terça-feira, 25 de fevereiro de 2003

4.48

psychose




Eu fui.

E parece que sonhei.




Isabelle Huppert não pode existir.





Sarah Kane muitas vezes sou eu.



"uma só palavra numa página e há o teatro"



"Cometi o pecado irremissível de saber que Deus existe

e de decidir conscientemente rejeitá-lo."



"Não quero viver."



"Não quero morrer."




regarde-moi

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003

Filhos

Filhos, filhos...

Ter ou não ter, eis a questão.



Minha irmã-pessoa-melhor-do-mundo-que-não-mora-no-Brasil chegou nesse fim de semana. Com a minha sobrinha-Sofia-linda-maravilhosa-única-e-especial. Meu cunhado argentino também veio. Antes eu não achava ele tão argentino. Agora acho. Ele está quase insuportável, com aquela coisa argentina de "se achar" o-rei-da-cocada-preta, o-pai-mais-lindo-e-perfeito-do-mundo. Um chato, se você quer saber. Fora o ciúme da filha, que de tão exagerado virou palhaçada. E fora, acima de tudo, a extrema dose de preconceito que ele tem em relação às minorias. Às vezes tenho vontade de dizer umas coisas bem ditas pra ele. Mas ele é marido da Dani e isso me controla. Espero, sinceramente, voltar a gostar dele como antes. Espero que ele volte a ser como era. Menos argentino e mais legal. - Bom, e então a família inteira não desgrudou um minuto. Minha irmã mais velha e meus outros sobrinhos, Luca e Nana. Menos meu irmão, que só chega de viagem amanhã, com mais dois pequenos, Duduzinho e Carol. Um bando, afinal. Cinco sobrinhos lindos.



E com tudo isso tenho me perguntado sobre filhos. Eu sempre quis ter. Mas hoje não sei. Não sei mesmo. Amo criança, adoro estar no meio delas, acho que tenho um baita jeito para entretê-las, criá-las, cuidá-las, ensiná-las coisas... Mas daí a ter filhos, já não sei. A começar que não sei se vou me casar, o que já complica ainda mais a questão. Não sei mesmo. Não por nada de especial, não por motivos concretos, ou fortes, ou estáveis. Simplesmente não sei mais. Portanto filhos... filhos... Minha mãe diz que não há nada tão maravilhoso como ter um filho. Ela diz que a emoção de ter um filho não se compara a nada na vida. Eu acredito. E por isso quero de tê-los. Mas então penso na miséria do mundo, na falta de generosidade, no sofrimento da vida, nos tantos casais que vejo tão absolutamente infelizes, com lares desfeitos e filhos tristes, e não sei. Penso em Brás Cubas: Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. E não quero mais tê-los.



Portanto hoje estou assim, não querendo muito. Tenho sobrinhos. Mesmo que não tenha filhos, tenho sobrinhos. E só de ter a Sofia, tão especial como ela é, compensa um pouco a falta da emoção inigualável que deve ser ter um filho. Mas amanhã é outro dia e pode ser que eu não pense nada disso. Hoje, eu olho pras minhas irmãs, vejo filhos lindos e maridos chatíssimos, e acho que prefiro não ter nem uma coisa nem outra. Porque já estou feliz com os filhos lindos delas e com todas as crianças do mundo que cruzam meu caminho. Sei lá.



Filhos...Filhos ?

Melhor não tê-los!

Mas se não os temos

Como sabê-lo ?



Se não os temos

Que de consulta

Quanto silêncio

Como os queremos !



Banho de mar

Diz que é um porrete...

Cônjuge voa

Transpõe o espaço

Engole água

Fica salgada

Se iodifica

Depois, que boa

Que morenaço

Que a esposa fica !

Resultado: filho.



E então começa

A aporrinhação:

Cocô está branco

Cocô está preto

Bebe amoníaco

Comeu botão.



Filhos ? Filhos

Melhor não tê-los

Noites de insônia

Cãs prematuras

Prantos convulsos



Meu Deus, salvai-o !

Filhos são o demo

Melhor não tê-los...

Mas se não os temos

Como sabê-los ?



Como saber

Que macieza

Nos seus cabelos

Que cheiro morno

Na sua carne

Que gosto doce

Na sua boca !

Chupam gilete

Bebem xampu

Ateiam fogo

No quarteirão

Porém, que coisa

Que coisa louca

Que coisa linda

Que os filhos são !



Poema Enjoadinho, Vinicius de Moraes

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2003

Como está o seu coração?

Minha amiga me perguntou:

E você? Como está o seu coração?



