sábado, 27 de dezembro de 2003

Depois do Natal

Amor à parte, devo dizer que o Natal pra mim perdeu um pouco o sentido e eu preciso e quero recuperá-lo. Eu acredito em Jesus Cristo. Eu acredito que o Natal é porque Ele nasceu em 25 de dezembro. Eu gosto de acreditar nisso, e quero acreditar. Além de realmente acreditar. Porém, está tudo invisível nos últimos anos... De uma forma geral e ampla, e também aqui, no meu micro-mundo, a minha família. É que sem a minha tia nada me importa muito na noite de natal. Não tenho mais aquele impulso de falar e rezar antes que se comece a comer... Não tenho mais minha irmã aqui também. Ficou uma tristeza que me esvazia. Fico, então, com as crianças e espero, no fundo de mim, que isso de alguma forma me mantenha próxima a Deus no natal. Porque mais nada tem feito isso. E é triste. E eu queria que fosse diferente, que voltasse ao que era antes. Queria voltar a sentir e a agir. Deus? Me ajuda?



Se você acreditasse seria um pouco mais fácil pra mim.

Ou, sei lá, seria melhor de alguma forma.

Mas eu respeito sua não-fé.



Por falar em você, que bom nosso primeiro fim de ano together... esse tempo de festas, e presentes, e um espírito-santo no ar. Que bom amar de novo e viver com você esse tempo de tanto amor. Que bom.



Nosso ano novo vai ser lindo, você vai ver.



Eu te amo.

Feliz Natal.

Que a gente resnasça do que não é bom, e seja cada vez melhor.

Amém.



PS: De modo que, então, a Dona Ana Maria foi convidada pro aniversário de Jesus e não poderia faltar.

Queria que a senhora tivesse sido minha avó também... tão linda e especial. Um beijo.

E, por favor, procure aí pela minha tia Odila. Vocês duas vão se dar muito bem!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2003

O primeiro poema pra você



Meu amor,

hoje eu te disse que voltaria a fazer poesia.

hoje eu te disse que ia escrever pra você.

Você é poesia. Como te escrevo?



Como te escrevo, meu amor?

Te escrevo de caneta pra não apagar nunca mais.

Mas isso eu já sabia.



Te escrevo, poesia.

Um farol, um sol, um luar

O fim do mar não enxergo,

mas a luz é você.



Qualquer coisa que eu dissesse,

qualquer hino, qualquer canção,

Qualquer idolatria...

Eu que quase não via, vi.



Fica assim, hoje.

Sem fim.

terça-feira, 4 de novembro de 2003

A vida longe daqui...

Pois é, que coisa louca...

De repente esse meu refúgio foi substituído por um amor.

Um amor tão maravilhoso na minha vida real.

Não que as palavras aqui não sejam reais.

O que registrei neste espelho reflete o mais real de mim...

Meus sentimentos, minhas sensações, minhas angústias...

Mas, de repente, para registrar as alegrias não tenho tempo.

Simplesmente isto: não tenho tempo.

Talvez porque quando a gente volta a ser feliz assim, de repente, por amor, não há tempo para mais nada que não amar.



Então em vez de escrever diários, escrevo dias de amor. Em vez de escrever poesia, escrevo cartas de amor. Em vez de escrever contos, escrevo uma linda história de amor. E desta vez não tem nada de hiperbreve. Tomara que seja hiperlongo, hipersempre, hiperlindo, hipertudo.



Aqui nunca tive regras. Como não tenho.

Este espelho de mim é assim. Permanece aqui. Assim.

Às vezes venho escrever nele... Às vezes não...

Mas minha imagem permanecerá aqui enquanto este espelho existir...



Ainda que a minha imagem atual - e tomara que eterna - de quem recuperou a felicidade, de quem reaprendeu a viver... de quem re-amou... Ainda que essa imagem nova e feliz não combine com o fundo deste espelho, isso tudo sou eu, claro. Isso tudo me ajudou a reconstruir em mim o que desmoronava... Ajudou a me deixar pronta pra ser feliz de novo.



Portanto, espelho espelho meu, se um dia eu te perguntei se existia alguém mais triste do que eu, esqueça...

Hoje nem preciso perguntar... Mais feliz do que eu não há. Mordi a maçã do amor. E a bruxa má morreu.





Que presentes te daria

Uma estrela vã do firmamento

Pra iluminar o vão do pensamento

Pra iluminar o vão do pensamento



Uma TV na garantia

Arvores plantadas no cimento

E o meu perfume na rosa dos ventos

E o meu perfume na rosa dos ventos

E o meu perfume na rosa dos ventos



Um novo ritmo

Cartas de amor com frente e verso

E meu percurso nesse universo

E meu percurso nesse universo

E meu percurso nesse universo



Nas horas sem fim

Em que a dor não tem mais cabimento

É no teu prumo que eu me oriento

É no teu prumo que eu me oriento

É no teu prumo que eu me oriento



Catedrais de alvenaria

Senhas pra não mais perder a vez

Casa, comida e um milhão por mês

Casa, comida e um milhão por mês

Casa, comida e um milhão por mês



Os presentes - Kleber Albuquerque

sábado, 13 de setembro de 2003

Dois meses...

Eu que escrevia tanto, de repente, há dois meses não paro aqui pra uma palavra.... E então estive me perguntando se só escrevo na tristeza, na solidão, na falta, na ausência. Acho que um pouco, sim, outro pouco trata-se mesmo de tempo. De ter e não ter tempo. De ocupá-lo com isso ou com aquilo. O tempo, afinal, que enfim me curou, me amenizou as dores, me trouxe um amor novo e lindo... O tempo que voa quando a gente quer ficar mais um pouco e que demora tanto a passar quando a gente não vê a hora de chegar. O tempo que ao mesmo tempo é tudo e não é nada, porque ele simplesmente "passa". Incrível o pensar... Mais incrível o pensar no tempo. Pense. Será que o Tempo é Deus?



Não sei.



Mas sei que meus dias andam cheios de sol e apesar de mil coisas não irem lá tão bem, quando o coração está preenchido de coisas lindas, a gente acaba levando todo o resto de um jeito que se vive feliz, com alguma alegria que tira o peso das coisas, com vontade do futuro e com um monte de planos e desejos...



Se o tempo desta vez vai ser generoso, e nos manter "em duo" por muitos e muitos anos, não dá pra saber, mas "que seja infinito enquanto dure".



Posto que é chama...



Um sopro de amor a todas as pessoas boas que passam por aqui.

E um beijo pro meu amor. Obrigada por tantos dias deliciosos.



quinta-feira, 14 de agosto de 2003

Um carinho de Deus

Há um mês a minha vida voltou a ter graça.

Faz um mês. E durante esse mês não perdi cada segundo, cada instante de alegria, cada sorriso escancarado, cada olhar de saudade seguido do abraço mais apertado que alguém é capaz de dar. Faz um mês que os meus desejos começaram a se realizar... Meus desejos de um amor tranquilo, de companheirismo e cumplicidade gratuitos, de compartilhar sem obrigação mas com prazer. Há um mês eu tenho paz e a melhor companhia do mundo. Sem questionamentos ruins ou cobranças tão desnecessárias. Faz um mês que a gente sente todos os dias só coisas boas, só vontade de nunca estar longe, só carinho, atenção, dedicação e amor. Há um mês nos tornamos melhores a cada manhã, construímos coisas, acumulamos experiências, nos ajudamos, nos animamos, nos damos motivos, razões e fazemos planos. De vez em quando passa lá longe um medinho qualquer... mas a felicidade é tanta que nem deixa espaço pra esses "serás" indesejados. Há um mês estamos vivendo essa fase maravilhosa de querer que o dia seja mais longo pra ter mais tempo junto. De querer não se largar. De passar horas conversando às vezes sobre as coisas mais profundas, às vezes sobre nada. De quase esquecer do resto do mundo e de tudo. Ao mesmo tempo, temos feito tanta coisa, em tantos lugares, com tanta gente... Há, sim, um equilíbrio que a gente nem percebe como, mas existe. É qualquer coisa inexplicável que transforma o que era "tanto faz" em "tudo me importa porque você existe e eu te amo".



Isso que eu estou sentindo e vivendo é o que eu desejo para todas as pessoas boas.

E é o que eu desejo também para as pessoas ruins, para que elas se tornem boas de tanto amor!



Eu sei que tudo isso é um carinho de Deus em mim.

Obrigada.



Tanto.

quinta-feira, 7 de agosto de 2003

A Menina Invisível

Eu queria escrever.

Mas agora meu tempo está ocupado em amar.

domingo, 27 de julho de 2003

Feliz Aniversário pra mim!

Feliz mesmo.

quarta-feira, 23 de julho de 2003

Da Ausência, Do Amor, Da Felicidade, E Outros Mistérios...

De repente. Não mais que de repente.

Estou preenchida, acolhida, inebriada.

Alguém que eu procurava, achei. Alguém que faltava, presente.

O tempo que sobrava, eu agora imploro pra passar mais lento.

O tempo pra gente nunca basta. Que saudade...

Nós nos bastamos. E eu estou feliz de novo.

Surpreendentemente feliz. Indescritivelmente feliz.



"Cada dia com você

recupera em mim

algo de bom que eu tinha perdido,

ou esquecido.

E eu estou voltando a ser melhor.

Pra você."



Obrigada.

Meus novos olhos.

Meus lindos olhos.

A sua lua.

A nossa descoberta diária...



Eu quero rir com você cada detalhe da nossa história.

Que só tem alegrias. Que vai ser sempre assim.



No palco, na coxia, na platéia.

E no silêncio.

E nas pausas nos silêncios.



Meu Deus, que bom que a vida voltou a ser vida por aqui.



Looooooura... Da cor da..... Vassoooooooura...

(Só pra terminar com a nossa risada boa, que me cura de tudo.)



Silêncio.

