segunda-feira, 30 de setembro de 2002

Pegadas na Areia

Uma noite eu tive um sonho...

Sonhei que estava andando na praia com o Senhor.

E, no céu, passavam cenas da minha vida.

Para cada cena que passava,

percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia.

Um era meu. O outro, do Senhor...

Quando a última cena da minha vida passou diante de nós,

olhei para trás, para as pegadas na areia,

E notei que, muitas vezes, no caminho da minha vida,

havia apenas um par de pegadas.

Notei também que isso aconteceu

nos momentos mais difíceis que vivi.

Isso me entristeceu profundamente...

Então eu falei com Deus:



- Senhor, me disseste que, uma vez que resolvi te seguir,

sempre andarias comigo, em todo o caminho. Contudo,

notei que durante as maiores tribulações da minha vida,

havia apenas um par de pegadas na areia. Não compreendo:

Por que me abandonaste nas horas em que mais precisei de Ti?



E Deus respondeu:



- Meu filho querido, Eu jamais te deixaria nas horas de prova e sofrimento.

Quando viste, na areia, apenas um par de pegadas, eram as minhas.

Foi exatamente nesses momentos que Eu te carreguei nos braços...




Falar de Deus... Falar com Deus...

Fui agora visitar esta queridíssima e a frase está lá:

E agora, eu quero falar de Deus.

Que saudade me deu. De falar de Deus.

Que vontade me deu, de falar com Deus.

Não que eu não fale sempre...

Mas já falei tão melhor, tão mais alto, tão mais claro.



Oi, Deus, sou eu.

Tudo bem aí?

Bom dia, boa tarde, boa noite.

Vim te visitar. Tão bom te visitar.

Eu vou indo, você vê...

Meio estranha, né...

E você sempre me buscando.

Foi tão lindo mandar Nossa Senhora naquele dia.

Ela está aqui na minha parede.

Neste exato momento sorri pra mim porque sabe que estou falando com você.

Mas ando tão de cara fechada... Cara fechada não, cara distante.

De qualquer forma, estaremos sempre juntos, eu sei, você também sabe.

E o meu Jesus amado, como está?

O Cristo que eu sempre tentei imitar e que, de repente, não consigo, não consigo...

Mas o filho pródigo volta, não é?

Quando será? Logo, eu espero.

Falo no espelho.

A menina no espelho.

Que você sempre carrega...

Fique com Deus, eu diria, se você não fosse Ele.

Amém





Gardel y Alfajores

Estou indo pra Buenos Aires daqui a pouco.

Vou visitar minha irmã linda, grávida.

O que serei lá, não sei.

O que será na volta, não sei.

Mas eu queria muita coisa diferente.

Saberemos.
Amigos que eu amo

domingo, 29 de setembro de 2002

Mais uma criança

Se você nunca passou por isso, sua vizinha já passou.

Tem lá aquele ser com quem você convive diariamente quase, mas nunca notou.

Na verdade já notou, mas é como todos os outros pra você. Não te basta.

De repente, uma palavra, um elástico perdido, um pedido de desculpas, um olhar...

De repente um texto bem dito, bendito, uma expressão forte, um carisma...

De repente no palco aquele ser, mortal e comum, cresce, brilha, e te chama a atenção.

De repente você se dá conta, olha com mais carinho, sorri, puxa papo, ri sozinha...

E fica só rindo sozinha mesmo... risos.

Fran

Frango

Francês

Françoise

Frans Café

Francamente

Franqueado

Francisca

Francis

Fran



Engraçado como, de repente, as pessoas brilham.
Não quero ser estanque



é mais fácil cultuar os mortos que os vivos

mais fácil viver de sombras que de sóis

é mais fácil mimeografar o passado

que imprimir o futuro



não quero ser triste

como o poeta que envelhece

lendo Maiakóvski na loja de conveniência

não quero ser alegre

como o cão que sai a passear com o seu dono alegre

sob o sol de domingo

nem quero ser estanque

como quem constrói estradas e não anda

quero no escuro

como um cego tatear estrelas distraídas



minha casa

amoras silvestres no passeio público

amores secretos debaixo dos guarda-chuvas

tempestades que não param

pára-raios quem não tem

mesmo que não venha o trem não posso parar



veja o mundo passar como passa

uma escola de samba que atravessa

pergunto onde estão teus tamborins

pergunto onde estão teus tamborins



sentado na porta de minha casa

a mesma e única casa

a casa onde eu

sempre morei



Minha Casa. Zeca Baleiro

sábado, 28 de setembro de 2002

Perdão Você

Eu não quero te perder

Eu não quero me perder

Perdão você.



Eu me perco nesse vazio tão grande que há aqui dentro.

Perco o que há de bom em mim e então pareço ruim.

Estou tão cansada de andar só.

Quero trocar de escolha mas parece que não posso mais.

Alguém! Alguém! Alguém me ensina de novo...

Esqueci. Não lembro. Desaprendi. Achei que não queria mais.

Mentira! Mentira! Mentira!

Escuta que é mentira e vem me ajudar!

Cuida aqui um pouco!

Cuidar dos outros é bom mas... sempre? Só?



Piola... Piola ... Piola...

Eu bem podia querer.

Você bem podia ligar.

Mas nada... É só porque não vem quem eu amo.



E quem eu amo?

Nem sei mais.

Queria saber.

Queria descobrir de novo.

Um amor novo.

Mas um amor todo o dia.

O mesmo amor todo dia.

Que soubesse a rotina,

que opinasse, que dividisse.

O de sempre. Mas novo.



Hoje dei o presente e senti... vazio. Frio.

Fiz tudo com tanta alegria e foi tão... triste.

Desaprendi. Desaprendi até a amizade.

Ou vai ver que a culpa não é minha mesmo.

É. Não é, não. Mas então... alguém! Alguém que dê valor!

Por favor! Alguém que dê valor.



A casa da Cami é linda.

Mas eu queria a vida linda.



Alguém.

Aparece!

Eu sei que eu mereço.



Jantei com a Má.

Ela está angustiada com a vida.

E a torcida do Corínthians também.

Eu sou corinthiana.

E a Regi também.

Mas eu assisto da geral e ela da cadeira especial.

Sempre foi assim.

Os outros é que não sabiam.

Mas sempre foi assim.

E é até hoje.



Alguém! Alguém!

Mas não pode ser qualquer pessoa.

Tem de ser A pessoa.

Agora estou pronta.



Ou será que nunca estarei.

Ou será que o caminho é Ele?



Alguém...

Socorro.









quinta-feira, 26 de setembro de 2002

Life is a game...?


Máscaras

Calvin



Vi neste blog e não resisti. Peguei emprestado.
Você me disse que eu sou petulante, né?



Todo mundo é lobo por dentro

Ninguém é lobo mau pra sempre

Tem gente que nasce lobo?

Responda você...



Você me disse

que eu sou petulante, né?

Acho que sou sim, viu...

Como a água que desce a cachoeira e não pergunta se pode passar



Você me disse

que meu olho é duro como faca!

Acho que é sim, viu...

Como é duro o tronco da mangueira onde você precisa encostar



Você me disse

que eu destruo sempre a sua mais romântica ilusão

E que destruo sempre com minha palavra o que me incomodou

Acho que é sim.



Como fere e faz barulho o bicho que se machucou, viu...

Como fere e faz barulho o bicho que se machucou




Todo mundo é louco por dentro

Já viu alguém normal pra sempre?

