terça-feira, 31 de dezembro de 2002

2003



Doisperandonadaemtroca, masseviercarinhoélindo.

Milagresacontecem, sim.

Encontraralguem, encontraralguem... quemedeamor...

Trestezanaoqueromais, nuncamais.



Sejafelizvocêtambém.










sábado, 28 de dezembro de 2002

Ana,



tô aqui na Argentina de novo. Cheguei hoje. Tá um tempinho feio, chuvoso, abafado... Mas a sensaçao de que vou ver minha irma e conhecer minha sobrinha Sofia logo logo faz meus dias serem cheios de sol! Tô bem feliz, apesar de infeliz. Tô bem alegre, apesar de triste. Mas 2003 vai chegar.

No entanto te escrevo por outra razao. Naquele dia conversamos sobre ler, sobre livros... Eu te contei que havia lido em algum lugar uma coisa muito legal sobre ter livros que a gente nao leu na estante, sobre colecionar livros. Algum escritor que fazia uma comparaçao maravilhosa para dizer que quem realmente gosta de livros, e de ler, e de apreciar boa literatura, invariavelmente tem em sua biblioteca livros que nao leu... Bom, milagrosamente achei a tal entrevista na revista Bravo de Setembro (capa Cidade de Deus), que eu tinha deixado na apartamento aqui de Buenos Aires. Que louco ainda estar aqui e eu achá-la, e me lembrar...! Mas, nao adianta, tem coisas que foram escritas especialmente pra nós e, mais dia menos dia, voltam às nossas maos... Fim de ano, sabe, estou bestamente filosófica. Bom, mas chega de blá blá blá, aí vai o que precisa ser lido:



Você já leu tudo isso?

A questao só ocorre a amadores, pois o bibliófilo jamais

permite que certos livros sejam profanados pela leitura


Para quem possui qualquer estante com mais de 12 livros, a pergunta é tao comum quanto o ar, tao universal quanto o tempo e tao inevitável quanto a morte - e nem mesmo Anatole France (escritor francês, Nobel de Literatura em 21) escapou de sua repetiçao impertinente quando um amigo que o visitava resolveu adimirar sua biblioteca. "E você já leu tudo isso, Monsieur France?" - perguntou-lhe o amigo -, como costuma ser, miseravelmente, a praxe unânime. "Nem um décimo", respondeu Anatole France. E completou : "suponho que você nao use sua porcelana Sèvres todo dia".

A comparaçao pode sugerir pelo menos quatro conclusoes prováveis: a de que a sabedoria é uma questao de elegância; a de que a propriedade nao implica o usufruto; a de que a utilidade é um valor vazio e a de que a leitura é um privilégio delicado. Comprar livros para serem lidos é um hábito exclusivo dos que nao sabem ler.

Um livro, afinal, nao é um manual de instruçoes: no pior dos casos, é um fetiche; no melhor, uma presença. (...)




O texto continua - longo - e fala, na verdade, do ato e da paixao por colecionar - sobretudo livros. O autor do texto, Sérgio Augusto de Andrade, cita uma obra de Waltercio Caldas, O Colecionador. E o mais louco de tudo é que existe um livro com esse mesmo nome que faz parte da trilogia que Marilia quer montar no teatro. Ela tem falado tanto desse livro, mas tanto! Acabou de reler. Manoela tá lendo. E eu jamais teria me dado conta de que já estive tao perto dessa história se nao tivesse reencontrado este texto da Bravo... Serendipity. Onde será que tudo isso nos leva? Bom, se for a uma biblioteca de colecionador, cheia de livros nao lidos, já me basta. Se for pro palco também, melhor ainda. Presente.



um beijo guardado dentro de um livro antigo,

J.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2002

Vinte e Sete

Hoje é meu DESaniversário. (Meu aniversário é 27 de julho!!!)

Vinte e Sete. Meu número favorito - junto com o oito.

Sempre no dia 27 eu tenho a sensação de que tudo é legal,. de que as pessoas se amam, de que magicamente tudo vai dar certo, de que eu sou importante na vida de alguém. Não que eu não seja, mas no dia 27 parece mais, parece perfeito. Então vou aproveitar o feitiço desse dia para fazer 27 desejos de ano novo:

1. Muito Teatro

2. Amor

3. Saúde

4. Meus sobrinhos bem perto

5. Comida pra quem tem fome

6. Agasalho pra quem tem frio

7. Abraço pra quem tem saudade

8. Regi

9. Minha tia presente, onde quer que ela esteja

10. Deus mais próximo

11. Manhãs de sábado com os meus alunos

12. Caminhadas no Ibira em dias de sol

13. Encontros

14. Muito Koi

15. Muito Cinema

16. Carteirinha da Une

17. Menos sono

18. Viagens boas

19. Menos gripe

20. Mais Teatro

21. Descobertas

22. Alguém comigo

23. Alguém comigo

24. Alguém comigo

25. Alguém comigo

26. Amor recíproco

27. Ciça e Rods casando felizes

terça-feira, 24 de dezembro de 2002

Querido Papai Noel,



não se preocupe em me trazer presente neste natal, porque o presente que eu quero e preciso está dentro de mim. Eu quero renascer, e só. Preciso renascer de tudo o que me escurece. Como se o Natal fosse um dia diferente dos outros e pudesse mesmo realizar milagres. Pois o presente que eu quero é um milagre. Um milagre, Papai Noel. Será que eu posso pedir isso? No meio de tanta gente que precisa de milagres muito mais do que eu... Será que eu tenho esse direito? Prefiro acreditar que sim porque Deus é onipresente. E um dia me ensinaram que os meus pedidos não tomam o lugar dos pedidos de quem precisa mais do que eu. Portanto, que bom. Que bom ainda conseguir acreditar nessas coisas. Que bom ainda ter esperança... Em alguma coisa. Em milagres.

