sábado, 27 de dezembro de 2008

Senhor, agradeço a graça alcançada.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008


SALDADE

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

a carta que eu mandei pra ele este ano
(a leonor que entregou)

meu velhinho querido e bom,

só alguém muito bom mesmo poderia me dar de presente o presente que eu desejo no fundo da alma. mas juro que mesmo se eu ganhar esse presente, nunca vou ser dona dele, e vou continuar a desejá-lo todos os dias da minha vida, na alegria e na tristeza. não é nada que se compre nas lojas e acho que você também não conseguiria fazer na sua fábrica. é uma pessoa, meu velho. uma pessoa específica e especial. tão especial. eu queria de presente essa pessoa. você sabe quem é. sei que é meio egoísta da minha parte pedir isso porque estou pensando em mim e só em mim. mesmo com o mundo desabando e precisando de tantos presentes, e mesmo sem saber se a tal da pessoa gostaria de ser dada de presente pra mim. mas depois, eu prometo, prometo ser altruísta o resto da vida. com todas as minhas forças. pro-me-to. mas, bom, velhinho, voltando ao meu presente, era isso que eu queria, que essa pessoa que eu quero tanto me quisesse. que me queira. o presente que eu desejo, Noel, é que a pessoa que eu desejo deseje estar comigo. e pra sempre, se der. se-der. não sei qual o tamanho do presente que eu posso pedir, mas se puder ser bem bem grande, é isso, que seja pra sempre. tá? e depois, olha, depois não precisa mais me dar nada em nenhum natal porque tenho certeza de que eu já terei tudo de que preciso para ser feliz, feliz, feliz como os natais deveriam ser para todo mundo. para sempre.

obrigada.
um abraço bem apertado.
juli

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

I could write this but I won't

It hurts

I'm sorry but I am sorry.
I think I don't want it anymore.
we always think we can
I thought I could but I can't.
I can't handle it. sometimes.
I don't want it anymore.
because I AM sorry.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

I hate to see you cry

I hate to see you cry Lying there in that position
There's things you need to hear So turn off your tears And listen
Pain throws your heart to the ground Love turns the whole thing around
No it wont all go the way It should But I know the heart of life is good
You know it's nothin new Bad news never had good timing
Then the circle of your friends Will defend the silver lining
Pain throws your heart to the ground Love turns the whole thing around
No it wont all go the way It should But I know the heart of life is good
Pain throws your heart to the ground Love turns the whole thing around
Fear is a friend who is Misunderstood
But the heart of life is good
I know it's good


The Heart Of Life, John Mayer

domingo, 21 de dezembro de 2008

slow dancing on mulholland drive

It's good to feel necessary...
where the light is.
how long she can go before she burns away?
I'll never stop this train.
I'd die if I didn't see you there.
I've done all I can.
now I'm free... free falling.

gravity is working against me.
(and I was really defying gravity)

belief.
I'm gonna find another you.
bem lembrado


Eu queria trazer-te uns versos muito lindos

colhidos no mais íntimo de mim...
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para as ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel!
Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas
do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento
da Poesia...
como
uma pobre lanterna que incendiou!

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos, Mario Quintana


...

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos...
Trago-te estas mãos vazias
Que vão tomando a forma do teu seio.

A Oferenda, Mario Quintana

sábado, 20 de dezembro de 2008

um sábado depois do outro II

ela acorda. pensa. come um bis. se levanta. checa o telefone. um número desconhecido. talvez conhecido, mas perdido portanto estranho. não se importa. levanta. lava o rosto. escova os dentes. olha o espelho. pensa. sai do quarto de meias nos pés. desce as escadas e o chão está gelado. pensa. come um pedaço de pão. abraça as crianças. combina o cinema. brinca. brinca. brinca. não pensa em nada. brinca. ri. canta. dança. almoça. ri muito. toma banho. se veste. chama todos eles. entra no carro. aperta os cintos. conversa. ri. gargalha. estaciona. pensa. lembra. se obriga a esquecer. compra os ingressos. compra as pipocas. compra os refrigerantes. encontra a melhor amiga. sorri. entra. acomoda todo mundo. se acomoda. ri. ri muito. gargalha. chora. lembra. lembra muito. chora. ri. ri muito. gargalha. sorri. vai ao banheiro. entra na fila. compra os lanches felizes. organiza. come. espera. ri. limpa. encomenda um presente especial. segura as mãos pequenas entre os carros. entra. aperta os cintos. dá a partida. pensa. liga o rádio. lembra. da ré. engata primeira. pensa. canta. ri mais um pouco. desvia. abre o portão. estaciona. tenta escapar. não consegue. brinca. brinca. brinca. morre de cócegas. morre de rir. lembra. esquece. pensa que vale a pena, apesar de tudo que não tem. porque tem tanto. tanto. sorri.

