eu não sou assim

Ninguém sabia e ninguém viu

Que eu estava ao teu lado então



Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher

Sou minha mãe e minha filha, minha irmã, minha menina

Mas sou minha, só minha e não de quem quiser

Sou Deus, tua deusa, meu amor



Alguma coisa aconteceu

Do ventre nasce um novo coração

Baby, baby, baby, baby

O que fazes por sonhar

E o mundo que virá pra ti e para mim

Vamos descobrir o mundo juntos, baby

Quero aprender com o teu pequeno grande coração

Meu amor, meu amor



Renato Russo cantado por Cassia Eller




Da chegada do Amor



Sempre quis um amor que falasse

que soubesse o que sentisse. (...)



(...)Sempre quis um amor não omisso

e que suas estórias me contasse.

Ah, eu sempre quis um amor que amasse.



Elisa Lucinda



Xêpa





Para uma menina com uma flor



Porque você é uma menina com uma flor e tem uma voz que não sai, eu lhe prometo amor eterno, salvo se você bater pino, o que, aliás, você não vai nunca porque você acorda tarde, tem um ar recuado e gosta de brigadeiro: quero dizer, o doce feito com leite condensado. (...)

Vinicius de Moraes


Isto não é nada

Google! DayPop! This is my blogchalk: Portuguese, Brazil, Sao Paulo, Zona Sul, Juliana, Female, 26-30!
Luz



Se cada dia cai

dentro de cada noite

há um poço onde a claridade está presa.

Há que sentar-se na beira do poço, à sombra

e pescar a luz caída com paciência.

Pablo Neruda
'dorei!

Tato, dorei essa carinha pulante.
E já que hoje tô um pouquinho mais felizinha, deixa eu aproveitar pra colocar ela aqui porque não sei quando essa alegriazinha vai aparecer de novo...
Eu amo assim, com esse meu jeito de amar



Que dias vazios e cheios de nada. Quanto mais tempo menos tempo...



Mas hoje tive horas felizes.

Fui visitar a Crisinha, que tem esse poder de alegrar o meu dia.

Ela tá boa. Tá lá deitadinha, mas tá boa.

Como eu gosto dela, meu Deus. Como a presença dela me faz bem!

Existe uma troca de olhares tão doce, tão terna, tão infantil quase... uma benção.




Obrigada.



Foi engraçado hoje. Estávamos lá o pai dela, a mãe dela, o Gu e eu...

"Que bom que vocês tão aqui. Só falta o Lu."

"Que bom que a gente tá aqui."




Tudo isso faz pensar. Tudo isso confirma a teoria de que tem gente que nos basta. Porque podemos estar em qualquer, qualquer lugar. Não importa. Tá bom, tá ótimo... a gente poderia ficar ali pra sempre. Até num quarto de hospital. Eu poderia ficar ali pra sempre... Juro. E é saudável, sim. A gente aprendeu a conviver numa boa. De um jeito gostoso, leve. Claro que depois, quando eu tô sozinha, pensando na vida, às vezes me dá uma angústia, uma coisa estranha dentro de mim, uma sensação de ter um amor canalizado numa direção onde ele se perde, uma coisa que sai de mim e me esvazia, e não traz o que eu preciso de volta. Mas não é verdade. Na verdade eu sinto falta de alguém independentemente do que sinto por ela. Por ela o que há é mesmo uma coisa que se transformou muito mais em carinho, cuidado, devoção até... mas não exatamente amor. Não... não é esse amor que mata a gente sem ter a pessoa. É uma coisa tão, tão boa...



O Gu voltou de carona comigo e a gente já tá combinando o que fazer pra linda na semana que vem. Temos que distraí-la, tadinha. Ela vai ficar meio que de cama mais uns dez dias... Um dia almoço japonês, no outro árabe, no outro uma super cesta de café da manhã... Hmm, e precisamos pensar em presentes bem legais... Nossa, que delícia... Lembra aquele dia em que eu passei mais de cinco horas no shopping montando a caixa de presente de aniversário, cheia de coisa pro acampamento??!! Parece até egoísmo da minha parte porque acho que eu fico mais feliz com isso do que ela, que ganha os presentes! Ai, ai... Que é que se faz contra isso? Nada, né.



"Eu vou ficar aqui. E você?"



Obrigada por hoje, meu Pai. Obrigada por essa luz que ainda aparece de vez em quando e me mostra que tem vida em algum lugar. Obrigada por nunca permitir que eu desista de procurá-la. Agora eu só te peço pra me levar de volta pra perto. Eu preciso.



terça-feira, 23 de julho de 2002

Pós-operatório



Tá tudo bem, graças a Deus. Liguei lá e ela já tá bonitinha no quarto.

Cê quer que te visite hoje ou amanhã?? HOJE!! Eba!

Inferno Astral



Você acredita que existe mesmo esse tal de Inferno Astral?

Eu nunca achei muito que fizesse algum sentido mas, definitivamente, estou no meu.