Que neste natal, Papai Noel, todos recebam o milagre que desejam, ou de que precisam.

Obrigada,

J.



Feliz Natal.



Já nasceu o Deus menino

E as vaquinhas vão mugindo

Blim blom, blim blom

Blim blom nylon

Mary Mary Mary Cristo

Cristo Cristo Mary Mary

Esta noite olham por nós

Anjos cantam de lá do céu

Carneirinho me dá lã, mé

Passarinhos de manhã, né

Cantam

Tudo tão bom

Papai Noel

Momo do céu



Mary Cristo, Tribalistas

segunda-feira, 23 de dezembro de 2002

Poesia e Ciência

Nós somos poeira de estrela.

domingo, 22 de dezembro de 2002

Outubro de 1996



Já faz quase um ano e quatro meses que eu comecei a aprender coisas especiais na minha vida. Já faz quase um ano e quatro meses que uma pessoa maravilhosa vive me ensinando coisas novas e lindas. Talvez essa pessoa nem saiba o quanto ela já me ajudou a descobrir coisas...



Eu descobri que viver pode ser muito mais arriscado e perigoso.

Eu descobri que amar alguém de verdade é um sentimento que a cada dia se renova, e aumenta, aumneta, aumenta. E tem que ser assim, sempre.

Eu descobri que não há nada melhor do que ficar no sofá, assistindo televisão, com quem a gente ama.

Eu descobri que "ter" que ficar dando explicações sobre a minha vida não é uma obrigação, e sim uma vontade própria.

Eu aprendi que viver numa rotina pode ser mais desejado que qualquer outra coisa.

Eu aprendi que dividr as coisas em dois é melhor do que ficar com elas só pra mim.

Eu descobri que ter alguém com quem a gente SEMPRE pode contar é a coisa mais especial que existe.

Eu descobri que acreditar em Deus é acreditar um pouco mais em mim.

Eu descobri que comer num restaurante japonês é caro, e tem bons motivos pra isso.

Eu descobri que não se pode alugar mais do que um filme de vídeo por noite.

Eu aprendi que fazer coisas aparentemente tontas é assumir que se está apaixonado, e isso é bom de vez em quando.

Eu aprendi que ir ao cinema semanalmente é um dos programas preferidos do paulistano.

Eu descobri que meus amigos não sabem, mas que todo fim de semana eu saio com eles.

Eu aprendi que chegar em casa meia hora adiantado é a coisa mais importante da noite.

Eu descobri que na hora dormir não posso me esquecer de uma coisa muito importante.

Eu aprendi a chegar QUASE na hora nos meus compromissos.

Eu descobri que existe uma pessoa tão boba quanto eu.

Eu descobri que a cor amarela combina muito bem com a cor roxa.



Enfim, sem querer, eu aprendi a viver.



Eu aprendi muito, e aprendi com você. Eu devo a você todas essas coisas lindas. Obrigado. E eu só queria terminar contando minha mais nova descoberta: eu descobri por que fico falando toda hora que te amo e que não sei viver sem você. Porque se um dia eu não puder mais te falar isso, eu já terei que ter repetido um número de vezes suficiente pra que você se lembre pro resto da sua vida.



PS: Eu acabo de perceber que também existem muitas outras coisas que eu ainda não aprendi...




É uma dor bem grande ter de aceitar que esse amor lindo não existe mais.

Ou que o resto do mundo foi mais forte do que o que a gente sentia.

Mas eu sou feliz porque um dia alguém me escreveu isso.

Melhor do que nunca ter tido.

Ou não?
Espelho, Espelho Meu,



existe alguém no mundo, hoje, mais triste do que eu?

Não... Mas a culpa é de quem? Minha. Eu sei.

A culpa é de mim, que inventei de ler todas as 8.278 cartas que nos escrevemos naqueles anos felizes. Eu sei, espelho, que eu não tinha nada que ir lá na casa da minha amiga My buscar tudo isso que deixamos lá guardado esses anos todos. Eu sei que não precisava ficar relendo, mas a vida é assim. E, olha, mais do que triste eu fico orgulhosa de tanta coisa linda que a gente botou no papel. Tudo tão verdadeiro que dá vontade de sair por aí mostrando...

Não briga comigo, espelho. Nada de quebrar a minha cara. Já basta o coração partido.

E quebrar espelho dá 100 anos de azar.

Já me bastam os últimos três.

Grata,

J.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

Lindão,



isso!!

Isso, lindão!!

A Sétima Arte foi um espetáculo ontem, como todas as outras vezes. Parabéns!