Tem gente que nasce louca?

Responda você...



Petulante, Osvaldo Montenegro - do Vale Encantado


segunda-feira, 23 de setembro de 2002

Trechos dos primeiros contos da minha favorita

Laços de Família, Clarice Lispector

Devaneio e Embriaguez duma Rapariga
Os olhos não se abandonavam,
os espelhos vibravam ora escuros, ora luminosos.
...ela se abanava no Brasil.
...aproveitou para amanhecer esquisita.

Ela ainda à cama, tranqüila, improvisada. Ela amava...
Estava previamente a amar o homem que um dia ela ia amar.

Na cama a pensar, a pensar, quase a rir como uma bisbilhotice.
A pensar, a pensar. O quê? Ora, lá ela sabia. Assim deixou-se a ficar.

Nessa noite, até dormir, fantasticou, fantasticou...
(...) Acordou com o dia atrasado.

Sua sensibilidade incomodava sem ser dolorosa,
como uma unha quebrada.

Ai que não tinha nada a ver com isso, a bem dizer:
mas já d'entrada crescera-lhe a vontade d'ir e d'encher-lhe,
à cara de santa loira da rapariga, uns bons sopapos,
a fidalguita de chapéu. Que nem roliça era, era chata de peito.

Mas depois de amanhã aquela sua casa havia de ver:
dar-lhe-ia um esfregaço com água e sabão
que se lhe arrancariam as sujidades! a casa havia de ver!


Amor
Quando nada mais precisava de sua força, inquietava-se.
...as crianças vindas do colégio exigiam-na.
...olhava o cego profundamente, como se olha o que não nos vê.
Ela adormecia dentro de si.
O mundo era tão rico que apodrecia.
O Jardim era tão bonito que ela teve medo do Inferno.
Abarçou o filho, quase a ponto de machucá-lo.

E como a uma borboleta,
Ana prendeu o instante entre os dedos
antes que ele nunca mais fosse seu.

E, se atravessara o amor e o seu inferno,
penteava-se agora diante do espelho,
por um instante sem nenhum mundo no coração.


Uma Galinha
Foi então que aconteceu.
De pura afobação a galinha pôs um ovo.

Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha,
ela pôs um ovo! ela quer o nosso bem!

Uma vez ou outra, sempre mais raramente.


A Imitação da Rosa
A paz de um homem era, esquecido de sua mulher,
conversar com outro homem sobre o que saía nos jornais.

...ele que a recebera de um pai e de um padre,
e que não sabia o que fazer com essa moça (...)
que, inesperadamente, (...) se tornara super-humana.

...o devaneio enchia-a com o mesmo gosto que tinha em arrumar gavetas,
chegava a desarrumá-las para poder arrumá-las de novo.

Oh, nada demais, apenas acontecia que a beleza extrema incomodava.
E dar as rosas era quase tão bonito como as próprias rosas.

E também porque uma coisa bonita era para se dar ou para se receber,
não apenas para se ter. E, sobretudo, nunca para se "ser". (...)
A uma coisa bonita faltava o gesto de dar.


Feliz Aniversário
"Vim para não deixar de vir."

E, para adiantar o expediente, vestira a aniversariante logo depois do almoço.
(...) Sentara-a à mesa. E desde as duas horas a aniversariante estava
sentada à cabeceira da longa mesa vazia, tesa na sala silenciosa.

Parecia oca.
Cordélia olhava ausente para todos, sorria.
Oh o desprezo pela vida que falhava.
...e com aquela mudez que era sua última palavra.
Porque a verdade era um relance.

...aquele mesmo olhar firme e direto com que desde sempre
olhara os outros filhos, fazendo-os sempre desviar os olhos.
Amor de mãe era duro de suportar.

Era um instante que pedia para ser vivo.
Mas que era morto.


A Menor Mulher do Mundo
Naquela casa de adultos, essa menina fora até agora
o menor dos seres humanos. E, se isso era fonte das melhores carícias,
era também fonte deste primeiro medo do amor tirano.

E considerou a cruel necessidade de amar.
Considerou a marginalidade do nosso desejo de ser feliz.
Considerou a ferocidade com que queremos brincar.
E o número de vezes em que mataremos por amor.

...sabia que esse seria um domingo em que teria de disfarçar
de si mesma a ansiedade, o sonho, e milênios perdidos.

...há horas em que não se quer ter sentimentos.

...pois numa Natureza que errou uma vez já não se pode mais confiar.

...tinha no coração algo mais raro ainda,
assim como o segredo do próprio segredo.

...pois olhe, eu só lhe digo uma coisa: Deus sabe o que faz.


O Jantar
Sentou-se amplo e sólido.

Pega então no copo de vinho e bebe de olhos fechados,
em rumorosa ressurreição.


Preciosidade
Acordava antes de todos, pois para ir à escola teria que tomar
um ônibus e um bonde, o que lhe tomaria uma hora. O que lhe daria uma hora.
De devaneio agudo como um crime. O vento da manhã violentando a janela e
o rosto até que os lábios ficavam duros, gelados. Então ela sorria.
Como se sorrir fosse em si um objetivo.

Ela fazia mais sombra do que existia.
...como se ela quisesse inutilmente fazer parar de bater um coração.

...ela se concentrava ausente...
Fazia-se pois distraída e, conversando, evitava a conversa.

As casas dormiam nas portas fechadas.

A calçada era oca ou os sapatos eram ocos ou ela própria era oca.

Foi para lavatório. Onde, diante do grande silêncio dos ladrilhos, gritou aguda,
supersônica: Estou sozinha no mundo! Nunca ninguém vai me ajudar,
nunca ninguém vai me amar! Estou sozinha no mundo!

Ela era tão feia e preciosa. (...)
Até que, assim como uma pessoa engorda, ela deixou,
sem saber por que processo, de ser preciosa.


Os Laços de Família
...o riso saía pelos olhos.

A filha observava divertida. Ninguém mais pode te amar senão eu,
pensou a mulher rindo pelos olhos; e o peso da responsaibilidade
deu-lhe à boca um gosto de sangue.
Como se "mãe e filha" fosse vida e repugnância.
(...) Sua mãe lhe dóia. era isso.

Que coisa tinham esquecido de dizer uma à outra? e agora era tarde demais.

Porque sábado era seu, mas ele queria que sua mulher e seu filho
estivessem em casa enquanto ele tomava o seu sábado.

Sentira-se frustrado porque há muito não poderia viver senão com ela.
E ela conseguiatomar seus momentos - sozinha.


Começo de Uma Fortuna
...cada vez que acordava era como se precisasse
recuperar os dias anteriores.

Em pequeno brincavam com ele, jpgavam-no para o ar,
enchiam-no de beijos - e de repente ficavam "individuais" -
largavam-no, diziam gentilmente mas já intangíveis:
"agora acabou", e ele ficava todo vibrante de carícias,
com tantas gargalhadas ainda por dar.

A vida fora de casa era completamente outra.
Além da diferença de luz (...) havia a diferença do modo de ser.


Mistério em São Cristóvão
O rosto atrás da janela olhava.

...um alto, um gordo e um jovem, um gordo, um jovem e um alto,
desequilíbrio e união, os rostos sem palavras
embaixo de três máscaras que vacilavam independentes.


O Crime do Professor de Matemática
Sem os óculos, seus olhos piscaram claros,
quase jovens, infamiliares.