Tudo sem gosto. Tudo meio sem cor. Sem temperatura...



Falar nisso, Crisinha vai ser operada amanhã.

Oração e boas energias.

Pai, meu Pai do céu, eu quase me esqueci que o teu amor vela por mim...

Amém



...mas a maior tristeza de tudo é que REALMENTE vai passar e a gente vai se acostumar. E se conformar. E viver assim.



Eu te agradeço

Mais uma vez

Por estar comigo

Em meu viver

Como uma luz que irradia

novos rumos

em meu ser...

segunda-feira, 22 de julho de 2002

Bo-bagem@tato

Só tive paciência pra um... Muita bo-bagem pro meu gosto.

Que filme tu és?
Testes



Ih, meu Deus... Olha aí o Tato com essa mania de testes. Vamos ver se eu tenho paciência de fazer todos...
Dilemma



I am not a frightened person.

I am not afraid of heights.

I am not afraid of the dark.

I have no fobias.

I can cross a city by myself in the middle of the night without being scared.

I don’t lock my house when I go to sleep.

I am not afraid of people more powerful than me.

I am not afraid of being ridiculous, not afraid of saying what I feel.

But there is one thing that gets me.

And it is the feeling of this threatening closeness growing with another human being.

The fear that I might lose myself so much in someone else,

so much to maybe never find myself back again.



But then I say to myself: the only thing to do is to close my eyes and walk the plank…



Do espetáculo Dilemma, de Kris Niklison, em cartaz em Amsterdã

sábado, 20 de julho de 2002

O Sábio



É... Eu sabia mesmo.

quinta-feira, 18 de julho de 2002

Isto é bom demais!






Eu sei



Eu sei, eu sei, eu sei, meu bem.

Eu sei, eu sei, eu sei.




Eu sei o que está acontecendo.

E você, sabe?



quarta-feira, 17 de julho de 2002



QUERO SER UMA DOUTORA DA ALEGRIA!
Carmina

Atuo para mim. Crio para mim. Quero estar fechada.

Porque não há nada de bom por enquanto, para ninguém.

Mentira. Há. Mas ela não quer. E, se não para ela, não há.

Portanto escrevo para mim.



A gente tá lá fazendo o curso. É interessante. Mas eu me convenço de que tudo é muito repetitivo. Não que não seja bom, a repetição é necessária no teatro, mas eu ando tão vazia... nada disso me preenche mais. Ou pelo menos agora. E no centro de tudo, aquilo que eu disse ontem, no centro de tudo está sempre a mesma pessoa, a mesma história, os mesmos fantasmas dos quais não consigo me libertar. Não me pergunte mais nada esses dias.



NOITE

Passos cansados de ir e voltar nesse mundo, fugas. Ver e rever o que há nesse meu lado verdadeiro... Noite, somente. Como fingir que não se vê, como negar que representar quis a vida, palco em luz, boca a mentir a minha fé. Remover, num golpe só, esse sorrir, esse chorar que pus no tempo a enfeitar a velha imagem que dei a todos, face de bem, canto de paz, brilho na dor... Ir derrubar meus castelos, vencer o mal que nunca vi sair de mim.



Nessa angústia de ter que nascer novamente - lutas - vou me entregar a quem sei que quer, e pode, me ensinar, sim. Dia, somente, que possa ter força maior pra transformar pó em uma terra gestante, que ainda agora traga à luz esse meu Deus. Findarão num gesto seu, o Sim, e o Não, o meu talvez, a sempre escolha por fugir dos meus temores, dos meus fantasmas... O gosto amargo de ficar na escuridão. Por seu querer-bem eterno, santificar o velho ser que vive em mim...
Não tem nada não...



Vai... vê se me esquece

Tira meu nome da lista de telefone

Vai ver que o mundo anda tão bem

Mesmo eu sem você

Você sem ninguém



Eu vou por aí

Vai, se livra de mim

Vai ver que é mesmo assim



Não tem nada de mágoa

O caminho da água

Também é cheio de pedras

E o rio não pára

Mas não tem nada de rio

de água, de pedra

Não tem explicação

Não tem nada não



Eu vou por aí

Vai, se livra de mim

Vai ver que é mesmo assim



Eu vou seguir a luz dos fáróis

Que me lembram seus olhos

Vai ver

que eles podem me ajudar a ver

Que não há de ser nada

Eu vou por aí, eu vou por aí



Pior de tudo

que a gente ainda vai se ver

Ando em ruas que não sei o nome

Pra me perder...



Vê se me Esquece, Ana Carolina


terça-feira, 16 de julho de 2002

Para não viver só



Eu quero ir embora. Eu quero dar o fora.

Todo dia ela faz tudo sempre igual...



Você não está entendendo nada do que eu digo.



É que a vida não passa sem moer a gente, sabe.

Isso eu acho que você entende. Mas às vezes esquece.