Você disse que não é tutor, não é guru, não é exemplo... mas você é um cara extremamete profissional, e talentoso, e "excelente" - como atesta o tal do prêmio - naquilo que faz. Portanto é, sim, exemplo de muita coisa. Inclusive de responsabilidade, artística e pessoal, com o seu elenco e com o seu trabalho. E as suas atitudes são coerentes com isso - apesar de você não ser um cara coerente (risos).

E que bom que eu tive o prazer de estar mais perto esse ano, finalmente, e de ser parte dessa coisa mágica que vocês conseguem fazer... Cê não sabe quanto eu aprendi! Não, meu querido, você nem imagina quanto! E como tudo isso foi a minha válvula de escape, o meu motivo do dia tantas vezes! E tantas vezes sempre felizes!!

E agora o quê? Cada um pro seu lado... até Deus-sabe-quando!

Por enquanto, como cantou maravilhosamente brother Brown, Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar, rir pra não chorar... Se alguém por mim perguntar, diga que eu só vou voltar quando eu me encontrar...

Essas despedidas são sempre uma desestrutura na vida. São a própria vida, no entanto.

E por falar em despedidas inevitáveis e desestruturas, sempre me pergunto se é melhor ter um pouco e depois aprender a conviver com a perda, a falta, a ausência, a dor, ou se é melhor não ter, não saber como é, não conhecer, nunca ter experimentado, para não sofrer quando acabar... Sempre me pergunto. A resposta é cada dia uma. Hoje, quero a segunda opção.

É, lindão, nem sempre quando fica escuro a deusa da arte vem.

Hoje está escuro, e sem deusa, e sem deus.

Desci do palco e a metade de mim está em outro cenário.

Vamo dá cinco minutinhos...!? Desce o sanduíche de lombo do pessoal.

um beijo, Can, obrigada por tudo.

E um beijo também na lindona, que ela merece, por te aguentar! (mais risos)

J. Dora

PS: Obrigada em especial por ter trazido pra nossa peça a voz maravilhosa da Estela.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2002

Tempo, Tempo... Mano Velho,



o que é que há? A gente não vai se entender nunca?

Ou você me sobra, ou você me falta...

Será que não dá pra achar um equilíbrio, não??

Tá bom, eu sei que você vai dizer que a culpa é minha, que sou eu aqui a inconstante, a extremista. Mas, seja sincero, eu tenho tentado melhorar. Preciso da sua ajuda. Você assim, sempre em movimento, me deixa atordoada. Eu vivo tentando te parar um pouco pra gente conversar com calma, procurar saídas... mas você não pára, você passa, passa, passa... quando me dou conta, já te perdi. E dá uma angústia te perder...

Espera, não reclame! - eu admito que você também tem sido bom comigo, tem me curado umas dores enormes e muitas vezes é meu único remédio. Mas, poxa, de vez em quando você é muito cruel. E olha que eu nem estou falando das suas surpresinhas indigestas... Estou falando do dia-a-dia mesmo! Por favor, vê se dá uma trégua, a gente vive nessa luta contra você, é tão chato viver assim... Pára de correr um pouco... Ah, e, de preferência, pára nos momentos felizes, tá. Senão vai ser impossível suportar. Já não tem sido fácil...

Eu continuo apostando em você pra um monte de coisas. Não vá me decepcionar porque a minha vida depende disso. Deixo muitas coisas nas suas mãos porque não me resta mais nada.

Portanto, tempo amigo, seja legal. Conto contigo. Pela madrugada. Só me derrube no final.

Não me abandone mais.

É muito ruim não ter você.

J.

domingo, 15 de dezembro de 2002

Meu amor,

(eu sei que ainda te chamo assim por pura ilusão, mas me deixa sonhar uns instantes, às vezes preciso, e então passa...)




tenho sonhado com você noites seguidas. Estava com a Má agora há pouco e falei disso... do quanto você ainda é presente nesses dias em que tenho coisas boas pra dividir. Do quanto é pra você que eu sempre quero contar tudo. Do quanto ainda fico imaginando a sua opinião sobre cada detalhe. Eu vejo seus olhos, ainda. Vejo suas caras reagindo às minhas notícias. Vejo a gente rindo igual criança, fazendo planos e acrediitando muito. Escuto a nossa alegria. Nesses dias eu volto a morrer um pouco, sabe... Porque me dói como na primeira semana sem você cada vez que penso em tudo isso que seria e não é mais. Me dói uma sensação de perdas irreparáveis.... Será que a nossa vida não volta nunca mais mesmo? Te confesso que em algum lugar em mim ainda existe uma esperança. Não adianta. Por mais que eu me convença do contrário, a esperança não vai embora inteira. Nem sei se o nome disso é esperança. Mas está lá.

Hoje eu levei as crianças ao cinema. Sempre que estou com eles lamento por você não estar. À noite fui jantar no An e na Mê. Aniversário dele. Toda a família. Tudo muito feliz e gostoso. Aquelas tias libanesas que eu amo e que me amam também, Graças a Deus. Aquele monte de primos que eu vi nascendo, tudo maior do que eu...! Até o Toninho apareceu lá. Pra variar. Como ele tem aparecido!!! E eu... eu sinto a sua falta. Eu queria você lá comigo. Nessas festas eu sempre me sento por um momento, quieta, sem ninguém, e fico pensando "como seria se ainda fosse..." - Como seria...

