domingo, 27 de dezembro de 2009

o último dia na primeira noite

- que horas são?
- é tarde.

sábado, 26 de dezembro de 2009

faxina

Logo para começar, a melhor coisa a fazer é varrer toda essa raiva da frente.

A raiva do semelhante, do distinto, do consorte, de nós mesmos. A raiva dos mais queridos, dos desafetos, dos inimigos, dos cretinos, dos boçais, dos corrompidos, dos coitados. Do destino. Do passado. Do presente. Do ausente. Da falta de sorte, da falta de tempo, da falta de estímulo, da falta de grana. Do desgraçado do chefe, do empregado, do salário, da injustiça. Do revés, do obstáculo. Da inércia. Da ausência de horizontes.

A raiva do amor. Da falta do amor. Do desgosto. A raiva do mundo inteiro. E ainda a raiva da raiva, coitada, que não tem culpa de nada, só pratica seu ofício, é apenas sentimento.

É bom espanar com vigor a raiva que pulsa, sobe, explode e vinga. Então, dá-se uma varredura geral naquelas guardadas, cultivadas, conservadas ou escondidas embaixo de algum tapete.

Dito que a raiva cega, assim que ela é afastada pode-se então enxergar mais fundo. É hora de vasculhar as mágoas.

Certamente se encontrarão antiguidades. As mágoas de infância, mesmo as motivadas por tolices, são as mais enraizadas. Arranca-se tudo. Em seguida aparecem as apaixonadas, dos tempos de juventude: invejas, ciúmes, traições, feridas mal cicatrizadas, tudo muito exagerado. Estas têm uma vantagem: muitas são vindas de êxtases, big-bangs adolescentes, foram devidamente expelidas desde quando apareceram, portanto já se desagregaram da alma. O que sobrou é fragmento. Pouco. Resto.

Mas as mágoas mais recentes, as que permanecem alertas e continuam se alastrando, são veneno. Contaminam. Por isso é tão necessário que sejam remexidas com toda cautela possível. Depois de identificadas, todas as mágoas, sem exceção, devem ser exterminadas. Recomenda-se muito fogo para reduzir a cinzas tudo que indevidamente ficou lá atrás, encarcerado.

Antes de dar cabo das frustrações que foram ficando incrustadas na gente, convém organizá-las para devida apreciação. Cada método de organização tem suas vantagens e desvantagens. As frustrações podem ser selecionadas por ordem alfabética, cronológica ou de importância (o critério “importância”, além de ser bastante discutível, também é fadado a alterações circunstanciais, por vezes súbitas). Ou podem ficar misturadas, uma vez que fazem parte do mesmo tipo de sentimento: dor. De uma forma ou de outra, é indicado rever uma a uma. Provavelmente descobriremos que elas já não fazem o menor sentido. Sendo assim, afastamos seus fantasmas.

Chegamos agora às culpas. Terreno perigoso. Cheio de armadilhas. Há muitos tipos de culpa: as parasitas, as vampiras, as moluscas, as gulosas, as teimosas, as dissimuladas. Há aquelas que assumimos sabendo que não são nossas. As que nos submeteram, nos enfiaram goela adentro, e, humildes, incorporamos. Já viraram patrimônio. Estão entranhadas no corpo.

Há as que já nasceram ávidas para nos estragar o dia. Muitos dias. Meses. Anos. São as que nos fazem sentir causa, razão, motivo, estopim, bomba. Ah, como estas atormentam! Visto que culpa é moléstia, neste ponto da faxina é imprescindível uma aniquilação geral e irrestrita, sem possibilidade de anistia alguma.

Deletadas as raivas, mágoas, frustrações e culpas caducas é então que ele surge, com seu jeito impávido: o cerne do sofrimento, origem das amarguras, principal culpado da bagunça – o medo. Como uma pérola dentro da ostra.

O medo de morrer. O medo de viver. O medo de perder. O medo de ganhar. O medo de crescer, agir, sofrer, querer, transformar. O medo de se encontrar.

Ele é o monstro, o demônio, o desterro.
Dá o fora, medo!
Queremos a alma limpa e arrumada.

Dia de Faxina, Adriana Falcão no Estadão

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

maldição natalina

será que foi por que não mandei carta pro Noel este ano?
mas é que eu prometi...

PS: Noel, me aguarde em 2010.
pelo jeito terei direito a desejos outra vez.

domingo, 20 de dezembro de 2009

quebra-nozes

estamos aqui
no nosso pas de deux.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

FIVE in the EIGHT

When I first saw you, I saw love.
And the first time you touched me, I felt love.
And after all this time, you're still the one I love.

Looks like we made it Look how far we've come my baby We might took the long way We knew we'd get there someday They said, "I'll bet they'll never make it" But just look at us holding on We're still together, still going strong

You're still the one I run to
The one that I belong to
You're still the one I want for life
You're still the one that I love
The only one I dream of
You're still the one I kiss good night

Ain't nothing better We beat the odds together I'm glad we didn't listen Look at what we would be missin' They said, "I'll bet they'll never make it" But just look at us holding on We're still together, still going strong

I'm so glad we made it Look how far we've come my baby.

You're still the one, Shania Twain

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

abrazos

partidos na tela.
apertados na plateia.

e como é bom sobreviver ao acidente e reeditar o filme

domingo, 6 de dezembro de 2009

é por estas que a vida vale a pena
CRYSTAL


PS: qualquer semelhança não é mera coincidência
NINA

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

incoerente

uma paz
invade
mas arde
arde

aqui jaz
tarde

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

construção

me

o
que
te
falta
para que eu nao te falte

terça-feira, 24 de novembro de 2009

noites (em) claras

pode ser doce
pode ser salgado
pode ser fatal

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

amanhã é hoje

É preciso amar as pessoas
como se não houvesse amanhã
porque se você parar para pensar
na verdade não há.

renato russo

domingo, 22 de novembro de 2009

A Casa dos Budas Ditosos

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai


O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo, ri do meu umbigo
E me crava os dentes, ai

Eu sou sua menina, viu! Ele é o meu rapaz.
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz.

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que me deixa maluca, quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita, ai

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa, ai.

O meu amor, Chico Buarque
Soeo

Ediemo

sábado, 21 de novembro de 2009

par ou ímpar

na casa branca
a menina em cores
estanca
as dores

terça-feira, 17 de novembro de 2009

original sin?

No one's got it all
No one's got it all
No one's got it all

I'm the hero of the story
Don't need to be saved
I'm the hero of the story
Don't need to be saved
I'm the hero of the story
Don't need to be saved
I'm the hero of the story
Don't need to be saved

It's al-right, it's al-right, it's al-right
It's al-right, it's al-right, it's al-right
It's al-right, it's al-right, it's al-right

No one's got it all


Hero, Regina Spektor

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

o que não tem limite

o que me assusta é que eu não acho o que quero te dizer.
mas em resumo é que hoje eu te amo mais do que ontem.

a teoria do homem cordial & o que será que será, chico buarque


domingo, 15 de novembro de 2009

sábado, 14 de novembro de 2009

more than feelings

eu sou louca por você e você sabe.
adoro cada pedaço, cada detalhe, cada espaço.
te quero em cima, embaixo, dentro.
eu sou louca por você e não tem jeito.
não tem passado, não tem dor,
não tem defeito que me mate o amor.
seja como for, eu me perco nessa boca.
porque eu sou louca, louca de morrer.
por você.

Nina Simone, brilhante, des(cons)trói Feelings no Montreux Jazz Festival -
deslumbrante, arrebatador, enlouquecedoramente lindo, soberbo,
unbelievable, speachless me - "irrespirável", como me disse zélia duncan.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

porque tinha uma sexta-feira 13 no meio do caminho

a minha começou bem apavorante.
vamos ver como vai terminar.

(ah, terminou bem, não poderia ter sido melhor. amo.)

...


Something in the way she moves
Attracts me like no other lover
Something in the way she woos me

I don't want to leave her now
You know I believe and how

Somewhere in her smile she knows
That I don't need no other lover
Something in her style that shows me

I don't want to leave her now
You know I believe and how

You're asking me will my love grow
I don't know, I don't know
You stick around now it may show
I don't know, I don't know

Something in the way she knows
And all I have to do is think of her
Something in the things she shows me

I don't want to leave her now
You know I believe and how

Something, The Beatles

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

porque o caminho é repetido

Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em apreender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo, aliás, atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais.