...

e o que vale também é isto!

...

e hoje também vale porque decidimos que vou mesmo viver lá,
no apartamento dos meus sonhos, com as melhores energias do universo.
indiscutivelmente faz valer tudo que está por vir.
o porvir.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

de quando um momento único se repete

porque hoje, de novo, o mundo parou.
quase o coração, de susto, não aguenta.
mas a cabeça já não pensa e a razão se matou.
é um monte de ilusão misturada em realidade.
um delírio, uma insanidade, a inatingível visão.
alucinação, presente, talvez fé. fé demais.
e eu que tenho tantas palavras as perco,
perco o chão, o discernimento, perco o limite da servidão.
é um amor que se submete, arremete, e se me aniquila.
não consegue ser diferente, então obedece e se disciplina.
é um amor que não tem escolha,
e mesmo sem ser, suporta.
é uma porta pra algum lugar
que só pode ser bonito e excelente.
é o meu Jogo do Contente.
porque o mundo pára.
porque o mundo pára de repente.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

comecei
(e vai ser rápido)



o segredo das coisas perdidas
tododiaelafaztudosempreigual


Você vai me seguir aonde quer que eu vá
Você vai me servir, você vai se curvar
Você vai resistir, mas vai se acostumar
Você vai me agredir, você vai me adorar
Você vai me sorrir, você vai se enfeitar
E vem me seduzir
Me possuir, me infernizar
Você vai me trair, você vem me beijar
Você vai me cegar e eu vou consentir
Você vai conseguir enfim me apunhalar
Você vai me velar, chorar, vai me cobrir
e me ninar



Você vai me seguir, Chico Buarque

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

paratitertulianadorada


Tertuliano, frívolo peralta,
Que foi um paspalhão desde fedelho,
Tipo incapaz de ouvir um bom conselho,
Tipo que, morto, não faria falta;

Lá um dia deixou de andar à malta,
E, indo à casa do pai, honrado velho,
A sós na sala, diante de um espelho,
À própria imagem disse em voz bem alta:

- Tertuliano, és um rapaz formoso!
És simpático, és rico, és talentoso!
Que mais no mundo se te faz preciso? -

Penetrando na sala, o pai sisudo,
Que por trás da cortina ouvira tudo,
Severamente respondeu: - Juízo. -


Velha Anedota, Artur Azevedo


segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

ningu´em sabe nada

eu nÂo sei se vou te amar amanha~,
vocÊ nao sabe se vai estar aqui no meu aniversÀrio.
eu n~Ao sei se nos encontraremos no anoo que vem,
voc^e nnaõ sabe se vai trabalhar nos mesmos horÀ´rios.
ela nNão sabe se vocE^ vai suportar muito tempo,
voc~^E tambbém nNao sabe se vai continuar esperando.
eu Não sei aonde seremos felizes,
ela nao~ sabe se fez bem em viajar.
voce^ n~ão sabe se um dia vai sentir a minha falta,
nem eu sei se quero que vocÊ sinta (muito).
porque eu nÃO sei se e´ bom perder a ilus~ao,
e ela também na~o sabe se seria bom n~a!o ter perdido.
vocE^ nN~ao sabe o efeito da aus~ência das palavras,
e eu ñao sei usar este teclado.

domingo, 14 de dezembro de 2008

por favor, senhor Deus, melhora pra mim na próxima, vai...

bode: sm 1 Ruminante cavicórneo, macho da cabra.
Estar de bode amarrado: estar aborrecido, contrariado, zangado.

individualismo: sm 1 Posição de espírito oposta à solidariedade. 2 A capacidade de poder existir separadamente.
3 Existência individual. 4 Teoria que fez prevalecer o direito individual sobre o coletivo.