Pois sabe que eu não sei.

Fiz uma rápida retrospectiva da minha vida e estou aqui pensando que já passei por tantas fases do coração... Mas esta, em que estou agora, não sei bem o que é. Não é ruim. Nem tão boa. Mas não sei o que é.



Sempre amei muito, mas de formas diferentes em cada momento da vida. Tá certo que as sensações - e as consequências - são sempre parecidas, mas existe qualquer coisa de particular em cada amor, em cada pessoa amada. E falo de amores vários, com ou sem desejo, com mais ou menos amizade, com muito ou pouco envolvimento, feliz ou infeliz, correspondido ou não.



Quando eu era pequena amava as minhas irmãs, meu irmão, meus primos, os amigos deles, todos mais velhos do que eu: amava com admiração, com carência, com uma necessidade de ser a irmã menor, a prima menor, a pequena notável, o centro das atenções. Mesmo sem ter muita consciência, acho que era assim que eu amava e desejava ser amada. E amava meus pais com mais carência ainda. Principalmente minha mãe, tão presente e tão ausente. Sempre amei minha família desse jeito, com necessidade deles. E quando digo família, é a grande família mesmo... inclui tios, primos-irmãos, primos segundos, terceiros, amigos-dos-pais-quase-tios e amigos-dos-irmãos-quase-primos. Este amor é o primeiro de que me lembro, pela minha família. Claro que ele existe até hoje, mas se transformou e isso é claro. Em alguns casos amadureci o amor, em outros esqueci, sei lá, desamei. E esse amor simplesmente está em mim, sem pensar, sem muito questionamento. Não, mentira. Tem questionamento, sim. Mas esse amor é, e ponto.



Comecei a entender que existe um amor com desejo, com vontade de beijar e estar mais junto quando eu tinha uns 7, 8 anos, eu acho. Nessa idade em que a gente entra no primário e abre os horizontes pela primeira vez. Fizemos uma viagem pra África do Sul e de repente eu me sentia apaixonada por aquele menino, filho de não-sei-quem, irmão de não-sei-quem, cuja família foi parar no nosso grupo de viagem porque o casal era amigo-dos-amigos-dos-primos-de-alguém, dos-meus-pais, dos-meus-tios... Pouco importava. Ele estava lá e eu o amava. Um bando de gente grande, e nós, só nós dois. E eu amava. Eu queria sentar perto dele, queria segurar a mão dele, queria beijá-lo na boca. A gente se escondia atrás das coisas, entrava no túnel do parquinho do hotel, se beijava com um medo - achava que aquilo era beijo! A gente se olhava, eu me lembro. Era um amor. De criança, sem grandes entendimentos, mas um amor tão bom. Não me lembro se senti saudades dele quando a viagem acabou, mas tenho quase certeza que sim.



Na escola eu também amei muito. Não sei se amava todos os garotos que mandavam cartinhas de "quer namorar comigo?" com dois quadradinhos pra gente fazer um "X". Quadradinho SIM e quadradinho NÃO. Muitos desses eu não amava. NÃO. Mas outros, talvez. Pelo menos gostar, eu gostava, porque namorava com eles um pouco. SIM. Depois cansava. Eu era meio independente nessa fase, sei lá. Batia figurinha tão bem! Todos os meus namorados perdiam de mim e então eu perdia a graça deles! Ai, que engraçado! Pois o mais louco disso tudo é que todos esses meninos, que eu me lembro de ter amado de alguma forma durante o primário e o ginásio, se perderam por aí. Não sei de quase nenhum. Um eu sei, coitado, morreu num acidente de helicóptero. Quando eu soube disso pensei no amor de Deus por mim, de ter me poupado de tanto sofrimento se fôssemos namorados. Vai entender! E os outros... os outros são os outros e só. Não tenho a menor idéia de onde foram parar. Ás vezes alguém me fala de algum e me faz achar incrível como o mundo é uma ostra! Mas depois esqueço. Amores esquecidos.