Clarice

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

porque eu tropeço pelo caminho

Como se ela não tivesse suportado sentir o que sentira,
desviou subitamente o rosto e olhou uma árvore.
Seu coração não bateu no peito, o coração batia oco
entre o estômago e os intestinos.


Clarice

terça-feira, 10 de novembro de 2009

porque o caminho é longo

Terei toda a aparência de quem falhou,
e só eu saberei se foi a falha necessária.


Clarice, em A Paixão Segundo G.H.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

porque o caminho é perigoso

É difícil perder-se.
É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa
um modo de me achar, mesmo que achar-me
seja de novo a mentira de que vivo.


Clarice

domingo, 8 de novembro de 2009

porque o caminho é difícil

Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado:
pensava que, somando as compreensões, eu amava.
Não sabia que somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente.
Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.


Clarice

ps: eu te amo muito e obrigada por hoje

sábado, 7 de novembro de 2009

porque o caminho é feliz

É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas.
É tão silencioso.
Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois?

Dificílimo contar.
Olhei pra você fixamente por instantes.

Tais momentos são meu segredo.
Houve o que se chama de comunhão perfeita.
Eu chamo isto de estado agudo de felicidade.


Clarice

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

this is it!

You and I must make a pact
We must bring salvation back
Where there is love
I'll be there

I'll reach out my hand to you
I'll have faith in all you do
Just call my name
And I'll be there

I'll be there to comfort you
Build my world of dreams around you
I'm so glad that I found you
I'll be there with a love that's strong
I'll be your strength; I'll keep holdin' on

Let me fill your heart with joy and laughter
Togetherness, girl it's all I'm after
Whenever you need me
I'll be there

I'll be there to protect you
Jermaine: Yeah baby
With a non-selfish love that respects you
Just call my name
And I'll be there, I'll be there


I'll be there, Jackson 5

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

finados felizes

se em um lugar finda
em outro começa
em outro permanece
em outro cresce
em outro enlouquece
de amor

se em um lugar finda
não aqui

(ainda?)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

obs cen idade

agora, de saia, só eu.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

quadrinhadaboalembrança

derepentemelembrei
dasduasdesaia
derepente
deverasderepente

domingo, 25 de outubro de 2009


This is the first day of my life
I swear I was born right in the doorway
I went out in the rain suddenly everything changed
They're spreading blankets on the beach

Yours is the first face that I saw
I think I was blind before I met you
Now I don’t know where I am
I don’t know where I’ve been
But I know where I want to go

And so I thought I’d let you know
That these things take forever
I especially am slow
But I realize that I need you
And I wondered if I could come home


Remember the time you drove all night
Just to meet me in the morning
And I thought it was strange you said everything changed
You felt as if you'd just woke up
And you said “this is the first day of my life
I’m glad I didn’t die before I met you
But now I don’t care I could go anywhere with you
And I’d probably be happy”


So if you want to be with me
With these things there’s no telling
We just have to wait and see
But I’d rather be working for a paycheck
Than waiting to win the lottery
Besides maybe this time is different
I mean I really think you like me

first day of my life, bright eyes

terça-feira, 20 de outubro de 2009

do I really really feel it?

Oh, come on, come on, come on, come on!
Didn’t I make you feel (oh, honey) like you were the only man (I ever wanted and I ever needed)?
Didn’t I give you nearly everything that a woman possibly can? Honey, you know I did!
And each time I tell myself that I, well I think I’ve had enough,
But I’m gonna show you, baby, that a woman can be tough.

I want you to come on, come on, come on, come on and take it!
Take another little piece of my heart now, baby!
Oh, oh, break it! Break another little bit of my heart now, darling, yeah.
Oh, oh, have a! Have another little piece of my heart now, baby.
You know you got it if it makes you feel good, Oh, yes indeed.

You’re out on the streets looking good,
And baby deep down in your heart I guess you know that it ain’t right,
Never, never, never, never, never, never hear me when I cry at night,
Babe, I cry all the time!
And each time I tell myself that I, well I can’t stand the pain,
But when you hold me in your arms, I’ll sing it once again.

I’ll say come on, come on, come on, come on and take it!
Take another little piece of my heart now, baby.
Oh, oh, break it! Break another little bit of my heart now, darling, yeah,
Oh, oh, have a! Have another little piece of my heart now, baby,
You know you got it, child, if it makes you feel good.

I need you to come on, come on, come on, come on and take it,
Take another little piece of my heart now, baby!
oh, oh, break it! Break another little bit of my heart, now darling, yeah, c’mon now.
oh, oh, have a... Have another little piece of my heart now, baby.

You know you got it, child, if it makes you feel good.


Piece Of My Heart,Jerry Ragovoy / Bert Berns
Janis Joplin sings /
Melissa Etheridge sings

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

sábado, 17 de outubro de 2009

soneto de quando você

quando você diz sim
que me lê e adora
aflora em mim
um sorriso que demora

quando você entra assim
em mim sem hora
eu digo sim não sim
não vou embora

quando você enfim
se ajeita e me namora
a gente chora de felicidade

e quando você de chinfrim
chama minhas rimas de amor(a)
eu te amo porque é verdade