Bom, nosso time vai jogar a final e não dá pra não pensar em você. Aliás, aquela sua camisa antiga ficou aqui... não dá pra não lembrar. Claro que eu uso a camisa quando a gente ganha. Não por causa do time, mas e daí. Ninguém sabe que é porque era sua. Ainda tem bastante coisa que era sua por aqui. Inclusive eu. Que talvez ainda seja.

Eu não quero ganhar Eu quero chegar junto Sem perder Eu quero um a um Com você No fundo não ter Eu só quero dar prazer Me ensina a fazer Canção com você Em dois...

eu te amo,

J.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2002

Minha tia, amada, idolatrada, melhor pessoa do mundo, Didi,



e cá estamos há um ano sem você.

13 de dezembro de 2001, o dia que eu temia tanto chegou naquela madrugada.

Eu ainda sinto sua falta desde que acordo até quando acordo no outro dia...

Mas eu também ainda sinto a sua presença constantemente aqui e sei que você sabe disso e me dá sinais. Você sabe também que eu não acreditava muito no tal do sobrenatural, mas depois que você morreu, coisas tão incríveis aconteceram... Você sabe. Hoje foi um arrepio!!! Você viu, não viu?! Eu sei que você estava lá com a gente naquele carro... Porque nunca, tia, nunca antes a Giovanna tinha mencionado seu nome daquele jeito, espontaneamente, no meio de uma conversa nada a ver. Pois assim, como se ela tivesse sido tocada por você ou sabe-Deus-por-quê, ela me solta esta: eu vou rezar pra vovó Dila.(!!) E, eu, quase num pulo: O quê???, ...Eu vou rezar pra vovó Dila, ela repetiu. Por que você tá dizendo isso agora, Nana? - Porque eu vou, ué... E então o Luca: eu tô com saudade dela, da vó Dila... Bom, eu, a essa altura, já queria parar o carro e trancar todas as portas pra não te deixar sair nunca mais de perto da gente. Eu sei que você estava lá. E então ficamos falando de você e o Luca quis saber por que você tinha morrido, e a gente explicou que os seus "soldadinhos" não conseguiram vencer os "maus". E eu disse pra ele que você era a pessoa mais legal do mundo e que bom que eles tinham te conhecido, ainda que pouco... Contei que você sempre me fazia parar no caminho pra comprar as batatinhas pra eles e que você me contava as histórias mais engraçadas que eu já tinha ouvido, da sua vida, da nossa família... Eles querem saber, um dia eu conto. E sabe, Didi, todo esse papo só fez aumentar a minha saudade e, ao mesmo tempo, a alegria que eu sinto por você fazer parte da MINHA família. Por EU ser a menina de sorte que viveu tão perto de você durante 27 anos. Porque não existe nenhuma outra pessoa como você no mundo. Não existe. Nem no mundo nem fora do mundo.

Às vezes eu me pego um pouco confusa, achando que qualquer hora vou te ver ali ou aqui... ou que você vai telefonar... parece um sonho nublado que eu às vezes tento encaixar na realidade... Ou então é porque vou mesmo te ver de novo, te ouvir. Eu não sei. Ninguém sabe. Mas que você está aqui, está. Invisível, mas está. Pode deixar que eu sempre reconheço seus sinais - que me guiam, me acolhem, me confortam, me coçam as costas.

Tudo o que eu faço de bom é dedicado a você - como sempre foi, minha vida inteira.

da sua sobrinha que mais te ama nesse mundo,

e que bom que eu pude te dizer isso tantas vezes...

JJ.

PS: Mas sinto muita saudade de te abraçar. Muita.
Marília, não-de-Dirceu, Minhamiga,



obrigada.

Muito graças a você hoje eu estive onde amo estar. No palco.

E com a chance de transformar um passado invisível num futuro possível.

E tantas coisas legais acontecem por sua causa... Portanto hoje, Mari, apesar de eu sempre ter muito pra te dizer, especialmente hoje quero falar do quanto têm sorte as pessoas que, como eu, encontram outras pessoas tão compatíveis e complementares - como você. Quero te falar hoje sobre o valor das grandes amizades, como é a nossa. Quero te falar do quanto você é importante, insubstituível, e transformadora na minha vida.

Um dia você me deu aquele caderninho de telefone e escreveu nele:

Quando passei no teste de estagiários de jornalismo fiquei na dúvida e quase não aceitei. Mas sabia que, por algum motivo, tinha que ir. O motivo era você.

Nunca te contei mas ando com o caderninho na minha bolsa e muitas vezes pego aquilo e leio, releio, sorrio sozinha, e agradeço a Deus por ter me dado o privilégio de conhecer você na hora certa. Não por nada além de você, de nós, da nossa amizade que me faz tão melhor. Mas também porque você é um exemplo pra mim em tantos aspectos. Porque você me faz acreditar em coisas que eu quase esqueci que existiam, ou que podem existir. Porque eu gosto de te ouvir e de te falar. Sempre. Tudo. Mais e mais e mais. E a gente canta, e a gente dança, e a gente não se cansa... de ser criança.... e a gente brinca... a nossa velha infância... Não crescemos juntas mas você está tão aqui que eu bem te vejo pequena, brincando comigo no quintal de casa, na areia da praia, na piscina do clube, na biblioteca, no teatro. Não sei mais o que dizer porque tudo é pouco pras coisas que eu sinto. Não sei, mas sei que você sabe tudo o que eu sempre tenho pra te dizer. E é isso. É essa a magia entre nós. A gente sabe.