E como amei - e amo! - minha amigas! Tudo sempre tão intenso, tão verdadeiro! A tal da família que a gente escolhe! E como escolhi bem! Minhas amigas são tão importantes na minha vida... E esse amor que tenho por algumas delas é um dos melhores que já fui - e sou! - capaz de sentir. É fiel, é honesto, é companheiro, é leal, é incondicional. E eu que o diga o quanto é incondicional. Porque me amar, com todas as particulares dos meus amores, não é lá a coisa mais fácil do mundo. Também não acho que seja tão difícil, mas precisa ter uma pitada de alguma coisa especial dentro de si - uma bondade, sei lá. E isso, graças a Deus, minhas amigas têm. Um coisa especial. Cada uma, e todas elas. Elas brigam um tanto comigo, me dão bronca. Com razão, na maioria das vezes. Porque eu sou extremista mesmo. Fazer o quê? Ainda bem que elas me amam assim. Extremamente. E assim como brigam, me acolhem, me cuidam. E nesse amor de amigas, sem proporção e perfeito pra mim, incluo UM amigo: o meu amigo-irmão-anjo-da-guarda-que-Deus-me-deu-por-muita-generosidade. O meu extremo amor pra você. Extremo, extremo. Meu equilíbrio, meu deus na terra, senhor PotatoHead.



E então amei um homem. E o amei durante tantos e todos os anos da minha adolescência. Por preguiça e por falta de interesse não quero ficar falando muito disso agora. Não tem mágoa nem dor nenhuma. É preguiça mesmo. Que horror. Mas é. Foi um amor bem importante. O mais importante não fosse o que veio depois. Mas passou. Sei lá. Foi um BAITA de um amor, preciso dizer. Mas acho que no fundo era tão solitário que agora é isso, me dá preguiça. Amizade sempre teve muita. Até demais. Talvez só. Bom, eu achava que só. Mas quando ele resolveu me mostrar que não, que não era só um monte de amizade adolescente, eu fiz "X" no outro quadradinho. NÃO. Foi triste me dar conta de que não queria mais o grande sonho da minha vida, o cara que eu tinha amado durante quase dez anos... Sempre acreditei tanto naquilo... Sempre esperei chegar "o tal do dia de a gente ficar junto", mas... Não. Não quero mais. Pelo menos por enquanto, não.



Morei fora e amei demais também. Amei várias línguas, várias nacionalidades, vários países, várias culturas, vários. Vários, mas bons. :) Intercâmbio é pra isso mesmo, não é... Ah, como a gente ama quando mora fora e tem 18 anos! Ama loucamente. Ama cada dia um! Beija tanto! E muitos, muitos dias, muita coisa nova. E depois pronto. Porque como dizem meus amigos argentinos, espanhóis, mexicanos, panamenhos... "Amor de lejos, amor de pentejos". Quer dizer: amor à distância é roubada. Também já amei à distância. Mas é muita saudade pro meu coração aguentar. Não quero não. O intercâmbio de amor ficou por lá.



E então amei meu grande amor. Com tudo. Tudo o que um grande amor deve, e precisa, ter. E então eu entendi o que é amar, e vivi REALMENTE um grande, grande, imenso, gigantesco, sublime e abençoado amor. Antes eu só achava que era. Quer dizer, era, mas não era. Porque não era recíproco daquele jeito maravilhoso que é quando é. Exatamente isso. Quando é, a gente sente uma coisa tão maior do que a gente, que aí a gente pensa: Meu Deus! Então é isso! Isso! Porque tudo aquilo que você sente e dá, volta puro, e volta tão lindo, tão único, tão extraordinariamente bom! É um espelho tão nítido, um reflexo tão feliz! Eu não vou tentar dizer aqui o que é. Esse amor é o que eu não sei dizer. O que eu tento tanto, com tantas palavras, mas não sei dizer. É o amor que me melhorou, me iluminou, me completou. Que me deu vontades, que me mostrou caminhos, que me fez mais nobre, mais rica, mais sábia até. Esse é o amor que me amou. Que me fez sentir o que faz valer a vida, que durou anos e cada dia do ano, e cada hora e cada minuto. O amor que me fazia ter sol todos os dias, que só chovia quando estava longe, que trovoava mas só porque era amor demais. E então eu realmente amei e tive a sorte de ser amada igual. The greatest thing you'll ever learn is just to love and be loved in return. E meu coração ia bem. Tão bem. Melhor do que nunca tinha estado. Melhor do que tudo. Mais do que tudo. Com uma alegria que eu nunca imaginei antes que pudesse existir. Eu lembro que pedia a Deus pra me fazer feliz, mas eu não sabia que aquela felicidade era possível. E foi um amor que eu nunca vou saber se acabou, se devia ter acabado, se não tem volta. Não, mentira. Se tiver volta eu saberei. Porque, no fundo, alguma coisa em mim vai sempre esperar pra saber. E obrigada - seja lá pra quem eu deva agradecer, a você, ou a Deus, ou quem sabe? - obrigada por eu ter tido esse amor maravilhoso que me ajudou a ter os melhores anos da minha vida. Obrigada, meu amor.



E, por TUDO isso, eu não sei.