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

criança feliz #twittesuainfancia

eu imitava o sidney magal cantando sandra rosa madalena. minha babá-segunda-mãe foi a Betinha que mora comigo até hoje. eu passava as férias de verão com meus pais e irmãos em recife. e as de inverno com meus pais, irmãos, tios, primos, agregados e afins em campos do jordão, a gente lotava um hotel. viajei de navio para o caribe no eugenio c. meu pai organizou um grupo de 40 e fomos para a africa do sul. eu aprendi o que era aparthaid. e vi de perto pela primeira vez como o ser humano pode ser cruel. fui também para o tahiti e dei comida para os tubarões. aos 4 anos fui uma árvore no teatro. aos 13 tive meu primeiro papel de verdade, um duende. na quinta-série eu escrevi minha primeira peça, Feliz Natal, e encenamos no pátio da escola. só lembro de duas personagens: Refrozéia e Jodrézia. quem fazia era o sansone e o lelê. uma vez um menino idiota da minha classe me encheu tanto que eu bati nele. ficaram cantando pra mim a música da paraíba. meus primeiros namoradinhos se chamavam diogo, santiago, ricardo, gustavo, renato e zé eduardo. adorava receber cartinhas onde os meninos escreviam "quer namorar comigo?" e embaixo desenhavam um quadradinho SIM e um quadradinho NÃO pra você fazer um X na sua resposta. fui da 1aD, da 2aC, da 3aC e da 4aD. minha melhor amiga no primário era a lotito. no recreio a gente fazia dupla de snooker e pebolim. e ganhava de todo mundo. eu batia figurinha bem paca. meu álbum favorito foi o stamp color. detestava usar saia até começar a ter festas de 15 anos. então passei a adorar dançar valsa. sempre amei aniversário. mas só lembro do bolo da branca de neve. a amiga da minha irmã me telefonava e dizia que era a branca de neve. eu acreditava. descobri que papai-noel não existia quando vi meu presente embaixo da cama dos meus pais. detestei descobrir. imitava o jô soares fazendo o "soninho" e o "waldir, a gente temos aí...?". passava todos os finais de semana no clube. assistia a todos os ensaios de teatro do meu pai. decorava os textos de todos os personagens. andava muito de bicicleta. e colocava um copo de plástico raspando no pneu pra fazer baruhinho de motor. andava de CB400 com meu pai. dei dez pontos na cabeça quando bateram na traseira da caravan e eu meto cocoruto numa parte dura que tinha em cima do banco. e por isso perdi o pique-nique no sítio da cacau. chorei muito. assistia a sítio do pica-pau amarelo, armação ilimitada, zybembom, fofão, toppo giggio, super vicky, caras e caretas, jambo e ruivão, brasinhas do espaço e caverna do dragão. chorava com o programa de natal da xuxa. tive genios, merlim, donkey-kong de duas telas, intelevision e tv de controle remoto com fio. usei roupa de papel krepon. cortei o cabelo igual ao da paula toller. estudei inglês no pink and blue. fui federada no volley mas meu time era péssimo. tive os patins de botinhas brancas com rodinhas vermelhas, andei muito e joguei hókei sobre rodas :). usei relógio champignon que trocava a pulseira. fui na tamatete uma vez na vida e achei um horror. usei polaina no frio. fiz primeira comunhão. assisti a cristiane f na casa da isabela porque a mãe dela era liberal. minha mãe nem sonha que fiz isso. entrei na boite do clube de dia, pela janela com o zé eduardo, e ficamos lá dando beijo na boca. ele usava aparelho e me cortou todo o lábio. brincava de panteras e mosqueteiros com a tati e a raquel. meu professor de órgão era albino e eu tinha medo dele. fiz xixi na calça durante uma aula enquanto ele me deixou sozinha treinando minha pequena eva. saí correndo e nunca mais voltei. fiz xixi na calça mais um milhão de vezes. na cama outro milhão. cocô, nunca. tirei palito de picolé premiado da kibon no guarujá. pegava jacaré com prancha de isopor. e sem prancha. tomei muita água salgada. fazia castelo de areia com masmorra, ponte, laguinho e cercava com muro de forte. minha mãe passava hipoglós no meu nariz quando ficava vermelho de sol. sempre descascava. sempre tirei casquinha de ferida. pegava tatuzinho de praia, fritava e comia. fazia pirâmide na piscina com meus primos. esquiava na água em americana. assistir ao miss brasil com a minha família era um evento. quando fui pra disney, epcot era só uma bola vazia. não me conformo que não fui pra orlando com a tia ginha, como todos os meus irmãos e primos. assistia ao domingo no parque. torcia pro cavalinho malhado no bozo. adorava ver a batalha naval. liguei mil vezes 236-0873 mas nunca consegui falar. tentei distribuir água, luz e gás para três casinhas sem cruzar as linhas durante semanas seguidas. adorava a salomé e o bozó do chico anisio. tinha vergonha quando o motorista da loja da minha irmã ia me buscar na escola de passat amarelo mostarda. passat do antigo. detestava ter que usar uniforme no colegial. não passei de química na escola. amava profundamente acampamentos, caças ao tesouro e gincanas de todo tipo. escrevi poemas desde que aprendi a escrever. usei óculos fundo de garrafa e tampão no olho esquerdo pra forçar o direito é péssimo. não adiantou nada. dividiao quarto com o meu irmão e apanhei muito dele. a mão ficava marcada na minha perna. meu pai me deixou na sala de jantar até de madrugada sentada na frente de um prato de sopa de beterraba porque eu não quis experimentar. eu ligava o chuveiro e ficava lendo gibi. adorava balanço e enjoava no gira-gira. desenhava no guardanapo com catchup e mostarda. nunca fui noiva na quadrilha da festa junina. mas também nunca quis. em compensação sempre fui capitã do time. adorava cabo de guerra, taco, queimada e tomada a bandeira, principalmente noturna. brincava de chips e mês no recreio da escola. sempre odiei sagú, arroz doce e abacate. minha mãe trabalhava nas barraquinhas da festa junina do colégio e eu morria de felicidade. tinha uma amiga chamada ana regina. brincava com ela de nave espacial no canteiro de árvore ao redor do campo de futebol da escola. os filhos do sócio do meu pai me faziam acreditar que eu ficava invisível. ficava invisível sempre na fazenda de campos. tirava leite da vaca e abraçava os bezerrinhos. eu tinha uma cachorra vira-latas chamada Jeanne. adorava Jeanne é um gênio e A Feiticeira. contava pra todo mundo que meu tio fazia Roque Santeiro e pedia pra ele dar um monte de autógrafos para os meus amigos. roía as unhas e não escovava muito bem os dentes. uma vez amarrei o pé da minha irmã no pé da cama pra ela não levantar sonâmbula. ela se estabacou no chão. tomei a maior bronca. nos dias de calor íamos todos dormir no quarto dos meus pais, que tinha ar condicionado. eu ficava no pé da cama deles. e caía no meio da noite. assisti ao Festival dos Festivais e torci pros Abelhudos. ganhei do meu pai uma máquina de escrever olivetti em forma de maletinha. e uma vitrola-maleta também. ganhei também o disco de vinil da Blitz com duas faixas riscadas. fazia pulseirinhas de linha e alça de sacola e vendia na porta de casa. tive um carrinho de rolimã maravilhoso! andei de skate. tive a locomotiva de disquinho que tocava meu limão, meu limoeiro e cai-cai balão. meu jogo favorito era candie land. montei uma amarelinha de sapatos com minha prima Grá. fiz uma domadora de pulgas no teatro infantil do clube. era campeã de xadrez todo ano no intercolegial. a mãe da cássia levava a gente de metrô. eu achava uma aventura. fiquei muito ansiosa quando o gibi da turma da mônica ia mudar da abril para a editora globo. comprava chiclete ping pong na padaria. pirulito era dip link do pozinho, anelina pra deixar a língua azul e sanduíche eu ia buscar de bici pra todo mundo em casa no Stop Dog da Afonso Brás, onde morei minha infância inteira. e onde fui tão tão feliz.


criança feliz II #twitteseuferiadododia12

amor, amizade, azeite, cunhado, rodízio, video-game, fondue, cantoria, kung-fu, família, estrada, churrascaria, peixe cru, advil, cloreto de magnésio, pizza, fantástico, sono, cobertor, travesseiro, abraço, trimilique, latinha velha, passeios matinais, blusa nova, mangas brancas, braços fortes, america, salada, salmão, texto coletivo, if this classroom pegar fogo is good pra saber emergecy exit, sobremesa, paulista, belas artes, café, xixi, bastardos, sangue, olhos fechados, beijos, mãos, incêndio, felicidade. aqui é assim!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

mais um dia 8 no rumo da história

Sai de si
Vem curar teu mal
Te transbordo em som
Põe juizo em mim
Teu olhar me tirou daqui
Ampliou meu ser
Quero um pouco mais
Não tudo
Pra gente não perder a graça no escuro
No fundo
Pode ser até pouquinho
Sendo só pra mim sim


Olhe só

Como a noite cresce em glória
E a distância traz
Nosso amanhecer
Deixa estar que o que for pra ser vigora
Eu sou tão feliz
Vamos dividir

Os sonhos

Que podem transformar o rumo da história
Vem logo
Que o tempo voa como eu
Quando penso em você


Encontro, Maria Gadú

domingo, 4 de outubro de 2009

AVENIDA Q

Vá ver. Mesmo que você estiver na merda, caráriôô!


quarta-feira, 30 de setembro de 2009

AUTO SEU

Acordo fora de mim
Como há tempos não fazia.
Acordo claro, de todo,
acordo com toda a vida,
com todos os cinco sentidos
e sobretudo com a vista
que dentro dessa prisão
para mim não existia.
Acordo fora de mim:
como fora nada eu via,
ficava dentro de mim
como vida apodrecida.
Acordar não é dentro,
acordar é ter saída.
Acordar é reacordar-se
ao que em nosso redor gira.


O auto do frade, Joao cabral de Melo Neto


ACORDAR NÃO É DENTRO.
ACORDAR É TER SAÍDA.

domingo, 20 de setembro de 2009

o quibe cru e tudo que veio depois

se um dia nada mais
fizer sentido
tudo bem
já fez

domingo, 13 de setembro de 2009


Templo da Leveza



(ou não)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

esta carta é para você. sim, você.
em memória dos mortos nas torres "gêmeas"


confesso que eu não tenho certeza se devia escrever isto.
primeiro porque eu não tenho que te dar satisfações da minha vida, como nunca fiz.
segundo porque você, enquanto grita, não merece nem um minuto do meu tempo.
terceiro, e principalmente, porque talvez você não entenda nada do que eu vou dizer.
mas vamos lá. sou uma boa alma e prefiro acreditar que o bem ainda pode te conquistar salvar vocês.

