terça-feira, 10 de setembro de 2002

NOVE DE SETEMBRO

E ontem é um dia abençoado.

As duas melhores pessoas que tive na vida -

e melhores no sentido de serem boas, BOAS mesmo,

nasceram no dia 9 de setembro.

A Táta, de quem já falei aqui.

E a minha tia Odila, pessoa mais linda que já existiu,

razão da minha vida, minha alegria, minha maior saudade.

Tia Odila morreu no ano passado.

Este foi o primeiro aniversário dela sem ela.

Mas estamos cada um num canto, meus pais lá, Dani longe, eu aqui...

Nem falamos nisso. Mas tenho certeza de que ninguém se esqueceu nem por um minuto do dia.

E ela está lá, linda, eu sei, cuidando da gente direitinho.

Dídi, eu te amo pra sempre e sinto sua falta como quem perdeu um braço, uma perna, um pedaço da alma.

A gente se vê ainda, eu sei.



...



Ela cantava os dizeres dos letreiros do caminho



Sinto a falta dela como uma dor de dente. Uma dor de parto sem o filho depois. Os domingos não têm mais aquela luz. As ruas não têm mais aqueles letreiros. Ela lia todos. Todos os domingos. Na ida e na volta. Eram os mesmos, mas ela lia todos. Cantava-os às vezes. Ela cantava os dizeres dos letreiros do caminho. Parece brincadeira. E era a minha alegria. Ela me alegrava a hora, o dia, a semana e a vida inteira. Não há um dia em que eu não pense nela. E não há um pensamento que não doa. Quantas vezes o impulso de pegar o telefone foi mais forte do que a razão, fatal: ela morreu, não está mais, não vai atender. Ela não pode mais me dizer o que achou do que vimos agora na TV. Não vai mais lamentar comigo o rapaz que perdeu o milhão. Nem vai correr para ver o Tio Dinho no Túnel do Tempo. E o tempo não tira dos meus ouvidos a música que só ela sabia cantarolar. A música do caminho. Da ida e da volta.






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