Tô indo...

terça-feira, 15 de julho de 2003

A Hora Em Que Começamos A Nos Conhecer
Quantas horas eu poderia ficar te olhando...
Quantas horas longas eu sinto passar num respiro...
Que horas serão, quando a gente for...?
Quem será que nós somos de toda essa gente que passa na praça?
Com hora, sem hora... Quem será que seremos?

Por enquanto basta se essas horas felizes bastarem.
A mim, me bastam. Tanto...

Gnhé Nhé Hmmrrrnhé SaUdadE Hmmmrrrr...
De repente fico rindo à toa sem saber por quê
E vem a vontade de sonhar de novo te encontrar
Foi tudo tão de repente, eu não consigo esquecer
E confesso tive medo, quase disse não
Mas o seu jeito de me olhar, a fala mansa meio rouca
Foi me deixando quase louca, já não podia mais pensar (...)
Cheiro de Amor, Maria Bethania


Distração
Se você não se distrai,
o amor não chega, num
a sua música não toca,
o acaso vira espécie de porta,
a alegria vira ansiedade
e quebra o encanto doce de te surpreender de verdade.

Se você não se distrai,
a estrela não cai,
o elevador não chega,
e as horas não passam.
O dia não nasce,
a lua não cresce,
a paixão vira peste,
o abraço armadilha.

Hoje eu vou brincar de ser criança
e nessa dança, quero encontrar você...
Distraída, querida...
perdida em muitos sorrisos
sem nenhuma razão de ser.

Se você não se distrai,
não descobre uma nova trilha,
não dá um passeio,
não ri de você mesmo.
A vida fica mais dura e o tempo passa doendo.(...)

Hoje eu quero encontrar você.


Distração, Christiaan Oyens e Zélia Duncan

segunda-feira, 14 de julho de 2003

Eu Sempre

...tive noites de sol no inverno desses dias.



Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter.

Saramago, A Ilha Desconhecida





Ah, se já perdemos a noção da hora

Se juntos já jogamos tudo fora

Me conta agora como hei de partir



Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios

Rompi com o mundo, queimei meus navios

Me diz pra onde é que inda posso ir



Se nós nas travessuras das noites eternas

Já confundimos tanto as nossas pernas

Diz com que pernas eu devo seguir



Se entornaste a nossa sorte pelo chão

Se na bagunça do teu coração

Meu sangue errou de veia e se perdeu



Como, se na desordem do armários embutido

Meu paletó enlaça o teu vestido

E o meu sapato inda pisa no teu



Como, se nos amamos feito dois pagãos

Teus seios inda estão nas minhas mãos

Me explica como que cara eu vou sair



Não, acho que estás te fazendo de tonta

Te dei meus olhos pra tomares conta

Agora conta como hei de partir




Eu te amo, Chico Buarque e Tom Jobim

sábado, 12 de julho de 2003

O Amor é sereno, tranquiliza.

Até quando acaba, acalma.


Lorena, em Mulheres Apaixonadas


Eu Nunca

Porque a gente tenta enganar o coração pra ver se a vida se engana e engana a gente um pouquinho. Mas a verdade é que "eu nunca" um monte de coisas... Nunca mesmo. Mas, como "nunca diga nunca" virou regra, quem sabe um dia... Assim, meio sem saber, por engano. Mas vai ser um engano, apesar de toda a minha verdade, de todo o meu carinho, de toda a minha vontade. Apesar de mim. Que posso estar enganada.



Fica dentro do meu peito sempre uma saudade

Só pensando no seu jeito eu amo de verdade

E quando o desejo vem é teu nome que eu chamo

Posso até gostar de alguém mas é você que eu amo.



Vou falar que é amor, vou jurar que é paixão

E dizer o que eu sinto com todo carinho pensando em você

Vou fazer o que for e com toda emoção...

A verdade é que eu minto que eu vivo sozinho,

Não sei te esquecer.



E depois acabou

Ilusão que eu criei

Emoção foi embora e a gente só pede pro tempo correr.



Já não sei quem me amou

Que será que eu falei?

Dá pra ver nessa hora

Que o amor só se mede depois do prazer




quinta-feira, 10 de julho de 2003

A Revolução

Feriado em São Paulo por causa da Revolução de 32.

A revolução que está acontecendo na minha vida não sei se tem feriado.

Ou se é um feriado constante porque eu estou sem forças pra outra coisa.

Eu disse: mãe, estou tão fraca. E choramos juntas. E estamos juntas.

Finalmente estamos juntas. Em revolução, mas juntas.

Sem feriado ainda, mas com possibilidades.



O Paraíso

Arriscar nem sempre acaba bem.

Hoje acabou. Arriscamos conhecer pessoas e foi divertido.

Não estivemos longe do paraíso mas vimos como é estar.

O filme de Julianne Moore é lindíssimo. Apesar de tão triste.

Ela é uma atriz que me deslumbra. Está desbancando Huppert.

Encena uma angústia contida que mata a gente por dentro.

Mas por isso mesmo é linda, linda demais de se ver. Dura, porém linda.

A angústia. A angústia. A angústia...

E, então, muito prazer, voltem sempre.

Com o tempo, chegaremos ao paraíso...

Porque ficar longe é muito sofrido.

E eu estou farta de sofrimentos contidos.



O Casal

Encontramos o meu casal querido no cinema.

Só não é TÃO querido porque a Debby é chata.

Mas o Raul compensa. Só o crime não compensa.



A Notícia

Mariela encontrou com eles.

Disse que estão bonitos...

Felizes, não sabe. Mas porque nunca achou.

É a opinião dela, eu respeito.

Não é certa, eu sei. Eles estão felizes, sim.

Não me doeu tanto...

Não sei mais o que é.

Não sei mais o que eu sinto.

Mas é ainda uma coisa, uma coisa sem nome.

E de tão sem nome, acho que vou acabar esquecendo.



A Memória

Procurando Nemo é imperdível.

Dor de barriga de tanto rir.

Uma facadinha pra quem anda em pé-de-guerra com o pai, como eu.

Mas o desenho é ma-ra-vi-lho-so!

Muito bom mesmo!

Mas... então...

Procurando Nemo é imperdível.

Dor de barriga de tanto rir.

Ahn? Já falei isso...??

Ah, tá?... É que me esqueço...

Mas, olha, Procurando Nemo é imperdíveeeeel!!



O Sono

Durma com os anjos e sonhe comigo...

...pra um dia dormir comigo e sonhar com os anjos.



O Cheiro

Pra dormir com ele.



O Tempo

Passa.

segunda-feira, 7 de julho de 2003

Esses dias, pobres dias...

Tem dias que me choram palavras mas eu não acho o que quero dizer. Hoje estou assim, indizível. Nem Clarice me diz hoje. E nem motivo tem. É esse não-ser que continua em mim. Esse vazio de alguém. Essa falta de quem saiba de tudo, de ontem, de hoje, de amanhã. Quem divida cada instante sem que eu tenha de explicar muito. Queria aquele olhar que mata a gente de alegria. Aquela alegria. Que vida chata. Que desrumo. Que desmundo.



O Inspetor Geral de Quito

Mesmo indizível, fui ao teatro. Fui ver a peça da EAD, na USP. Fiquei feliz de ver uma coisa tão boa! Não é de hoje que quero me enveredar pelo mundo de clown da Quito. E depois de ver essa direção interessantérrima desse Inspetor Geral, realmente não sei o que estou esperando. Teatro sem palavras é tudo o que eu quero nesse momento mudo meu...



E... Vai, Carlos, ser gauche na vida!

sábado, 5 de julho de 2003

Quem acredita sempre alcança...

Renato Russo



(Será?)

sexta-feira, 4 de julho de 2003

Sans Sujet
"Ela vai ser pra sempre uma pessoa especial pra mim. Uma lembrança maravilhosa. Alguém que me fez querer ser melhor e que me melhorou. Alguém que me amou muito e me deu coisas maravilhosas, momentos sublimes, únicos. Mesmo sabendo que ela me trancou na gaveta e que talvez quisesse mesmo apagar tudo, e ME apagar pra viver a vida que ela escolheu e que acredita que vai fazê-la feliz, mesmo assim, eu tenho aqui todo o carinho do mundo por ela. Porque ela é honesta, leal, firme e boa. Eu respeito as decisões dela, por mais que me doa - e dói muito. Ela merece de mim toda a admiração do mundo. Porque no fundo, ela não foi covarde nem nada disso, ela foi sincera consigo mesma e está tentando achar o caminho. Tenho certeza de que se não estiver feliz, ela muda de novo, até ficar bem e realizada. Ela não é de se resignar também (como Clarice), ainda que tenha de ter feito isso por um período, para depois se encontrar... Vamos ver no que dá. Se você me perguntar, sim, eu queria que ela se desse conta de que pode ser feliz ao meu lado pra sempre. Mas talvez não possa, por mais que eu queira, ou quisesse, ou ame, ou amasse..."

quinta-feira, 3 de julho de 2003

Não perca a capacidade de se surpreender com coisas banais.

Aldy




segunda-feira, 30 de junho de 2003

Uma Vida Estranha

Cadê você...?

Que nunca mais apareceu aqui...


Nem sei cadê eu. Tô aqui mas é tudo tão estranho.

É uma ausência em mim de tudo e um esgotamento.

Coisas que eu não deveria sentir... Infelicidade que não me pertence.

Toma. Isso não é meu! Leva! Me deixa! Como é que entrou aqui?

E cadê, meu Deus, cadê eu? Será que eu era aquela, e voltei?

Será que os planos e a alegria eram da outra e a outra eu inventei ser eu?

A outra que nem era por si mas pelo amor, daquela, pelo sonho que acabou...?

Sei lá. Que estranha essa sensação de estranheza e sozinhês.

Quero inventar palavras pra ver se me explico para mimdentro.

Estou compliquinhada e desamparinhofaltada. Estou abandonadristinha.

Ou senão, nada disso estou... só me faltamplanmotivrazões e amortodamor.

Um motor de genteleza e essas coisinboas que embelegram a vida.