(embora eu saiba que virá sobre mim uma tormenta de bobagens infantis - em atos e omissões, em pensamentos e palavras, por minha culpa, minha tão grande culpa. Senhor, eu não sou digna de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salva. Por Cristo. Com Cristo. Em Cristo.)

veja, a diferença entre nós é que eu sou uma mulher e você é uma menina imatura.
eu já vivi muito, já trabalhei muito em muitos lugares, já estudei um monte de coisas.
já viajei bastante, já conheci muita gente, já li umas centenas de livros e já escrevi tanto.
eu já tive muitos, muitos amores. alguns gigantescos e transformadores. outros também.
todos importantes. todos felizes enquanto existiram. e existiram por muito tempo.
eu já amei muito, já fui muito amada, já partilhei minha vida por inteiro, já senti tudo.
eu já enfrentei tudo pelas pessoas que amei, eu tive coragem, eu tive fé, eu tive tudo.
mesmo assim estou sempre nova e aberta pra ter tudo de novo porque eu amo amar.
eu sou honesta. eu sou fiel. eu sou sincera. eu sei a hora de chegar e sei a hora de partir.
eu acumulo amigos queridos a vida inteira porque faço questão deles e os respeito.
eu dou valor a cada pessoa, a cada segundo, a cada telefonema, a cada abraço, a cada gesto.
eu não sou a melhor pessoa do mundo e sei muito bem disso, mas eu sou boa.
tenho um milhão de defeitos, mas não sou egoísta, nem perversa, nem cruel.
e sei que todo dia, toda hora, atrás de cada cortina que se abra, eu tento ser melhor.
já subi em muitos palcos, já vivi papéis que você nem imagina, e nem saberia.
sei de coisas que você nem sonha, menina. e sabe pra que serve tudo isso?
pra quase nada, além de me dar, genuinamente, a simples e pura capacidade de amar.
coisa que, pelo jeito, você não tem. e não tem a menor idéia do que seja.

a diferença entre nós é um abismo e foi por isso que até agora tentei evitar a sua imaturidade.
porque sempre achei que essa brincadeira não seria justa com você. preferi a paz. mas você...
assim que entendi o seu jogo de azar, preferi ter paz. porque eu sou feliz e não preciso disso.
tentei evitar a sua crença no seu pseudo-romance com o seu pseudo-amor e a sua indelicadeza.
sua crueldade e suas atitudes horríveis com quem tentava te amar em carne viva.
por isso, eu que tenho coração e olhos sensíveis, fui pra bem longe, para não ver o absurdo.
e confesso que essa pseudo-vida, nitidamente tão triste, virou página arrancada pra mim.

mas aí, veja só a ironia, na minha ausência, veja que coisa, você do seu pedestal,
você do alto da sua arrogância, você, intocável, afastou-se enfim do que (não) te servia.
não antes de ferir até o osso, não antes de vomitar as piores palavras, cuspir, enxotar, matar.
afastou-se daquilo que, hoje, você manda me dizer que EU tiro de você. eu TIRO de você?
veja que insanidade: eu nem estava lá, eu nem existia, e a pseudo-história deixou de existir.
redundante e óbvio - ululante: eu nem mais existia e a pseudo-história suicidou-se.
sem mim. sem sombra de mim. sem futuro de mim. sem idéia de mim. vê? era só você.
você que de amar não sabe nada. e acha mesmo que alguém é seu para lhe ser tirado.

a diferença entre nós é que eu amo e você possui - por isso voltou.
a diferença é que eu compartilho e contribuo, você usa e gasta.
a diferença é que você quer ganhar e eu nem na disputa entrei.
a diferença é que você joga tênis com fúria e eu jogo frescobol feliz e contente.
a diferença é que você só fala das coisas que você perde e eu falo do que alguém pode ganhar.
a diferença é que você é cocaína e eu sou vida.
a diferença é que eu fui pra terapia há muitos anos e você não sai do lugar.

não se preocupe em tentar me agredir com informações que eu possa não ter.
saiba que eu já tenho todas. eu sei de tudo. de todos os detalhes. até os mais sórdidos.
mas a diferença é que você quer prender e eu quero libertar.
você provoca as mentiras e eu sei de todas para provocar a luz.

não, eu não sou tudo isso.
estou exagerando um pouco só pra ver se você enxerga o tamanho do abismo.

e então, depois de toda verdade, nós finalmente te convidamos para uma conversa.
era uma conversa de gente grande, mas você não quis. preferiu gritar sua estupidez.
por isso mesmo você não quis. porque você não é gente grande. você é pequena, sabe.
desculpe dizer isso, não me é confortável. mas depois de tudo que vi, eu posso dizer:
você é pequena. e não quer crescer.
o que aumenta o abismo.

que se ninguém te alimentasse você não sobreviveria, eu sei. é verdade.
com muitas e muitas mentiras. é preciso um devoto compulsivo para uma egoísta perversa.
freud talvez não dissesse exatamente isso, mas o texto é meu e eu escrevo como quero.
sim, eu sei. nunca fui enganada de verdade, sabe. mas isso não lhe diz respeito.
a diferença entre vocês é que você quer continuar doente e ela, parece que não.
a diferença é que ela consegue ver, ela enxerga, ela pede ajuda, você não.
a diferença é que ela está procurando um caminho, embora seja tão difícil, a morte.
a diferença entre vocês é que ela já morreu. mas você, você nem reparou.
foi você que matou, com requintes de crueldade, e nem notou o cadáver!
diz que se preocupa tanto, precisa tanto e largou o corpo lá. é o ego, viu, que mata.
você tá brincando com seus defuntos e nem percebe. não vê nada. é o ego, viu, que cega.

e, sabe, eu não precisava te dizer isto também, mas vou. devo estar falando sozinha mesmo.
quanto vai durar a minha brincadeira, com gente viva, com gente que renasce, que tenta...
quanto vai durar a minha brincadeira da verdade, com luz, com regras divertidas e felizes...
mais um dia, mais uma semana, mais um mês, um ano, dez ou quarenta... não sei quanto.
mas o melhor sabe o que é? o melhor é que não importa. não se trata mais disso. é maior.
não importa nem um pouco quanto e SE vai durar do jeito que você pensa. é muito maior.
não importa nem se a gente ainda quer, se a gente ainda consegue, se a gente ainda vai.
porque é a vida que importa. é as pessoas se tornarem melhores e mais felizes que importa.
é a história. é o que se construiu que importa, e não o que se devastou.
e esta, sim, é a maior, a maior das diferenças entre nós:
a história que eu vivi existiu. a sua, não.

acordacordacord'accord (ah, porque citar chico é sempre tão bonito e trágico)

mas não, não ligue pra nada disso: esta é só uma pseudo-carta para uma pseudo-pessoa.
de uma pseudo-qualquercoisapravocê.

(já a felicidade... existe, juro. amor e amizade saudáveis também. juro.
existe, embora vocês não conheçam. mas nunca é tarde demais. acho. )

PS: se um dia quiser crescer com a gente, venha. mas venha sorrindo, senão não dá.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

aconteceu.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009


nove do nove do nove

será que acontece algo de novo?

novo de novo de novo

terça-feira, 8 de setembro de 2009

a oitava tormenta

a tempestade vem sem dó.
os trovões rugem.
os raios estrilam.
o dia vira noite.
o rio transborda.
a cidade geme.
a gente se assusta.
sonhos se afogam.
pessoas se inundam.
fiéis temem.
mães choram.
casas desabam.
crianças morrem.

e será que alguém decide se transformar de verdade?

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

o fogo

"Eu sabia que algo estava acabando com a minha vida, mas não sabia o que era.
Descobrir a minha co-dependência e a forma de me curar dela foi como descobrir o fogo."


A co-dependência tem a ver com formas ostensivas ou sutis de permitirmos que a relação com outra pessoa — por interesse egoísta dela ou por preocupação obsessiva nossa — nos conduza à loucura, à autodestruição, à insatisfação constante e à incapacidade de amar de verdade e ser feliz com alguém saudável, que nos ame de verdade também.
E em paz.

domingo, 6 de setembro de 2009


Quando o amor vira morte, descanse em paz.

sábado, 5 de setembro de 2009


O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.

domingo, 30 de agosto de 2009

quando o mal vence o bem

quando o mal vence o bem muitas vezes seguidas,
e você já está bem bem destruída, afaste-se:
não há mais nada que você possa fazer.
(e o mal se consumirá a si mesmo)


...


Me responda, mestre Egeu,
o senhor alguma vez já sentiu
a clara impressão de que alguém lhe abriu
a carne e puxou os nervos pra fora
de uma tal maneira que, muito embora
a cabeça inda fique atrás do rosto,
quem pensa por você é o nervo exposto?

Joana em Gota d'Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes



sábado, 29 de agosto de 2009

calle-se

e foi então que ela achou a resposta:
"se você não cuida de você, ninguém poderá cuidar"
deletou a história, encerrou a exposição, e foi viver longe, bem longe do absurdo.



(again. always. un-be-
lie-va-ble sickness.)

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

inveja dos anjos

tantas coisas me faltam.
não tenho ninguém pra brincar.
não tenho ninguém pra contar meus segredos.

se as circunstâncias mudam, a gente muda.