O que eu sei é que a gente só tem que ter bem perto quem tem carinho, ou mais, amor de verdade por nós... quem se preocupa, quem abraça, quem acolhe, incondicionalmente. Quem tenta entender o silêncio como gentileza e não como agressão. Quem tem delicadeza quando a gente pede socorro, quando a gente grita quieta. Quem tenta preencher o vazio quando ele vem devastador e parece que vai deixar um deserto dentro da gente. Um deserto. E isso tudo se vê. Quem realmente olha, enxerga, sim.



Isso é só um desabafo. Porque já deixei de pedir, cobrar, implorar há algum tempo. Aprendi. Tenho aprendido a fazer tudo calada. Quem sabe assim me torno uma pessoa melhor. E então talvez eu consiga ter ao meu lado pessoas melhores. E talvez eu não perca mais quem me completa. E não me sinta nunca mais assim, insuportavelmente partida. E só.




ChanelPierretteMamieLouise



Pour ne pas vivre seul

On vit avec un chien On vie avec des roses

Ou avec une croix

Pour ne pas vivre seul

On s'fait du cinéma On aime un souvenir

Une ombre, n'importe quoi

Pour ne pas vivre seul

On vit pour le printemps Et quand le printemps meurt

pour le prochain printemps

Pour ne pas vivre seul

Je t'aime et je t'attends pour avoir l'illusion

De ne pas vivre seul, de ne pas vivre seul



Pour ne pas vivre seul des filles aiment des filles

Et l'on voit des garçons épouser des garçons

Pour ne pas vivre seul

D'autres font des enfants des enfants qui sont seuls

Comme tous les enfants

Pour ne pas vivre seul

On fait des cathédrales où tous ceux qui sont seuls

S'accrochent à une étoile

Pour ne pas vivre seul

Je t'aime et je t'attends pour avoir l'illusion

De ne pas vivre seul



Pour ne pas vivre seul on se fait des amis

Et on les réunit quand vient les soirs d'ennui

On vit pour son argent, ses rêves, ses palaces

Mais on a jamais fait un cercueil à deux places

Pour ne pas vivre seul

Moi je vis avec toi je suis seule avec toi tu es seul avec moi

Pour ne pas vivre seul

On vit comme ceux qui veulent se donner l'illusion

De ne pas vivre seul.



Pour ne pas vivre seul, Firmine Richard em "8 Mulheres"




GabySuzonAugustineCatherine









segunda-feira, 15 de julho de 2002

8 Femmes



Ontem fui assistir ao filme 8 Mulheres (8 Femmes).

Eu ri muito, e gostei muito.

Não sei até que ponto é muito bom

ou até onde é "muito ruim"...

Mas eu adorei.

Vá ver e depois me conte...



Preste atenção na música da Chanel.



São todas umas loucas.

Como todas nós.
Ela responde assim



Oi,

Tudo bem?

Recebi o CD sim. Gostei muito. As músicas são bem legais e vc

sabe que eu gosto muito da Ivete, né?

Já tá no meu carro e eu ouço sempre.

Apesar de eu achar que vc não devia ficar se preocupando com

essas coisas, obrigada.

Um beijo

Vozes



Vozes do Brasil


VOZES DO BRASIL

O criador sozinho.

O músico, cantor, intérprete, compositor, autor no momento da criação.

Seus processos, mecanismos, rotinas, truques, dúvidas, pretextos.

Uma série de treze entrevistas com personalidades que compõem a cena musical brasileira contemporânea:

Arnaldo Antunes

Cássia Eller

Chico Cesar

Daúde

Ed Motta

Itamar Assumpção

Lenine

Luiz Melodia

Ná Ozzetti

Paulinho Moska

Rita Ribeiro

Zeca Baleiro

Zélia Duncan





Patrícia Palumbo finalmente lançou esse livro bárbaro que eu esperava havia tempos! Fui a um dos shows de lançamento no sábado: Zélia Duncan e Ná Ozzeti. Não vou nem comentar porque sou suspeita.



A Zélia é uma coisa indescritível. E só.



Depois elas autografaram os livros, foi bem bacana. Patrícia, com toda a simpatia que Deus lhe deu, não sei como se lembrou do dia em que eu estive na casa dela e escreveu na dedicatória do livro: "...a foto que você gostou está aqui dentro!" Essas pequenas coisas que nos fazem tão felizes... Zélia, por sua vez, manteve o espaço que eu perdi com ela. Eu entendo. Fazer o quê?! Agora tenho mais vergonha ainda dela... Que bobagem. Ficou até meio chata essa brincadeira de gostar tanto dela assim. Mas eu gosto. E a música supera tudo, afinal. É água sem gelo na hora da sede.



E se você, que eu amo, pensasse em mim... Tive tanta vontade de comprar um livro pra você e pedir uma dedicatória te pedindo, te implorando pra voltar... Como cantou A VOZ da noite. Mas... Você já está tão distante de mim...