idiota: adj+s m+f (lat idiota) 1 Falto de inteligência. 2 Estúpido, parvo, pateta. 3 Ignorante. 4 Med Doente de idiotia.
5 Psicol Pessoa com nível mental a um quinto, ou menos, do nível normal do grupo de idade cronológica a que pertence.


idealismo: sm 1 Tendência para o ideal. 2 Devaneio, fantasia.
ideal:
adj (baixo-lat ideale) 1 Que existe apenas na idéia. 2 Imaginário, fantástico, quimérico. 3 Que reúne todas as perfeições concebíveis e independentes da realidade. sm 1 Aquilo que é objeto de nossa mais alta aspiração.
2 O modelo idealizado ou sonhado pelo artista. 3 Perfeição. 4 Sublimidade.


romântico: adj 2 Próprio de romance; fantasioso, fictício, imaginário. 6 Que se imagina herói de romance; lírico, piegas.
romance: 4 Enredo de coisas falsas ou inacreditáveis. 5 Conto, fábula. 6 Urdidura fantástica do espírito; fantasia.
7 Objeto ou fato real, mas que tem o que quer que seja de fantástico, de inacreditável.


cacholeta: sf (cachola+eta) pop 1 Pancada na cabeça com a mão ou com vara. 2 Ofensa. 3 Censura.

estou de bode do mundo.
porque cada um só pensa em si e eu sou uma idiota idealista e romântica
que continua pensando nos outros.
e só levo cacholeta.

(mas a sapatada que o jornalista iraquiano mandou no FDP do GB valeu o dia!)

sábado, 13 de dezembro de 2008

A espera

Era uma senhora elegante. Estava sentada na poltrona do café e me olhou assim que entrei. Baixa e gorducha. De pernas grossas e quadril largo. Como todas essas senhoras desse tipo. Cabelos curtos e brancos. Com um brilho particular - ela e os cabelos, visivelmente arrumados num cabeleireiro chique. Mas chique mesmo, na medida. Ela não era, nem por um detalhe, exagerada. Nada daquelas libanesas descabidas que jogam tranca no salão de jogos do meu clube. Era simples até, de tão sóbria e elegante, apesar do laquê. E sorria. Sorria para mim, vi logo. Eu não a conhecia, mas ela sorria para mim antes mesmo de eu cruzar a porta de entrada. Pedi um expresso americano doppio, na xícara grande que eu prefiro, uma garrafa de água sem gás, e me sentei. No mesmo instante, ela, xícara - grande também - nas mãos, se sentava ao meu lado. Não a vi levantar, não a vi caminhar, não a vi ir se chegando: ela brotou, de um segundo para o outro, ao meu lado. - Como vai? - Vou bem, e a senhora? - Poderia estar melhor, ela disse com um meio sorriso. Eu ri. - Eu também, respondi. - Eu sei, disse ela. Levantei as sobrancelhas em interrogação, sem saber exatamente se queria continuar aquela conversa. Sou de conversa, sim, e muito, mas nem sempre me agradam pessoas estranhas que tentam dizer soluções para a minha vida incerta. Ou que acham que sabem de mim sem me conhecer. Também não sou daquelas que se fecham imediatamente. E ali existia uma estranheza que ao mesmo tempo me afastava mas me atraía. - Sei bem, ela repetiu, enfática no bem. - Por isso é que vim até aqui falar com você. - Como assim a senhora sabe? Ela se acomodou na cadeira, pegou a xícara grande, fez que ia tomar mas desistiu por alguma razão, se ajeitou como se aquela nossa conversa fosse durar anos. Levantou as sobrancelhas exatamente como eu, soltou um som daqueles que fazemos com a garganta para concordar com alguma coisa que não tem jeito, e respirou fundo. - Quando eu tinha a sua idade, começou a dizer sem me olhar, eu esperava. Assim mesmo ela disse "eu esperava" e ponto final. Depois de uma longa pausa, perguntei: esperava o quê? - Esperava, ela disse simplesmente. - Sentava num café, como estamos fazendo agora, e esperava. Ia ao cinema e esperava. Trabalhava - vezes muito, vezes pouco, vezes demais - e esperava. Amava a minha família e esperava. Tinha idéias, planos, amores, dores, e esperava. Estava sempre esperando. - Mas o quê?, eu insisti. - Não sei, ela disse. É por isso que estou aqui até hoje, com a xícara grande na mão, e esperando. Mas agora que você entrou, eu entendi. Eu estava esperando por você. Ela falava de um jeito que eu não conseguia nem interromper, nem achar que ela era louca, nem nada. Eu escutava e mais nada. Eu escutava e ficava esperando o que vinha depois. Eu esperava. Ela então se levantou e a passos curtos e lentos foi andando em direção à porta, saiu e se foi, sem olhar para atrás. A xícara dela ficou. Não pude deixar de notar que não tinha nada dentro. Estava vazia. Vazia e limpa. Nunca teve café ali. A xícara esperava também, pensei, alguém que lhe servisse alguma coisa.