TCHAU LUÍSA!

eu cuido de você e você cuida de mim. pra sempre.
(e então ele partiu sem avisar e voltou depois de 15 anos)

eu te amo. agora é pra sempre. eu juro. confia em mim. eu juro.
(e então ele partiu novamente e ela ficou sozinha na estação)


da Armazém Companhia de Teatro

It's up to you

"- ...how do people change?
- Well, it has something to do with God. So it's not very nice. God splits the skin with a jagged thumbnail from throat to belly. Then plunges a huge, filthy hand in. He grabs hold of your bloody tubes. You slip to evade his grasp, but he squeezes hard. He insists. He pulls and pulls... till all your innards are yanked out. And the pain... I can't even talk about that. Then he stuffs them back... dirty, tangled, torn. It's up to you to do the stitching.
- Get up. Walk around.
- Just mangled guts pretending.
- Yeah. That's how people change."

"- ...como as pessoas mudam?
- Bom, tem alguma coisa a ver com Deus, então não é muito agradável. Deus rasga a pele, com uma unha dentada, da garganta à barriga. E aí enfia uma mão imensa e suja lá dentro. Ele agarra os seus canos sangrentos e você desliza para escapar, mas ele agarra firme. Ele insiste. Ele puxa, puxa, até que suas vísceras sejam arrancadas para fora. E a dor... Nem consigo falar sobre isso... E aí ele enfia de volta, sujas, enroscadas, rotas. Cabe a você dar os pontos.
- Levante-se. Caminhe.
- Somente visceras destroçadas fingindo.
- É. É assim que as pessoas mudam."

Angels in America, Chapter 5

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

I wanna go to Antarctica

"Cold shelter for the shattered. No sorrow here. Tears freeze."
"Abrigo gelado para os destruídos. Não há tristeza aqui. As lágrimas congelam."

Angels in America, Chapter 3

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

a importância do vazio


terça-feira, 25 de agosto de 2009

Almost true

I need your arms around me
I need to feel your touch
I need your understanding
I need your love so much

You tell me that you love me so
You tell me that you care
But when I need you (baby)
Baby, you're never there

On the phone long, long distance
Always through such strong resistance
And first you say you're too busy
I wonder if you even miss me

Hey!

A golden bird that flies away
A candle's fickle flame
To think I held you yesterday
Your love was just a game

You tell me that you love me so
You tell me that you care
But when I need you (baby)

Take the time to get to know me
If you want me why can't you just show me
We're always on this roller coaster
If you want me why can't you get closer

HEY!

Never There, Cake

domingo, 23 de agosto de 2009

amar não basta (?)

é tudo misturado e não é nada. a gente espera a vida inteira por alguma coisa que nem sabe o que é. a gente pensa que sabe, mas quando chega o que a gente pensou e não é, aí a gente vê que não sabia nada. então a gente continua esperando não se sabe o quê, que complete, que faça feliz todo dia. a gente espera a hora certa, que um dia mude, que o amor chegue, que alguém venha pra ficar, que queira muito, que ame igual, que deseje sempre, que esteja junto de verdade, e em paz, toda noite, toda manhã. a gente espera o bonde, o trem, o avião, o bebê. é tudo misturado e não é nada. eu faço com você o que você faz comigo mas é só pra ver se funciona. senão eu não faria. mas então de tanto fazer acabo achando que eu sou assim, que posso ser assim pra que você continue ao meu lado. eu tento ser diferente para quem sabe você me amar pra sempre. mas talvez eu continue esperando a vida inteira. porque é tudo misturado e não é nada. quando será que só amar basta?

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

a alma boa
(e por que desistimos de sê-la
)

quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração
e quem irá dizer que não existe razão


eduardo e mônica, renato russo



quinta-feira, 20 de agosto de 2009

pequena

hoje eu escrevo pra você, que eu sei que me lê, porque chove muito lá fora e acho que você chora sozinha no seu quarto. então lhe faço companhia. você que hoje representa tantas noites que já foram minhas. o papel que tantas vezes foi meu. e ainda é também. e será tanto ainda, embora eu tente. você que talvez seja pequena demais para uma dor tão grande. frágil embora forte. nessa dor da chuva tão cruel que às vezes nenhuma força suporta (além do tempo). muita gente nem sabe. se soubesse não entenderia. a dor. encharcada de falta e vazio e ausência e frio, quem sabe. muita gente não compreenderá jamais. a dor da chuva. mas eu sei e compreendo porque já estive lá. por isso lhe escrevo. você não está sozinha na chuva. ela é nossa. quem já passou por essa tempestade se torna cúmplice para sempre de todos os outros. quem já passou por essa tempestade detém este segredo inacreditável para quem está bem no meio dela: ela passa. mas enquanto é só segredo e você não sabe, eu escrevo pra você. porque chove e você provavelmente chora sozinha no seu quarto. eu lhe escrevo, sozinha no meu. e então estamos juntas e a vida segue com algum conforto. ainda que pequeno, pequena.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

coisas / da / vida

1.
absurdo é o que não cabe em si, em nós.

aquilo que é difícil de expressar.
“absurdo” é depois que terminam todas as palavras,
mas a coisa continua linda. absurda.

2.
Toda vez que uma carta de amor é rasurada,
uma borboleta morre.

3.
e se hoje fosse o fim?


é tudo daqui: http://acatade.tumblr.com/


terça-feira, 18 de agosto de 2009

ela

(...) chorou livremente, como se esta fosse a solução. As lágrimas corriam grossas, sem que ela contraísse um só músculo da face. Chorou tanto que não soube contar. Sentiu-se depois como se tivesse voltado às suas verdadeiras proporções, miúda, murcha, humilde. Serenamente vazia. - Clarice, em Perto do Coração Selvagem

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

minha vida sem mim

é esse espaço vazio e redundante que me mata. permanece e me mata. quando falta abraço, olhar, palavra, convicção. é essa falta nesse vazio. esse espaço. é isso que já não me acalma, não me preenche, não me acalenta, não me convence. não é companhia de verdade. é essa paciência que eu não tenho e essa angustia que tento evitar. em vão. me engano por meio instante e acabou. choro fingindo que não sei por quê, mas sei. sei tão mais do que devia. sei todo dia do que é muito melhor não saber. tanta coisa que eu queria esquecer. e não esqueço. sei. esqueço de mim mas de repente quero desistir outra vez. de verdade. quero falar mas não sai. eu sei, mas não sai. e o que eu vejo me dói porque de novo me falta o reflexo. me falta o que de novo são os outros que têm. e eu tenho só que entender. só que não, eu não consigo. porque me falta me falta me falta. choro quando não deveria. eu sabia. é esse espaço vazio e redundante que me mata.

domingo, 16 de agosto de 2009

sem exclamação

Sou fraca, dúbia, há uma charlatã dentro de mim embora eu fale a verdade. E sinto-me culpada de tudo. Eu que tenho crises de cólera, "cóleras sagradas". E não encontro o recolhimento da paz. Por piedade, me deixem viver! Eu peço pouco, é quase nada mas é tudo! Paz, paz, paz! Não, meu Deus, não quero ter paz com ponto de exclamação. Quero apenas o mínimo seguinte: paz. Assim, bem, bem devagarzinho... Assim... quase dormindo... Isso... isso... está quase vindo...

Não me assustem, sou assustadíssima.


Clarice, em Um Sopro de Vida

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

a passagem

e então nos deparamos com ela outra vez.
e de novo nos damos conta de toda a insensatez:
o resto é pequeno demais diante do que inflama.
o importante é estar perto de quem se ama.

e eu te amo.
por isso estou perto de você neste momento dolorido e em todos os outros.
pelos próximos... quantos anos mesmo?!

PS1: te prometo, logo logo vamos comprar a nossa pra Paris em homenagem a eles.
PS2: as duas estão fazendo quibe cru juntas pra turma de lá! isso sim é o paraíso!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Cuidame

Cuida de mis labios,
Cuida de mi risa.
Llévame en tus brazos,
Llévame sin prisa.


No maltrates nunca mi fragilidad,
Pisaré la tierra que tú pisas.

Cuida de mis manos,
Cuida de mis dedos.
Dame la caricia,
Que descansa en ellos.


No maltrates nunca mi fragilidad,
Yo seré la imagen de tu espejo.

Cuida de mis sueños,
Cuida de mi vida.
Cuida a quién te quiere,
Cuida a quién te cuida.


No maltrates nunca mi fragilidad,
Yo seré el abrazo que te alivia.