Há uma estação onde o trem tem que parar

Tô na contramão, te esperando pra voltar

Pra poder seguir, sem limites pra sonhar

Pois é só assim que se pode inventar o amor


Que loucura tanta coisa que aconteceu e nem parece.

Tanto ensaio, tanta dor, tanto tempo depois e revela-se uma fotografia.

Aí a gente pega e guarda no álbum... deixa lá. Até lembrar um dia de ver.

Imagina... Quem é que tranca na gaveta uma coisa dessas?

E o meu sofrimento ainda existe mas há uma anestesia geral, sei lá.

Pai, Mãe... essa gente que teve a gente sem a gente nem pedir.

E que a gente ama sem saber por quê... e que às vezes ficam lá no alto da torre.

Pai, Mãe... meus dois pedaços em partes tão diferentes de mim esses dias, esses tempos.

Sempre, eu acho. Mas hoje mais. E nunca mais vão se cruzar. Apesar de juntos toda a vida.

Nunca mais se cruzarão em mim. Há agora um abiiiismo que os separa em mim.

Que talvez só aumente. Bom? Ruim? Não, nada. Pelo menos por enquanto. Nada.

Ruim é meu pai pesar em mim. E minha mãe sofrer por mim.

Ruim é que não consigo convencê-los de que pode ser leve. Tudo. Leve.

Ou, então, se me levassem... resolvia de uma vez. Levezaída.

E eu estou sem. Sem muita coisa. E Sem Saída.

É tão difícil ficar sem você

O teu amor é gostoso demais

Teu cheiro me dá prazer

E quando estou com você

Estou nos braços da paz


A música toca, o rádio me cumplicia... nem sei de quê.

Mas o que me toca é um ar de que, se a vida segue, para algum lugar tem de ir.

Se eu quero? Na verdade não muito mais... Mas vou, estou, não tenho saída outra.

E quem não vem, não vem. Pode ser que esteja tudo aqui e eu não vejo.

Tanta poesia nesse mundo. Minha vida é uma gota e nem sei pra quê.

A gota dos Barbatuques sai da minha boca maior que a minha vida.

Que migalha, meu Deus! Que migalha cada um. Cada dois já não!

Dois não é gota. É mar, é oceano. É oito.

Num apartamento

Perdido na cidade

Alguém está tentando acreditar

Que as coisas vão melhorar... ultimamente

A gente não consegue

Ficar indiferente

Debaixo desse céu


E eu moro em casa, olha que coisa! Numa casa enorme, linda, cheia de amor.

Mas é um amor tão moldado. Um amor que se não tiver essa forma não serve.

É melhor do que amor nenhum, eu sei. Melhor do que família nenhuma.

Melhor do que muita coisa. É muito bom, na verdade. É sublime.

Mas que podia ser mais simples, ah, podia. A talevêzdequefaleilemcima.

E na medida do possível vai dando pra se viver.

Só não entendo como tenho coragem de dizer tudo isso.

De reclamar ou de sofrer, seja o que for...

Com tanto sofrimento devastador no mundo.

Eu não posso, meu Deus. Não posso sofrer. Reclamar nem um fiapo eu posso.

Peço perdão. Que possam me perdoar os semnada, os semnada, os semnada.

E que me perdoem osqueuamotanto.

Eu...

Sei que me disseram por aí,

E foi pessoa séria quem falou,

Que você tava com saudade

De me ver passar por aí...

Eu...

Sei que você disse por aí

Que não tava muito bem seu novo amor,

Que você tava mais querendo

Era me ver passar por aí...

Pois é... Esse samba é pra você, ô meu amor.

Esse samba é pra você

Que me fez sorrir,

Que me fez chorar,

Que me fez sonhar,

Que me fez feliz,

Que me fez amar...


E que os sonhos da gente continuem existindo.

E que a gente sonhe como quem tem fé em Deus.

Ou como quem não sabe fazer de outro jeito.

Que a gente sonhe pra não desistir da vida.

E que a gente ame no sonho do sonho do amor que se ama em sonho.

Já que sonhar é preciso, e viver não é. Navegar também é preciso...

Toca o barco. Me deixa dormir e sonhar. Me deixa um pouco em paz.

Eu sonho acordada também. Se não for assim, não tem jeito.

O sonho é sempre o mesmo, a vida também. O barco, não.

Que seja eterno enqüanto dure esse amor

Que dure para sempre

Que venha abençoado por Deus

Que seja diferente

Que tenha alegria

Que ponha fogo em mim

Quem é que não quer um amor assim


E de querer muito cantar pra espantar os males, fez-se o milagre.

E de acreditar tanto, pára de chover e nada se perdeu.

E de qualquer coisa, precisa acontecer o susto.

Aparece...

Quem acredita

Sempre alcança


Mas a realidade mata o sonho.

E eu preciso ir dormir.

Porque meu pai esmurra a minha porta às sete da manhã.

Porque esmurram a minha vida assim que o sol nasce.

E o sol sempre nasce.

Ainda bem que é luz.

Mesmo sem saída, a luz é sempre uma possibilidade.



Boa noite.

Bom dia.

Bom sol.

quarta-feira, 25 de junho de 2003

Um Dia Estranho

O namorado dela me ligou.

Tudo o que ele disse me comoveu muito

Com muita educação, delicadeza, honestidade.



Liguei pra minha mãe e disse: preciso conversar.

E conversei. Ou algo do tipo.

Espero que ela me perdoe por não ter podido mais não falar.

Não sei ainda se foi bom ou ruim, mas sei que era o que eu devia fazer.



Só o tempo vai dizer...

terça-feira, 24 de junho de 2003

Desabafo, ainda que tardio

Ai, tô tão cansada... Cansada mesmo, por dentro. Já não é de hoje que eu não quero mais brincar. Mas fico tentando, tentando. Agora tô me cansando de tentar. Não quero mais. Cansei. Cansei do inferno que é ser filha do meu pai. Cansei de ele ser tão legal mas infernizar a minha vida com regras e exigências. Eu não quero tomar conta de nenhum negócio, eu não me importo em ter milhões no banco, eu não quero, não quero! O que é que eu faria se não tivesse uma casa, comida, carro, roupa lavada? Sei lá, pai, eu ia me virar... Chega de me perguntar isso como se eu tivesse culpa de ter nascido nessa família. Eu cansei desse papo! O senhor cansou também? Cansou da bagunça do meu quarto? (Veja bem, eu tenho quase 30 anos!) Cansou de eu acordar às 9h e não às 6h? Cansou dos meus horários, da minha ausência? Ótimo, então tome uma atitude. Me mande andar, mas chega de me encher, pelo amor de Deus! Ah, que Deus, né...você nem acredita... Mas, na boa, eu não agüento mais! Não quero mais vir pra esse escritório só pra te agradar. Porque isso não significa nada pra mim. Não é assim que eu te agrado e que eu reconheço tudo o que você faz por mim - mas, diga-se de passagem, eu nunca pedi... foi você que quis ter filhos... - Eu te agrado e te demonstro isso de tantos outros jeitos... Mas nunca basta! É insuportável viver assim! A gente precisa calcular cada passo, catar cada migalha do chão... Eu cansei de ficar evitando te encontrar sozinho porque já sei que vem cobrança, reclamação, blá, blá, blá... Chega, juro! Já não bastasse todas as minhas frustrações que preciso administrar...Já não bastasse a falta de quem eu amo, que acarreta na falta de vontades, de planos, de tudo, ainda preciso viver nessa angústia com quem deveria ser meu porto-seguro, minha família, meus maiores amigos. Eu vou enlouquecer, vou explodir, sei lá pra onde eu vou. Mas desse jeito não agüento mais! Passei dessa fase, está na hora de vocês notarem. Trabalhei igual uma louca desde sempre. E a vida inteira tive de ouvir reclamações por causa disso. Agora resolveram me infernizar por qualquer outra coisa. Vocês vão me infernizar sempre, eu já entendi! Nada do que se faz está bom! Nada vale nada! Só vale acordar de manhã pra ir fazer dinheiro nesse "império" que você construiu! Mas não me interessa, será que dá pra entender? Se é esse o preço pra estar bem com vocês e merecer esse teto, esse carro, esses finais de semana e seja mais o que for que seu dinheiro pode pagar, então não quero! Eu não preciso de luxos, me perdoe. Mas EU NÃO PRECISO! Me deixa em paz um pouco. Olhe um pouco com bons olhos todo o meu esforço na direção de tantas outras coisas... Sei lá. faz alguma coisa que não seja me cobrar, cobrar, cobrar... Eu quero ir embora daqui, quero tirar esse peso das minhas costas. Porque é um peso, sim. Foi um peso a vida inteira. E a vida inteira eu tentei driblar isso e achar um caminho de paz. Mas não existe. Simplesmente não existe e essa conclusão absoluta me aterroriza. Porque agora não tem mais o que fazer. É isso. Tá aí escancarado. O que eu vou fazer, não sei. Provavelmente nada do que eu gostaria. Porque eu realmente gostaria de sumir, ir embora, talvez não voltar. E infelizmente amo demais a minha família para ter essa coragem. Mas que eu preciso fazer alguma coisa, isso é certo. Tem um piano em cima de mim cada vez que vou chegar em casa... E outro piano cada vez que penso que posso chegar lá e encontrar o meu quarto destruído. Destruído pela sua intolerância. Destruído por esse perfeccionismo doentio seu. Coisas de que, definitivamente, eu não tenho culpa. É por essas e outras que não quero mais ter filhos. Não posso correr o risco de fazer igual com eles. E também não preciso ter esse poder sobre ninguém. Só espero que exista mesmo um Deus que um dia te mostre o peso - apesar de todas as coisas boas - o peso enorme que você me fez sentir a vida inteira.


NoCommentsPlease.

segunda-feira, 23 de junho de 2003



Você tem orgulho de quê?






sexta-feira, 20 de junho de 2003

Drummond e Eu



Eta vida besta, meu Deus.

quinta-feira, 19 de junho de 2003

Uma noite feliz...

