quinta-feira, 31 de outubro de 2002

Encontros e Desencontros II

Relutei para voltar ao assunto porque queira ou não me faz ficar lembrando e a lembrança acaba ficando impregnada em mim novamente por dias e dias... Mas não falar disso é quebrar o espelho. E dessa vez, meu Deus! que "encontro" absurdo!



Naquele mesmo dia em que minha amiga ligou dizendo que tinha encontrado você, você me liga. Você me liga. Isso mesmo. Você me ligou. Não, você nunca tinha feito isso antes. E me ligou. Quando foi? Na segunda. Segunda-feira, 28 de outubro. Incrivelmente, no dia anterior, do nada, eu tinha pensado em você e bestamente criei um toque no meu celular com o seu nome. Pois então o celular toca pela primeira vez no dia seguinte, e lá está o seu nome no visor. Que estranho, pensei, mostrar o nome do toque e não de quem está ligando! Mas era, sim, quem estava ligando. Por mais que eu não quisesse, o meu coração ainda pára por um segundo quando te escuto. E você me disse: você não vai acreditar no que aconteceu! Achei que vinha a história da noite de sexta, de pessoas que se encontraram, mas não. Você não vai acreditar! Estou procurando um lugar para alugar porque eu e meu sócio estamos abrindo nosso escritório... Bom, e achamos uma sala ótima, aqui perto, toda arrumadinha. Mas quando o zelador me deu o nome do proprietário eu não consegui acreditar. Adivinha quem é! E eu disse: meu pai. Você acredita? Tô bege, ouvi.



(...)



Tudo bem, nada de mais. Esta cidade é pequena, quase não tem sala pra alugar por aí...

Coincidência... Coincidências da vida. Imagina, que bobagem... coincidência.



(...)



E então eu tenho feito o que posso pro negócio dar certo pra você. Não por outra razão a não ser o fato de que você é tão importante pra mim. Não por nada senão por que há tanto tempo não posso fazer nada por você. Não, senão pela minha alegria de poder participar de alguns instantes do seu dia. Não por nada mesmo, na verdade. Acho que eu faria isso por qualquer um. DIzer que alguém é amigo meu nem faz tanta diferença assim. Mas é você. É você. E você faz diferença.



Coincidentemente é você.

Coincidentemente sou eu.

Só nós é que não existimos mais, nem por coincidências tão absurdas dessa vida.

E sabe que hoje, juro, eu nem sei mais se queria "nós" de novo.

E olha que nunca tinha duvidado tanto disso!

Mas é só uma dúvida. Não muda nada em lugar nenhum.

Coincidência...



Mais Chico na nossa vida...



Eu sei, ai eu sei

Que brilha um novo amor nos olhos seus

O olhar de uma mulher faz pouco até de Deus

Mas não engana uma outra mulher



Eu sei, ai eu sei

Que esse seu novo amor lhe quer também tão bem

Que até comove aquele olhar que um homem tem

Quando ele pensa que sabe o que quer



Porém, ai porém

Visto que a vida gosta de uns ardis

No dia em que ao seu lado ele sonhar feliz, feliz assim

Feche então você seus olhos por favor

E pode estar certa que o seu novo amor

Resolveu voltar pra mim

Ai de mim

Ai de mim



Novo Amor, Chico Buarque

quarta-feira, 30 de outubro de 2002

Ausência
Estou ausente de mim.
Joana me consome.

segunda-feira, 28 de outubro de 2002

Encontros e Desencontros

Uma amiga hoje me escreveu contando que te econtrou na sexta à noite e acabou voltando pra casa com você. Ela disse que ficou na dúvida se devia ou não me contar, mas achou melhor dizer. Ainda não sei o que vocês conversaram mas se bem te conheço meu nome não deve ter nem passado pelo papo. Sabe de uma coisa, olha só... já não me abala como antes. Não estou aqui desesperada pra saber como foi, nem liguei pra ela pra perguntar. Claro que alguma coisa ainda acontece aqui dentro, não sei bem o que é... Mas nada que me torture como antes, que me machuque, que me maltrate, que me angustie. Viu que bom! As coisas demoram à vezes mas vão passando, sim. O incrível é que as pessoas sempre te encontram por aí, mas eu não. Por que será? Por que será que a gente não se encontra? Mudamos tanto os nossos hábitos assim? Os lugares onde vamos? Acho que eu não mudei, não. E no fundo acho que você é que mudava por minha causa. Não é? Talvez seja. Talvez não. Mas se você está feliz, bom, te confesso que aprendi a gostar da sua felicidade assim mesmo, longe de mim. E isso também é amar. Né?

quarta-feira, 23 de outubro de 2002

Eu Acredito

Eu acredito nas pessoas.