O que aprendemos com isso? Nada.
um sábado depois do outro

um sol depois do outro
uma lua depois da outra
um amor depois do outro
uma rua depois da outra
um filme depois do outro
uma depois da outra

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

arirarara

hoje, de repente
sem razão aparente
me deu uma saudade
de você e eu

mas saudade diferente
de coisa que a gente
nunca viveu

deu saudade da nossa amizade
de sermos amigas só

de verdade

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

da série repetir é preciso

É um descanso ter alguém que nos pertence por inteiro.

de Tète-a-Tète, uma biografia de Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre, de Hazel Rowley

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

uma outra coisa sempre amada de mim no meio do que hoje sou e sinto

o que falta está onde sempre esteve: dentro. o que falta é o que você pensa quando não pensa em nada. o que está lá, mesmo sem estar. o que jamais vai faltar quando você realmente precisar. o que falta é sempre a mesma coisa quando escurece, sob o céu, sob a chuva, sob o sol, sob todo ponto de luz. na escuridão falta tudo. mas só parece que falta porque a gente não enxerga no breu. no escuro do caminho inevitável, a gente não vê nada. não vê o que há e o que existe para além da falta. porque o que falta também faz parte do caminho. que leva não se sabe para onde, mas é sempre para dentro antes da próxima parada. antes de clarear e ficar claro que o que falta é um pouco todo dia. ou toda noite. falta um pouco acreditar que há mais força do que fragilidade. falta acreditar na montanha. você falta em você. falta você. o que falta está onde sempre esteve: dentro do espelho. o que falta é exatamente o que não falta.

(...)
Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.


de Amor e Seu Tempo, Drummond


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

land II: a quadrilha

enquanto você dorme, eu penso. penso na quadrilha. em vocês, em nós. em nada. em tudo. enquanto você dorme, tudo acontece dentro de mim. há calma, sim, mas me maltrata uma ansiedade insistente. não sei de quê exatamente. porque quase acho que não existe nada além do que eu invento. e da quadrilha. há paciência, sim, mas em um turbilhão. de vontades e desejos e calafrios. enquanto você dorme, me dou conta de que, dentro, sonho e me contradigo. porque a quadrilha me mata às vezes. e quando estou acordada não consigo evitar a espera do fim de tarde, e a ausência dolorida de tudo que eu agora já conheço e ainda quero. e tenho medo de querer não querer mais (se doer). me cubro de medos enquanto minhas mãos não te cobrem as costas. durmo entre palavras enquanto não durmo ao teu lado. tento acreditar, ainda que a falta de fé me tente. sempre por causa da quadrilha. e da armadilha de todas as tardes. enquanto você dorme, eu penso. penso em todos os lugares onde não estou. temo não estar nunca. penso. penso nessa terra onde piso - durante a quadrilha: wonderland? waterland? disneyland? ne-ver-the-land?

enquanto você dorme, eu caminho de pés descalços e esquento minhas mãos.