Cansada



Eu não sou uma pessoa suicida. Não penso em me matar, por duas razões. Primeiro porque a pessoa que mais amei nesse mundo - e ainda amo, e sempre vou amar - me ensinou que isso não se faz e me disse que se um dia eu me suicidasse ela nunca me perdoaria. Depois por que, já pensou, se o que tem depois for pior! Eu não teria mais saída... Não deve dar pra se matar duas vezes...



Então, como eu dizia, não penso em me matar, mas, Meu Deus!, às vezes me canso de viver de um jeito tão profundo.

Metade

Osvaldo Montenegro



Que a força do medo que tenho,

Não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo que acredito,

Não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito,

Mas a outra metade é silêncio.



Que a música que eu ouço ao longe seja linda,

Ainda que triste.

Que a mulher que eu amo seja sempre amada,

Mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida,

E a outra metade é saudade.



Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas

Como uma prece, nem repetidas com fervor.

Apenas sejam respeitadas

Como a única coisa que resta a um homem

Inundado de sentimento.

Porque metade de mim é o que eu ouço,

Mas a outra metade é o que eu calo.



Que essa minha vontade de ir embora

Se transforme na calma e na paz que eu mereço.

Que essa tensão que me corrói por dentro,

Seja uma dia recompensada.

Porque metade de mim é o que eu penso

E a outra metade é um vulcão.



Que o medo da solidão se afaste,

Que o convívio comigo mesmo

Se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso

Que eu me lembro de ter dado na infância.

Porque metade de mim é a lembrança do que eu fui,

E a outra metade eu não sei...



Que não seja preciso mais

Do que uma simples alegria

Para me fazer aquietar o espírito.

E que o teu silêncio me fale cada vez mais.

Porque metade de mim é abrigo,

Mas a outra metade é cansaço.



Que a arte nos aponte uma resposta,

Mesmo que ela não saiba,

E que ninguém a tente complicar,

Porque é preciso simplicidade

Para fazê-la florescer.

Porque metade de mim é a platéia

E a outra metade, a canção.



E que minha loucura seja perdoada.

Porque metade de mim é amor

E a outra metade...também!





É você que eu amo.

É você que seu sempre amei.

É você que é a metade de mim que foi embora, e a outra metade morri.

domingo, 14 de julho de 2002

Os Diamantes Nos Olhos



Ai, que delícia... depois de tanto tempo... Sabe o que fizemos hoje? Ficamos lá, dentro do carro, em frente ao prédio, conversando até o dia clarear. São 7h30 e eu acabei de chegar em casa. Com a cara doendo de tanto sorrir. E de rir. E como rimos e sorrimos hoje!! E que conversa boa! Confesso que eu achava que isso não ia mais acontecer. Mas como estou feliz por ter acontecido!!



Brigada.



Falamos sobre tudo. TUDO! E foi ótimo

Imagina se uma coisa boa dessas poderia me fazer algum mal... Só me faz bem. Bem demais! Apesar de você ser mais apaixonante a cada instante e de ter esse "poder" sobre mim, é tudo muito bom.



Que legal a gente ter conversado sobre tudo aquilo, sobre os meus questionamentos, sobre o seu não-total desprendimento... Não mude nunca! Eu sei que você disse pra nunca dizer nunca, mas você eu queria mesmo que não mudasse NUNCA. Ficasse sempre essa magia, esse brilho, essa coisa sem palavras que você é pra mim - e pra meio mundo, que eu já descobri que tem um bando de gente que te ama assim... Essa você que me alimenta às vezes. Que me comove até. Você é mesmo como o Guigo disse: rara.



Brigada por fazer parte da minha vida.

E por tudo o que a gente conversou hoje, e conversa sempre. E que bom que não mudou. Que bom eu poder te falar tudo o que eu sinto e a gente ter essa amizade forte e bonita. E até essa coisa inexplicável que a gente sente é boa do jeito que é porque a gente consegue que seja legal. Tomara que seja sempre assim.



Eu te amo! Tranquila.







sábado, 13 de julho de 2002

A Água



Pense na água.

Não é estranho?

Hoje filosofei um pouco com a Gina sobre a água.

Estou pensando em estudar filosofia.

Pra ver se entendo melhor algumas coisas.

Mas pense mesmo na água.

Como pode ser?



sexta-feira, 12 de julho de 2002

Que sono

Tô com a doença do sono!!! - Claro que essa foi em homenagem à Crisinha, que soltou essa pérola dia desses. Aliás, ela voltou de viagem. Ontem. Escreveu avisando que chegou. Se eu achei legal? Se fiquei feliz? Nnnnnnnnnnaaaa..... Bo - bagem (by Tato).

Hoje Mil e Bel ficaram noivos. Sou madrinha deles em novembro. São lindos, os dois. Ela é uma coisa! Temos essa ligação muito forte desde sempre.