Mas, desde então, já começavas a ser todos os dias
um cachorro que se podia abandonar. Enquanto isso,
nossas brincadeiras tornavam-se perigosas de tanta compreensão.

Mas possuíste uma pessoa tão poderosa
que podia escolher: e então te abandonou.

Pois ainda não haviam inventado castigo
para os grandes crimes disfarçados
e para as profundas traições.

O Búfalo
...olhou em torno de si, rodeada pelas jaulas,
enjaulada pelas jaulas fechadas.

...desviou os olhos, doente, doente (...)
sem conseguir encontrar dentro de si o ponto pior
de sua doença, o ponto mais doente, o ponto de ódio,
ela que fora ao Jardim Zoológico para adoecer.

E, enquanto fugia, disse: "Deus, me ensine somente a odiar".
"Eu te odeio", disse ela para um homem cujo crime único era
o de não amá-la. "Eu te odeio", disse muito apressada.
Mas não sabia sequer como se fazia.

Mas onde, (...) onde aprender a odiar para não morrer de amor?

EU te amo, disse ela então com ódio para o homem
cujo grande crime impunível era o de não querê-la.
Eu te odeio, disse implorando amor ao búfalo.

sexta-feira, 20 de setembro de 2002

I'm empty again



Estou Vazia!

quinta-feira, 19 de setembro de 2002

Não sei

Estou aqui pensando em como estou.

Para ver se descubro o que escrever.

O que pensar, o que desejar...

Mas eu não sei.

Não sei.



Talvez não queira nada, nada disso.

Quero o que ainda não sei.

Covardia

Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Até cortar os defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro... Há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo. (...) No momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma em boi? Assim fiquei eu... Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também a minha força. Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que imagina que é ruim em você - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse seu único meio de viver. Juro por Deus que, se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não é ser punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma.

Clarice Lispector


Bom Conselho

Ouça um bom conselho

Que eu lhe dou de graça

Inútil dormir que a dor não passa

Chico Buarque

quarta-feira, 18 de setembro de 2002

Fast Food

Como é estranho estar perdida e, ao mesmo tempo, tão aqui.

Os dias passam e parece que nada se move. E tudo se move.

E o mais incrível é que se tudo não se movesse,

eu não saberia a impressão de estar estática.



Preciso de um amor para voltar a ter motivos.

Estou repetitiva. Estou desamparadamente repetitiva.



Hoje assisti à História Real, de David Lynch:

Quando meus filhos eram pequenos,

eu costumava dar a cada um deles um graveto.

E então lhes dizia para quebrarem o graveto.

Claro que conseguiam, um graveto é frágil e facilmente quebrável.

Depois eu lhes dizia para juntarem os gravetos e formarem um feiche.

E então lhes pedia para quebrarem. Desta vez não podiam,

porque o feixe de todos os gravetos juntos era mais forte e inquebrável.

E aí eu dizia a eles que o feixe é a família...




A Família Finita

A família eu tenho.

Mas tenho esta.

Não haverá continuidade.

Que dor de pensar nisso.



A Menina Calada

A menina à vezes se cala por falta de ar.

Parece que ela faz tanto e não caminha.

Sempre, sempre aqui. Os outros vão. Ela não.

Mas o piano não cai na cabeça dela.



A Menina Torta

Era uma vez uma menina torta.

Mas ela não era torta, e, sim, torta.

Era uma torta. Mas não era torta.

E por causa disso,

porque não era torta, mas torta,

ninguém sabia o recheio dela.

...

Um dia a menina torta conheceu uma menina reta.

Não é que a menina fosse reta, ela era UMA reta.

E então a reta cortou a torta.

E o recheio se espalhou pelo chão.

Pra sempre.



A Casa Engraçada

A casa da Menina é a número zero.

Na rua dos Bobos.

Não tem teto, não tem nada.

Não tem rede porque não tem parede.

E o pior é que, não, não é feita com muito esmero.

E não é mais engraçada por enquanto.



O Urso Morto

Ela tinha um ursinho que dormia com ela.

Ele morreu. Mas ela continua dormindo com ele.

Tem medo de dormir só. E mais de acordar só.

Quando ela lembra que ele está morto, iberna.



O Menino Oco

Era uma vez um menino melão.

Ele era oco mas tinha sementes.



Todo o problema acabou... O Vira-lata chegou!



I wish I was a child forever...











Mais Clarice...



Estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender.

Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem,

mas não quero ficar com o que vivi.

Não sei o que fazer do que vivi,

tenho medo dessa desorganização profunda.

Não confio no que me aconteceu.

Aconteceu-me alguma coisa que eu,

pelo fato de não saber como viver, vivi uma outra?

A isso quereria chamar desorganização,

e teria a segurança de me aventurar,

porque saberia depois para onde voltar:

para a organização anterior.

A isso prefiro chamar desorganização

pois não quero me confirmar no que vivi -

na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha,

e sei que não tenho capacidade para outro.

terça-feira, 17 de setembro de 2002

Mon Animal

Ana Carolina lia nos shows... e eu acho simplesmente maravilhoso,

apesar de... tão real... e tão trágico, se não fosse cômico:



Eu a vejo quase todas as manhãs. Não é exatamente bonita.

Aliás ela é de uma feiúra estranha

como se carregasse uma boniteza espalhada em si,

nos gestos e não nos traços exatamente. Não importa.

Importa é que a vejo acompanhada perenemente pelo seu cão.

Um pastor alemão com cara de bom companheiro. E o é. Eu vejo.

Olha-a muito, encaixa seu focinho entre os joelhos dela,

brinca com ela, gane querendo dengo.

Ela também, essa minha vizinha de uns quarenta e vividos anos,

brinca de não-solidão com esse cachorro específico; gosta dele, ri:

Não Duque, assim não, deixa o moço, Duque, me espere.

Não vá na minha frente assim, cuidado com o carro, menino.

Ele a olha como quem agradece. E vão os dois, não em vão,

pelas ruas de Copacabana sob o sol, felizes que só vendo.

Eu vejo. Ela é camelô; nos encontramos no elevador e eu:

- Vocês se divertem tanto, é tão bonito.

- É, nos conhecemos na rua. Ele olhou pra mim bem nos meus olhos.

Eu estava trabalhando. Vi logo que era um cão bem cuidado fisicamente

mas faltava-lhe carinho. Deixei minhas bugigangas

(ela vende coisas que querem imitar jóias antigas)

por não sei quanto tempo e fiquei agachada na calçada

na Avenida Nossa Senhora, só namorando ele.

Decidimos que ele viveria comigo. Naturalmente.

Tudo aconteceu "naturalmente", ela frisou, como se quisesse

dissipar de mim qualquer sombra de suspeita de um possível roubo.

Noutro dia no mesmo elevador, ela com seu carrinho de balangandãs, eu e Duque.

O elevador apertado e ela continuou femininamente a conversa do último elevador nosso:

- Tenho certeza que ele é de câncer. É muito sensível. Só falta falar. Né Duque? Ele não é lindo?

Eu disse: Lindíssimo. E você que signo é?

- Ah, sou capricórnio mas com ascendente em câncer, combina sim.

Eu vejo Duque lambendo as mãos dela, as magras mãos

cujos dedos ela oferecia de propósito e distraidamente à mordida dele.

Eu olho admirando receosa por conta dos afiados dentes dele. Quase não entendo de cães.

- Você tem medo... ô não ofenda ele; Duque entende pensamentos e não gostou do que você pensou.

Jamais me morderia, jamais me trairia. Né Duque?