Obrigada. Por hoje e por todos os dias.

Tomara que eu tenha a honra de dizer o texto que você escreveu.

E tomara que a gente consiga ajudar - com uma gota do oceano que seja - na educação de milhares de crianças cheias de potencial.

E não me enche senão eu te mando pro Ruuuuuuuubens!!!

beijo

J.

Meu sempre amado Jesus,



pensei muito em você nessa noite. Fui ao teatro ver o Sujeito Estranho. Apesar de eu não te achar um sujeito estranho... Falaram de você de um jeito que QUASE me comoveu, QUASE me incomodou... Cheguei a pensar que tinha sido tudo QUASE porque você estava QUASE na minha vida. Mas, não. Passou o instante e vi que o problema não eram meus olhos, nem meu coração, nem minha fé... Eles é que foram QUASE e não você em mim. Você em mim permanece. Ainda que EU, sim, esteja bem estranha ultimamente. Às vezes me sinto Madalena, em JC Super Star, cantando pra você...

I don't know how to love him. What to do, how to move him.

I've been changed, yes, really changed. In these past few days, when I've seen myself.

I seem like someone else. I don't know how to take this. I don't see why he moves me.

(...) Should I bring him down, Should I scream and shout,

Should I speak of love, Let my feelings out...

(...) He scares me so

I never thought I'd come to this. What's this all about?

Yes, if he said he loved me, I'd be lost, I'd be frightened

I couldn't cope, just couldn't cope. I'd turn my head. I'd back away.

I wouldn't want to know

He scares me so

I want him so

I love him so


Não me abandone nunca, por favor.

amor,

J.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

Ana Querida,



o nosso almoço e depois a nossa tarde foram mesmo muito, muito bons! E eu estou aqui me perguntando o que é que houve de surpreendente em mm. Às vezes sou tão óbvia. E a gente já tá cansada de saber que o ser humano é repetitivo...não é? E hoje onde você anda? Saudade já. Eu, depois de tanto fugir, hoje não tive ladrão e fui lá para a conversa indesejada - com meu pai, no escritório. Sem saída. Segunda-feira começo no que, em princípio, é pra mim uma tortura. Mas tudo bem, combinamos que não vou enterrar os meus sonhos, minhas conquistas, meus dons - se é que isso há - mas trabalhar também neles - lá. Meu pai diz que não há nada disso de dons. Diz que qualquer um aprende qualquer coisa. E que não precisa gostar. Você aprende a gostar. Bom, chega disso. Depois te conto. Vou treinar pro meu teste de amanhã. Torça.



beijo,

J.
Cara Clarice,



escrevo para dizer que lamento muito não poder ir até a sua casa trocar um dedo de prosa. Bem, eu lamento é não saber onde você mora, senão eu iria. Iria mesmo. Tenho umas coisas aí pra lhe perguntar, umas outras pra lhe contar, e mais um bocado de opiniões que quero lhe pedir. Não queria falar da morte hoje, mas, afinal, ela sempre está presente porque um dia vem. Hoje eu queria falar de amor. Não desse amor bobo que anda por aí pelos bares, pelos clubes, pelos hotéis de luxo. Queria falar de amor mesmo, desse que a gente sente uma vez, por uma pessoa, e fica a vida inteira tentando sentir outro igual. Ou, quando Deus é bom, a gente fica a vida inteira sentindo esse amor mesmo, com a pessoa-espelho, a que nos ama-igual, ao lado. Sabe, o que eu queria te contar é que acho que perdi minha chance. É. Bom, talvez ela volte mas, por enquanto, perdi. Porque eu já amei assim. Ah, sim, amei. E foi tão bom. Mas um dia eu não estava mais distraída e... perdi. Não tenho pensado muito nisso ultimamente, mas hoje me veio. Hoje senti. Hoje senti muitas saudades. Hoje senti muita vontade daqueles anos, daqueles dias, daqueles instantes de profunda alegria... Hoje senti, sim senhora. Ah, mas você não tem nada com isso. Deixa pra lá. Me manda seu endereço. Qualquer dia apareço.



Um abraço,

J.

Cartas

As correspondências de Clarice me dão vontade

de transformar o espelho em cartas.

Ainda que não de papel.

Ainda que as de papel sejam as mais fascinantes.

Ainda que só as de papel existam.

(E acho que vou voltar a escrevê-las, as de papel.)

Mas, aqui, também serão cartas.

Ainda que invisíveis para alguns destinatários.

Como muitas de papel.

Como muitas.
Um Dia de Silêncio por Clarice

Ontem foi o dia de Clarice.

Fiquei em silêncio.

O silêncio, de que ela gostava tanto.

Não quero falar muito, portanto.

Clarice está em mim todos os dias.