Minha tia esteve aqui hoje. A luz acabou no bairro todo. Tudo ao redor da nossa casa - eu disse TUDO - estava apagado, mas a nossa casa continuou com luz. Adivinha quem foi. Foi essa pessoa que a gente nem tem como chamar. Hoje, particularmente, a saudade doeu um sem fim outra vez. To aqui com os olhos inchados. E as crianças também falaram com ela hoje. Que loucura pensar nisso, tudo num dia só. Não tenho dúvida de que cê tá aqui. O Luca disse: Nana, sabe quem tava aqui e morreu? A Vó Dila. E então eu disse pra ele que ela estava em algum lugar vendo a gente e cuidando, e então a gente falou com ela um pouco. Eu disse:"Tia, um beijo, a gente tá com saudade". E eles: "Vó Dila, um beijo, a gente tá com saudade". Foi lindo. O que eles ainda não sabem, mas um dia eu explico, é que ela foi mas ainda está aqui.

quarta-feira, 10 de julho de 2002

I Love Lucy



Estava agora conversando com o Tato - amigo do Rafa - e falamos da Lucy, maravilhosa...!

I LOVE LUCY, eu gritei!

I LOVE LUCY, ele gritou também.

Pessoas de bom gosto somos nós.







Eu queria estar com menos sono para escrever mais...

Sobre as minhas angústias de hoje, sobre as tristezas bobas mas reias, as alegrias pontuais.

Sobre as frustrações, que se repetem...

Sobre qualquer coisa.

Mas os olhos fecham...



zzzzzzzzzzzzzzzzzzzz..............................................

terça-feira, 9 de julho de 2002

De volta ao curso das águas sujas

Mais frio em São Paulo do que em Campos. Nas ruas e nos corações.

Deixa eu me aquecer pra ver se dá pra levar.


É triste encarar alguns desamores, algumas metades de abraço.

É triste constatar, mais uma vez - quantas ainda serão? - que não é tudo verdade e tem muito desconforto, muita imaturidade, muita distância. 


Muita.

Diário de Bordo II - Que lugar lindo!

Campos do Jordão, 6 de julho de 2002 - Sábado

Passei o dia com esta frase, daquela música, na cabeça: I know it sounds funny but I just can't stand the pain... Não sei por quê. Ela veio enquanto eu andava com a mamãe ali pela horta. E que lugar lindo, Meu Deus!! É bem mais bonito do que a fazenda antiga! Agora de dia que deu pra ver. A casa é bem no topo da montanha. Um pouco ali pra baixo tem o riachinho. Já construíram uma pontezinha e um monjolo - aquela coisa que fica rodando com a queda da água, que vira queda por uma canaleta de tronco. E ali tem um bosque enorme, lindo, e vai construir uma churrasqueira, umas mesinhas e banquinhos, vai ficar tudo!! Pena que é tão longe. Pena que eu não tenho mais alguém que ame e que me inspire alegria em pensar em voltar aqui com a pessoa...

Maria Fumaça
Hoje pensei tanto em você. Lembrei do quanto você gosta do sítio e do quanto iria adorar esse lugar... A gente ia andar tanto por aí - eu juro que ia! Juro que ia ser diferente! A gente ia escalar montanha, ia até a represa, ia andar a cavalo, ia brincar com os cachorros.. Igual a gente brincava com o Iupi!! Ai, que saudade, até choro, olha aí. A gente ia apostar corrida - se o meu pé estivesse bom e o seu joelho também... Ai, que saudade de tudo. Tantos pôr de sóis perdidos, tantas manhãs idiotas e sem razão, tantos almoços, jantares, vinhos, fondues... sem gosto, sem sabor, sem som. Tantos céus estrelados sem brilho. Tantas luas tristes. A verdade que eu ainda te amo. Ainda te queria aqui comigo. Ainda queria dividir tudo com você. Nunca mais a minha vida foi feliz. Se um dia Deus me desse o direito de fazer um pedido, UM, entre tudo nesse mundo eu pediria pra você voltar a me amar. Só me resta acreditar em milagres. Ou que você me ame de novo, ou que eu esqueça como era feliz ao seu lado e aprenda a ter essa alegria de novo seja lá como for, mas sem você. Confesso que já tive alegrias depois de tudo... Mas a nossa vida era especial demais. Silêncio. Não, daqui não se ouve a Maria Fumaça. Mas tenho certeza de que você ainda escuta o apito que quer dizer EU TE AMO.


Ai, deixa eu voltar pra realidade. Triste.

E foi assim o dia hoje. Essa coisa fazenda. Andamos um pouco, mamãe, Pipa e eu. Depois levamos a vovó de carro até ali embaixo pra ver o que estão construindo no riachinho. A Daysi colheu uns copos de leite e fez aqui um arranjo. Eu virei o pé, lógico, e tá doendo. Meu pai só limpou, arrumou, consertou. Ele me perdoe mas tornou-se insuportável. A gente tem de estar alerta a cada segundo porque se tiver uma migalha ele se levanta e pega o aspirador. Hoje foi ligado no mínimo dez vezes. E olha, a casa não tem tamanho para isso! Não se sentou um instante! Não se pode relaxar nenhum momento... "Porque você, Joana, é um inferno!!"