Cuida de mis ojos,
Cuida de mi cara.
Abre los caminos,
Dame las palabras.


No maltrates nunca mi fragilidad,
Soy la fortaleza de mañana.

Cuidame, Pedro Guerra e Jorge Drexler

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

prefiro que alguém fale por mim porque se eu falar serei direta cruel e estúpida
ou do egoísmo, do desrespeito, da arrogância, do desamor e outras histórias
ou como uma fruta estragada pode contaminar toda a cesta
ou, enfim, ...

As almas fracas como você são facilmente levadas a qualquer loucura com um olhar apenas por almas fortes como a minha. - Clarice, de Obssessão, em A Bela e a Fera

É preciso saber sentir, mas também saber como deixar de sentir, porque se a experiência é sublime pode tornar-se igualmente perigosa. Aprenda a encantar e a desencantar. Observe, estou lhe ensinando qualquer coisa de precioso: a mágica oposta do "abre-te, Sésamo". Para que um sentimento perca o perfume e deixe de intoxicar-nos, nada há de melhor que expô-lo ao sol.
- de novo, de Obssessão - em A Bela e a Fera


Se não há coragem, que não se entre. Que se espere o resto da escuridão diante do silêncio, só os pés molhados pela espuma de algo que se espraia de dentro de nós. Que se espere. Um insolúvel pelo outro. Um ao lado do outro, duas coisas que não vêem na escuridão. Que se espere. Não o fim do silêncio mas o auxílio bendito de um terceiro elemento: a luz da aurora.
- Clarice, em Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres

E sabia que era uma feroz entre os ferozes seres humanos, nós, os macacos de nós mesmos. Nunca atingiríamos em nós o ser humano. E quem atingia era com justiça santificado. Porque desistir da ferocidade era um sacrifício. - de novo, Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres

domingo, 9 de agosto de 2009

ele

escuto histrórias
e reconheço
o que não quero
mais

repetidas iguais
diferentes antigas
e tão atuais

escuto histórias
e me assusto

estou com medo de tudo

sábado, 8 de agosto de 2009

um

e uma noite feliz na opera de paris

o oito

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Cuide de você


e cuide da gente.

terça-feira, 4 de agosto de 2009


Sou Meninos do Morumbi


PS: e você lá comigo fez tudo ser ainda mais lindo

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

concha

enquanto você
me abraça
e dorme
em mim
eu durmo
com você
dentro

sábado, 1 de agosto de 2009

eu já provei o amor pelo sabor do gesto

preciso registrar este dia.
de alegria. e eu merecia.

show da Zelia no Citibank.
cancelaram minha peça às 21h.
21h45 cheguei na bilheteria, vazia.
21h48 eu tinha o que mais queria
o me-lhor-lu-gar da platéia.
fila UM, mesa do MEIO, cadeira colada no palco.
entre ídola e plebéia, nada, só hipnose e ar.
ao meu lado, o meu amor, holding my hand.
(e a odete roitman).

a redenção do 31 de julho, dez anos depois do tombo.
(três dias depois do tombo)

terça-feira, 28 de julho de 2009

a maldição do dia seguinte em dois atos rápidos e cortantes

1.
Minha verdade espantada é que eu sempre estive só de ti e não sabia. Agora sei: sou só. Eu e a minha liberdade que não sei usar. Grande responsabilidade da solidão. Quem não é perdido não conhece a liberdade e não a ama. Quanto a mim, assumo a minha solidão. Que às vezes se extasia como diante de fogos de artifício. Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima que na solidão pode se tornar dor. E a dor, silêncio. Guardo seu nome em segredo. Preciso de segredos para viver.
Clarice Lispector, em Água Viva


2.
Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas duas pernas. Sei que somente com as duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar.
Clarice, em A Paixão Segundo G.H.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

27 de julho

é meu aniversário
e me sinto feliz como havia muito não sentia.

eu amo aniversário
mas amo muito mais quem enche minha vida de alegria.

então de aniversário
o presente maior é este: tudo que é leve, e lindo... tudo aquilo que alivia.

domingo, 26 de julho de 2009

cravo, canela e sol

não é só no álbum de fotos que vocês vão entrar.
mas na minha vida, na minha história, no meu lar.

não é só um cinema, um café, um almoço, um jantar.
eu quero viagens longas, confidências, montanha e mar.

não é só porque por acaso vocês estão lá e eu vou encontrar.
nós agora estamos ligadas de fato e não vai ser nada fácil separar.

não é só porque eu quis tanto que vocês se aproximassem pra ficar.
é que nada é mais bonito do que o verbo onde tudo entre nós está: amar.

quarta-feira, 15 de julho de 2009


ah, é que eu tô feliz!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

ressuscitamos o john e agitamos a cidadezinha do carlos

e então você acorda de sonhar comigo
e eu acordo de sonhar com você

e a gente descobre que o sonho não acabou.
eta vida besta boa, meu Deus!

"Devagar... as janelas olham."

domingo, 12 de julho de 2009

doze de julho

Nem tudo que reluz corrompe
Nem tudo que é bonito aparenta
Nem tudo que é infalível se aguenta
Nem tudo que ilude mente
Nem tudo que é gostoso tá quente

Nem tudo que se encaixa é pra sempre

Nem tudo que é sucesso se esquece
Nem todo pressentimento acontece
Nem tudo que se diz tá dito

Nem tudo que não é você é esquisito

Nem tudo que acaba aqui
Deixa de ser infinito


nem tudo, zelia duncan

quarta-feira, 8 de julho de 2009

o novo infinito

e então
num dia 8 novo
depois de uns 800 dias
e de umas 80 mil desvontades
há de novo uma alegria sem prazo
o começo de algum caminho bonito e feliz

feliz mesmo.
verdade.
faltava, não falta mais

E quando você me vê
eu vejo acender
outra vez aquela chama
Então pra que se esconder
você deve saber
o quanto me ama
Que distância vai guardar nossa saudade
Em que lugar vou te encontrar de novo
Fazer sinais de fogo
Pra você me ver
Quando eu te vi e te conheci
Não quis acreditar na solidão
E nem demais em nós dois
Pra não encanar
Eu me arrumo, eu me enfeito, eu me ajeito
Eu interrogo meu espelho
Espelho em que eu me olho
Pra você me ver
Porque você não olha cara a cara
Fica nesse passa não passa
O que te falta é coragem...

sinais de fogo, ana carolina
tô namorando aquela mina e já sei se ela me namora

Minha mina
Minha amiga
Minha namorada
Minha gata
Minha sina
Do meu condomínio
Minha musa
Minha vida
Minha monalisa
Minha vênus
Minha deusa
Quero seu fascínio

mina do condomínio, seu jorge

sábado, 4 de julho de 2009

independence day together

suddenly happiness
and new planets to discover

quinta-feira, 2 de julho de 2009

aquela coisa

ela olhava para o nada e pensava no que queria dizer. não achava as palavras perfeitas, mas conhecia tão bem aquela sensação. talvez se deixasse em branco, quem lesse entenderia melhor. aquela coisa. aquela coisa que a gente sente quando sabe que aquilo vai acontecer de novo. ela sentia, e sabia. e não gostava nada de sentir aquilo. ai, como destestava aquilo. ela sentia e detestava. sempre queria que não acontecesse mais, mas de repente acontecia. de novo, mais uma vez, inevitável. aquela coisa. aquela coisa.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

hércules e afrodite

hoje eu recebi uma enorme prova de amor.
não sei exatamente que tipo de amor é esse,
mas não importa. eu sei que é amor.

porque quando alguém supera uma dificuldade enorme,
e consegue voltar atrás de uma mentira muito repetida
e te dizer a verdade com a maior doçura do mundo,
só pode ser por amor. e com amor.

e é normalmente ele mesmo, o amor, que nos faz superar o difícil,
o impossível, o improvável, quase tudo que atrapalha a felicidade.

portanto ame de verdade - e com verdade - e o resto vem.

domingo, 28 de junho de 2009


a
ver
dade é
que eu estou
me protegendo
de você. e não sei se
vou conseguir sair da
concha. não sei se vou
sentir de novo o que
sentia antes. embora
eu sinta um monte
de coisas. mas se
não for como
era será que
vale a pena
pegar a
onda
?

sábado, 27 de junho de 2009

no meio do caminho uma piada velha

hoje falta exatamente um mês pro meu aniversário que eu adoro amo festejo muito.
um monte de coisas aconteceram hoje entre amores e visitas e peças e sequestros.
mas o melhor de tudo aconteceu às duas e meia da manhã no meio da rua.
porque é muito divertido pensar que depois que você cruza por acaso
com determinada pessoa caminhando na calçada de madrugada
ela e você fazem exatamente o mesmo comentário tosco
no segundo que se segue ao olá mais tosco ainda:
era a ex-namorada da minha ex-namorada.
e a pessoa que está ao seu lado sorri
um sorriso cúmplice e apenas
deixa a vida seguir feliz
e compassada.
era óbvio
que ia
acon
tec
er.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

balanço | s. m.
1. Movimento de oscilação ou vaivém.
2. Sacudidela, solavanco.
3. Trapézio.
4. Hesitação.
5. Mudança (sem caráter de duração).
6. Operação de contabilidade tendente a conhecer a receita e a despesa.


fechada | adj.
1. Que não está aberta; cercada de muros.
2. Unida, compacta.
3. Reservada; retraída.
4. Insensível.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

beat it

michael jackson morreu.

