sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

das repetições

acho que eu sempre digo pra ela que tudo se repete. e de tanto eu repetir que tudo se repete, ela me pediu para pensar nas repetições. as repetições da vida, quero dizer. da minha vida. e da sua talvez. as repetições das culpas, dos erros, das expectativas, das decepções. dos amores. principalmente dos amores. das dinâmicas repetidas dos amores repetidos. e então eu me lembro que desde pequena tudo se repete. as figurinhas repetidas que eu nunca conseguia trocar e que sempre vinham aos montes aumentar os meus montes. os times repetidos, as notas repetidas, as dúvidas repetidas. as manhãs, as tardes, as noites, os finais de semana repetidos. e então as amigas preferidas, as que eu sempre queria que se repetissem. os vestidos repetidos nas festas de quinze anos repetidas. os reveillons repetidos. as angústias repetidas. os casamentos, os altares, os filhos repetidos. e, em mim, as paixões, as esperas, as alegrias, os medos, tudo repetido. a ansiedade, a dedicação, a abdicação, a disponibilidade, a frustração. que se repete, se repete, se repete. as conversas, as histórias, as lembranças, as esperanças. sempre repetidas. as dores se repetem, as cores se repetem. a falta se repete. a vida, a cada nova tentativa, se repete. e o cansaço das repetições se repete, incansável. só da morte não sei: se repetirá? saberei. repito: saberemos.

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