Até que me digam absurdos, parto do princípio de que são todos bons, puros, bem intencionados. Mas não é assim. E a cada dia me decepciono mais um pouco. Comigo mesma, na verdade. Porque sou eu a idiota... que acredita em pessoas. Melhor acreditar em duendes.



A Melhor Irmã do Mundo Virou Mãe

Pelo que sei estão lá, lindas, as duas.

Dani e Sofia. Sofia dorme, tranquila.

E ontem brinquei com Luca e Nana. Tanto.

Quem não tem sobrinho, tenha. É uma mágica.



Aquela Mulher

Joana está de volta. Quase em mim de novo.

Estaremos no palco na semana que vem, despedindo-nos.

Ou não.com.br



A Menina

Oca.



Gente miúda

Estou escutando Chico.

Que benção...

Mas olha o quê:

QUERIA SER CRIANÇA PRA SEMPRE.



Uma pirueta

Duas piruetas

Bravo, bravo

Superpiruetas

Ultrapiruetas

Bravo, bravo

Salta sobre

A arquibancada

E tomba de nariz

Que a moçada

Vai pedir bis

Que a moçada

Vai pedir bis




Quatro cambalhotas

Cinco cambalhotas

Bravo, bravo

Arequicambalhotas

Hipercambalhotas

Bravo, bravo

Rompe a lona

Beija as nuvens

Tomba de nariz

Que os jovens

Vão pedir bis

Que os jovens

Vão pedir bis




No intervalo

Tem cheirim de macarrão

E a barriga ronca

Mais do que um trovão

Quero um prato

Cê tá louco

Quero um pouco

Cê tá chato

Só um pedaço

Cê tá gordo

Eu te mordo

Seu palhaço

Olha o público

Cansado de esperar

O espetáculo não

Pode parar




Vinte piruetas

Trinta piruetas

Bravo, bravo

Polipiruetas

Maxipiruetas

Bravo, bravo

Sobe ao céu

Fura a calota

E tomba de bumbum

Que a patota

Grita mais um

Que a patota

Grita mais um




No intervalo

Tem cheirim de macarrão

E a barriga ronca

Mais do que um leão

Quero um prato

Cê tá louco

Quero um pouco

Cê tá chato

Só um pedaço

Cê tá gordo

Eu te mordo

Seu palhaço

Olha o público

Cansado de esperar

O espetáculo

Não pode parar




Dez mil cambalhotas

Cem mil cambalhotas

Bravo, bravo

Maxicambalhotas

Extracambalhotas

Bravo, bravo

Salta além

Da atmosfera

E cai onde cair

Que a galera

Morre de rir

Que a galera

Morre de rir




Ai, minhas costelas

Já tô vendo estrelas

Bravo, bravo

Ai, minha cachola

Não tô bom da bola

Bravo, bravo

Lona... nuvens

Tomba no hospital

Uma pirueta

Uma cabriola

Uma cambalhota

Não tô bom da bola

E o pessoal

Delira...

Maxipirulito...

Ultravioleta...

Bravo, bravo!




Piruetas - Enriquez, Bardotti, Chico Buarque - 1981






segunda-feira, 21 de outubro de 2002

SOFIA NASCEU

Foi no dia 17 de outubro, às 22h30.

Não vejo a hora de ir a Bs As ver o mundo de Sofia...


Rio

Às vezes a gente toma essas decisões de cinco minutos mas sabe que não estão certas.

Não foi completamente ruim, mas...

De qualquer forma, se não tivesse ido passaria dias imaginando que teria sido legal.

Mas não, a eu não fui só para oq ue você pensou, não. Não mesmo.

Tanto que, graças a Deus, fiz outras coisas que valeram a ponte aérea.

E não te darei mais a chance de transformar mil convites numa sensação terrível de... estorvo.