Não sei como está o meu coração.

Porque ele está feliz, mas sabe que poderia estar mais.

Ele sabe COMO É estar mais, estar tudo. Ele sabe, ué.

Ao mesmo tempo está conformado, curado, tranquilo.

E então não sei... não sei... não sei.

Nem sei se estou amando de novo, assim, ou não-assim.

O meu coração está batendo, é tudo o que eu sei.

Eu ouço ele aqui e vou vivendo.

Eu ouço o meu coração.

Ouviu?



Fim do discurso.

Cai o pano.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2003

Ranço e Desespero

Continuo feliz. Mas tive um domingo difícil.

Me deu saudade, sei lá. Nostalgia, tristeza, fracasso. Saudade mesmo.

Ouvir Fábio é sempre fatal. Mas às vezes preciso. Ou quero. E ouço.

Que saudade de quem eu amo. E sempre vou amar.

E como eu queria que você nos deixasse tentar...



Deixa eu tentar

Mesmo que não seja o mesmo lugar

Mesmo que não seja a mesma canção

Deixa eu fingir que é possível tentar



Faz isso não

Não me conta que o destino escapuliu

Que não há como ir buscar o que partiu

Deixa o tempo andar pra trás



Tenta deixar

Que não seja como sempre será

Tudo igual, ali no mesmo lugar

Vento morno, ranço e desespero



Deixa estar

Não demora a gente volta a brincar

Como se o começo fosse voltar

No final da brincadeira



No Final da Brincadeira, Roberto Menescal e Oswaldo Montenegro

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

Milagres Acontecem

...e a Carta ao Produtor Desconhecido (e querido)




From: Juliana

Subject: À espera de um milagre

Date: Thu, 13 Feb 2003 15:51



Meu caro Fulano,

nem sei se este e-mail é seu, mas resolvi arriscar.

Sou uma pessoa comum, atriz e jornalista, desesperada para ver Isabelle Huppert no palco. Cheguei na bilheteria e recebi a notícia terrível - para mim, claro - de que já estava esgotado. Não sei o que fazer. Espero de você o milagre de me ajudar...

Sou absolutamente alucinada pelas atuações de Huppert há anos!

Muito obrigada.

Um abraço,

Juliana





From: Fulano

Subject: Re: À espera de um milagre

Thu, 13 Feb 2003 16:20



Prezada Juliana, sei bem o que é ser alucinado por um ator ou atriz.

Chego em SP dia 22. Até lá, não tenho muito a fazer.

Mas prometo, sinceramente, tentar conseguir um convite para você.

Meu telefone é tal. Se você me ligar pelo dia 23, já terei uma posição.

Não perca a fé. Fulano





From: Juliana

Subject: Re: Re: À espera de um milagre

Thu, 13 Feb 2003 16:40



Meu Deus! Já é um milagre eu ter acertado seu e-mail no chute, portanto, claro que não perco a fé. Estou felicíssima com a sua resposta. Muito obrigada! Eu te ligo no dia 23, confiante. E se precisar de alguma coisa por aqui, tem mais uma amiga.

Um grande abraço,

Juliana





Moral da história: quando vocë REALMENTE quiser alguma coisa, tente de tudo, tente até o mais improvável ou absurdo, porque milagres acontecem.





E para a minha querida amiga Helô:

"A Ilha Desconhecida fez-se enfim ao mar, à procura de si mesma."

Saramago


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2003

4.48 Psychose e vontade de morrer



Estou arrasada, tristíssima, dilacerada.

Náo consegui comprar ingresso pra ver a Isabelle Huppert no Sesc Anchieta.







Começaram a vender os ingressos às 14h. Às 15h30 já estava tudo esgotado.

Cheguei lá às 17h. Quase chorei quando a mocinha falou que não tinha mais.

É muito injusto. Estou há mais de um mês esperando pela confirmação da vinda da Huppert ao Brasil, e pronto, perdi.

Definitivamente não é justo. Que vida cruel. Até me dói de frustração.

Se por acaso alguém tiver um ingresso pra me vender, dar, trocar, seja o que for, serei a pessoa mais feliz do mundo!

Ou se alguém é dono do Sesc, filho do presidente, apresentador de jornal, ator da globo... me ajuda!

Vale uma vida! Ai, tomara. Ainda tenho esperança num milagre que me ponha lá, bem perto do palco!

Amém.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2003

Senhor do Amor



Caco Ciocler e Elias Andreato



Fui assistir a Senhor das Flores.

Fiquei comovidíssima.

Fala de amor.



Tudo, afinal, é de amor que fala.