Um ensaio, um japonês, uma conversa tão boa, algumas provocações, uma paixão que não sai de mim.

Uma vontade incontrolável, um pouco de respeito demais, um certo medo, um auto-controle perdido.

Uma ousadia, um monte de sorrisos, uns olhos lindos, outros olhos hipnotizados e cegos de algum amor.

Uma brecha, uma chance, um qualquer coisa, um carinho, uma simpatia, uma quase gentileza, um sim.

Um abraço, um beijo, um arrepio profundo, uma mordida, uma despreocupação, felicidade invisível.

Um convite, uma possibilidade, uma esperança, uma amizade especial, uma delícia.

Uma noite linda, um sono calmo, um sonho maravilhoso, uma manhã de sol, um dia feliz.

Você de novo me dando alegria. A gente brincando de inconseqüência. A gente sempre bem.

Sempre.

De qualquer maneira.



Pode até parecer fraqueza

Pois que seja fraqueza, então.

A alegria que me dá, isso vai sem eu dizer...

Se amanhã não for nada disso

Caberá só a mim esquecer.

O que eu ganho, o que eu perco, ninguém precisa saber...




Brigada.

Hoje no meu espelho diamantes nos olhos.

Mulheres Apaixonadas II

- Sinto tanta falta de você.

- Eu morro todos os dias.


quarta-feira, 18 de junho de 2003

Interlúdio

(Cecília Meireles)



As palavras estão muito ditas

e o mundo muito pensado.

Fico ao teu lado.



Não me digas que há futuro

nem passado.

Deixa o presente - claro muro

sem coisas escritas.



Deixa o presente. Não fales.

Não me expliques o presente,

pois é tudo demasiado.



Em águas de eternamente,

o cometa dos meus males

afunda, desarvorado.



Fico ao teu lado.




Quando você quiser.


terça-feira, 17 de junho de 2003

Todos os dias da minha vida

Como foi bom ouvir a sua voz depois de tanto tempo...

Eu te amo, não tem jeito. Se não for você, não quero ninguém.

Eu vou te esperar pra sempre. Pra sempre, eu prometo.

Senti aquela coisa no peito, aquele aperto de não saber.



Não sei nada, além disto:

Te amo e vou te amar e te esperar todos os dias da minha vida.



Não quero ter rumo se não for ao teu lado.

Nada importa se não for pra dividir com você.



A verdade é que não te achei feliz.

E isso me dá uma esperança que eu não devia ter.



Mas eu tenho, eu tenho, eu tenho...

Porque esse amor que eu sinto não acaba.

O tempo passa e só me acostuma à sua ausência.

Mas o amor não passa.

Igual a você não existe ninguém.

E eu também não quero que exista.

Já achei a pessoa com quem quero envelhecer.

Se não puder ser... não quero ser nada.



"Se eu não te amasse tanto assim

Talvez perdesse os sonhos dentro de mim

E vivesse na escuridão..."



Eu te amo

Eu te amo

Eu te amo



Obrigada por você existir e ter me feito sentir essa coisa maravilhosa que é amar sem medida e com a maior felicidade que se pode ter nessa vida. Obrigada por ter falado um pouco comigo hoje, me contado de você, da sua vida... Obrigada por ter falado de mim e, mais uma vez, ter confirmado a minha certeza do quanto você é especial. Obrigada porque a gente ainda tem muitos anos pela frente. E se você nunca voltar, sei lá... obrigada por já ter vindo.

segunda-feira, 16 de junho de 2003

De como me faltam coisas mesmo tendo tanto

Direito de reclamar eu não tenho. Mas, falta.

Falta tempo.

Falta alguém pra dividir o tempo que falta.

Falta um rumo pra vida...

Porque falta alguém.

Faltam horas de sono, ou sobra desperdício.

Falta alguém que me acorde.

Faltam planos.

Falta a vontade de fazê-los.

Falta quem faça planos junto.

Faltam músicas felizes.

Falta conversar com a minha mãe.

Falta minha irmã aqui.

Falta ver meus sobrinhos.

Falta saber de você...

Falta carinho.

Falta fé.

Faltei.

sexta-feira, 13 de junho de 2003

Outra Retrospectiva da Vida



Arte, Letras, Curiosidade, Inteligência, Teimosia, Ousadia, Generosidade, Incompreensão, Carência, Frustração, Sensibilidade, Empenho, Amizade, Necessidade, Intolerância, Impulsividade, Máquina de Escrever, Livros, Teatro, Medo, Exclusão, Centro, Liderança, Desprezo, Confusão, Revolta, Certeza, Desamor, Solidão, Insuportabilidade, Fuga, Individualidade, Capacidade, Iniciativa, Sucesso, Conquista, Vontade, Saudade, Fase, Estranhamento, Liberdade, Maturidade, Retorno, Dúvida, Novidade, Busca, Trabalho, Novas Diretrizes, Autenticidade, Dedicação, Chance, Absorção, Brilho, Susto, Amor, Paz, Alegria, Felicidade, Interação, Reciprocidade, Plenitude, Cuidado, Segredo, Deslumbramento, Loucura, Desespero, Força, Coragem, Apego, Motivação, Planos, Crença, Fé, Desejo, Hipnose, Vício, Unidade, Cumplicidade, Submissão, Parceria, Beleza, Profundidade, Paixão, Entrega, Construção, Vida, Comodidade, Desistência, Impotência, Covardia, Pequenez, Abandono, Sofrimento, Morte, Depressão, Desinteresse, Destruição, Escuridão, Fraqueza, Falta de Rumo, Sono, Inércia, Racionalidade, Súplica, Entendimento, Tentativa, Recusa, Esforço, Conformismo, Respeito, Esvaziamento, Procura, Inquietude, Desesperança, Descanço, Desilusão, Sonho, Realidade, Luz, Possibilidade...





quarta-feira, 11 de junho de 2003

Uma Retrospectiva da Vida



Monte Líbano, Volley, Lu, Acampamento, Iracema, Recife, Skate, Fazenda de Campos, Móbile, Guarujá, Caribe, Epcot em construção, Festa do Pijama no Eugênio C, Pink and Blue, Santo Américo, África do Sul, Diogo, Família, Afonso Brás 149, Vender bugigangas no portão de casa, 240-1083, Lotito, Reveillons do clube, Chá de cozinha da Elô, Camilla, Bia, Minha irmã Dani, Prédio da Fernanda, Thaiti, Sidney Magal, Teatro, Ascona, Fliperama de graça, Ginástica de manhã, Joel e o violão, Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar..., Conjunto bege, Bermuda do arco-íris, Jardineira do Snoopy, Chile, Roberta e Dudu, Dri e André, Dani e a mão que protege da brecada, Pinguin que o Ivan deu, Toninho, Atibaia, Gui, Peraltas, Matrícula condicional, Mara Zammar, Cristiana Oliveira, Mirella, Dom Geraldo, Encontro de Jovens, Fafá, Educação Física, Vespa, Cell Lep, Terceiro Colegial, Dani, Patis, Rosinha, Boston, ELS, Linda Thomas, Sex on The Beach, Alejandra, Andy, Virinha, Murilo, The Actors Workshop, Tio Dinho, Consagradas, Lucia, Tatá, Ciça, ESPM, Band, Dan, Lombrigas Automáticas Não Sabem Trocar Fuzível, Professora Sandra, Come filha, Se Essa Rua Fosse Minha, Regi.



Fábio Jr, Futsal, Alameda Campinas, Economíadas, Juca, Oito, Tipo prata, Tipo preto GIG 1976, Halls de cereja, Trident, Krot, Pasta e Paillard, Gendai, Gueri-Gueri, Macaquinho Branco, Amarelo, Roxo, Catchup e Mostarda, Zélia Duncan, Sr. Pula-Pula, Felícia, Qué morá com nóis, Arraial d’Ajuda, Salvador, Carnaval, Crocodilo, Tabaréu, Morro de São Paulo, Depoi passô a mão tava cá má ropinha, Dor de cabeça, Remédio que dá sono, Jaguariuna, Citroen prata, Escort Preto, PCM, Programa de Trainees, Editora Abril, Rapha, Praça Vila Boin, Fiam, Valle Nevado, Vinho tinto Santa Helena, Adora Doces, Morte.



Tapa, Bastos, TV Globo, Marília, Curso Abril de Jornalismo, Amauri, Kratong, Globonews.com, Clarice, Daninha, Crisinha, Gota d’Água, Audi A3 preto GIG, Fábio Jr Acústico, Meus Sobrinhos, Amídalas.



E o resto.



quinta-feira, 5 de junho de 2003

O verbo Querer é intransitivo
Ela chegou em casa naquela madrugada pensando em como seria bom se apaixonar de novo se fosse recíproco. Como seria bom qualquer coisa, se fosse recíproco. Nem precisava ser uma paixão avassaladora, bastava ser bom, e recíproco. Ela pensou em tantas coisas pra dizer e pra fazer... se fosse recíproco. Ela tem um pouco de esperança, mas às vezes acha que é tudo tão racional... Uma grande bobagem, talvez. Talvez nunca saiba ao certo. Mas queria.

Vim no carro escutando músicas que me trazem lembranças, mas pensando nas letras que eu queria pôr pra você ouvir. Pensando nas músicas que eu queria ligar a você e então teríamos a nossa trilha sonora desde o começo. Sem pretenção nem planejamento... só estava pensando e sendo um pouco feliz com a possibilidade da sua presença no banco ao meu lado. Ou a minha presença no banco ao seu lado. Vim cantando pra você algumas coisas, e sorrindo como se você pudesse me ver. Você que, na verdade, poderia ser outra pessoa. Mas é você porque as circunstâncias te trouxeram. Não é ruim pensar assim. Porque não deixa de ser um sentimento sincero e nobre. É você, afinal. Tenho te dado sinais de tudo isso e acho que é tão claro. Nem sei por quê, ou pra quê, afinal não te sinto perto quando estamos perto. E te sinto a milhas quando estamos longe. Auto-orientação, me disse uma amiga. Acho que é isso. Tenho me auto-orientado... Tenho me auto-preenchido. Tenho me auto-convencido. Auto-piedade. Auto-amor. Não sei mais o que fazer pra te mostrar a porta aberta. E sei menos ainda como identificar se a porta aberta te interessa... Portanto, mais uma vez, vou acabar deixando pra lá. Mas não tem problema. Vou dormir e amanhã quase já esqueci.