Estorvo: s.m. 1. aquilo que impede,

embaraça a realização ou o desenvolvimento de algo.

2. pessoa ou acontecimento que causa aborrecimento a outrem.

3. cordão que prende o anzol ou que axilia na condução das redes à praia.

(...)




Novas diretrizes em tempos de paz

Fui de novo ver o Dan, no Rio, teatro Laura Alvim, com Toni Ramos. Fiquei emocionada de um jeito que nem sei explicar, Encontrei muita gente querida. Antes de todos, a Gaby. Como gosto dela! Essa menina é competente, talentosa... Sempre soube disso e é bom demais ver que eu estava certa e que ela está conseguindo as coisas que merece. E ele, bom, nem vou dizer.

Encontrei também o Kabrall, o Zé, o Betinho... Que coincidência incrível. Tantos finais de semana, tantos dias, tantos horários... Tantos siglos, tantos mundos, tantos espacio... y coincidir... É no mínimo curioso.

Bom, mas a alegria do final de semana acabou aí, naquele palco, porque o resto foi uma sequência de más interpretações. Nem quero lembrar muito portanto não vou dizer nada.

Conheci a Lu, amiga da tia do Rapha, e ela é mesmo muuuuuuito parecida com a ZD. Tá no pedestal já. E, o Rique tem razão quando diz que ela é o Rapha de saia... Pelo menos eu acho. Por enquanto. Até que me provem o contrário.



Mas a volta foi terrível.

Eu achei uma baita falta de consideração, isso sim!

Mas, deifinitivamente, não quero mais pensar nisso.

A gente aprende, pra não fazer de novo.



E graças a Deus já tô aqui.

E tenho uma família, uma casa... algum futuro.

quarta-feira, 16 de outubro de 2002

A verdade

A verdade é que não posso ficar aqui à toa e começar a pensar.

E hoje estou fazendo isso. E o que vejo é um deserto.

As pessoas que eu amo não estão comigo.

O trabalho que eu amava não quero mais.

O que quero fazer não me quer.

Preciso acabar com esse vazio antes que ele acabe acabando com tudo.

Tudo o quê? Se já não há nada...

Por que é que não se pode pular esses dias?



E que loucura eu querer aquela voz no telefone que poderia tocar.

Dessa vez acho que perdi total o bom senso.



Mas está aqui o Johnnie Andarilho que roubou a frase de K. Soren e diz:

Ousar é perder o equilíbrio por um instante,

mas não ousar é perder-se em si mesmo.

Metades pra sempre

Ontem fiquei pensando em como mudou meu discurso.

Tentei descobrir se foi só o discurso ou se eu também mudei. Não. Mudar não é o verbo correto. Tentei descobrir se estou mesmo curada. E não sei. Não sei, porque ainda me dói. Você ainda está no meu dia, na minha noite, no meu sono, no meu porta-retrato. Fiquei te olhando um pouco para ver se te entendo um pouco mais, se te amo um pouco menos. Nem um pouco. Porque é que não te tiro de lá? Não responda. Não quero motivos, nem explicações. Não quero psicologias nem conselhos. Não vou te tirar de lá. E, por favor, só entre neste quarto quem puder conviver com a sua foto em mim. Não é falta de amor. Não entenda assim. Não é agressão, não é atraso de vida. É uma foto. Uma foto pela metade.




Não pensa mais nada

No final dá tudo certo de algum jeito

Eu me acerto, eu tropeço

E não passo do chão



Pode ir que eu aguento

Eu suporto a colisão

Da verdade na contra-mão

Eu sobrevivo

E atinjo algum ponto

Eu me apronto pro dia seguinte



Escovo os dentes

Abro a porta da frente

Evito a foto sobre a mesa

E ninguém aqui vai notar

Que eu jamais serei a mesma.



Escovo os dentes

Abro a porta da frente

Evito a foto sobre a mesa

E ninguém aqui vai notar

Que eu jamais serei a mesma.



Eu Me Acerto, Zélia Duncan





Sr. Montecchio: a primeira da promessa



Romeu

Meu não é.

É meu.

Eu quero.

Quero meu.



Que nome é o teu?

E de que vale um nome?

Te quero sem nome,

meu.



Te quero sem rosto,

sem resto,

sem erro,

meu.