...

you look so good it hurts sometimes
We got the afternoon You got this room for two One thing I've left to do Discover me Discovering you something 'bout the way your hair falls in your face I love the shape you take when crawling towards the pillowcase You tell me where to go and Though I might leave to find it I'll never let your head hit the bed Without my hand behind it - You want love? We'll make it Swimming a deep sea Of blankets Take all your big plans And break 'em This is bound to be a while Your body Is a wonderland Your body is a wonder (I'll use my hands) Your body Is a wonderland Your body is a wonderland Damn baby You frustrate me... - JM

land

eu quero te escrever mas não acho.
é tanto.

domingo, 7 de dezembro de 2008

SETE de dezembro de dois mil e OITO


WONDERLAND


I dry the tears I've never shown

Sometimes I wonder Where I've been Who I am, do I fit in?
Make-believing is hard alone Out here, on my own
We're always proving Who we are Always reaching For that rising star
To guide me far And shine me home Out here on my own
When I'm down and feeling blue I close my eyes so I can be with you
Oh, baby, be strong for me Baby, belong to me
Help me through Help me need you
Until the morning sun appears Making light of all my fears
I dry the tears I've never shown Out here on my own

Sometimes I wonder Where I've been Who I am, do I fit in?
I may not win But I can't be thrown
Out here On my own

On my own, nikka costa

sábado, 6 de dezembro de 2008




ouvindo lou reed, alzira espíndola

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

das repetições

acho que eu sempre digo pra ela que tudo se repete. e de tanto eu repetir que tudo se repete, ela me pediu para pensar nas repetições. as repetições da vida, quero dizer. da minha vida. e da sua talvez. as repetições das culpas, dos erros, das expectativas, das decepções. dos amores. principalmente dos amores. das dinâmicas repetidas dos amores repetidos. e então eu me lembro que desde pequena tudo se repete. as figurinhas repetidas que eu nunca conseguia trocar e que sempre vinham aos montes aumentar os meus montes. os times repetidos, as notas repetidas, as dúvidas repetidas. as manhãs, as tardes, as noites, os finais de semana repetidos. e então as amigas preferidas, as que eu sempre queria que se repetissem. os vestidos repetidos nas festas de quinze anos repetidas. os reveillons repetidos. as angústias repetidas. os casamentos, os altares, os filhos repetidos. e, em mim, as paixões, as esperas, as alegrias, os medos, tudo repetido. a ansiedade, a dedicação, a abdicação, a disponibilidade, a frustração. que se repete, se repete, se repete. as conversas, as histórias, as lembranças, as esperanças. sempre repetidas. as dores se repetem, as cores se repetem. a falta se repete. a vida, a cada nova tentativa, se repete. e o cansaço das repetições se repete, incansável. só da morte não sei: se repetirá? saberei. repito: saberemos.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

quatro de dezembro de dois mil e oito

aniversário de 13 anos do sobrinho mais velho.
os pais comemoram 46 anos de casados (55, com os 9 de namoro).
são também 46 anos da morte do avô, que obviamente ela nem conheceu.
(sim, ele morreu ali, no dia do casamento da filha - a mãe dela -, logo depois de levá-la ao altar).

mas ela, aos 34, não tem nada de realmente importante para relatar neste 4 de dezembro.

e, admitamos: chove. nem se sabe bem por quê.
(mas chove muito, muito além das desgraças alheias)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

eu só quero saber do que pode dar certo
não tenho tempo a perder


(mas a verdade é que nada disso importa.
porque chove e as pessoas perdem a vida e tudo.
e eu, por mais que faça, não posso fazer nada.
e choro por ser impotente sempre diante da tragédia alheia
- e tão profundamente minha.
tão profundamente minha.)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

a mulher que ri

a gente se habitua com aquilo que tem.
e também com aquilo que falta.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

aquela indesejada

não tem jeito, ela vem. de repente ela vem. no meio do nada. como uma piada de mau gosto, ela vem. por um sorriso não dado, por uma chave esquecida, por um telefone perdido ou um desejo desperdiçado. ela vem. ela volta. porque é segunda-feira ou porque é um domingo vazio. porque passou um aniversário e você não lembrou ou porque falou demais, tá lá, ela, de volta. você liga o rádio no carro pra tentar se distrair, mas é pior: ela já está nas melodias e nas letras. quanto mais alto você canta, mais ela te invade. porque o sinal fechou, porque abriu, porque nem era pra você ter saído de casa hoje. e quando você volta, ela já se instalou no seu quarto, deitou na sua cama e vai dormir com você. não tem jeito, a tristeza vem.

(se ela não te derrubar durante a noite, que bom, porque você PRECISA acordar amanhã)