é o fim de uma era?

domingo, 21 de junho de 2009

todos os santos estão cobertos

é tão fácil amar você que eu nem me culpo.
a heresia seria minha se eu não te amasse.
essa comunhão é a verdadeira oferenda.
eu te ofereço meu cuidado, meu tempo.
você me dedica palavras e gestos e sons.
e tudo se ilumina quando eu te olho nos olhos.
e quando nos vemos, muito além do que pensam.
quando nos vemos como só nós sabemos.
com os olhos molhados ou não, é lindo e único e nosso.
e estava tudo lá, naquele abraço. em todos os abraços.

sim, filha minha, amada minha, poderemos entrar no paraíso.
e assim será feito. graças a deus!

te amo com todo o carinho do mundo.

sábado, 20 de junho de 2009

eu não minto mais pra você

não é uma delícia quando você chega com uma amiga num ponto de tamanha intimidade, gentileza, parceria, cumplicidade e alegria que nem sabe mais se é amor ou amizade mas isso não importa porque já é família e vai ser assim pra sempre mesmo que a gente fique gorda pobre banguela careca e demente?

sexta-feira, 19 de junho de 2009

coisas que eu não deveria dizer se eu quisesse ser sua mulher

mas eu não tenho sempre as unhas compridas e vermelhas não tenho o cabelo sempre liso não estou sempre arrumada quase nunca uso rendas sob a roupa não costumo fazer a sobrancelha de vez em quando minha pele não tá sempre ótima meu perfume não é de mulherzinha nem minhas botas minhas meias meus sapatos meus chinelos nem minhas camisolas nem meus anéis nem um monte de coisas que você desejaria mesmo que eu use brincos interessantes todo dia e pinte os olhos eu não sou vaidosa mesmo estando sempre cheirosa e disposta com meu melhor sorriso e cheia de palavras bonitas ou despudoradas sussurradas ou quase não ditas quando é melhor não falar e eu sou de verdade eu grito peço escuto escolho obedeço esqueço acredito sou corajosa e forte mas frágil e carinhosa eu entendo explico espero tenho um monte de coisas boas e ruins e misturadas mas sou esta pessoa e não aquela e posso até mudar um pouco pra te agradar com prazer talvez mas primeiro você tinha que me querer assim mesmo no pior dia porque quando eu estiver grávida embora toda mulher que carrega uma criança seja linda pode ser que eu fique um horror e você tinha que gostar mesmo assim enfim eu não fui feita no molde que você adora e talvez eu tenha preguiça de me transformar todo dia ou não pode ser até natural se for um amor profundo e preenchido de alegria além de desejo mas por isso talvez a gente se derreta pra virar uma coisa só ou nada.

terça-feira, 16 de junho de 2009

de um reencontro inesperado, feliz e sedutor numa noite gelada
de um abraço quente e um sorriso enorme pra matar uma saudade fria
de uma conversa cheia de verbos e versos e coisas bonitas
de um grande amor


Errar é útil
Sofrer é chato
Chorar é triste
Sorrir é rápido
Não ver é fácil
Trair é tátil
Olhar é móvel
Falar é mágico
Calar é tático
Desfazer é árduo
Esperar é sábio
Refazer é ótimo
Amar é profundo
E nele sempre cabem de vez
Todos os verbos do mundo
Abraçar é quente
Beijar é chama
Pensar é ser humano
Fantasiar também
Nascer é dar partida
Viver é ser alguém
Saudade é despedida
Morrer um dia vem
Mas amar é profundo
E nele sempre cabem de vez
Todos os verbos do mundo

Todos os verbos, Zélia Duncan - Marcelo Jeneci

segunda-feira, 15 de junho de 2009

pelo sabor do gesto
(porque toda coisa com razão tem seu tempo)

Queria descobrir
Em 24hs tudo que você adora
Tudo que te faz sorrir
E num fim de semana
Tudo que você mais ama
E no prazo de um mês
Tudo que você já fez
É tanta coisa que eu não sei
Não sei se eu saberia
Chegar até o final do dia sem você

E até saber de cor
No fim desse semestre
O que mais te apetece
O que te cai melhor
Enfim eu saberia
365 noites bastariam
Pra me explicar por que
Como isso foi acontecer
Não sei se eu saberia
Chegar até o final do dia sem você

Por que em tão pouco tempo
Faz tanto tempo que eu te queria


Tudo sobre você, Zélia Duncan - John Ulhoa

domingo, 14 de junho de 2009

a única pessoa importante pra mim entre três milhões de desconhecidos e iguais

era um cego andando muito devagar, tentando atravessar a multidão pelas bordas da avenida paulista no meio de um milhão de pessoas. um homem pobre, pobre, velho e maltratado. as mãos grossas e muito sujas se revezavam entre segurar o bastão que são olhos e tatear um corrimão que protege a calçada da rua, em busca de um caminho para não se sabe onde. mas um caminho por onde andar, protegido. (de quê?). provavelmente ele não podia nem imaginar o que seus olhos veriam ali, se vissem. talvez, caso ele saiba o que é uma guerra, estivesse com a sensação de estar no meio de uma. a passos de tartaruga - ou de bebê frágil e indefeso - ele avançava num ritmo alheio e único: que me esfaqueava o peito a cada movimento, que me deixava cada nervo do corpo exposto instantaneamente. que dor. que dor profunda e insuportável. as ruas imundas e a minha vida devastada.

ele passou por mim sem fazer idéia de que naquele instante tomava e levava consigo toda a minha chance de felicidade para sempre. como um ímã ele tomou de mim a alegria, qualquer que houvesse, e eu fui invadida por uma tristeza em cascata que me desmontou num segundo em choro e soluço. lá estava eu, num pranto repentino, desamparada e destruída pela visão daquele homem que não vê, naquela situação.

a minha impotência diante daquela cegueira absolutamente solitária e invisível em meio a touros desesperados na arena me doeu como se me arrancassem os olhos com dois pegadores de gelo. foi um frio, mas um frio tão duro bem direto na minha testa, que me perfurou a cabeça e me congelou a alma.

assim mesmo, com essa força que não cabe nas piores palavras.

desde então, nada me consola.
mais uma vez, como tem sido a vida inteira.
por que, meu Deus (?) por quê?

orgulho?
orgulho de quê?

cego é aquele que não quer ver.
era um cego andando muito devagar e tentando atravessar a multidão cega.
cego é aquele que vê e nada faz.

eu.
a pior de todas.

que Deus abençoe o senhor,
se é que eu tenho o direito de pedir alguma coisa,
enquanto choro.

sábado, 13 de junho de 2009

os meus olhos no futuro

Eu não sei o que você quer de mim
Mas eu sei o que eu posso te dar

meu silêncio, estela cassilatti

sexta-feira, 12 de junho de 2009

ISPA - Information for the Special for the Person Arriving

Este sim é pra você.
Declaradamente.

O que eu vejo é fome.
Do que complete, preencha, baste.

A vontade do enlace.
Daquilo que simplesmente acontece.

Nesse ponto somos da mesma espécie.
E é isso também que nos aproxima.

Então escuta, menina, o que eu digo pra mim no espelho:
não, não é conselho, só tenha cautela.

Porque viver é janela.
E ninguém sabe a altura antes de pular.

Mas pula de vez em quando, vai,
sem fazer pirraça.

