quarta-feira, 30 de setembro de 2009

AUTO SEU

Acordo fora de mim
Como há tempos não fazia.
Acordo claro, de todo,
acordo com toda a vida,
com todos os cinco sentidos
e sobretudo com a vista
que dentro dessa prisão
para mim não existia.
Acordo fora de mim:
como fora nada eu via,
ficava dentro de mim
como vida apodrecida.
Acordar não é dentro,
acordar é ter saída.
Acordar é reacordar-se
ao que em nosso redor gira.


O auto do frade, Joao cabral de Melo Neto


ACORDAR NÃO É DENTRO.
ACORDAR É TER SAÍDA.

domingo, 20 de setembro de 2009

o quibe cru e tudo que veio depois

se um dia nada mais
fizer sentido
tudo bem
já fez

domingo, 13 de setembro de 2009


Templo da Leveza



(ou não)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

esta carta é para você. sim, você.
em memória dos mortos nas torres "gêmeas"


confesso que eu não tenho certeza se devia escrever isto.
primeiro porque eu não tenho que te dar satisfações da minha vida, como nunca fiz.
segundo porque você, enquanto grita, não merece nem um minuto do meu tempo.
terceiro, e principalmente, porque talvez você não entenda nada do que eu vou dizer.
mas vamos lá. sou uma boa alma e prefiro acreditar que o bem ainda pode te conquistar salvar vocês.

(embora eu saiba que virá sobre mim uma tormenta de bobagens infantis - em atos e omissões, em pensamentos e palavras, por minha culpa, minha tão grande culpa. Senhor, eu não sou digna de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salva. Por Cristo. Com Cristo. Em Cristo.)

veja, a diferença entre nós é que eu sou uma mulher e você é uma menina imatura.
eu já vivi muito, já trabalhei muito em muitos lugares, já estudei um monte de coisas.
já viajei bastante, já conheci muita gente, já li umas centenas de livros e já escrevi tanto.
eu já tive muitos, muitos amores. alguns gigantescos e transformadores. outros também.
todos importantes. todos felizes enquanto existiram. e existiram por muito tempo.
eu já amei muito, já fui muito amada, já partilhei minha vida por inteiro, já senti tudo.
eu já enfrentei tudo pelas pessoas que amei, eu tive coragem, eu tive fé, eu tive tudo.
mesmo assim estou sempre nova e aberta pra ter tudo de novo porque eu amo amar.
eu sou honesta. eu sou fiel. eu sou sincera. eu sei a hora de chegar e sei a hora de partir.
eu acumulo amigos queridos a vida inteira porque faço questão deles e os respeito.
eu dou valor a cada pessoa, a cada segundo, a cada telefonema, a cada abraço, a cada gesto.
eu não sou a melhor pessoa do mundo e sei muito bem disso, mas eu sou boa.
tenho um milhão de defeitos, mas não sou egoísta, nem perversa, nem cruel.
e sei que todo dia, toda hora, atrás de cada cortina que se abra, eu tento ser melhor.
já subi em muitos palcos, já vivi papéis que você nem imagina, e nem saberia.
sei de coisas que você nem sonha, menina. e sabe pra que serve tudo isso?
pra quase nada, além de me dar, genuinamente, a simples e pura capacidade de amar.
coisa que, pelo jeito, você não tem. e não tem a menor idéia do que seja.

a diferença entre nós é um abismo e foi por isso que até agora tentei evitar a sua imaturidade.
porque sempre achei que essa brincadeira não seria justa com você. preferi a paz. mas você...
assim que entendi o seu jogo de azar, preferi ter paz. porque eu sou feliz e não preciso disso.
tentei evitar a sua crença no seu pseudo-romance com o seu pseudo-amor e a sua indelicadeza.
sua crueldade e suas atitudes horríveis com quem tentava te amar em carne viva.
por isso, eu que tenho coração e olhos sensíveis, fui pra bem longe, para não ver o absurdo.
e confesso que essa pseudo-vida, nitidamente tão triste, virou página arrancada pra mim.

mas aí, veja só a ironia, na minha ausência, veja que coisa, você do seu pedestal,
você do alto da sua arrogância, você, intocável, afastou-se enfim do que (não) te servia.
não antes de ferir até o osso, não antes de vomitar as piores palavras, cuspir, enxotar, matar.
afastou-se daquilo que, hoje, você manda me dizer que EU tiro de você. eu TIRO de você?
veja que insanidade: eu nem estava lá, eu nem existia, e a pseudo-história deixou de existir.
redundante e óbvio - ululante: eu nem mais existia e a pseudo-história suicidou-se.
sem mim. sem sombra de mim. sem futuro de mim. sem idéia de mim. vê? era só você.
você que de amar não sabe nada. e acha mesmo que alguém é seu para lhe ser tirado.