Me queira

sem eira

nem beira.

Na cabeceira.



Vai Idades

É difícil falar disso...

Confesso que já tinha passado pela minha cabeça e até pelo resto de mim a sensação de estar me apaixonando por alguém com bem mais tempo de vida do que eu. Que maneira delicada de dizer "mais velho". Bom, mas é isso... e eu falo em 15, 20 anos a mais... Já havia passado por mim, mas só passado. E de repente eis que aí está de novo essa sensação. Com vários agravantes dessa vez porque, afinal, além de não termos tempo para amadurecer a idéia, é muito absurdo assim, em teoria. Mas eu quero ir além da questão da idade. Penso muito nisso. E ironicamente, acabo de sair da situação inversa, que muito me incomodava - e que cortei também por causa desse abismo de dez anos entre nós. Mas o negócio não é realmente a idade. O que pega aí é a diferença de interesses, de momentos de vida. A distância não é entre os anos de nascimento das duas pessoas, mas entre aquilo que uma já viveu e não quer mais, e o que a outra ainda está descobrindo e não sabe se quer ou não... A distância está no tipo de música que se quer escutar, no tipo de lugar onde se quer ir... Está até no tipo de amor que cada um sabe dar e receber. Se tudo isso for muito diferente - o que em muitos casos por causa da diferença de idade acaba sendo - então é impossível construir a ponte. Por mais que se queira. Não sei quanto eu quero. Nem sei se quero mesmo. Talvez seja esse carinho de família, talvez seja uma admiração... Mas independentemente de saber o que é, se fosse amor, eu encarava essa? Juro que não sei. Acho que no começo sim. Acho que me deixaria envolver e ter essa experiência. Mas eu poderia estar sendo egoísta e entrar no jogo só pra ver no que ia dar. Com verdade, claro, com carinho... Mas não sei se algum dia eu acreditaria que aquilo poderia ir longe. E será que assim é justo? Não, pára tudo! Que viagem, meu Deus! Olha no espelho, menina, e vê o absurdo que está passando pela sua cabeça... E você nem sabe se há sequer uma gota de reciprocidade nisso. Vai trabalhar, vai! E pára de pensar bobagem.



Rapha's sweet family

Esses dias estou ausente porque me tornei anfitriã da família do Rapha... Tenho passado horas e mais horas com eles. Aqueles avós fofos, a mãe querida, os primos ótimos, a tia do meio, e a titia-sabe-tudo - E-xa-ta-men-te! E eu não devia ser assim com as pessoas. Porque eles vão embora e eu vou sentir tantas saudades! Mas tantas! E eu já tinha saudades demais na minha vida. Pra que arranjar mais eu realmente não sei. Mas agora já foi. E a cada dia que passa eu amo mais esse anjo da minha vida. Que agora tá casado - muito respeito nessa hora! Casado com a minha florzinha - outro anjo, mas não tão anjo assim... :) E dane-se... No fim eu ganho, "por causa da cor do trigo"...



Ai, tenho sono.

E tenho muitas minhocas aqui nessa cabeça.

Vamos ver no que vai dar.

Santo Deus! - como diria minha mestra!



segunda-feira, 14 de outubro de 2002

The Day After I

A primeira impressão não é a que fica.

Quem era essa pessoa, meu Deus??!?? Eu, hein.

É incrível como dois minutos de papo podem mudar a sua opinião sobre alguém.

É incrível como uma simples mudança de ambiente pode transformar o nosso olhar sobre alguém.

Ou, sejamos claros, que incrível como alguém pode ser tão diferente ontem e hoje.

Em todos os sentidos. Que cara era aquela? Que roupa era aquela?

E, principalmente, que papo era aquele? Sem a menor noção...

Que desilusão.

Mas foi engraçado, não posso negar.

A pena é que me divirto sozinha... Não dá pra dividir.

Há coisas que nem a Philco faz por você!

Mas a viagem foi boa. Foi sim.

And... that's all folks.

There I am again, back to my questions and my doubts.



The Day After II

Hoje fui levar os primos do Rapha pra conhecerem um barzinho de SP...

A tia Conceição foi com a gente.

E só hoje pude conhecê-la melhor... ontem nem conversamos.

E ela é o máximo!

O MÁ-XI-MO!