Senti o pensamento de Duque latindo que jamais a trairia. Achei bonito. Chegamos.

Tchau, bom trabalho. Tchau Duque.

Fui para a rua pensando longamente nos dois.

Depois pensei nos mistérios da astrologia e perdi o fio do meu pensamento.

Ao final da tarde avistei pela janela Duque e Angela indo ver o crepúsculo na praia.

Depois vi os dois voltando sorridentes e caninos, sob a noite estrelada;

ela com fitas de vídeo penduradas ao braço; sempre conversando com ele.



Tenho inveja de Angela. Essa é a verdade.

O animal que eu quero não mora comigo, não almoça mais comigo,

não brinca mais, não me telefona, não me advinha os pensamentos,

não me acompanha ao crepúsculo, não gane querendo dengo,

nossos signos parecem não mais combinar.

O animal que quero, pensa demais e por isso não passeia mais comigo.

E o pior: Não me lambe mais.



Mon Animal, Elisa Lucinda








Janela da Alma
Assisti hoje.
É sensacional.
Mas é sensacional segundo o MEU olhar.
O seu, certamente, será outro.
Ainda que concorde comigo.

A visão é alterada por sentimentos fortes.
Agnès Varda, no filme


As emoções influenciam completamnete a visão, transformam tudo.
Oliver Sacks, no filme


Para se conhecer as coisas, há que dar a volta toda.
Saramago, no filme
Autodecepção



A pessoa insana, o louco, é uma vítima da autodecepção.

Ainda que, de alguma forma, todos tenhamos essa virtude.

Somos a criação imaginária de nós mesmos.

Se pudéssemos nos ver como realmente somos, a vida seria insuportável.



Joe Gould, no filme Crônica de Uma Certa Nova York



segunda-feira, 16 de setembro de 2002

Assim

Assim me sinto...

Peguei emprestado daqui
Long Time No Hug

Não morri...

Só ando com bode de micro.

I'll be back soon.

quarta-feira, 11 de setembro de 2002

Nossa Senhora

E também foi feliz porque Deus falou, gritou, chamou... de novo.

Depois de eu ter conversado com a Ciça ontem, sobre Ele ter de gritar pra mim... veja só que coisa.

Chego na Tatí e, milagrosamente, Nossa Senhora está lá, e eu chego bem no meio do terço.

Já foi surreal. Já foi um grito que se ouviria do outro lado do oceano.

Mas, então, para não ficar nenhuma dúvida, quando terminamos o terço

a mocinha pede pra gente preencher uma fichinha, pra fazer um sorteio.

Porque Nossa Senhora queria dar um presente para alguém, em gratidão pela passagem dela por lá.

Pois quem foi a sorteada? Exato. E lá está uma imagem dela, esperando por mim, nas mãos da santa.

Eu que cheguei lá por acaso... Eu que nunca estou nos lugares por acaso.

Deus, que nunca é por acaso. Deus, que sempre está nos lugares, e me grita. Não por acaso.

E me grita mais quando eu peço. E ainda assim... eu... tento... não ouvir bem.

Mas eu sei, meu Pai, eu sei. Só não sei bem ainda o que fazer com isso que eu sei, sem saber bem.

Me carrega?





Raquel

O melhor de hoje foi a Raquel.

Raquel era uma amiga que eu tinha no clube super de infância.

Éramos Tatí, Pris, Carina, Raquel e eu.

Tatí, Raquel e eu brincávamos de As Panteras, atrás da boate do clube.

Era tudo de bom. Raquel e Tatí sempre foram as mais tranquilas e as que eu mais amava.

Pri e eu nos matávamos nos esportes. A gente sempre se adorou também. Mas brigava demais. Amor e ódio.

A Carina também era bem tranquila, mas não era tão minha amiga, que eu me lembre.

Bom, quando a gente tinha 14, 15 anos, a família da Raquel foi morar na Austrália...

Quer dizer, no Líbano... ai, agora me confundi. Mas acho que no Líbano mesmo.

O fato é que não a vi mais nesses quase 15 anos. Sempre lembro dela mas nunca mais nos falamos.

Ela esteve no Brasil há dois anos mas acho que eu não estava aqui.

Pois aí está a Raquel de novo, e desta vez nos encontramos.

Nossa, foi uma emoção tão, tão grande.

E hoje a Tatí fez um jantar pra ela. Foi bom demais.

Tiramos mil fotos, lembramos mil coisas.

Só faltou a Carina, que eu acho que tá na Austrália...

Mas foi bom, bom, bom. Muito feliz.

E de quebra vi a Mê, que eu amo sem fim.



Tatí hoje tá casada, acho que nem terminou faculdade, e tem uma filha coisa-mais-linda, a Giovana.

Pris se formou em direito, trabalha como advogada, e namora meu primo Gê... ironias do destino.

Raquel estuda medicina e faz residência na Philadelphia. Mais seis anos pela frente. E quer se especializar em UTI.

E eu... bom, eu, fiz tanta coisa... e cá estou.

Somos todas a favor tá liberação da eutanázia. (Falamos sobre isso por causa da profis'ão da Raquel.)



Que mundo louco... Como a vida toma rumos que a gente nem imagina.

Na verdade, acho que nunca imaginávamos nada.

Mesmo assim é surpreendente ver onde a vida vai.



E hoje a vida foi feliz por ter visto a Raquel.

Mais caos

Ai, tá uma bagunça...

Que vida é essa?

Essas coisas que nem vão nem vem.

Essa sensação de "não sei"...

Que saco.

terça-feira, 10 de setembro de 2002

Encontro de Jovens

Minha amiga Ana me escreveu hoje perguntando se eu tinha estudado no Santo Américo,

e se conhecia o Encontro de Jovens de lá.

Que ótima oportunidade de falar sobre uma das coisas mais importantes por que já passei na vida.

Estudei no Santo Américo, sim. Amo aquele colégio. Fui tão feliz nos 11 anos lá que nem tenho o que dizer.

Até hoje sou amiga de professores da sexta, da oitava, de todas as séries. Mas amiga MESMO.

De sair pra almoçar, de falar ao telefone, de tê-los na platéia das minhas peças.

Minhas grandes amigas são quase todas as mesmas que estudaram comigo desde pequenas.

E uma das mais queridas, a Ciça, eu conheci no Encontro.

Fiz Encontro em... meu Deus!... 1988. O sexto Encontro. (E já tá no mais de 50, imagina...)

Eu estava na oitava série... E morria de ansiedade pra fazer o Encontro.

Meus três irmãos, bem mais velhos, já tinham feito havia anos, e trabalhado também...

Eu vivi décadas na escola esperando chegar a minha vez! Quando chegou... eu era a menina de Felicidade Clandestina!

Foi muito legal fazer, muito mesmo. Mas nada se compara a trabalhar nos Encontros seguintes.

Porque quando você faz, - e eu ainda por cima tinha 14 anos -, é tudo novo e você perde muita coisa.

Mas depois, quando trabalha, e começa a viver mais aquilo, daí é que vai vendo tudo de legal que tem por lá.

Além de estreitar demais a minha relação com Deus, o que me fez um bem indescritível,

o Encontro me abriu mil portas, me deu mil razões,

me levou pra perto daquilo que eu mais queria fazer: trabalho comunitário.

Trabalhei lá durante uns dez anos... E só tenho boas lembranças.

Até as amizades que eu já tinha foram super fortalecidas no Encontro.

