domingo, 1 de setembro de 2002

Consagradas

Deus está sempre comigo, eu sei.

Mas já esteve muito, muito mais vivo, muito mais perto, muito mais amado.

E eu também sei disso, e não acho nada, nada bom que seja assim.

Como a velha comparação com a maratona, se você não treina, não vai correr bem.

Então, minha fé, que já esteve tão em forma, foi ficando lá, largada, abandonada, sedentária.

E hoje está qualquer coisa que me falta, que eu sei que pode ser que seja TUDO o que me falta.

Mas o assunto me veio hoje por coisas boas, por lembranças que me invadem de alegria.

Há alguns anos, quando eu era mais feliz e Deus, portanto, tinha um lugar enorme e vivo em mim,

conheci algumas das pessoas que mais tiveram importância na minha vida... Lucia, Yoli...

E com elas estão hoje duas das amigas mais maravilhosas e especiais que já tive: A e a Tatá.

Quero falar um pouco destas para depois falar daquelas.



Lô é Luciana Lotito.

Minha melhor amiga do Santo Américo desde a primeira série primária.

A gente se defendia com unhas e dentes. Éramos fortes e dedicadas. Risos.

Ganhávamos sempre no pebolim, no snooker, batendo figurinha, jogando volley.

Ela era "certinha", e eu, super a fim de uma aventura, de uma briga, de uma bagunça.

Coitada, vivia comigo na diretoria porque eu fazia as coisas erradas e carregava a Lô de carona.

Mas o melhor da vida foi nosso ataque de riso na cara da Dona Dulce. Des-con-tro-la-das.

Imagina duas meninas da quarta série gar-ga-lhan-do na sala da diretora.

Uma hora ela desistiu de brigar e mandou a gente sair... Fazer o quê? Muito engraçado.

Bom, fomos sempre amigas desde sempre. Teve gente tentando "roubar" a Lô de mim pelo caminho...

Tipo a Laura que dava cheeseburgers pra ela todos os dias na quinta série

- e eu só tinha dinheiro pra pão-de-queijo... Muitos risos!!!!

Ha ha ha ha... essa é a típica história que só quem conviveu conosco pode entender.

Mas o fato é que a nossa amizade era mais forte que tudo e nunca nos afastamos.




Tatá é Elena, Elena Sofia de Bourbon,

minha amiga princesa, real, a melhor pessoa do mundo (junto com minha tia Odila)

Tatá entrou na escola na oitava. De cara a gente reparou nela.

Mas confesso que no começo eu e a Lô, impossíveis, ficávamos imitando Elena.

Ela era séria, tem um rosto comprido e engraçado quando a gente ainda não conhece. E lindo!

Lô e eu subíamos as escadas assim meio atrás dela, e fazendo aquela cara típica da Tatá...

Mas sempre soubemos que ela era muito especial. Meu Deus! Que pessoa especial!

Com o tempo, Tatá se tornou a mais importante de todas nós.

Pra mim ela era tudo. Era o meu exemplo, minha linha condutora, meu ponto de equilíbrio.

Quando eu tinha dúvida sobre alguma decisão, pensava: o que Tatá faria?

E sempre, sempre tentava fazer como ela. Ela era o meu Deus, o meu Cristo na terra.

Claro que preciso lembrar aqui a única bebedeira da vida dela,

no Mestre das Batidas, no nosso último dia de aula do terceiro colegial.

E isso a gente filmou!! Pra eternidade. Tá lá na casa da Rosinha!

E tem ainda aquela aula de química em que o Nicolau chegou com uma lupa

e disse que ela permitia ver através do tecido das roupas...

Discretamente a Elena pegou o caderno e colocou na frente do peito.

Claaaaaaaro que a gente viu, quase fez xixi na calça de rir,

e encheu ela com isso o resto da vida.




Quando a Mi morreu, nos tornamos mais unidas ainda.

Nossas almas se uniram pra sempre.

Não há distância que separe isso.



Tatá e Lô são hoje mulheres consagradas.

Eu não as vejo há mais de dois anos. Mas sei que estão sempre comigo.

Elena mora na Espanha - se não me engano, e a Lô está no México.

Elas deixaram tudo pra se dedicar a Deus.

E, acreditem, "tudo" que eu digo aqui é muita, muita coisa mesmo.

E se eu ainda tinha alguma dúvida sobre a força da "vocação", depois delas não tive mais.

A vida delas é linda. A felicidade é incontestável. O Amor é... tudo!

Foi muito difícil no começo, aceitar essas escolhas. Eu sofri, claro.

Mas era egoísmo meu, afinal a dor era a de não tê-las mais aqui.

Mas a amizade então era querer vê-las felizes...

então aprendi a aceitar a ausência física delas.

E elas se tornaram os meus anjos-da-guarda.



E aquelas, quem são?

Lucia e Yoli.

Lucia é meio chilena, meio argentina. Yoli é espanhola.

Quando elas chegaram a SP, e até nós, já eram consagradas

e traziam o Movimento Regnun Christi pra cá.

Yoli era a diretora.

Lucia, a missionária mais apaixonante - e apaixonada - que já conheci.


Minha história de amizade forte com a Yoli veio com o tempo.

Tive nela muito de mãe espiritual, muito de amiga, e uma cumplicidade bonita e abençoada.

Sinto falta dela e sei que ainda vamos nos encontrar bastante nessa vida.

Já com Lucia foi diferente... Não veio com o tempo. Foi imediato, pleno.

Eu me apaixonei por ela de cara. Amor à primeira vista. Risos.

Mas é verdade. Amor por ela, pela missão, pelas histórias, pela fé daquela mulher...

Lucia era, e é, pra mim o reflexo da maior felicidade e realização pessoal e espiritual possível!

Conhecê-la é uma benção de Deus.

O tempo que ela passou no Brasil foi pra mim um tempo importante demais.

E quando ela foi embora foi tão triste e difícil como me desligar da Tatá e da Lô,

como se eu conhecesse a Lucia desde pequena, e tivesse vivido sempre com ela por perto.



E foi Lucia que trouxe tudo à tona em mim hoje.

Começou com uma saudade da Lô e tentei achá-la, mas não encontrei o telefone do México.

Tentei falar com a Yoli no Rio, também não consegui.

Entrei, então, no site do Colégio Everest, uma das escolas do Movimento.

De lá, pulei para o site do Reino e alguma coisa me puxava para algum lugar lá dentro.

Fui passeando, procurando... e... de repente... lá estava ela: Lucia!

Entre mais de 300 consagradas que poderiam dar testemunho, era ela que estava lá.

E, provavelmente, porque Deus tem tentado falar comigo e eu... não sei... não escuto.

E tão generoso que é, me deu este presente: Lucia!!

O testemundo dela, que é incrível.

E que eu já estava com tanta, tanta saudade de ouvi-la contar:





++++++++ Lucia: Un camino de amor para dar amor ++++++++





Lucia, continuo aqui... Até quando será?

Yoli... Três Ave Marias, três Pai Nossos...sempre.

Lô, Tatá... que saudade!

Eu sei que Deus permanece em mim por vocês.

Eu sei que vocês me guardam nas orações diárias.

Eu sei que eu talvez esteja no lugar errado.

Mas ainda não sei tudo. Continuo tentando descobrir.

Sei que amo vocês.

Obrigada.

Amém.







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