Queria muito sentar com ela e conversar durante horas.

Ela fica até quinta, acho que vamos ter a oportunidade.

Tem tanta coisa que eu queria perguntar, contar, ouvir, saber...

Sei lá.

Sabe lá... o que é morrer de sede em frente ao mar...

Sabe lá...

Quem será...



The Day After III

Detesto essa sensação de não saber nada sobre amanhã.

Ou quase. Mas é um quase nada que me desanima um tanto.

Estou ficando sem bateria também.

domingo, 13 de outubro de 2002

Rapha e Rosinha... e... novos diamantes nos olhos...

Eu sabia que alguma coisa importante ia acontecer no casamento dos meus lindos.

E aconteceu. Dentro de mim por enquanto. E talvez seja só isso. Mas me fez bem.

Primeiro quero contar que foi lindo, lindo, lindo... Tão mágico e emocionante.

Fiz a leitura - coisa que eu adoro tanto, me sinto tão feliz, tão parte daquele momento.

A festa foi deliciosa, tudo perfeito, tudo maravilhoso...

E, como tinha de ser, eu feliz, feliz demais. E... me apaixonei.

Pois é... Se a lógica for certa deve vir a ser um grande amor.

Mas não sei se Deus tem lógica e como só Ele sabe, sei não...

Mas já me foi bom. E eu sei que há diamantes aqui nesses olhos.

E amanhã os diamantes vão brilhar de novo.

Depois não sei. Mas já foi bom.

Foi o especial desse casamento especial:

eu descobrindo que há realmente vida depois da (quase) morte.

Há vida depois de você. Você vem comigo, claro, no coração.

Mas a vida continua. E se esses diamantes refletirem naquele espelho...

ah, que alegria.

Eu queria, sim.

Depois desse tempo sem querer, voltei a querer.

Hoje quis. Quero. Não basta, eu sei.

Venha me bastar, então. Venha...

Dois uísques??? Meu Deus!

Não! Calma!... Duas horas da manhã!

E guarda o meu bem casado, hein!

Guarda que amanhã eu vou buscar.

E, sim, o telefone tocou de volta. Não tem preço.

Para todo o resto, Master Card. KKKKK.

E a Rosinha disse: eu sabia que isso ia acontecer.

Eu acredito, Ró. Acredito mesmo que você soubesse.

Você conhece dentro de mim. Por isso sabe o que é verdade aqui.

Que aconteça, então.



Meus lindos, pela primeira vez, depois do que vejo em casa entre meus pais, vejo um casal onde o amor não tem a possibilidade de acabar, nem de se transformar ruim, ou de caminhar pra lugares diferentes. Esse de vocês e deles é o amor que tudo suporta, tudo perdoa, tudo espera, tudo constrói. Tenho muito, muito orgulho de vocês. Tenho muita, muita honra de ter sido o instrumento de Deus para vocês se encontrarem. Se eu tinha uma missão aqui, foi cumprida. Deus ilumine cada passo, cada canto daquele apartamento, cada grão de areia de Trancoso, cada um de nós, e vocês juntos, sempre sempre juntos. Amém.



sexta-feira, 11 de outubro de 2002

De Volta

Voltei.

Que sol.

Que calor.

Calor humano, talvez.

Que feliz vontade de voltar.

Que saudade já daquelas duas que eu amo.

Digo, três - né, Sofia!

Mas que bom estar aqui.



A Volta

Estou de volta a este quarto que conheço tão bem, e parece novo.

Porque a partir desta volta pode ser que a vida redescubra o que guardei.

Pode ser que este sol que está lá fora ilumine mais.

Pode ser que eu renasça de uma morte longa.

Ou que eu acorde de um sono difícil e quase sem fim.

Pode ser que volte a ser fácil dormir.

E, principalmente, pode ser que volte a ser bom acordar.

Também pode ser que não.

Mas eu sempre volto das minhas viagens acreditando que pode ser.





O Ator

Ontem fui assistir a uma peça.

E depois fomos jantar com o ator da peça.

Que não é qualquer um, não; é O ator.

E nesses momentos eu enxergo tão claro...

Ai, ai... TÃO claro. Mas a vida não é justa mesmo.

Queria ser outra para ser o que sou.