Levei as pessoas que eu mais amei pra fazerem e sempre foi muito especial.

Enfim, é uma experiência que eu desejo que todas as pessoas tenham...

Vale muito a pena. No mínimo você sai de lá com a lembrança de um final de semana meio mágico,

rodeado de gente que, pelo menos lá, é e está feliz. E isso contagia, dá uma paz única.

Se depois a vida volta ao normal, pra bagunça de sempre, pros conflitos diários,

tudo bem... milagres não acontecem todos os dias... Mas garanto que naquelas 48 horas,

sim, você vive pequenos milagres. E, quem sabe, algum deles pode mudar a sua vida.

Eu sei que mudou a minha. Muda até hoje. Porque Deus está nos detalhes.

E muitos detalhes eu só vejo graças a esses anos de Encontro e a tudo o que isso me trouxe de bom.

E só de ter a tia Vicky na minha vida, minha amada, idolatrada, inigualável tia Vicky (mãe da Ciça),

e de tê-la visto e ouvido tantas vezes dando aquela palestra de pais e filhos com a Tóia,

só por isso, já teria valido o Encontro. Mas tem muito mais...

Além da Mônica... que eu idolatrava também, que dava um testemunho que me comovia...

Nem sei onde ela anda. Mas tenho certeza de que está bem. E eu a guardo aqui comigo.

E guardo cada palavra... Cada gesto... Cada amigo. Guardo muita, muita coisa boa.

Que saudade do Encontro.

Que vontade de me Encontrar...

NOVE DE SETEMBRO

E ontem é um dia abençoado.

As duas melhores pessoas que tive na vida -

e melhores no sentido de serem boas, BOAS mesmo,

nasceram no dia 9 de setembro.

A Táta, de quem já falei aqui.

E a minha tia Odila, pessoa mais linda que já existiu,

razão da minha vida, minha alegria, minha maior saudade.

Tia Odila morreu no ano passado.

Este foi o primeiro aniversário dela sem ela.

Mas estamos cada um num canto, meus pais lá, Dani longe, eu aqui...

Nem falamos nisso. Mas tenho certeza de que ninguém se esqueceu nem por um minuto do dia.

E ela está lá, linda, eu sei, cuidando da gente direitinho.

Dídi, eu te amo pra sempre e sinto sua falta como quem perdeu um braço, uma perna, um pedaço da alma.

A gente se vê ainda, eu sei.



...



Ela cantava os dizeres dos letreiros do caminho



Sinto a falta dela como uma dor de dente. Uma dor de parto sem o filho depois. Os domingos não têm mais aquela luz. As ruas não têm mais aqueles letreiros. Ela lia todos. Todos os domingos. Na ida e na volta. Eram os mesmos, mas ela lia todos. Cantava-os às vezes. Ela cantava os dizeres dos letreiros do caminho. Parece brincadeira. E era a minha alegria. Ela me alegrava a hora, o dia, a semana e a vida inteira. Não há um dia em que eu não pense nela. E não há um pensamento que não doa. Quantas vezes o impulso de pegar o telefone foi mais forte do que a razão, fatal: ela morreu, não está mais, não vai atender. Ela não pode mais me dizer o que achou do que vimos agora na TV. Não vai mais lamentar comigo o rapaz que perdeu o milhão. Nem vai correr para ver o Tio Dinho no Túnel do Tempo. E o tempo não tira dos meus ouvidos a música que só ela sabia cantarolar. A música do caminho. Da ida e da volta.






segunda-feira, 9 de setembro de 2002

Quando a Noite Cai



What am I?

Your dirty little secret?




Queria te dizer algumas coisas que vou acabar não dizendo.

Mas você precisava escutar, eu acho.

Um pouco eu já te disse, sobre não querer ter só pra saber que é capaz.

Isso pode - e normalmente vai - magoar bastante quem está do outro lado.

Sobre não brincar com os sentimentos dos outros...

Isso é tão batido, Meu Deus! Mas continua acontecendo, sem perceber.

Sobre tomar decisões e então mantê-las.

Sobre me deixar ir já que não vai ficar, já que não está aqui comigo.



Queria te falar um pouco sobre o que eu gostaria que ficasse entre nós.

Mas já não sei se isso é possível. Infelizmente eu não sei se a gente vai conseguir.

Se dá pra trazer de volta a amizade boa que a gente tinha.

Eu queria muito que sim, mas não sei.

Talvez daqui a algum tempo.

Mas eu preciso mesmo desse tempo.

Preciso me desligar, me recompor, me redescobrir.

Não sei muito bem até agora como foi que você entrou aqui.

Mas agora preciso achar um jeito de te tirar. E só o tempo.

Mais uma vez na minha vida, só o tempo.

De qualquer forma, eu também queria te dizer que foi bom.

Que me deixou feliz mais do que triste. E que valeu a pena, sim.

Claro que muita coisa vai ficar, de bom, e de ruim talvez também.

Mas eu prometo que vou guardar tudo com carinho.



E, por fim, eu queria falar um pouco de você.

Das coisas que eu acho depois de ter tido você mais perto.

Do que sei porque já vivi, e que poderia te ajudar de algum jeito.

Tenho com você um cuidado que me assusta quando penso no que pode vir.

No fundo eu queria que fosse diferente pra você. Que não fosse nada disso.

Mas não sei. Realmente não sei. Não há muito o que fazer. Só esperar.

E me angustia pensar que você pode sofrer e não há como impedir.

Mas talvez não haja outro caminho. (Que não seja assim, tomara.)

Cada um tem de cometer seus próprios erros para seguir adiante.

Só não se esqueça de tudo o que a gente conversou.

De tudo o que você conquistou de legal em "conseguir falar", e "sentir".

Como eu sempre digo, a vida é feita disso mesmo.

Cuide-se, por favor. Fique perto de quem te ama de verdade.

Livre-se das grades que você construiu ao seu redor.

Cuidado porque isso pode sempre impedir qualquer um de se aproximar muito.

Isso, que você sabe o que é, pode sempre impedir qualquer um de te amar.

Porque falta espaço. Em muitos momentos, muitos, falta espaço pra te amar.

E essas coisas são tão, TÃO concretas.

Pude ver claramente nos últimos dias.

E foi ruim ver e sentir isso.

Ainda bem que já havia e há um afastamento, senão eu teria sofrido mais.

Mas não te culpo, não. Sei que às vezes é mais forte do que a gente gostaria.

Mas, veja bem, pode ser mais costume do que amor.

Aliás, sinceramente, eu não vejo mais amor ali. Juro.

Aqui, sim, há um amor qualquer, mas ele já vai. Já vai.

Só me ajude. Nos ajude. Volte pra sua vida. Volto pra minha.

Pra minha, atualmente, quase vida.



E eu tinha mais a dizer, mas... nem sei.

Fica com Deus. É o mesmo Deus. Deus.

domingo, 8 de setembro de 2002

Versão brasileira, Oficina dos Menestréis.

A peça vai ficar bem legal.






Footloose



Tonight I gotta cut loose

Footloose

Kick off your Sunday shoes

Please, Louise

Pull me offa my knees

Jack, get back

C'mon, before we crack

Lose your blues

Everybody cut Footloose




Grease!



We go together,

like ra-ma la-ma la-ma ka dinga kading-a-dong

Remember forever,

as shoo-wop shoo-waddy-waddy yippity boom-de-boom

Chang-chang changity-chang shoo-bop

that's the way it should be...

wahoo yeah!




The Wall



We don't need no education.