Senão a vida não tem graça.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Caramelo

se você é uma mulher libanesa,
ou de qualquer família parecida com as nossas,
por favor não perca este filme por nada.

e se você é de outra cultura,
não perca também,
afinal mulher é tudo igual.

as brimas são lindas
e o filme é sen-sa-cio-nal!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

entrelinhas

hoje eu não tô a fim de corre corre confusão
quero passar a tarde estourando plástico bolha


plástico bolha, karina buhr

segunda-feira, 8 de junho de 2009

o primeiro dia do resto da minha alegria

acabei de me dar conta de por que estou assim.
porque hoje é dia oito de junho.
que merda de felicidade
perdida.
a prisão

por que que a gente não tem o direito de cansar, dar tchau, e ir embora?
afinal de contas ninguém tem nada a ver com isso, meu Deus.
meu Deus??

domingo, 7 de junho de 2009

...

há um sentimento sem nome que come as palavras presas no cimento da cabeça. cresça eles sempre disseram e de repente o futuro é presente e o seguro morreu. de velho conselho a repetição então se cansa. vê que o vazio se preenche quando a criança chora. tantas vezes eu já disse vambora. mas fica não serve não cicatriza se não quiser. tem uma mulher no espelho. da menina se mantem a caminhada, a morada, a incompreensão. ser ou não ser eis a questão respondida. se é cansaço é da vida. dura o tempo que exagera. não adianta. levanta e vai pra fila de espera.

sábado, 6 de junho de 2009

beijonãomeliga

porque tem dia que... vai se foder!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

chamas brasas cinzas fumaça

1.
eu me sento em frente ao fogo e no silêncio dos estalos penso
penso em tanta coisa em tanta gente misturada e penso nada

2.
eu olho para o fogo e faço mil perguntas
em silêncio ele não responde só queima

3.
o frio solitário do quarto distante do fogo me angustia de morte
como a solidão assustadora dos dias seguidos de ausência cruel

4.
a luz nos meus olhos diante do fogo enche a vida de possibilidade
a luz nos meus olhos diante do fogo me ilude me queima me cega

5.
as cores do fogo queimando a madeira e a madeira queimando as cores do fogo
fogo madeira queimando as cores e as cores as cores as cores as cores as cores


8.
não era sobre nada disso que eu queria escrever de silêncio solidão cores
era sobre o fogo que só pára de queimar e morre depois que queima tudo

quarta-feira, 3 de junho de 2009

a vida dos outros

há coisas que REAL-MENTE não me interessam mais.



terça-feira, 2 de junho de 2009

depende

depende de quê? depende do clima, depende do humor, depende do estado de espírito, depende da paciência? depende de quem? depende de quando? depende da vontade, depende da claridade, depende da idade, depende da diferença, da igualdade? depende do risco? depende do riso? depende da conversa? depende da ansiedade? depende de onde? depende de quê? depende de você? depende de mim? depende das circunstâncias, das coincidências, das tolerâncias, das tendências? depende da insistência? depende da coragem? depende da solidão? depende da chuva, do sol, do mar, do sal? depende de qual? depende da abordagem? depende do jeito? depende do espelho, depende da quantidade, depende da verdade, depende da ocasião? depende do vinho, do vício, da fome, da fantasia? depende da sabedoria? dependia? dependeria? depende de quê? depende do passado? depende do futuro? depende dos presentes? depende dos sussuros? depende do ambiente? depende dos casmurros, dos amados, das clarices, de pessoa? depende da pessoa? depende da coroa? depende do chapéu? depende do véu? depende de quê? depende da clareza, da certeza? ou depende da ponte? depende do horizonte? depende do olhar, depende do andar, depende do caminho, do ninho, da esperança? depende da juventude? depende da infância? depende da relevância? depende da insensatez? depende de uma vez? depende da repetição? depende da razão? depende da fé, da ousadia, do costume, da vaidade? depende do sexo? depende da curiosidade? depende do impulso? do pulso? depende do coração? depende da emoção? depende da lareira, da saideira, da programação? depende de quanto tempo? depende do vento? depende da velocidade, da força, da gentileza? depende de quem paga? depende de quem dirige? depende do convite, do palpite, da conclusão? depende da definição? depende da sutileza? depende da mesa? depende do banho? depende da cama? depende do cobertor? depende dos lençóis, do travesseiro? depende do receio? da família? da intimidade? depende da liberdade? depende da confiança? depende da aliança? depende do plano, do oceano? depende do engano? depende se tocar caetano, chico, fábio, ivete? depende do chiclete? depende da comida? depende da vida? depende de quê? depende de quem? depende de quando? depende do amor? o amor depende? depende de quê? depende?

segunda-feira, 1 de junho de 2009

a primeira segunda de mais um mês

nada como uma manhã de sol cheia de certeza e luz.

domingo, 31 de maio de 2009

elas cantam o rei
e eu sorrio em êxtase ao ouvir as canções que ele fez pra mim
e lembrar que respiro todo dia feliz e livre de tudo que é passado

Onde você estiver não se equeça de mim Com quem você estiver não se esqueça de mim Eu quero apenas estar no seu pensamento Por um momento pensar que você pensa em mim Onde você estiver não se esqueça de mim Mesmo que exista outro amor que te faça feliz Se resta em sua lembrança um pouco do muito que eu te quis Onde você estiver não se esqueça de mim Eu quero apenas estar no seu pensamento Por um momento pensar que você pensa em mim Onde você estiver não se esqueça de mim Quando você se lembrar não se esqueça que eu Que eu não consigo apagar você da minha vida Onde você estiver não se esqueça de mim
Não se esqueça de mim, Roberto e Erasmo


Você não sabe quanta coisa eu faria Além do que já fiz Você não sabe até onde eu chegaria Pra te fazer feliz Eu chegaria Onde só chegam os pensamentos Encontraria uma palavra que não existe Pra te dizer nesse meu verso quase triste Como é grande o meu amor Você não sabe que os anseios do seu coração São muito mais pra mim Do que as razões que eu tenha Pra dizer que não E eu sempre digo sim E ainda que a realidade me limite A fantasia dos meus sonhos me permite Que eu faça mais do que as loucuras Que já fiz pra te fazer feliz Você só sabe Que eu te amo tanto Mas na verdade Meu amor não sabe o quanto E se soubesse iria compreender Razões que só quem ama assim pode entender Você não sabe quanta coisa eu faria Por um sorriso seu Você não sabe Até onde chegaria Amor igual ao meu Mas se preciso for Eu faço muito mais Mesmo que eu sofra Ainda assim eu sou capaz De muito mais Do que as loucuras que já fiz Pra te fazer feliz
Você não sabe, Roberto/Erasmo

Olha você tem todas as coisas Que um dia eu sonhei prá mim A cabeça cheia de problemas Não me importo, eu gosto mesmo assim Tem os olhos cheios de esperança De uma cor que mais ninguém possui Me traz meu passado e as lembranças Coisas que eu quis ser e não fui Olha você vive tão distante Muito além do que eu posso ter E eu que sempre fui tão inconstante Te juro, meu amor, agora é pra valer Olha, vem comigo aonde eu for Seja minha amante, meu amor Vem seguir comigo o meu caminho E viver a vida só de amor
Olha, Roberto/Erasmo

Eu vi um menino correndo Eu vi o tempo Brincando ao redor Do caminho daquele menino Eu pus os meus pés no riacho E acho que nunca os tirei O sol ainda brilha na estrada E eu nunca passei Eu vi a mulher preparando Outra pessoa O tempo parou pra eu olhar Para aquela barriga A vida é amiga da arte É a parte que o sol me ensinou O sol que atravessa essa estrada Que nunca passou Por isso uma força Me leva a cantar Por isso essa força Estranha no ar Por isso é que eu canto Não posso parar Por isso essa voz tamanha... Eu vi muitos cabelos brancos Na fonte do artista O tempo não pára e no entanto Ele nunca envelhece Aquele que conhece o jogo Do fogo das coisas que são É o sol, é o tempo, é a estrada É o pé e é o chão Eu vi muitos homens brigando Ouvi seus gritos Estive no fundo de cada Vontade encoberta E a coisa mais certa De todas as coisas Não vale um caminho sob o sol E o sol sobre a estrada É o sol sobre a estrada É o sol... Por isso uma força Me leva a cantar Por isso essa força Estranha no ar Por isso é que eu canto Não posso parar Por isso essa voz, essa voz tamanha...
Força Estranha, Roberto/Caetano