Ele disse que quer ir ver um ensaio geral da gente,

afinal não dá pra ir ver a peça que vai ser no fim de semana.

Quem é que vai dormir com essa possibilidade de ter O ator na platéia?

Esta Joana é que não dorme mais...



Deus, ajuda, por favor!!

Leve ele lá.



A Nova Platéia

Você, como já vai mesmo,

nem vou pedir pra Deus ajudar.

Ás de copas!







terça-feira, 8 de outubro de 2002

Clarice escreve para o JB...



7 de outubro de 1967

MEDO DO DESCONHECIDO

Então isso era a felicidade. E por assim dizer sem motivo. De início se sentiu vazia. Depois os olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio? A quem dou minha felicidade que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta? Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares de pessoas não têm coragem de pelo menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sentir-se feliz, e preferem a mediocridade.



16 de setembro de 1967

NÃO SENTIR

O hábito tem-lhe amortecido as quedas. Mas sentindo menos dor, perdeu a vantagem da dor como aviso e sintoma. Hoje em dia vive incomparavelmente mais sereno, porém em grande perigo de vida: pode estar a um passo de estar morrendo, a um passo de já ter morrido, e sem o benefício de seu próprio aviso prévio.



Do livro A Descoberta do Mundo, Clarice Lispector

domingo, 6 de outubro de 2002

A Menina Sem Pátria

Fui votar e nao pude. Que raiva.

So residentes podem. E nao sou. Entao nao pude.

Nem sou tao patriota assim, mas queria votar.

Sou jornalista, afinal. E dai, ne?

Ah, sei la. Queria votar. E nao pude.

Se o Lula ganhar no primeiro turno,

nao participei da eleicao, veja so!

Puxa... Que coisa! Risos.



Gracas a Deus a boca-de-urna ja deu Alckmin e Genoino.

Seria inconcebivel aquele ladrao mau carater no governo.

Como eh que pode ainda votarem no cara! Santo Deus.

E sao tantos pelo pais. Que tristeza.

Ate o ex-presidente-cara-de-pau... Palhacada.



Eu, aqui... continuo aqui.

Tenho lido muita coisa boa.

As pessoas escrevem muita coisa boa.

Cada vez mais me convenco de que a gente eh soh mais um.

Nao adianta. Tem muita gente boa pelo mundo.

Por mais que voce faca, e seja, tem muita gente que eh e faz.

Mas tudo bem. Dividir eh o que vale nessa vida.



E tenho pensado bastante em mim.

Nas antigas decisoes e no que nao pode ser mudado.

Nas maos de Deus sempre esteve, embora eu, talvez, roube um pouquinho.

Ou muito. Acho que roubo muito, sim. E nao deixo Ele cuidar direito.

Perdao. Mas sinto que nao vai ser como a gente queria.



E pra falar a verdade eu queria tanto ter aquela alegria de novo...

De novo, e nao de volta. Novo. Novo. Amor novo, em paz, com ar.

Sei que vai ser mais dificil, mas... dificil esta sendo viver assim.

Nao era, mas agora se tornou... e ja nao quero. Quero o novo!

Estou pronta, enfim. Apesar de nunca estar.

Continuo repetitiva.



Abram as portas.

Gritem nas janelas.

Soltem os cachorros.

Rasguem as roupas.

Pulem nos telhados.

Acendam as fogueiras.

Tomem os sorvetes.



Hmm, vou la.

Enganar o que tenho de amargo.

Sol

E Bs As hoje esteve ensolarada...

Flá Flá

Este é pra você, que está descobrindo esta menina.

Welcome.

sábado, 5 de outubro de 2002

El poeta

E estas são dele,

um pouco sobre mim,

para você.



Não criei personagens.

Tudo o que escrevo é autobiográfico.

Porém, não expresso minhas emoções diretamente,

mas por meio de fábulas e símbolos.

Nunca fiz confissões.

Mas cada página que escrevi teve origem em minha emoção



...



Também o jogador é prisioneiro

- a sentença é de Omar - de um tabuleiro

de negras noites e de brancos dias.



Deus move o jogador e este a peça.

Que Deus por trás de Deus tudo começa

o pó, o tempo, o sonho, as agonias...?



...