Ex-Libris
"Quando eu tinha onze e meu irmão treze anos, nossos pais nos levaram à Europa. No Hotel d'Anglaterre, em Copenhague, como havia sempre feito todas as noites desde que fora alfabetizado, Kim deixou um livro aberto e virado para baixo sobre a mesa de cabeceira. Na tarde seguinte, ele retornou e encontrou o livro fechado, um pedaço de papel inserido para marcar a página e o seguinte bilhete, assinado pela camareira, repousando sobre a capa:

SENHOR, NUNCA FAÇA ISSO A UM LIVRO.

Meu irmão ficou estarrecido. Como podia ter acontecido que ele - um leitor tão dedicado que levava escondidos um livro e uma lanterna para baixo das cobertas, no colégio interno, toda noite após as luzes serem apagadas, um crime punível com palmadas aplicadas com remo de madeira - tivesse sido rotulado como alguém que não amava os livros? Compartilhei de sua mortificação. Não conseguia imaginar uma família mais bibliólatra do que os Fadiman. (...) Durante os trinta anos seguintes, vim a me dar conta de que, da mesma forma como existe mais de uma maneira de se amar uma pessoa, há mais de uma também de se amar um livro. A camareira acreditava no amor cortês. O ser físico de um livro era sacrosanto para ela, sua forma inseparável do conteúdo; seu dever como amante era a adoração platônica, uma tentativa nobre, mas condenada ao fracasso, de conservar para sempre o estado de castidade perfeita no qual havia deixado a livraria. A família Fadiman acreditava no amor carnal. Para nós, as palavras de um livro eram sagradas, mas o papel, o tecido, o papelão, a cola, a linha e a tinta que se continham eram um mero receptáculo, e não significava nenhum sacrilégio tratá-los de qualquer forma, como ditassem o desejo e o pragmatismo. A rispidez no uso não era um sinal de desrespeito, mas de intimidade."

Do livro Ex-Libris, Confissões de uma leitora comum, de Anne Fadiman


Acabou mais um dia.
Como serão os próximos?
Um de cada vez...
Um de cada vez.
Boa noite.

1h54, domingo

PS: Tem um chocolatinho?
Lembrei da minha tia, linda, amada, melhor pessoa do mundo... e que saudade, que falta ela faz! Na verdade, lembro sempre. Mas de vez em quando não seguro o choro, que é também de alegria por tudo o que ela nos deu. Por todas as lembranças maravilhosas que ela nos deixou. Eu te amo, Didi, com tudo o que eu tenho de melhor. E sinto sua ausência com muita dor, mas sei que você está bem aí com o Marcos e o tio Dinho. E eu aqui, te honro. Converso com todos os programas da TV. E se quem enche, tem lugar garantido: vai andar, vai!! Eu te amo. Vem me visitar qualquer hora. De novo. Um beijo.

Diário de Bordo

Campos do Jordão, 5 de Julho de 2002 - Sexta-Feira

E aí, menininha, como é que cê tá?

Esta que vos fala sou eu, eu mesma. Resolvi dar um tempo do espelho e cá estou para uma temporada. Claro que algumas vezes ao dia passo por ele para dar uma checada, e como sempre estou lá, a imagem que já conheço, nada de novo nem de muito bom, sigo meu caminho e tento me distrair fora dele.

Estou nas montanhas. Um pouco forçada pelo casal progenitor, mas é gostoso no fim das contas. Fora o que é chato, é muito gostoso. (Você sabe que eu tenho uma preguiça louca de viajar de carro e que a-do-ro ficar em casa sozinha). Mas a viagem pela estrada acabou sendo divertida, tirando meus momentos terríveis de enjôos - enjoadíssimos . No carro são as horas que aproveito para contar as piadas novas ou para dividir com a minha mãe alguma descoberta, algum novo comentário sobre literatura ou coisa que o valha. Esses assuntos que só com ela é possível ter uma conversa produtiva. Esses assuntos que, pelo menos na família, é só com ela mesmo que gosto de falar.

Pausa para dizer que é 1h30, madrugada fria, e meu pai ronca loucamente no quarto ao lado.

Chegamos a Campos por volta das 15h. Antes de vir para a fazenda - e a casa está linda demais! - passamos no hotel para ver minhas irmãs e as crianças, dádivas.

A Nana queria ter vindo pra cá com a gente, eu queria ter ficado lá com ela, é bastante aconchegante quando a gente tem essas vontades enormes de ficar juntas. Ela está linda demais! Moleca como sempre, e linda! O Luca quando tá junto de amigo esquece da vida. É bom. Ele é o cara mais social que já vi! E também continua um lindo!!