Ela assistiu a novela que tinha gravado. E pensou em como tem se comovido com aquelas histórias... Já é tão tarde e ela precisa estar de pé, e disposta, daqui a algumas horas. Aquele teatro lotado de crianças vai tirá-la do ar por alguns longos minutos, e ela queria dormir bem pra aproveitar bem esses minutos. Mas já não foi. Cada palavra digitada é um momento a menos de sono. Cada lembrança cheia de saudade é mais uma onda da maré contrária à auto-tentativa de amar de novo. Cada silêncio respirado profundo é mais um lapso de certeza da ilusão que você tem sido. Ela cansa.

Preciso descansar.
Até amanhã.
Tomara que sem Querer.
Ou tomara que Querida.
Preciso.

quarta-feira, 4 de junho de 2003

Meus sonhos se perderam no momento em que você me disse adeus

Eu fiquei sozinho

Mais uma noite sem você

Triste e sem carinho

Com tanta coisa pra esquecer



Tão só, tão só

Meus sonhos se perderam no momento em que você me disse adeus

Tão só, tão só

Eu me acustumei a ver a vida pela luz dos olhos teus



Se não me queria

Não sei por que me conquistar

Se era fantasia

Por que me fez apaixonar



Tão só, tão só

Meus sonhos se perderam num momento em que você me disse adeus

Tão só, tão só

Eu me acustumei a ver a vida pela luz dos olhos teus

...

Tão Só, Só Pra Contrariar




segunda-feira, 2 de junho de 2003

Por favor

Quanto a mim....

O amor passou.

Eu só lhe peço que não faça como a gente vulgar,

e não me volte a cara quando passe por si,

nem tenha de mim uma recordação

em que entre o rancor.

Fiquemos, um perante o outro,

como dois conhecidos desde a infância,

que se amaram um pouco quando meninos, e,

embora na vida adulta

sigam outras afeições,

conservam num escaninho de alma,

a memória do seu amor antigo e inútil.

De Cartas de Amor, Fernando Pessoa




...Mas pra mim, de amor, foi tudo o que tive de útil nesta vida.


quinta-feira, 29 de maio de 2003

Das minhas tentativas diárias

Eu tento não pensar mas esta cabeça vazia me trai.

Este você tão presente o dia inteiro.

Um novo som, uma nova cor

Um novo tom, uma nova dor

Outra loucura...



Existe um você novo, que pode se tornar um novo amor.

Mas talvez exista só o meu olhar, sem espelho.



É um esforço constante pra mudar essa rotina que parece não ter fim.

Esse costume de te ter no pensamento todo o tempo.



Eu estou em vários lugares novos, diferentes, interessantes.

E eu olho nos olhos de quem me desperta uma alegria qualquer...



Faço a minha parte. Ou pelo menos o que acho que ela é.

Tenho sido inteira, você sabe. Ou pelo menos tento muito.



Acho que consigo muita coisa. Menos o que eu realmente preciso.

Muita gente me chama, pra muitas coisas. Mas ninguém me chama para si.



Não quero mais o espelho. Nunca quis.

É que em você eu me via melhor.



Então eu só queria pedir a Deus, ou a alguém, que o novo você não seja ilusão.

Ou que pelo menos me abrace uma noite, para termos certeza de que não é.



Ou então que me abrace muito.

Que me faça voltar a fazer planos...

Depois de todos esses anos...

Que me ame.



Se nada acontecer, volto ao começo, desse meio, sem fim.

Se nada acontecer, eu tive você e isso me consola.



Mas que aconteça.

Se você me olhar bem, vai ver.

Talvez, se você me olhar bem, vai me amar.

E se você me amar, eu vou te amar também.



Have faith.

I do.

domingo, 25 de maio de 2003

O Centro do Espelho

Eu tento.

Tento inventar uma nova paixão.

Um novo pensamento, uma empolgação.

Mas não adianta. É você. Só você.



É você

Só você

Que na vida vai comigo agora

Nós dois na floresta e no salão

Nada mais

Deita no meu peito e me devora

Na vida só resta seguir

Um risco, um passo, um gesto rio afora



É você

Só você

Que invadiu o centro do espelho

Nós dois na biblioteca e no saguão

Ninguém mais

Deita no meu leito e se demora

Na vida só resta seguir

um risco, um passo, um gesto rio afora

Na vida só resta seguir

Um ritmo, um pacto e o resto rio afora

É Você, Tribalhistas


sexta-feira, 23 de maio de 2003

Quem não tem pra quem se dar

O dia é igual a noite

Tempo parado no ar, há dias

Calor, insônia... Noite

Quem ama vive a sonhar de dia

Boa Noite, Djavan


quinta-feira, 22 de maio de 2003

Por que me apaixonei por ela

Li este texto há tempos na Revista TPM. Hoje me deparei com ele de novo. E quis guardá-lo aqui. Acho de uma beleza indescritível a capacidade que uma pessoa pode ter, inclusive no momento mais difícil de uma vida em comum, a separação, de mostrar por que foi que a gente se apaixonou por ela um dia. E continua apaixonada.



Eu poderia ter escrito tudo isso. Exatamente assim. Porque ao seu lado, e incentivada por você, cresci, amadureci e fui feliz. Líamos na cama, levávamos os sobrinhos ao cinema, escolhíamos os filmes do fim de semana, o sabor do sorvete, a próxima viagem. Conversávamos sobre a vida, planejávamos o futuro, tentávamos entender o passado e ríamos muito. Ríamos das coisas engraçadas, das coisas tristes, das coisas bobas, das coisas sérias... Você me fez ver o que eu jamais teria visto sem você. Me fez chegar a lugares que eu talvez levasse uma vida para chegar, se chegasse. Me fez ser um tipo de pessoa que eu muito provavelmente nunca conseguiria ter sido. Me fez optar pela estrada certa, mesmo não sendo a mais fácil ou nítida. Você foi embora, mas deixou seu sorriso perfeito, branco, aberto, sincero, sempre apaixonado.



E você me coçava as costas, como se aquilo fosse para mim a maior felicidade do mundo! E era. Esse amor não vai acabar nunca. Eu tenho (ou tive) sorte. De detalhes e de pessoas. Muita sorte.



Quando o amor não acaba

Milly Lacombe



A culpa – porque sempre existe culpa quando se trata dessas coisas do coração – foi de uma calça cor-de-rosa da Levi’s. Uma dessas 501, de cintura baixa, bem baixa. Quando ela entrou na redação usando aquela calça, fiquei maluca. Mas ali não havia muito o que fazer. Ela tinha namorada, era praticamente casada, e eu teria que me contentar com as sempre bem-vindas, mas muitas vezes insuficientes, fantasias. Foi esse meu primeiro contato visual com a Tati, minha mulher e companheira nos últimos dez anos.



Depois do episódio da Levi’s rosa, como elas – calça e proprietária – não me saíam da cabeça, decidi investir numa improvável amizade e esperar por uma janela de oportunidade. E fui me aproximando, ficando mais íntima, mais amiga, confidente, conselheira, até que, finalmente, já completamente apaixonada, vi uma brecha. No começo, foi um relacionamento tumultuado, cheio de idas e vindas, de traições e culpas. Até que ela resolveu se mandar sozinha para uma temporada na Califórnia e, quatro meses e 11 mil milhas depois, lá estava eu atrás dela, na terra onde o sol sempre brilha. E foi então que minha alma percebeu que havia chegado em casa. Tati era tudo pra mim. Me dava colo, conforto espiritual, me aprumava, me acariciava, me namorava.



Ao lado dela, e incentivada por ela, cresci, amadureci e fui feliz. Tati cuidava da grana, da comida, das burocracias pentelhas do dia-a-dia e, claro, de mim. Eu ficava incumbida de lavar a louça, de fazer ela rir e de dançar devagarinho com ela na sala, à noite, bem tarde, enquanto o mundo dormia. Juntas, fazíamos supermercado, ginástica, líamos na cama, levávamos os sobrinhos ao cinema, escolhíamos os móveis da sala, os filmes do fim de semana, o sabor do sorvete, a próxima viagem. Conversávamos sobre a vida, planejávamos o futuro, tentávamos entender o passado e ríamos muito. Ríamos das coisas engraçadas, das coisas tristes, das coisas bobas, das coisas sérias – em minha memória, existe um arsenal imenso de risadas compartilhadas com minha companheira de cabelos castanhos, pele e olhos cor de mel.



Tati dormia abraçada comigo, me coçava as costas, lia meus textos antes de publicados, fazia correções, sugestões e colocava a cabeça em meu ombro quando falava, sempre com extrema competência e simplicidade, sobre as coisas mais profundas da vida. Levava vinte minutos escovando os dentes antes de deitar porque estava convencida de que assim evitaria futuros problemas na gengiva, passava creme no rosto dando tapinhas leves na testa e na bochecha num ritual delicioso e que todas as noites me fazia rir, dormia sempre de bruços e sempre muito silenciosamente, e, antes de engolir qualquer bebida, “mastigava” o líquido para “fazer com que ele descesse mais quentinho”.



Ela me fez ver o que eu jamais teria visto sem ela. Me fez chegar a lugares que eu talvez levasse uma vida para chegar, se chegasse. Me fez ser um tipo de pessoa que eu muito provavelmente nunca conseguiria ter sido. Tati me fez acreditar que eu podia, que eu devia, que eu precisava ouvir os anseios mais profundos da minha alma. Me fez optar pela estrada certa, mesmo não sendo a mais fácil ou nítida.