a diferença entre nós é que eu amo e você possui - por isso voltou.
a diferença é que eu compartilho e contribuo, você usa e gasta.
a diferença é que você quer ganhar e eu nem na disputa entrei.
a diferença é que você joga tênis com fúria e eu jogo frescobol feliz e contente.
a diferença é que você só fala das coisas que você perde e eu falo do que alguém pode ganhar.
a diferença é que você é cocaína e eu sou vida.
a diferença é que eu fui pra terapia há muitos anos e você não sai do lugar.

não se preocupe em tentar me agredir com informações que eu possa não ter.
saiba que eu já tenho todas. eu sei de tudo. de todos os detalhes. até os mais sórdidos.
mas a diferença é que você quer prender e eu quero libertar.
você provoca as mentiras e eu sei de todas para provocar a luz.

não, eu não sou tudo isso.
estou exagerando um pouco só pra ver se você enxerga o tamanho do abismo.

e então, depois de toda verdade, nós finalmente te convidamos para uma conversa.
era uma conversa de gente grande, mas você não quis. preferiu gritar sua estupidez.
por isso mesmo você não quis. porque você não é gente grande. você é pequena, sabe.
desculpe dizer isso, não me é confortável. mas depois de tudo que vi, eu posso dizer:
você é pequena. e não quer crescer.
o que aumenta o abismo.

que se ninguém te alimentasse você não sobreviveria, eu sei. é verdade.
com muitas e muitas mentiras. é preciso um devoto compulsivo para uma egoísta perversa.
freud talvez não dissesse exatamente isso, mas o texto é meu e eu escrevo como quero.
sim, eu sei. nunca fui enganada de verdade, sabe. mas isso não lhe diz respeito.
a diferença entre vocês é que você quer continuar doente e ela, parece que não.
a diferença é que ela consegue ver, ela enxerga, ela pede ajuda, você não.
a diferença é que ela está procurando um caminho, embora seja tão difícil, a morte.
a diferença entre vocês é que ela já morreu. mas você, você nem reparou.
foi você que matou, com requintes de crueldade, e nem notou o cadáver!
diz que se preocupa tanto, precisa tanto e largou o corpo lá. é o ego, viu, que mata.
você tá brincando com seus defuntos e nem percebe. não vê nada. é o ego, viu, que cega.

e, sabe, eu não precisava te dizer isto também, mas vou. devo estar falando sozinha mesmo.
quanto vai durar a minha brincadeira, com gente viva, com gente que renasce, que tenta...
quanto vai durar a minha brincadeira da verdade, com luz, com regras divertidas e felizes...
mais um dia, mais uma semana, mais um mês, um ano, dez ou quarenta... não sei quanto.
mas o melhor sabe o que é? o melhor é que não importa. não se trata mais disso. é maior.
não importa nem um pouco quanto e SE vai durar do jeito que você pensa. é muito maior.
não importa nem se a gente ainda quer, se a gente ainda consegue, se a gente ainda vai.
porque é a vida que importa. é as pessoas se tornarem melhores e mais felizes que importa.
é a história. é o que se construiu que importa, e não o que se devastou.
e esta, sim, é a maior, a maior das diferenças entre nós:
a história que eu vivi existiu. a sua, não.

acordacordacord'accord (ah, porque citar chico é sempre tão bonito e trágico)

mas não, não ligue pra nada disso: esta é só uma pseudo-carta para uma pseudo-pessoa.
de uma pseudo-qualquercoisapravocê.

(já a felicidade... existe, juro. amor e amizade saudáveis também. juro.
existe, embora vocês não conheçam. mas nunca é tarde demais. acho. )

PS: se um dia quiser crescer com a gente, venha. mas venha sorrindo, senão não dá.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

aconteceu.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009


nove do nove do nove

será que acontece algo de novo?

novo de novo de novo

terça-feira, 8 de setembro de 2009

a oitava tormenta

a tempestade vem sem dó.
os trovões rugem.
os raios estrilam.
o dia vira noite.
o rio transborda.
a cidade geme.
a gente se assusta.
sonhos se afogam.
pessoas se inundam.
fiéis temem.
mães choram.
casas desabam.
crianças morrem.

e será que alguém decide se transformar de verdade?

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

o fogo

"Eu sabia que algo estava acabando com a minha vida, mas não sabia o que era.
Descobrir a minha co-dependência e a forma de me curar dela foi como descobrir o fogo."


A co-dependência tem a ver com formas ostensivas ou sutis de permitirmos que a relação com outra pessoa — por interesse egoísta dela ou por preocupação obsessiva nossa — nos conduza à loucura, à autodestruição, à insatisfação constante e à incapacidade de amar de verdade e ser feliz com alguém saudável, que nos ame de verdade também.
E em paz.

domingo, 6 de setembro de 2009


Quando o amor vira morte, descanse em paz.

sábado, 5 de setembro de 2009


O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.