We don't need no thought control.

No dark sarcasm in the classroom.

Teacher, leave those kids alone.

Hey, Teacher, leave those kids alone!

All in all it's just another brick in the wall.

All in all you're just another brick in the wall.




My best friend`s wedding



...the moment I wake up

Before I put on my makeup

I say a little prayer for you..

While combing my hair now

And wond'ring what dress to wear now

I say a little prayer for you...




Platoon



Um dos retratos mais emocionantes

dos horrores da Guerra do Vietnã,

dirigido por um ex-combatente, Oliver Stone.




Central do Brasil



Jesus,

Você foi a pior coisa que já me aconteceu.

Só escrevo porque teu filho Josué me pediu.

Eu falei pra ele que você não vale nada.

Mas ainda assim o menino pôs na idéia

que quer te conhecer.






Como quisiera

poder vivir sin aire

como quisiera

poder vivir sin agua

me encantaria

quererte un poco menos

como quisiera

poder vivir sin ti



Pero no puedo

siento que muero

me estoy ahogando

sin tu amor



Como quisiera

poder vivir sin aire

como quisiera calmar mi aflicion

como quisiera

poder vivir sin agua

me encantaria

robar tu corazon



Como pudiera

un pez nadar sin agua

como pudiera

un ave volar sin alas

como pudiera

la flor crecer sin tierra

como quisiera

poder vivir sin ti

oh no



Pero no puedo

siento que muero

me estoy ahogando

sin tu amor



Como quisiera

lanzarte al olvido

como quisiera

guardarte en un cajon

como quisiera

borrarte de un soplido

me encantaria

matar esta cancion.



Vivir sin aire, Maná

Espelho embaçado

Mais uma vez, o meu amigo René me dá um presente e me faz pensar.

E mesmo com todo o meu cansaço, eu penso.



A menina está no espelho e se olha, mas não gosta do que vê.

Queria ser outra. A moça da revista.

Não exatamente aquela, mas uma que não existe.

Existe nela mesma, na verdade. Mas é outra.

As mãos no rosto são um pouco de desespero.

De querer arrancar algumas coisas e entender onde foi o que já esteve lá.

Não tanto do reflexo. Do reflexo a menina gosta. Mas do que está dentro dele.

É o que há dentro do espelho que incomoda.

Incomoda, não. Perturba, angustia, inquieta.

Por quê, ela pergunta? Por quê?

Por que, de repente, essa solidão blindada, esse vazio silencioso, esse frio?

Ela é menina, não entende.

No chão o lápis de olho, o batom.

Mas não para se pintar, porque isso ela só faz quando há palco.

Para escrever no espelho. Para tentar pintar a vida.

Para rabiscar o que ela não decifra mais em si, nos outros, em Deus.

A escova e o pente são para rasgar a pele e empurrar os nervos de volta pra dentro.

Porque esse à flor da pele machuca, arrebenta, destrói.

Se a cabeça ainda, dói. Dói muito. Dói tudo aqui.

A boneca está morta. A menina matou a boneca.

Matou a boneca de tanto carinho que quis dar.

Tentou colocá-la dentro do espelho para ter companhia.

Ela bateu com a cabeça, forte demais, seguidas vezes, e morreu.

A menina tentou ressucitá-la, mas não teve jeito, não.

Às vezes as coisas não têm solução e a gente precisa entender.

Mas ela é menina, não entende.

Então chora.



Na cadeira atrás do espelho,

que aóia o espelho,

não há ninguém.



Ninguém.

Ninguém.

Ninguém.

Ninguém.

Obrigada, René.



Girl at Mirror, de Norman Rockwell



Eca!

Tô doente assim...





E isso é um espirro!!!



De novo

Ninguém.

Cansaço.

Tristeza.

Frustração.

Impotência.

Frustração.

Tristeza.

Cansaço.

Ninguém.



sexta-feira, 6 de setembro de 2002

...

Desculpa.

Doente.

Sem vontade.

Sem palavras boas.

O dia foi chato.

E era pra ter sido tão bom.

Se dependesse só de mim...

Mas foi bem ruim.

Apesar das crianças lindas que me alegraram um pouco.

E do aniver da Rosinha, com as minhas grandes amigas de sempre.

Mas cada um vai pra sua vida depois do jantar.

And I'm here. Still here. Always here.



Wish me a good night of sleep, please.

I really really need it.



Boa noite pra você,

que está aqui dentro e não devia.

Que tem complicado bastante a vida, e não devia.

Que anda estourando demais, à toa, e não devia.

Um dia você vai entender como não vale a pena, e como não devia.

Amar é mais legal.

E a vida é mais simples do que isso.

quinta-feira, 5 de setembro de 2002

Da série "é cafona mas é legal"

Descobri aqui and you can try it there.

Um ESPELHO... claro.
A que eu canto é esta:



Quando a noite traz o silêncio

Estou sozinho, então eu penso

Como fui deixar você se afastar de mim

Vejo a vida passar sem graça

No vazio dessa casa fico a imaginar

Você parece estar aqui



Pode ser que eu esteja sonhando demais

Só eu sei quanta falta você me faz



Eu me rendo

Não dá pra te esquecer

Sei que estou te perdendo

Em cada amanhecer



Vou vivendo

Do pouco que ainda restou desse amor



Em Cada Amanhecer, Fábio Jr. Acústico






Mas eu queria que a gente se cantasse esta:



Sabe, eu vou tentar de novo

Chega de chorar, cansei



Baby, eu vou te amar de novo

Como sempre eu te amei



Se a tempestade vem

Sei que vai passar, meu bem



Tudo vai ser muito bonito

Me peça pra ficar, eu fico



Agora é pra valer, só eu e você

Fazer de conta que nada mudou

E recomeçar, te reconquistar

Continuar de onde a gente parou



Eu aprendi, chorei e sofri

Quase morri de saudade

Meu coração tá pedindo perdão

Pra você que é mais que minha mulher

Minha outra metade



Minha Outra Metade, Fábio Jr, Acústico


Dor de cabeça

Quando a cabeça dói pode ser o corpo e pode ser a alma.

Quando a cabeça dói o frio aumenta, a fome é estranha, o sono quer vir mas incomoda.

Será que o que dói é só a cabeça?



Acordei de tarde.

Comi pizza.

Escutei saudade.

Perguntei sobre amanhã.

Tomei banho.

Cortei a manga da blusa.

Usei aquela calça.

Tive dores no ensaio.

Não era a cabeça.

Relembrei o texto.

Tentei decorar a música.

Esqueci a seqüência.

Acertei um pedaço.

Percebi que não vai mudar.

Senti que não quero aquilo.

Calcei o tênis com calma.

Quase não quis levantar.

Ofereci um jantar.

Dei uma carona.

Fiquei com umas vontades.

Tive algumas preguiças.

Constatei uma angústia indevida.

Tentei telefonar.

Desisti do show.

Passei no Mc.

Quase não devolvo os filmes.

Não assisti de novo.

Tentei ligar para eles.

Estou com saudades.

Comi demais.

Falei no telefone.

Cansei um pouco.

A cabeça dói muito.

E tem mais coisa que dói.











quarta-feira, 4 de setembro de 2002

Ninica

Quero deixar bem registrado aqui que quem me deu o CD do Fábio foi a Ninica...

Contei pra ela a história e ela se sensibilizou... Né, Nica?

Caligrafiazinha da Estrela!

Eu amei, cê sabe.