Há algumas semanas, Tati e eu decidimos seguir caminhos separados. Depois de passar dez anos respirando o mesmo ar que ela, estou reaprendendo a dar meus passos sem ser amparada, sem ser observada, sem minha maior admiradora e fã. E foi durante o sempre doloroso processo de separação, esse que divide CDs, livros, guarda-roupa (no caso de casais gays, claro) e a alma, que ela me fez ver com clareza exatamente por que me apaixonei perdidamente por ela há dez anos.



Tati é magnânima, delicada, inteligente, doce, sensível, carinhosa, linda e, acima de tudo, me ama com um tipo de desinteresse genuíno que normalmente esperamos receber apenas de nossos pais.



Em minha memória, sobraram fragmentos de imagens apaixonadas, engraçadas, divertidas, inesquecíveis: ela e eu decidindo o jantar daquela noite, fervendo a água para o macarrão, brindando nosso relacionamento com vinho tinto, rindo alto de algum episódio de Friends, fazendo panqueca no café-da-manhã, jogando raquetinha na praia, tênis no clube, comprando pão francês na padaria, o quindim do Pinheiros, correndo na pracinha, conversando na cama antes de dormir, brincando de fazer amor.



Tati me fez mulher, me fez feliz, me fez quem sou. Tati foi embora, mas deixou seu sorriso perfeito, branco, aberto, sincero, sempre apaixonado. E a Levi’s cor-de-rosa, evidentemente. Porque ela sabe que os ciclos da vida são feitos de pequenos e aparentemente insignificantes detalhes – e de pessoas. Pessoas, para os que têm sorte, como a Tati.


...

Too lonely to write.

Too lonely to read.

To lonely to think.

Too lonely to live, sometimes...

terça-feira, 20 de maio de 2003

Sentidos Invisíveis

Frases soltas fazem o sentido que quer quem as lê.

Without a Trace é simplesmente um seriado que passa na WB.

Que vi outro dia. E de onde roubei falas...

Incrível como fazem um sentido pra mim.

E, então, pra você talvez o mesmo, talvez outro, talvez nada.

O olhar de cada um é uma ilha de edição.




segunda-feira, 19 de maio de 2003

Without a Trace

Ela tem as histórias dela e eu faço justiça.

Seu segredo está seguro comigo.



Tomando grandes decisões?

Respire fundo. Não posso adivinhar as coisas. Conte.

Desculpe, mas... eu não te conheço.

Desculpe, mas não vai querer me conhecer.

Não se lamente. Só cuide disso, ok?!



A fonte.

O advogado.

Obrigado por vir.

Vou me retirar.

Sente-se. Eu mando aqui.

Estou sendo acusada de algo?



Qual é o próximo passo?

Atiçar o fogo.



Quem é?

A última obssessão dela.

Vai contar do que se trata?

Sinto muito.

Ouça...

Vá.

Vai dar tudo certo.



Chegou a sua hora.

O que está havendo?

Não sei... How the hell should I know?

É o seu dia de sorte.



Acabou.

Você está bem?

Estou.



Acha que ela está morta?

Sim.







domingo, 18 de maio de 2003

Mil dias antes de te conhecer



Tempo, tempo

Mano velho

Falta um tanto ainda, eu sei

Pra você correr macio...

Tempo, tempo, tempo, mano velho

Vai, vai, vai, vai, vai, vai...

Tempo amigo

Seja legal

Conto contigo

Pela madrugada

Só me derrube no final...




Mas às vezes demora pra curar.

O tempo passa, mas demora.

Já faz tanto e parece que foi hoje cedo!

Parece que foi hoje, mas faz tanto...

Há oito te conheci.

Há três não conheço mais.

Há 28 sinto sua falta.

Serão cem?




quarta-feira, 14 de maio de 2003

Parece que foi hoje

Parece que foi hoje cedo...

Parece que foi hoje que a gente se conheceu.

Que fomos ao cinema e esquecemos da hora.

Que erramos o caminho e ninguém ligou.

Parece que foi hoje que te vi andar e decorei como era.

Parece que senti hoje o cheiro daquele perfume que é você.

E parece que foi hoje que comecei a usá-lo também.

Parece que hoje foi o dia em que você dirigiu meu carro.

Parece que foi hoje que dormimos todos na sua casa...

Embriagados, depois de amanhecer, sem saber bem onde estávamos.

Parece que foi hoje que a sua casa virou meu lugar favorito.

Que hoje eu faltei no trabalho pra passar a tarde com você.

Que eu parei o carro no cruzamento e nos abraçamos por mais de uma hora.

Parece que foi hoje que a gente cantou no carro aos berros.

E que eu decorei a chapa do seu Tipo preto.

Parece que foi hoje que tudo o que eu vejo quero comprar pra você.

Parece que hoje eu chorei de saudade porque você foi viajar sem mim.

Parece que foi hoje que a gente tentou se separar e não conseguiu.

Parece que hoje a gente comprou as passagens pra Salvador.

E parece que foi hoje que você, por mim, topou ir no Crocodilo todos os anos.

Parece que foi hoje que eu te agradeci mil vezes por você existir.

Parece que hoje eu me senti a pessoa mais amada do mundo.

E tive aquela certeza de querer passar a vida inteira com você.

Hoje parece que você chegou aqui com sanduíche do Mc e acendemos a lareira.

E parece que foi hoje que eu te ensinei a gostar de comida japonesa.

Parece que foi hoje que a gente se fantasiou de catchup e mostarda.

E que andei com você, cheia de orgulho, por aquela festa à fantasia.

E parece que foi hoje o casamento da Pati.

E nós naquela mesa, os casais mais lindos do Leopoldo!

Parece que foi hoje que você me acalmou.

E me fez parar de chorar, e me melhorou.

Parece que hoje você me disse eu te amo com a carinha mais linda do mundo.

Parece que foi hoje que a gente imitou criança.

E que depois do escuro cê tava cá má ropinha.

E parece que hoje cê me falou: fiz arte!

Parece que foi hoje que a gente chegou no Arraial d'Ajuda.

Naquela pousada linda, naquele lugar só nosso.

Parece que hoje eu te olhei e tive medo de te perder um dia.

Parece que hoje eu te olhei e tive medo de te perder pra sempre.

Ai, parece que foi hoje que larguei tudo só pra te ver por um minuto.

E que a gente furou os dois pneus do carro na 9 de julho.

E parece que foi hoje que a sua irmã chegou em casa de surpresa.

E que a gente quase morreu do coração!

Parece que foi hoje que você me fez gostar de praia.

E que eu te convenci a mergulhar só um pouquinho.

Parece que hoje eu acordei com você e passamos o domingo à toa vendo TV.

Parece que foi hoje que pensei que minha vida com você não tinha fim.

Parece que foi hoje que a gente pediu comida no América.

E que depois chegamos tão tarde na festa da ESPM!

Parece que hoje a gente chegou em Valle Nevado e eu pensei que era um sonho.

Parece que foi hoje que você me ensinou a beber vinho tinto.

E que você aguentou meu mau humor e que me fez querer mudar.

Parece que foi hoje que a gente preencheu a ficha pro programa de trainees.

E que você foi me buscar depois da dinâmica e ficou me ouvindo contar.

Parece que foi hoje que passamos a noite em claro terminando o PCM.

Parece tanto que foi hoje que a gente chorou porque não queria ir embora.

Parece que foi hoje que eu quase morri quando decidimos terminar.

E parece que foi hoje que a gente não aguentou e voltou atrás.

Parece que foi hoje que eu me dei conta de que é você que eu amo.

Parece que hoje eu descobri que amar é só a alegria que tenho ao seu lado.

Parece que foi hoje que nos encontramos no aeroporto por 30 segundos.

E parece que foi hoje que deixei bilhete no seu carro e presente na portaria.

Parece que foi hoje que armei pra te mandar a cesta de café-da-manhã.

E que hoje passamos tanto medo de que alguma coisa tivesse acontecido.

Parece que foi hoje que você chorou e me deu todas as cartas pra eu guardar.

Parece que eu dormi com dor no braço só pra não largar sua mão.

E que eu passei frio porque não quis te acordar pra puxar o cobertor.

Mas parece que foi hoje que eu acordei e chorei de emoção só de te ver ali.

Parece que foi hoje que pegamos a estrada e fomos pro haras pela primeira vez!

E que nos prometemos ser fiéis, e que decidimos ser felizes de qualquer jeito.

Parece que foi hoje que conversamos sobre tudo e dividimos segredos.

Que eu escrevi no meu diário que não podia mais viver sem você.

Que eu escrevi no meu diário que nunca tinha sido feliz assim...

Parece que foi hoje que eu te dei uma caixa amarela lotada.

E que você disse que tinha encontrado tudo o que procurava.

E que você escreveu: todo meu prédio já sabe que eu tenho um amor.

Parece que foi hoje que eu te implorei para não ir embora.

Parece que foi hoje que você me deu uma das cartas mais lindas que já li.

Parece que foi hoje que assisti seu jogo e senti o maior orgulho dos seus gols.

E parece que hoje foi o dia em que virei sua fã pra sempre.

Parece que foi hoje que compramos meu bolo de aniversário aí na frente.

Parece que foi hoje que você me ensinou tudo o que eu sei.

Parece que hoje você me ajudou na cena pro meu teste.

E parece que foi hoje que você disse que eu era a sua atriz favorita.

E parece que hoje eu morri de orgulho te assistindo no final da peça.

E morri de rir te vendo cantar Se essa rua fosse minha...

Parece que hoje eu peguei as nossas fotos e fiquei te olhando sem fim!

E hoje eu te liguei de longe e te disse que sem você nada tinha graça.

E parece que foi hoje que te cantei em italiano Senza Te.

E que cantamos tão bem La Solitune e Alma Gêmea no karaokê...

E chorei de saudade e de alegria por ter você ao meu lado.