Com muito pesar os deixamos. Chegamos à fazenda já tinha começado a novela das sete. Não, eu não assisto, foi só uma forma de medir a hora. Ah, esqueci que passamos no super. E o comentário do meu pai - que segue roncando cada vez mais alto: "Olhaí, não tem jeito! Vocês compram demais! Paramos pra comprar água e sabe quanto? 244 reais..." Isso por que foi ele que pegou quase tudo! Juro. Veja abaixo minha parcela de culpa:

1 Caixa de tomatinhos
2 Corpus de morango
1 Elma Chips Festa! É novo! Muito legal! Tudo misturado!
1 Pacotinho de mini muzzarela de búfala
1 Saco pequeno de Sonho de Valsa (pro meu pai porque eu sei que ele adora)


E continua a sinfonia do ronco ao lado. Como é que ela aguenta, hein?! Há cinquenta anos! E nem usa nada pra tapar os ouvidos. Que amor, meu Deus...

Bom, chegamos aqui, fui "atacada" pela Pipa e suas patas gigantes e imundas de terra preta! A Pipa é uma cadela São Bernardo linda que meu irmão trouxe pra cá. Depois descarregamos tudo, arrumamos, mamãe pôs a lasanha no fogo, arrumei a mesa, jantamos, TV, Os Normais, Jornal da Globo, e vamos dormir. No decorrer disso tudo algumas risadas, mais um monte de reclamações do chefe, alguns momentos divertidos protagonizados pelo casal e... cansei! Quero dormir.

"Por hoje é só... bruxas e reis sorriram pra mim, sei que é assim. Certo é errar, mas quando acordei corri devagar, sem perceber, cheguei aqui."

Por hoje é só - Zélia Duncan


Câmbio e desligo. 2h15 (sábado)

quinta-feira, 4 de julho de 2002




Hoje, falho de ti, sou dois a sós.


Fernando Pessoa



E você, quem é?

I'm a snoopy.

Which Peanuts Character Are You Quiz

Tudo vale a pena se a alma não é pequena

Um cartão bonito e alguém que não dá valor - (Quem foi?). É a vida que é cheia disso ou somos nós os muito sensíveis? Dar e amar de um lado e receber e desprezar de outro? Esse não é o equilíbrio... "De uma pessoa insegura e muito dedicada, para uma pessoa segura e pouco dedicada". Há quantos anos aquele namorado da Gaby escreveu isso pra ela? Mais de dez. E eis que estamos aqui e nada mudou. Ou, meu Deus, será que fui só eu que não mudei de fase!? As pessoas dos livros, ela disse. Quem serão elas? Quem seremos nós? E quais serão os livros a nos possuir? Ou as coisas? As pessoas das coisas...




As pessoas dos quebra-cabeças

Era uma noite chuvosa, e essa senhora que tinha paixão por quebra-cabeças sentou-se, sozinha, à mesa para começar a montar um novo. Ao chegar perto de completá-lo percebeu, para sua surpresa, que a imagem era a da sua própria sala. E a figura no centro do quebra-cabeças era ela mesma. Com as mãos trêmulas colocou as últimas quatro peças e viu, horrorizada, o rosto de um louco na janela. A última coisa que ouviu foi o som de vidro quebrando...



Do filme Sociedade dos Poetas Mortos

A Menininha escreve...

Claro que venho.

Luz? Bom, muito bom... às vezes faz bem... (Às vezes)

Também. Muito distraída... impaciente e indecisa...

Sou sozinha. Todo mundo é...

mas não tem pesado tanto não... tenho me mantido ocupada...

Clarice vai bem.. vai muito bem. Mandou dois abraços...

Já o Fernando, confesso ter me decepcionado um pouco...

estou com trauma dos seus heterônimos todos...

mas hoje lembrei muito dele... vi um cartão tão lindo...

com a frase "tudo vale a pena se a alma não é pequena..."

pena que a pessoa que recebeu não soube dar o devido valor...



Se Ele desiste, não sei... já desisti.. (dele) faz tempo...



Jurar é pecado??? Nunca soube...

juro!

Pollyana, já li.

Também não escrevo faz tempo... quis escrever hoje. Não tive tempo...

Todo mundo quer mais do que isso.

E sinto tudo, e quero tudo e tanto e ao mesmo tempo que acabo vazia.... vazia de dar dó...

como se existisse um universo paralelo dentro de mim entre o dentro e o fora,

mas que não consegue absorver nenhum dos dois.

Mesmo sentindo a passagem deles.

Como água e óleo, sabe?

E tudo porque eu tenho um baita medo...

Queria saber nadar... às vezes dá.. às vezes não....



cê joga uma bóia pra mim?




Eu jogo, linda. Jogo sim.


quarta-feira, 3 de julho de 2002

VÍCIO MALDITO!

Ai, que ódio!!

Fiquei muito tempo sem fazer as unhas...

Roí tudo.
My life as a dog

Quer dizer que você de vez em quando vem mesmo aqui para saber da menina... e de mim.

Que contente. Que surpreendente. E que interessante.

Tanto que me dá hoje uma vontade de largar a terceira pessoa e ficar em mim mesma,

um pouco fora do espelho, com a luz acesa e a alma mais clara. Mais c...alma.