Tenho estado feliz.

Mas cansada de muito trabalho.



Só falta a metade voltar.

Ou alguém me mostrar que há pelo mundo várias metades do mesmo todo.

Várias metades de mim.



Enquanto isso, já vivo, em vez de sobreviver.



As crianças passaram o final de semana aqui, comigo os dias inteiros.

Nada é mais oxigênio, e alegria, e prova de que a vida vale a pena.



Estou simples.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2003

Samba do Avião

Sonhei com a Rê a noite inteira.

Preciso deixar isso registrado aqui.

Foi tão nítido, verdadeiro e forte.

Me deixou cansada. E acho que triste.



Nos encontramos num avião. Ela estava indo viajar com o namorado - que eu não conheço. Conheci. Um cara ótimo. Tranquilo, simpático, super atencioso comigo. No sonho. Porque não conheço. Eles estavam na primeira classe e, por um instante, eu e mais um bando de gente que não lembro bem quem, também. Marília estava lá, disso me lembro. E acho que a causa de todo o sonho foi a idéia fixa de que a Má precisava conhecer a Rê! Conheceu. No avião. Ela não acreditou na coincidência. Nem eu. Nós duas adoramos o moço. No sonho. Porque não conheço. E durante esta manhã o que mais desejei foi conhecê-lo. Coversamos muito no avião, não me lembro exatamente sobre o quê. Acho que sobre trabalho. O moço e eu. A Rê não falava. Aliás, ela desaparecia. Eu só a via indo embora. De repente ela chegou e pediu para fecharem a cortininha que nos separava deles. Fecharam. Separaram a gente. Eu tentei dormir. Tristíssima. Mas então o moço me chamou. Abriu a cortininha e me chamou. Eu sorri e fui, sem entender. Ele me mostrou um porta-retrato com uma foto da Rê que eu nunca havia visto antes. E disse: "como é que alguém pode não se apaixonar por esta pessoa?". Não me lembro da minha resposta. Nem sei se respondi. Mas tenho certeza de ter dito a ele em algum momento - do sonho - que ele tinha mesmo "a melhor pessoa do mundo". E que cuidasse, eu fiz questão de dizer. Acho que ele cuida. Enfim, chegamos a algum lugar. Só eu e eles dois. Ele falava muito comigo, sem parar. A Rê não falava. Ou então apagaram (?) do meu texto - ou do meu sonho - as falas dela. Andamos até o carro dele, uma caminhonete enorme. E eu realmente gostei do moço. Acho que ele era arquiteto, ou engenheiro - do sonho. Rê entrou no carro. Acho que ele também. Tchau. Tchau. Mas eu não acordei. Ai, que nunca acordo desse pesadelo!



É. Fiquei triste. Mas já passa. Já passa. Afinal até uva!... passa.

Senhores passageiros, bem vindos ao chão.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2003

Me subtrai do que em mim passou

Tem uma música me seguindo. E eu tento decifrá-la.

A gente é muito engraçada, porque a gente sempre entende o que quer entender.

Eu dou risada, ué.

Pétala por pétala...

Um dia depois do outro, né.

Sei lá... Ás vezes basta o vento pra fazer a gente sorrir.

Mas a música é tão lin-da que nem precisa ser verdade.

(Segredo: pra mim é, ainda que não seja. Deixa...)



a sua falta me fez ver

o que de mau a vida pode ter

e a sua volta me dá mais

de todo o mel que eu ousaria querer



sua presença me faz rir

dos dias feitos pra chover

não há revolta pra sentir

nem há milagre pra não crer



vinda que finda

a tinta de pintar tristeza

deixa os mistérios plenos de sentido

e a flor da vida toda



pétala por pétala

que um tolo pode colher

sem saber que é amor



vem e aumenta em mim

o único que sou

me subtrai do que em mim passou

é amor, vem

Pétala por Pétala, Chico César e Vanessa Bumagny




Não há revolta pra sentir.

Nem há milagre pra não crer.

Deus presente.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2003

Morna

Um salto. Um grito. Um choro alto. Um sono.

Um sorriso e uma alegria sempre ali.

Ela se vê igual todos os dias.

Pergunta algumas coisas, responde outras.

Não acha. Não acha. Não acha.

Não acha o que nem sabe que procura.

Cansa de procurar. Se conforma.

Mas ela não sabe bem com o quê...

Sobe as montanhas.

Nada os mares.

Chega lá no topo.

E então não sabe...

Muda, complica, confunde, mistura...

E não sabe.

Ela continua, mesmo sem saber.

Mas ainda sabe que detesta não saber.