Parece que foi hoje que olhei pra minha vida e ela me bastava.

Parece que foi hoje que eu fiz planos e quis viver cem anos, com você.

Parece que foi hoje cedo.



Parece que essa dor não vai passar nem se existir outra vida.

domingo, 11 de maio de 2003

Mãe

Já me ensinaram que Dia da Mãe é todo dia.

Mas já que inventaram que é hoje, aproveito pra falar umas linhas da minha.

Eu amo muito a minha mãe. Temos muitas coisas em comum.

Damos MUITA risada às vezes e eu amo quando isso acontece.

Só com ela consigo compartilhar de verdade algumas coisas:

literatura que amamos, minhas filosofias, meus questionamentos sobre tudo...

histórias de família que adoro, as saudades da minha tia Dila...

Mas, temos muitas frustrações uma com a outra.

Algumas faladas, outras sentidas, outras ainda escondidas.

No fundo a gente sempre sabe. Mas pra quê se agredir, não é?

E como não dá pra trocar de mãe, nem de filha, nos amamos quando dá.

E eu continuo tentando fazer com que a gente tenha mais momentos bons.

Porque os nossos momentos bons são muito bons.

E quando a gente se ama é TÃO legal...

Sinto que com o tempo nada mais pode piorar.

Portanto, dias melhores virão.

E hoje foi bom. Rimos bastante.

Sabe, ela é bem engraçada de vez em quando...



Eu adoro a minha família, apesar de toooodos os pesares.

E estou MORRENDO de saudade da minha irmã querida, que teve hoje o primeiro dia das mães com a Sofia-mais-linda-desse-mundo-que-eu-amo-muito-e-não-vejo-a-hora-de-abraçar-e-esmagar... MEU AMOR!!!!!

quinta-feira, 8 de maio de 2003

Mulheres Apaixonadas

Não consigo acompanhar uma novela inteira há anos.

Mas sempre passo pela sala e sempre sei o que se passa.

Muito raramente alguma coisa me comove.

Mas hoje, eu confesso, estou chorando um choro fundo...

Por causa de uma cena de novela.

Porque eu vivi aquilo. E sei exatamente que dor é.

Porque eu queria tanto que tivesse sido diferente.

Porque eu não me conformo.

Ai, se dependesse só de mim...



Porque eu tenho tanta, mas tanta saudade...



E o mais incrível é que essa música já me dói há muito tempo.

Entre tantas músicas, esta. Que eu canto tanto desde então.

Às vezes parece que é de propósito.

Mas com que propósito, meu Deus?



Me encantaria te amar menos.

Mas como é que faz?



segunda-feira, 5 de maio de 2003

O QUE É ANGÚSTIA

Um rapaz fez-me essa pergunta difícil de ser respondida. Pois depende do angustiado. Para alguns incautos, inclusive, é palavra de que se orgulham de pronunciar como se com ela subissem de categoria - o que também é uma forma de angústia.



Angústia pode ser não ter esperança na esperança. Ou conformar-se sem se resignar. ou não se confessar nem a si próprio, ou não ser o que realmente se é, e nunca se é. Angústia pode ser o desamparo de estar vivo. Pode ser também não ter coragem de ter angústia - e a fuga é outra angústia. Mas angústia faz parte: o que é vivo, por ser vivo, se contrai.



Esse mesmo rapaz perguntou-me: você não acha que há um vazio sinistro em tudo?

Há sim. Enquanto se espera que o coração entenda.



Clarice Lispector, em A Descoberta do Mundo




sexta-feira, 2 de maio de 2003

Lego com defeito

Há coisas que simplesmente não se encaixam.

A gente realmente não se encaixa em algumas situações.

Eu, definitivamente, não me encaixo em alguns ambientes.

Claro que a pessoa tenta, vai, olha, pensa, repensa, se questiona, se esforça... Mas não rola. N-ã-o-r-o-l-a!!

E então é hora de entender e aceitar que não encaixa e pronto.

Não adianta ficar nessa de forçar a peça redonda no buraco quadrado. Não vai...

Nem o formato da peça, nem o do buraco, vão mudar de uma hora pra outra.

E se, de tanto forçar, a peça se entortar e entrar, bela droga, você terá para sempre uma peça estragada.

A coisa é esta e está bem claro: Não me encaixo.

E quer saber, acho bom não me encaixar porque nada daquilo me agrada muito.



Agora eu só quero ter alguém comigo.

Penso no resto depois... Ou nem penso.

quinta-feira, 1 de maio de 2003

Mais um dia

Ainda é assim. Por mais que eu tente não ser.

Hoje quando comecei a despertar, com os barulhos do dia misturados no sonho, pensei em você.

Você me vem à cabeça sem eu te dar licença, sem eu te chamar, sem eu querer. Você vem.

Ainda nem abri os olhos, não virei o corpo na cama, e você já está aqui, essa sensação de não ter.

A primeira vontade é aquela vontade terrível de não acordar. Mas passei dessa fase faz tempo.

A segunda vontade é a vontade improvável de fazer alguma coisa e te achar, e você aparecer.

A terceira vontade é a impossível de o telefone tocar, de você voltar atrás, de nós, de novo.

Mas aí eu levanto, e pronto. É só mais um dia nessa vida...

terça-feira, 29 de abril de 2003

Improviso

Uma idéia. Um olhar. Uma sugestão. E pronto. Alguém se apaixonou.

Um minuto depois, um dia, um olhar mais profundo e acaba.

Mas aquele instante da sensação boa de apaixonar-se é introcável. Ainda que passe em seguida. Em mim é um momento em que todas as engrenagens começam a funcionar juntas e em velocidade. Mil palavras surgem pra dizer e ao mesmo tempo nenhuma é boa o suficiente. Então eu sempre digo qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo. Um comentário bobo que, se bem aproveitado, pode dar início a uma longa conversa. Mas naquele segundo da descoberta da paixão eu nem sei se o que a gente escuta é exatamente o que está lá sendo dito. Eu, no fundo, não escuto quase nada. E nem me lembro muito depois. Eu guardo, sim, a sensação. Aquela euforia, aquele descontrole histérico. Nem sei se é saudável. Pode ser ao mesmo tempo o momento em que se estraga qualquer possibilidade de ir adiante. Ah, mas é um mar. É aquela vista do mar no entardecer. Que você tenta enxergar o fim e não tem... Então começa a filosofar sobre a vida, o mundo, o amor.



Eu acho que o Amor de Improviso é mesmo assim, curto, rápido, estranhamente mágico e bom. E acabou. Até acontecer a próxima idéia, o próximo olhar, a próxima sugestão...

O próximo toque, talvez.



Você tá olhando pra mim?



Sobre o Amor:

Como uma coisa tão assustadora pode ser ao mesmo tempo tão boa?

Oscar Wilde



O amor é um conflito entre reflexos e reflexões.

Magnus Hirschfeld

segunda-feira, 28 de abril de 2003

Será?

A gente só sofre o que não conclui

Porque não diz ou aceita a última palavra

Porque não permite a última tentativa



Li na Disa, que descobri há pouco.

E que, me parece, tem muito a dizer.




E eu acho que a gente sofre o que não conclui exatamente porque não conclui e fica no ar essa sensação de que poderia ser, se a gente tentasse ainda um pouco. Mas a verdade é que se já não é, ainda que seja de novo não será o que era. Ou seria?



Pra que ficar pensando nisso, meu Deus?

Vamos ao teatro e esperar a vida passar...

sábado, 26 de abril de 2003

What did I ever know about this love anyway?



What went right

What went wrong

Doesn't really matter much

When it's gone



Was it too hard to try

Was it too hard to lie

Did you just grow tired of hello and goodbye

Was it the naked truth that made you run

Where do I go now

That I'm down to one



Sooner or later

We all end up walking alone

I'm down to one

My heart is a traitor

It led me down this road

Now it's done

I'm down to one



I want to know where I failed

I want to know where I sinned

Cause I don't want to ever feel this way again

Was the wanting too deep

Did it block your sun

Where do I go now

That I'm down to one



What am I supposed to think

What am I gonna say

What did I ever know

About this love anyway



Down to One, Melissa Etheridge

sexta-feira, 25 de abril de 2003

Prioridades, Necessidades e Casamentos

A irmã do Toninho casou.

A cerimônia foi bonita e emocionante.

Mas eu não prestei tanta atenção quanto costumava.

Mais me interessaram amigos queridos, amigas grávidas, qualquer assunto.

Depois do casamento, a recepção, pequena e ideal.

Aquela família em que eu tanto quis entrar, toda ali, e eu tão distante.

Os abraços neles foram todos DE VERDADE, claro.

Ainda tenho por eles um carinho sem tamanho. E ainda lamento não querer mais.

Eu queria querer. Queria um pouco só. Mas queria. Seria tudo tão mais fácil.

Mas, definitivamente, as minhas prioridades são outras.



Como a gente muda, meu Deus! Como a gente amadurece e muda!

Não em tudo, claro. Tem amor que não morre. Família, né...

Passei a noite inteira com a minha prima Mari, que eu amo demais desde sempre.

Isso não mudei e não vou mudar nunca. Nunca! NUNCA!

Conversamos tanto, sobre a vida que me afasta... que por enquanto me afasta.

Ela tem razão em muita coisa. Resta saber se EU vou ter PACIÊNCIA.

E eu-de-novo lá me dando conta de que tudo pode ser e tudo pode não ser.

Tentando responder tantas perguntas que pessoas queridas têm me feito.



Ana, eu não sei em que apostar.

Flá, acho que não quero mais só A pessoa, não, mas Alguém mesmo.

Rapha, eu não alimento esperança, mas tenho ainda o desejo.

Mari, você tem razão. Tem coisas que não serão nunca melhores, mas há outras que fazem valer.



Mas as minhas perguntas no espelho sempre vão existir.

As minhas prioridades também, assim... algumas mutantes, algumas eternas.