Cê sabe.



E esse jeito de escrever em amarelo foi homenagem mesmo...



:)







A Música do Fábio



Espera aí.

Nem vem com essa história.

Nem quero ouvir.

Não dá pra te esquecer agora.

Como assim?

Cê disse que me amava tanto ontem.

Eu juro que ouvi.



Calma aí

Mas que diabo você tá dizendo agora?

Que onda é essa de outro lance pra viver?

Você não pode estar falando sério

Vivi pra você

Morri pra você



Pois então vai

A porta esteve aberta o tempo todo

Sai. Quem tá lhe segurando?

Você sabe voar

Vai. A porta na verdade nem existe

Sai, sai. O que é que tá esperando?

Você sabe voar



Então tá bom

Senta e conta logo tudo devagar

Não minta. Não me faça suportar

Você caindo nesse abismo enorme

Tão fora de mim



Tá legal

E eu faço o quê com a nossa vida?

Genial

Cê vai viver pra outra vida

E eu fico aqui

Na vida que ficou em minha vida

Tão longe de mim

Tão perto de mim



Mas se quiser vai

A porta esteve aberta o tempo todo

Sai. Quem tá lhe segurando?

Você sabe voar

Vai. A porta na verdade nem existe

Sai, sai. O que é que tá esperando?

Você sabe voar

De volta pra mim



Se quiser vai, Fábio Jr. Acústico




É incrível como quem a gente ama sabe o quem tem dentro da gente.

Será que você sabe voar... de volta pra mim?

Eu sei que não. Talvez ainda. Talvez sempre.

A porta na verdade talvez nem exista mais.


da janela
Que surpresa feliz.
Hoje fui , como de costume, porque adoro olhar por aquela janela. E ele me deixou ao sol uma das maravilhosas coisas que escreve. Li, reli, não canso de ler e reler... Mas de pensar, me canso demais às vezes, ainda sem querer. E ele me fez, me faz pensar sempre. Dele não me canso nunca, por isso continuo pensando, sim, no que escreveu, ainda que um pouco com cada face do espelho, para descansar... Obrigada.

Um trecho do que vi hoje da janela:

Alegórica mulher, a Prudência tem duas faces. Mirando-a, encontramos uma corriqueira face humana. Uma, apenas. O alegorista, que a esta dama nos faz ver, por um significativo artifício, escondeu seu segundo rosto na face de um espelho. Quase ingênua, um tanto alheia, esta senhora Prudência olha a si, à sua outra face, que se posta sobre a externa face de vidro. Enfeitiçada ou perdida parece esta mulher, imersa que está na grandiosa tarefa que este atributo, seguro em sua mão esquerda, lhe parece ditar: ?examine seus defeitos?, ?conheça a si própria?.

Ora, sua face oculta, a outra face, nada mais é que a primeira, em imagem especular. Invertida, mas não menos real que a outra ? pois quem poderia afirmar, com toda certeza, qual rosto mira a qual? Não é a segunda face a da beleza, com a qual tendemos nos ver: é a dos defeitos, nosso renegado rosto sombrio.

Mas, perigo, há: o de ver nossa outra face: conhecer a si próprio não é tarefa que se cumpre impunemente. (...)

de René Boli

terça-feira, 3 de setembro de 2002

O sonho
Quem eu mais amo esteve aqui essa noite.
Nunca imaginei que isso pudesse acontecer.
Era um sonho. E realmente aconteceu.
O encontro era da turma da faculdade.
Éramos seis, sete, oito, doze...
Não comseguimos avisar todos, outros não podiam, outros não sei.
E então fomos quatro.
Para mim, todos.

Rimos muuuuuuito, lembramos muuuuito...
Lemos o PCM, desacreditamos das nossas peças - ridículas.
Escutei que eu só escrevia o que queria - eu digitei e diagramei o trabalho in-tei-ro!!
Mas era porque eu gostava mesmo e quis fazer isso.
Ouvi que eu era detalhista, perfeccionista... chaaaaata...
Que sempre chegava atrasada de manhã nos findis,
que fiz cinco pesquisas enquanto cada uma fez 58... risos,
que eu inventei e cismei de colocar aqueles textos e aquelas figuras
no começo de cada capítulo na semana de entrega do trabalho.
Falamos da última noite varada, muito café, muito desespero,
plano de mídia, Meu Deus!... Fogão em vez de geladeira...
É economicamente viável? Era, graças aos céus.
Sentimos saudades da Sandra, professora de português.
Sentimos muitas saudades de muita coisa.

Mas ninguém sentiu saudades como eu.
Porque naquelas lembranças está pra mim muito mais do que os tempos de ESPM.
Naquelas lembranças estão os anos mais felizes da minha vida.
E quem fez tudo ser como foi estava aqui... depois de tanto tempo. Igual.
Quem eu amo.

Na hora de ir embora eu fui conhecer o carro novo: GIG. Como o primeiro que conheci.
O cd novo que eu tinha que escutar: Fábio, como o primeiro que escutei.

Pensei em trazer um pra você mas pensei que você já tivesse...
E também, sei lá, se eu te desse um CD do Fábio, não sei o que cê ia pensar...
Tudo bem. Eu entendo.

Olha essa música!
Talvez você não goste porque é triste... pra você.
Mas é linda, escuta:
(A música é "Se quiser vai" - depois coloco a letra aqui.)
É triste mesmo, pra mim, mas é linda...
É lindo você me mostrando isso.
É lindo ter pensado em me dar esse CD.
Mas eu te entendo, não se preocupe.

cd fábio acústico

Está tudo lá, tudo continua lá, nós continuamos lá, somewhere around that soul.
Mas não, não pode. Não pode ser. Não é isso que eu quero pra minha vida.
Eu entendo. Juro. Eu entendo. Eu também não queria que fosse assim.
Eu torço por você. Eu quero tanto te ver feliz desse jeito que você quer que seja.
Mas, olha... se não der certo, me liga.
Tá bom, cara de pau, eu ligo.
Rimos. Chorei. Mas foi bonito. Verdadeiro. Entendível. Suportável.
Depois de tanto tempo estivemos lá, nós, de verdade. Finalmente.
E eu te amo. Te amo pra sempre, não tem jeito. Eu te amo pra sempre.

Foi muito, muito bom conversar.
Obrigada, mais uma vez.
Você podia ser menos tudo, né,
assim eu conseguia te deixar pra trás.
Talvez...

domingo, 1 de setembro de 2002

Consagradas

Deus está sempre comigo, eu sei.

Mas já esteve muito, muito mais vivo, muito mais perto, muito mais amado.

E eu também sei disso, e não acho nada, nada bom que seja assim.

Como a velha comparação com a maratona, se você não treina, não vai correr bem.

Então, minha fé, que já esteve tão em forma, foi ficando lá, largada, abandonada, sedentária.

E hoje está qualquer coisa que me falta, que eu sei que pode ser que seja TUDO o que me falta.

Mas o assunto me veio hoje por coisas boas, por lembranças que me invadem de alegria.

Há alguns anos, quando eu era mais feliz e Deus, portanto, tinha um lugar enorme e vivo em mim,

conheci algumas das pessoas que mais tiveram importância na minha vida... Lucia, Yoli...

E com elas estão hoje duas das amigas mais maravilhosas e especiais que já tive: A e a Tatá.

Quero falar um pouco destas para depois falar daquelas.



Lô é Luciana Lotito.

Minha melhor amiga do Santo Américo desde a primeira série primária.