Não precisamos mais de um dia.

Todos os dias são de Clarice.

Mas me dei de presente o novo livro: Correspondências.

Porque ela escreve...

E a mim, para falar dela... silêncio.



Maravilhosa Clarice...



Mas há um momento em que do corpo descansado se ergue o espírito atento, e da terra a lua alta. Então ele, o silêncio, aparece.

O coração bate ao reconhecê-lo.

Pode-se depressa pensar no dia que passou. Ou nos amigos que passaram e para sempre se perderam. Mas é inútil esquivar-se: há o silêncio. Mesmo o sofrimento pior, o da amizade perdida, é apenas fuga. Pois se no começo o silêncio parece aguardar uma resposta - como ardemos por ser chamados a responder - cedo se descobre que de ti ele nada exige, talvez apenas o teu silêncio. Quantas horas se perdem na escuridão supondo que o silêncio te julga - como esperamos em vão por ser julgados pelo Deus.



Silêncio, Clarice Lispector






segunda-feira, 9 de dezembro de 2002

Sábado - A Casa de Bonecas

Minha casa se transformou no Hopi Hari.

Aniversário da Nana. Seis anos.

Minha irmã faz a festa pras crianças mas não se incomoda nem um pouco se as amigas dela ficarem comentando depois que foi a festa mais linda que já viram na vida! É, ela é um pouco... megalomaníaca, eu diria. Um pouco "de grife" demais pro meu gosto. Acaba sendo fútil, não tem jeito. E eu não entendo. É uma mulher tão inteligente, tão bem sucedida, tão bem criada, tão esclarecida... E parece que não vê o mundo miserável que há em volta do seu castelo de ouro. Claro que eu gosto dela, é minha irmã. E claro que a festa foi uma delícia, e maravilhosa, e acho até que foi a festa mais linda que eu já vi na vida! Mas precisa? É só o que eu gostaria de saber... precisa? Não seria tão bom quanto se gastasse a metade e desse a metade em presentes de natal e comida pra crianças que não têm nada? Seria, sim, tão bom quanto. Pronto, é só essa a parte que eu não entendo. Eu admito que foi fantástico, mas é muito difícil pra mim aceitar esse mundo injusto de crianças que têm demais e crianças que têm de menos.

Isto posto... sim, eu me diverti muito.

E terminamos o dia à noite, no sofá, Nana, Duduzinho, Luca, Rafa, Peter, Marília e eu, contando história da Dona Alanha, do Trem, do Macaco Loco atrás da placa vermelha... e puxando a vovó Daysi pra nossa viagem. Até que a estraga-prazer-mor decidiu ir embora: "imediatamente". Mas tudo bem, um dia a gente manda a Dona Alanha prender ela na teia por uns dois meses.






Domingo - O Vale Encantado

Fui ver o Vale.



Pode ser

Que a gente se acostume a ficar só

Tente

Só que eu duvido muito

Quando a gente fica junto

O coração desfaz o nó



E bate palma pra entrar na brincadeira

E bate palma que é pra mão não ficar só

E bate como vai bater a vida inteira

O coração

Quando a gente se separa

Dá um nó




Sempre me encanta.

Mesmo com tanto desencanto.

Mesmo com tanto...



Desencanto foi ter ido sem ninguém

Desencanto foi encontrar quem encantava e não ter mais os diamantes nos olhos.

Desencanto foi encontrar quem eu amei tanto e ver que desamo a cada dia.

Desencanto é ouvir as coisas bobas que diz esse menino que foi tudo pra mim.

Desencanto é ter tanta certeza de que ele não é mais, nem tudo, nem um pouco.

Desencanto é ter de aceitar o desencanto.

Desencanto é não ter ninguém pra contar meus desencantos... e me encantar, de novo.




Quem é que nunca sentiu que o mundo é um gigante

e achou que era fraco, e se achou quase um rato

e que o gato era o mundo, um gigante malvado

e quem é que, coitado, n'olhava pra cima

esperando a porrada, o cacete, o esporro,

a mijada, a espora, o facão?



Quem é que nunca arregou, nunca teve paúra

e será que alguém jura que nunca tremeu de pavor,

de terror, de vertigem, de altura (oh! Que tava no chão!),

e quem é o machão que não teve a surpresa de ser humilhado

igual feio na festa e menino mijão?

Presta atenção!



Quem não perdeu a atenção dos seus pais,

quem não foi encarnado depois de uma queda

ou porque era vesgo ou porque era torto

ou se o avô já tá morto, se sente sozinho

ou porque é menorzinho ou porque é bobalhão,

é pereba ou otário?

E olha presta atenção!



Quem não levou uma surra, perdeu um horário,

quem é que jamais teve um sonho esmagado

ou sofreu uma ofensa do melhor amigo

e quem é que concorda comigo

esse mundo é um gigante

e a gente é anão?

a gente é anão!

Presta atenção.




E saio de lá só.

Saio do vale desencantada.

Mas existe qualquer coisa que ainda pulsa em mim, em alguém.

Existe o que tem que existir porque eu estou viva.

Hoje eu queria alguém pra dividir.

Uma boca no meu rosto sorrindo pra mim.

Hoje eu queria não o que eu quis, que podia ter, mas já não amo.

