quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

uma outra coisa sempre amada de mim no meio do que hoje sou e sinto

o que falta está onde sempre esteve: dentro. o que falta é o que você pensa quando não pensa em nada. o que está lá, mesmo sem estar. o que jamais vai faltar quando você realmente precisar. o que falta é sempre a mesma coisa quando escurece, sob o céu, sob a chuva, sob o sol, sob todo ponto de luz. na escuridão falta tudo. mas só parece que falta porque a gente não enxerga no breu. no escuro do caminho inevitável, a gente não vê nada. não vê o que há e o que existe para além da falta. porque o que falta também faz parte do caminho. que leva não se sabe para onde, mas é sempre para dentro antes da próxima parada. antes de clarear e ficar claro que o que falta é um pouco todo dia. ou toda noite. falta um pouco acreditar que há mais força do que fragilidade. falta acreditar na montanha. você falta em você. falta você. o que falta está onde sempre esteve: dentro do espelho. o que falta é exatamente o que não falta.

(...)
Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.


de Amor e Seu Tempo, Drummond


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