Um dia ou uma noite - entre meus dias e minhas noites que diferença existe? - sonhei que no chão do cárcere havia um grão de areia. Voltei a dormir, indiferente; sonhei que despertava e que havia dois grãos de areia. Voltei a dormir, sonhei que os grãos de areia eram três. Foram, assim, multiplicando-se até encher o cárcere e eu morria sob este hemisfério de areia. Compreendi que estava sonhando; com um enorme esforço, despertei. O despertar foi inútil: a inumerável areia me sufocava. Alguém me disse: "Não despertaste para a vigília, mas para um sonho anterior. Esse sonho está dentro de outro, e assim até o infinito, que é o número dos grãos de areia. O caminho que terás que desandar é interminável e morrerás antes de haver despertado realmente".



Senti-me perdido. A areia me enchia a boca, mas grite: "Nenhuma areia sonhada pode matar-me nem existem sonhos dentro de sonhos". Um resplendor me despertou. Na treva superior abria-se um círculo de luz. Via a face e as mãos do carcereiro, a roldana, o cordel, a carne e os cântaros.

Bs As Molhada

Esta, peguei emprestada, também de você, para falar daqui,

onde estou, onde te recebo, ontem e hoje, Montecchio.



Molhadas de chuva,

as árvores verdejam a cidade.

Copas folhadas folheiam ao vento

as páginas do tempo:

saudade, teu livro relemos

indo e vindo pela vida.

A manhã de amanhã

fica a dezesseis horas de agora.

A hora presente pressente o orvalho.

Chove.

A tarde toma banho.

Esta cidade já foi mais limpa.

Pequena

Esta peguei emprestado de Romeu,

para dar de presente à minha irmã,

que espera.



Inda

nem

nasceu

e é

linda

na

bela

barriga

da

mãe



sexta-feira, 4 de outubro de 2002

Chove em Bs As!!!!

Que divertido!

Saih pra fazer umas coisas e comecou a chover muito.

Entao parei num desses lugarzinhos com computadores na net e to fazendo hora.

Estou me sentindo a tipica estudante morando fora, fazendo intercambio.

E o mais engracado e que quando eu morei fora e fiz intercambio, nem existia muito internet.

Imagina... em 92, eu em Boston... ia todos os dias ao correio e passava meus domingos escrevendo cartas.

E estou adorando estar aqui fingindo que sou estudante.

Pena que é em Buenos Aires e nao em Boston...

Nao adianta... sou uma eterna adolescente.. e suuuuper americana!

Bom, melhorou a chuva e la vou eu porque ainda tenho muito o que fazer hoje.

A vida vai... bem, ate.

E ontem a Andy me visitou... minha amiga argentina de Boston...

Dez anos e a gente se viu duas vezes! Mas parece que nos vemos sempre.

Muito louco.

Saludos!

quarta-feira, 2 de outubro de 2002

Buenos Aires

Sim, os ares por aqui estão bons mesmo, por incrível que pareça.

O clima está bom, as pessoas até sorriem... Acho que há esperança.

Os preços parece que bem parecidos com os nossos,

apesar de que fizemos supermercado e muita coisa miúda está mais cara.

Não sei bem... Daqui a dez dias dou minha avaliação final.



Minha irmã está linda. Gravidíssima.

Acho que vai ser mesmo Sofia, mas eles são tão indecisos!

Hoje andamos tanto... compramos umas bobagens pra casa...

E os meus pés estão doendo como se eu tivesse 100 kg.



Ah, "mó legal"... encontrei tia Samira e tio Fuad, pais da linda que eu amo.

Eles estão no Alvear e até vieram aqui hoje conhecer o ap -

que é ma-ra-vi-lho-so! Foi bem legal vê-los... Beeeem legal.

Pena que a Cri já volou pra Sampa no domingo.

Mas tudo bem, tive momentos de alegria com eles por perto.



Falei com Ale e Andy por telefone. Hoooras.

É incrível como passamos décadas sem nos falar e é sempre bom quando alguém liga.

Moramos todas juntas em Boston há dez anos! O tempo passa mesmo.

Devemos nos ver esses dias.

E certamente vai ser bom de novo.

Como das outras duas vezes - em dez anos!



Y, bueno, nada más...

Saudade eu tenho.

Não sei bem de quem.

Mas tenho.

E isso até tem me feito feliz.



Que copado!!

(Né, Cri!)