Saudade não me serve mais. Ilusão não me serve. O que já foi não tem volta.

Hoje eu quero o toque. A delicadeza do toque de quem ama de verdade.




Hoje eu quero a rua cheia de sorrisos francos

De rostos serenos, de palavras soltas

Eu quero a rua toda parecendo louca

com gente gritando e se abraçando ao sol

Hoje eu quero ver a bola da criança livre

quero ver os sonhos todos nas janelas

quero ver vocês andando por aí

Hoje eu vou pedir desculpas pelo que eu não disse

Eu até desculpo o que você falou

eu quero ver meu coração no seu sorriso

e no olho da tarde a primeira luz

Hoje eu quero que os boêmios gritem bem mais alto

eu quero um carnaval no engarrafamento

e que dez mil estrelas vão riscando o céu

buscando a sua casa no amanhecer

Hoje eu vou fazer barulho pela madrugada

rasgar a noite escura como um lampião

eu vou fazer seresta na sua calçada

eu vou fazer misérias no seu coração

Hoje eu quero que os poetas dancem pela rua

pra escrever a música sem pretensão

eu quero que as buzinas toquem flauta-doce

e que triunfe a força da imaginação




Tem dias em que a gente não consegue enxergar o que há de lindo no mundo.

Tudo de lindo que está por perto, ao nosso redor, nos nossos espelhos.

Tem dias bem difíceis de passar. Que trazem outros dias difíceis.

Tem dias que são noites.




Quando vocês estiverem tristes, pensem em coisas lindas:

balas, travessuras, carinho, carrinho, beijo de mãe,

brincadeira de queimado, árvore de Natal,

árvore de jabuticaba, céu amarelo, bolas azuis,

risadas, colo de pai, história de avó...



Quando vocês forem grandes e acharem que a vida não é linda

pensem em coisas lindas.

Mas pensem com força, com muita força,

porque aí o céu vai ficar cheio de vacas gordas amarelas,

cachorro bonzinho, bruxa simpática,

sorvete de chocolate, caramelos e amigos

Vamos, vamos lá! Vamos pensar só em coisas lindas!

Brincar na chuva, boneca nova, boneca velha, bola grande,

mar verde, submarino amarelo, fruta molhada, banho de rio,

guerra de travesseiro, boneco de areia, princesas,

heróis, cavalos voadores...



Ih! Já tá anoitecendo no Vale Encantado!

Dorme em paz, minha criança querida

Vamos pensar em coisas lindas até amanhecer



Pode Ser, Canção do Gigante, Sem Mandamentos, Pensar em Coisas Lindas

- O Vale Encantado, Osvaldo Montenegro

sexta-feira, 6 de dezembro de 2002

O Erro

Aconteceu de novo muitos anos depois da última vez. Ela nem se lembrava de como era. Mas aconteceu. E doeu. Foi num dia qualquer, como outro qualquer, e poderia ter sido em qualquer lugar, a qualquer momento. Ela não sabe explicar. Pois se foi uma música, um cheiro, uma paisagem... ela não sabe. Aconteceu enquanto respirava, num piscar de olhos, numa virada de cabeça, enquanto manobrava o carro no estacionamento do shopping. E depois aconteceu no trânsito, quando olhou o céu pela janela, e assim que encostou o carro para pegar as crianças na escola. Aconteceu tantas vezes durante o caminho de volta, quando viu que o sol estava se pondo, quando comprou balas no farol, quando a filha lhe mostrou a estrelinha na prova. Aconteceu quando ela chegou em casa e viu as flores que o marido lhe comprara, por nada, porque não é preciso um dia especial para dar um presente a uma pessoa especial. Aconteceu. Ela sentiu saudades do amor de sua vida. E viu que não era feliz. (A não ser pelas crianças).



As Crianças em Nós

Tá bom, A-na-Ca-ro-li-na!

Mas precisa me fazer chorar?

Sua cara de lâmpada!!!



Os Olhos em Mim

Recebi um texto de alguém que passou por aqui outro dia e me viu perguntando por que a gente deixa de "amar". O texto é "Aos Apaixonados", de Rubem Alves. Um texto lindo e brilhante. Está aqui. ...apesar de eu não concordar com tudo, porque acredito em paixões que se transformam em amor quando o objeto da paixão é conquistado. Mas vale a pena ler.



(...) Cassiano Ricardo sabia disso e escreveu:



"Por que tenho saudade

de você, no retrato, ainda que o mais recente?

E por que um simples retrato,

mais que você, me comove, se você mesma está presente?"



Que coisa mais esquisita! Como pode ser isso? Como pode se sentir saudade de algo que está presente? A resposta é simples: a gente sente saudade de uma pessoa presente quando ela está se despedindo. Cecília Meireles, desenhando sua avó morta, a quem ela muito amava, disse: "Tu eras uma ausência que se demorava; uma despedida pronta a cumprir-se." Dirão: "É natural. A avó já era velhinha..." É verdade. Mas o que caracteriza o olhar apaixonado é que ele percebe, no rosto da pessoa amada, essa ausência que se anuncia e essa despedida pronta a cumprir-se. (...)




As Vozes em Patrícia Palumbo

Como é bom esse programa! Tô aqui escutando...