A gente se defendia com unhas e dentes. Éramos fortes e dedicadas. Risos.

Ganhávamos sempre no pebolim, no snooker, batendo figurinha, jogando volley.

Ela era "certinha", e eu, super a fim de uma aventura, de uma briga, de uma bagunça.

Coitada, vivia comigo na diretoria porque eu fazia as coisas erradas e carregava a Lô de carona.

Mas o melhor da vida foi nosso ataque de riso na cara da Dona Dulce. Des-con-tro-la-das.

Imagina duas meninas da quarta série gar-ga-lhan-do na sala da diretora.

Uma hora ela desistiu de brigar e mandou a gente sair... Fazer o quê? Muito engraçado.

Bom, fomos sempre amigas desde sempre. Teve gente tentando "roubar" a Lô de mim pelo caminho...

Tipo a Laura que dava cheeseburgers pra ela todos os dias na quinta série

- e eu só tinha dinheiro pra pão-de-queijo... Muitos risos!!!!

Ha ha ha ha... essa é a típica história que só quem conviveu conosco pode entender.

Mas o fato é que a nossa amizade era mais forte que tudo e nunca nos afastamos.




Tatá é Elena, Elena Sofia de Bourbon,

minha amiga princesa, real, a melhor pessoa do mundo (junto com minha tia Odila)

Tatá entrou na escola na oitava. De cara a gente reparou nela.

Mas confesso que no começo eu e a Lô, impossíveis, ficávamos imitando Elena.

Ela era séria, tem um rosto comprido e engraçado quando a gente ainda não conhece. E lindo!

Lô e eu subíamos as escadas assim meio atrás dela, e fazendo aquela cara típica da Tatá...

Mas sempre soubemos que ela era muito especial. Meu Deus! Que pessoa especial!

Com o tempo, Tatá se tornou a mais importante de todas nós.

Pra mim ela era tudo. Era o meu exemplo, minha linha condutora, meu ponto de equilíbrio.

Quando eu tinha dúvida sobre alguma decisão, pensava: o que Tatá faria?

E sempre, sempre tentava fazer como ela. Ela era o meu Deus, o meu Cristo na terra.

Claro que preciso lembrar aqui a única bebedeira da vida dela,

no Mestre das Batidas, no nosso último dia de aula do terceiro colegial.

E isso a gente filmou!! Pra eternidade. Tá lá na casa da Rosinha!

E tem ainda aquela aula de química em que o Nicolau chegou com uma lupa

e disse que ela permitia ver através do tecido das roupas...

Discretamente a Elena pegou o caderno e colocou na frente do peito.

Claaaaaaaro que a gente viu, quase fez xixi na calça de rir,

e encheu ela com isso o resto da vida.




Quando a Mi morreu, nos tornamos mais unidas ainda.

Nossas almas se uniram pra sempre.

Não há distância que separe isso.



Tatá e Lô são hoje mulheres consagradas.

Eu não as vejo há mais de dois anos. Mas sei que estão sempre comigo.

Elena mora na Espanha - se não me engano, e a Lô está no México.

Elas deixaram tudo pra se dedicar a Deus.

E, acreditem, "tudo" que eu digo aqui é muita, muita coisa mesmo.

E se eu ainda tinha alguma dúvida sobre a força da "vocação", depois delas não tive mais.

A vida delas é linda. A felicidade é incontestável. O Amor é... tudo!

Foi muito difícil no começo, aceitar essas escolhas. Eu sofri, claro.

Mas era egoísmo meu, afinal a dor era a de não tê-las mais aqui.

Mas a amizade então era querer vê-las felizes...

então aprendi a aceitar a ausência física delas.

E elas se tornaram os meus anjos-da-guarda.



E aquelas, quem são?

Lucia e Yoli.

Lucia é meio chilena, meio argentina. Yoli é espanhola.

Quando elas chegaram a SP, e até nós, já eram consagradas

e traziam o Movimento Regnun Christi pra cá.

Yoli era a diretora.

Lucia, a missionária mais apaixonante - e apaixonada - que já conheci.


Minha história de amizade forte com a Yoli veio com o tempo.

Tive nela muito de mãe espiritual, muito de amiga, e uma cumplicidade bonita e abençoada.

Sinto falta dela e sei que ainda vamos nos encontrar bastante nessa vida.

Já com Lucia foi diferente... Não veio com o tempo. Foi imediato, pleno.

Eu me apaixonei por ela de cara. Amor à primeira vista. Risos.

Mas é verdade. Amor por ela, pela missão, pelas histórias, pela fé daquela mulher...

Lucia era, e é, pra mim o reflexo da maior felicidade e realização pessoal e espiritual possível!

Conhecê-la é uma benção de Deus.

O tempo que ela passou no Brasil foi pra mim um tempo importante demais.

E quando ela foi embora foi tão triste e difícil como me desligar da Tatá e da Lô,

como se eu conhecesse a Lucia desde pequena, e tivesse vivido sempre com ela por perto.



E foi Lucia que trouxe tudo à tona em mim hoje.

Começou com uma saudade da Lô e tentei achá-la, mas não encontrei o telefone do México.

Tentei falar com a Yoli no Rio, também não consegui.

Entrei, então, no site do Colégio Everest, uma das escolas do Movimento.

De lá, pulei para o site do Reino e alguma coisa me puxava para algum lugar lá dentro.

Fui passeando, procurando... e... de repente... lá estava ela: Lucia!

Entre mais de 300 consagradas que poderiam dar testemunho, era ela que estava lá.

E, provavelmente, porque Deus tem tentado falar comigo e eu... não sei... não escuto.

E tão generoso que é, me deu este presente: Lucia!!

O testemundo dela, que é incrível.

E que eu já estava com tanta, tanta saudade de ouvi-la contar:





++++++++ Lucia: Un camino de amor para dar amor ++++++++





Lucia, continuo aqui... Até quando será?

Yoli... Três Ave Marias, três Pai Nossos...sempre.

Lô, Tatá... que saudade!

Eu sei que Deus permanece em mim por vocês.

Eu sei que vocês me guardam nas orações diárias.

Eu sei que eu talvez esteja no lugar errado.

Mas ainda não sei tudo. Continuo tentando descobrir.

Sei que amo vocês.

Obrigada.

Amém.







Nada

Nada que valha a pena contar.

Nada que valha a pena.

Eu não quero mais isso.

Nada disso.

Nada.

Preciso dar um rumo a essa vida.

Preciso largar tudo isso que não me serve.

Parar com essa idiotice de achar que diminui o vazio.

N!ao.

Aumenta.

Preciso muito que alguma coisa aconteça.

Ou uma tragédia ou um milagre.

Mais que tristeza ou mais que alegria.

Essa coisa nada e ainda embrulhada em sofrimento não dá mais.

Preciso de alguém aqui inteiro.

Senão é nada.

Preciso de alguém que faça questão.

Alguém que realmente se importe.

A partir de amanhã vai ser diferente.

E não serei mais eu a ir, e pedir, e fazer, e tentar e implorar sempre.

Enquanto tiver de ser eu, náo será.

Até que a vida se canse, ou até que alguma coisa aconteça.

Vontade de dormir uma semana.

E não faria falta nem pra mim.

Não quero mais.

E dessa vez eu vou cumprir.

Porque há em mim um diferente. Como daquela vez.

A gente sempre sabe quando há algo de novo no vento.

No vento que traz pra cá... nada.



Tenho muito sono.