Eu tenho andado... distraída.

E você?



Todo mundo voltou de viagem, já não estou tão sozinha.

Em teoria.

E você?



Como vai Clarice? Fernando?

Essa gente que nos completa?

De mim um pouco distantes.

Como Deus. Que sempre vem, eu sei, e você sabe,

mas que nem sempre nos encontra.

Que bom que Ele não desiste.

E nós? Desistimos?



Não, não jure.

Jurar é pecado.

Você já leu Pollyana?



Já é de manhã e eu não escrevo um conto há muito tempo.

E você?



Eu queria mais do que isso.

E você?



Alguma vez você já sentiu como se tivessem arrancado os seus nervos para fora da pele?

Pois assim somos nós... À flor da pele.

Não?



É tudo como uma raiz pregada aos nossos pés...

E todos os dias pode ser a gota d'água...



Você sabe nadar?








...



Eu deveria ter contado tudo a ela. Mamãe adora histórias. Não é tão ruim quando se pensa. Poderia ter sido pior. Pense em como acabou aquele rapaz que foi a Boston implantar um rim novo. Ficou famoso nas notícias mas acabou morrendo. Penso na Laika, a cadelinha espacial. Foi colocada dentro do Sputinik e enviada ao espaço. Ligaram fios no coração e no cérebro dela para observar seu estado. Não creio que ela se sentia bem. Girou lá em cima cinco meses até a comida dela acabar. Morreu de fome. É importante ter coisas assim para comparar. Penso naquela mulher que foi a Etiópia como missionária. Ela foi morta a pauladas no meio do sermão. Precisa-se sempre comparar. Penso no cara que foi ao cinema ver o filme "Tarzan na lagoa". Depois pendurou-se num fio de alta tensão e morreu na hora. Nunca se deve bancar o Tarzan. Eu deveria ter contado tudo enquanto ela tinha saúde. Histórias da vida. Mamãe gostava delas. Fazia coleção. É preciso ter alguma coisa para contar a ela. Gosto muito quando ela ri porque aí esquece os livros. Ela lê demais. Esse é o problema. É bom... faz com que pense em outras coisas. Acho que amo a Sickan tanto quanto a mamãe. Mamãe era fotógrafa, antes de adoecer. Tinha um atelier. Teve que parar. Poderia ter sido pior. É importante lembrar isso. Lembro-me do desastre sobre o qual li. Um trem chocou-se com um ônibus em Chyeksbo. Seis pessoas morreram, catorze ficaram feridas. Deve-se comparar. É preciso ter cuidado com os ônibus. Eu poderia estar naquele. Me dá pena quando penso na pobre cadela Laika. Maldade mandarem a coitada na astronave... sem comida o bastante. Ela teve de servir ao progresso do homem. Não pediu para ir. Eu deveria ter contato tudo a ela... enquanto ela gozava de boa saúde. Ela tem bom senso de humor. Sobre o cabelo verde do Manne, e a cuia voadora que o pai dele fez. Do Fransson no telhado e dos malucos daqui. Ela teria rido muito. Garanto. Realmente tenho tido sorte, comparado aos outros. É preciso comparar para sentir a distância entre as coisas, como a Laika. Ela deve ter visto as coisas em perspectivas. É importante manter certa distância. Penso no cara que tentou um recorde mundial saltando sobre ônibus numa motocicleta. Ele alinhou trinta e um ônibus. Tivesse deixado por trinta, ainda estaria vivo. Imagine, não bateu o recorde do mundo por um ônibus. O último. Bateu com a roda traseira nele. Penso naquele sujeito que atravessou o campo da praça de esportes. Um dardo atravessou o peito dele. Atravessou o peito dele. Ele deve ter ficado muito surpreso. É estranho como não consigo deixar de pensar na Laika. Eu não devia pensar tanto! O tempo cura as feridas, como diria a Sra Arvidsson. Ela diz muita coisa sábia. Aconselha a gente a esquecer. É importante comparar. Pense numa cachorra como a Laika. Eles sabiam desde o começo que ela não voltaria viva. Sabiam que ela ia morrer. Eles simplesmente a mataram.



Do filme Minha Vida de Cachorro

terça-feira, 2 de julho de 2002

Long Time No Hug
Nossa... Faz muuito tempo que a menina não escreve aqui... E sempre há tanto pra dizer. Que coisa incoerente!

Mas não vai ser agora também, porque ela está de saída. Vai ao cinema com a Marilia... de Dirceu... Amiga super querida.

A menina tá com a garganta inflamadíssima! Amídalas!... Por isso mesmo é que ela vai ao cinema com a Má... Risos. Depois explico essa.

E só pra registrar:
O PENTA!

E tava lá o Cafú que não me deixa mentir.
Levantou a taça e disse, pro mundo inteiro ouvir:
(quando todos pensaram que a declaração de amor era pro Brasil)
REGINA, EU TE AMO!!