MPB da melhor qualidade, como ela sempre diz.

Quem nunca ouviu, ouça. Diariamente. Deleite-se.

Vozes do Brasil, Rádio Eldorado (92,9), às 12h.



As Expectativas em Quem

Não sei.





quinta-feira, 5 de dezembro de 2002

Meus pais

4 de dezembro

Du e Dê fazem 40 anos de casados!


Mais nove de namoro.

E ainda namoram.

Se a gente fosse capaz de seguir exemplos...

Se querer fosse poder.

Que Deus permita muitos anos mais,

de exemplo,

de amor,

do maior amor que já vi.

Amém






Ana Carolina

Hoje minha amiga conheceu quase toda a minha família.

E foi como se a gente se conhecesse há anos...

Foi aniversário do Luca, no boliche.

Pela primeira vez nos encontramos fora do teatro.

Eu com roupa de gente (ou quase!), de cara limpa.

Ela, o doce de sempre.

Este blog, no mínimo, me deu amigos.

E amigos são a família que a gente escolhe.

Descobrimos, ainda, que somos corinthianas...

O que faz uma enoooooorme diferença. :)

E que bom que os sentimentos existem, Aninha!!!!!!

Um beijo





As Criaturas da Noite







Hoje estou Noturna.

Com a voz de Estela abençoando o ar.

O ar cheio de criaturas noturnas.





Era de vidro, quase de lâmina

há de haver no espaço uma igual

Era uma lagrima, há de ter sido

um choro natural

Era estrela clara de lua

gota de lume branco e de sal

Era uma lagrima, há de ter sido

um choro natural


Era vitrine como é vitrine

o olho, a janela, a ruga e o cristal

Era uma lagrima, há de ter sido

um choro natural


Era de água, quase de espelho

como o olhar de quem passa mal

Era uma lagrima, há de ter sido

um choro natural


Era de lua sempre de enluarada impressão

divina e normal

Era uma lagrima, há de ter sido

um choro natural


Era menino, muito menino

como é menino o bem contra o mal

Era uma lagrima, há de ter sido

um choro natural


Cristal, Osvaldo Montenegro


Pra Mê, que eu amo muito

Pooh!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2002

Descomplemento

Amanhece, em Copacabana, e estamos todos cansados. Todos, no mesmo banco de praia. Todos , que somos eu, meus olhos, meus braços e minhas pernas, meu pensamento e minha vontade. O coração, se não está vazio, sobra lugar que não acaba mais. Ah, que coisa insuportável, a lucidez das pessoas fatigadas! Mil vezes a obscuridade dos que amam, dos que cegam de ciúmes, dos que sentem falta e saudade. Nós somos um imenso vácuo, que o pensamento ocupa friamente. E, isso, no amanhecer de Copacabana.

Antonio Maria



Li na Cora Rónai, que achou aqui. Mas, originalmente, é das releituras.

terça-feira, 3 de dezembro de 2002

Desencanto

O que me encantava desencantou.

Desencantei.

Por quê, não sei.

Desencantei.

Assim, sem mais.

Em paz.

Em mim.

Assim.

Se é bom ou ruim.

De novo não seii.

Mas desencantei.




Despaixão

Desapaixonei.

E agora quem?

E agora quando?

Queria logo.

Mas queria bem.

Queria brando.

Em paz.

Em mim.

Em nós.

Que nós?

Sós.

Sóis.




Descanção

É você

Só você

Que na vida vai comigo agora...


Não é ninguém.

É solidão.

A música toca mas não há ninguém, não.



Desesperança

Ano que vem vai ser um ano bom.

Um ano de bom tom.

De silêncio e som.

Mais som.

Silêncio é o resto.

Na verdade sou eu, mas queria citar Hamlet.

Envenenar-me.

E morrer.

Mas depois.

Porque ano que vem vai ser um ano bom.




Desprendimento

Não penso mais em você como antes. Não acordo mais com a sua imagem nos olhos, apesar do porta-retrato aqui, insistente. Minto se disser que o dia vai inteiro sem você, mas quase. Quase quase. Minto se disser que escuto música impunemente. Isso talvez nunca. Nem quase. Mas a sensação de acordar sem dor tem uma melodia boa. Ainda é tudo muito vazio portanto é difícil avaliar o estrago, avaliar a recuperação, avaliar as melhoras. Ainda é tudo muito confuso portanto é difícil. Mas é livre. Ainda que a solidão seja a pior das grades.




Desalento

Começo a precisar

de dedos nas costas de noite

de abraço na madrugada.

de pernas enroscadas

de sorriso de manhã

de beijo de café

de bala de hortelã

de oi

de tchau

de saudade

de carinhos sem ter fim.




Deus...?

Alguém...?



Se fosse um filme seria tão mais fácil.

Mas é teatro.



Ano que vem vai ser bom.

Seremos felizes para sempre.



Estou dilacerada.



Outro dia uma amiga me disse: "você é uma pessoa que ama".

Pois desamei.

Desisti.

Deixa.

Passa.













segunda-feira, 2 de dezembro de 2002

Caminhando...

Roubei do Romeu
- que provavelmente pegou daqui -
Porque achei brilhante, o caminhante.