As necessidades e os casamentos, não sei...



domingo, 20 de abril de 2003

Alguém

Procuro alguém que tenha olhos que me olhem fundo.
Alguém que tenha pensamentos comigo. E palavras comigo também.
Procuro alguém que segure muito a minha mão. No cinema, no caminho.
Alguém que adore fazer carinho nas costas e que goste de colo.
Procuro alguém com quem eu converse até amanhecer o dia.
Alguém que durma ao meu lado sorrindo, sem hora.
Procuro alguém que cante alto, ria, pule e brinque igual criança.
Alguém que grite de alegria à toa, só por estarmos lá.
Procuro alguém que almoce comigo em família. E que participe.
Alguém para quem eu leve o jantar, as flores, os detalhes.
Procuro alguém que tenha o que dizer nas conversas ao redor da mesa.
Alguém que dê risada das piadas e que conte outras.
Procuro alguém que tenha detalhes nossos como tesouros.
Alguém que queira ir aos novos lugares, que corra riscos.
Procure alguém que goste de teatro, e de cinema, e de carinho.
Alguém que ame coisas pequenas. Alguém que tenha Deus.
Procuro alguém que me traga de volta as vontades.
Alguém que me provoque, me motive, me acompanhe.
Procuro alguém que queira abraço no frio e carnaval no calor.
Alguém que vá comigo. Alguém que me leve para onde quiser ir.
Procuro alguém que saiba receber e que dê sem cobranças bobas.
Alguém que saiba que não precisa cobrar. Porque há amor.
Procuro alguém que tenha segurança mas que precise de mim também.
Alguém que tope ir a todo tipo de peça. Alguém que me faça fazer exercícios.
Procuro alguém que me telefone no fim do dia e me conte como foi.
Alguém que escute com graça o que eu tenha pra contar.
Procuro alguém que imagine coisas boas, que compartilhe idéias e histórias.
Alguém que não ache nada bobo demais. E que ache tudo bobo e divertido!
Procuro alguém que seja simples, mas com ousadia e ar condicionado no verão.
Alguém que coma pastel na feira - de queijo, de carne, de palmito e de camarão.
Procuro alguém que ache gostoso ir ao supermercado comigo.
Alguém que se arrisque na cozinha e que me ensine a não usar tanto sal.
Procuro alguém que compre Contigo! sem culpa e que assista a Friends.
Alguém que compartilhe meu fascínio por Clarice. E que também a ame.
Procuro alguém que finja não ter para de repente ter o susto de ter!
Alguém que leia, que procure, que insista, que questione, que responda.
Procuro alguém com força e com delicadeza.
Procuro alguém com saudade.
Procuro alguém com silêncio e com discursos.
Procuro alguém com tempo.
Procuro alguém sem tempo.
Procuro alguém.

Ou só espero.

Alguém existe.
Quantos alguéns existem?

quinta-feira, 17 de abril de 2003

PÁSCOA

Eu queria estar menos estranha para ter uma boa Páscoa. Mas estou estranha com Deus. Não brava, nem nada de ruim... Mas estranha. Acho que até com Ele ando tanto faz. Ou... não. Não é verdade: Deus nunca é tanto faz pra mim. Mas é um "não sei" que me entristece. Não consigo trazer de volta o que tive de tão forte e bom com Ele. Está aqui, eu acho. Mas é que essa coisa de não entender tanto acaba me sugando um pouco a fé. Portanto meu pedido de Páscoa é este, este de ultimamente e talvez de sempre: volte. Ou melhor, me ensine a voltar. Me faça ver. Me obrigue. Me salve. Me apaixone de novo. Porque me explicar já sei que Você não vai...



E que triste pensar que perdi a quaresma.



Vou pra fazenda passar dois dias com os meus sobrinhos.

É sempre uma benção estar com eles, e com a parte boa de mim.



Feliz Páscoa.


terça-feira, 15 de abril de 2003

Era uma vez...

Os Quatro Filhos vão nascer. Eu resolvi escrever um livro. Mas vai demorar quatro anos para ficar pronto. Para quem não quer mais fazer nada a longo prazo me parece razoável. Para quê, nem sei. Talvez porque vou morrer depois disso. Sem drama. Tranqüila.

Quem resolveu que viveríamos vidas separadas não fui eu. Por isso, sim, você tem a obrigação de estar bem. Você não tem o direito de ME fazer sofrer por TE ver infeliz. Eu sei que não te vejo. Estou só divagando sobre o nada que tenho aqui em mim. Mas se um dia nos encontrarmos, por favor, esteja feliz. Não seria justo comigo de outra forma. (Como se existisse justiça no mundo).

Eu resolvi que não me quero mais assim. Quero ser outra. Mas vou demorar quatro anos para ficar pronta. Se não morrer antes. O que também não seria ruim. Tanto faz. Sem drama. Estou tranqüila.

Era uma vez uma menina, meu Deus!

Respondi que gostaria mesmo era de poder um dia afinal escrever uma história que começasse assim: "era uma vez...". Para crianças? perguntaram. Não, para adultos mesmo, respondi já distraída, ocupada em me lembrar de minhas primeiras histórias aos sete anos, todas começando com "era uma vez"; eu as enviava para a página infantil das quintas-feiras do jornal de Recife, e nenhuma, mas nenhuma, foi jamais publicada. E era fácil de ver por quê. Nenhuma contava propriamente uma história com os fatos necessários a uma história. Eu lia as que eles publicavam, e todas relatavam um acontecimento. Mas se eles eram teimosos, eu também.

Mas desde então eu havia mudado tanto, quem sabe eu agora já estava pronta para o verdadeiro "era uma vez". Perguntei-me em seguida: e por que não começo? agora mesmo? Seria simples, senti eu.

E comecei. Ao ter escrito a primeira frase, vi imediatamente que ainda me era impossível. Eu havia escrito:

"Era uma vez um pássaro, meu Deus".

Era uma vez, Clarice Lispector


segunda-feira, 14 de abril de 2003

Eu fui. Eu choro.



Fabio lindo!



Quer saber, fui mesmo. Nem ingresso tinha. Mas tive sorte, digamos. Entrei. Sem lugar. E fiquei lá no fundo, de pé, sozinha, mas a-do-ran-do aquilo! A verdade é que quem eu queria mesmo que estivesse lá comigo não estava, então... sozinha ou não... é... tanto faz. Mas, enfim, fiquei bem feliz de ter ido. Incrível como aquelas músicas me traduzem e de alguma forma me confortam. E eu sei que já coloquei esta letra aqui, mas hoje vai de novo, porque foi um momento especial ouví-la no show. E eu choro mesmo, por tudo isso mesmo... fazer o quê?!



Tem horas que bate uma tristeza tão grande

Que eu não sei o que fazer e nem pra onde ir

É tanta coisa que eu queria dizer

Mas não tem ninguém para ouvir

Entao choro

Sem ninguém ver

Eu choro



Choro por tudo que a gente não teve

Por tudo que a gente realizou

Choro porque sei que ainda te amo

E você me amou... e ama

Choro por tudo se assim for preciso

Choro porque sei que ainda te quero

Choro por tudo e por tudo lhe digo

Te espero, te quero, te amo...

Eu choro, Fábio Jr.




Mas choro cada vez menos, eu acho.

Devagar...

Me ilumina! Ilumina! Ilumina!



E EU NÃO SOU CAFONA!!





sexta-feira, 11 de abril de 2003

Não aguento mais

Não aguento mais as pessoas me perguntando como eu estou e se indignando ao ouvir a resposta! Eu estou "tanto faz" e pronto, meu Deus! Por que não posso estar assim? Quem estabeleceu as regras? Por que preciso ter planos, por que preciso ainda querer muitas coisas? Só porque tenho 28 anos?? E daí? Por que ninguém pode simplesmente dizer "tá bom"... "Que bom que você está assim e tudo bem pra você..."? O que eu acho interessante é que falar, todo mundo fala, mas tem alguém aqui? Tem? Não tem. Entãome deixa decidir sozinha como eu estou e quero estar. Alguém está aqui comigo hoje me dando remédio? Porque eu estou de cama, e alguém está aqui? Não. Então... Alguém vai comigo ao show do Fábio Jr? Não, ninguém vai. E eu faço o quê? Fico aqui chorando? Eu não... Alguém se importa se eu não vou por falta de companhia? Não. E eu faço o quê? Choro? Eu não...



Portanto, ou eu fico "tanto faz" ou vai ser meio difícil passar os dias numa boa. Então me deixem! Me deixem, por favor, não ter mais planos, não ter mais grandes vontades... Estou bem, estou tranqüila até. Estou feliz com as coisas que já tive, fiz, conquistei. Se foi pouco ou não, só eu sei. Mas, pronto, não quero querer mais por enquanto. Não me faz diferença e só. Posso? Não quero mais, não me importa neste momento. Posso? Obrigada.



Eu sempre me entreguei de corpo e alma

Pra vida, pras pessoas, tudo enfim

Então desculpe se eu às vezes perco a calma

É que não dá pra segurar a dor em mim

Eu fico tenso, choro, grito até o fim

É como segurar o céu nos braços

E fico tenso, choro, grito até que enfim

Enfim até que eu morra de cansaço

(...) Tentei...

Fiz o que pude.

Fiz o que pude, Fábio Jr.




Estou feliz de viver a curtíssimo prazo. Foi o caminho que eu achei. E ok.



Mas, apesar de "tanto fazer", ao show do Fábio eu queria muito ir.

Faz três anos que não vou. E agora acho que estou pronta. Queria testar.

Mas sozinha não dá. Já não ia ser muito fácil estar lá. Sozinha então, sei não...

A verdade é mesmo que a gente não tem ninguém na vida.



Até pai e mãe que eu achei que estariam sempre aqui... cadê?

Estou bem chateada hoje - dentro do meu momento tanto faz.



Nem sei por onde anda quem eu amo.

Que mais pode importar?

Sonhei a noite inteira com você.

Que você estava aqui, e eu sorria, sorria tanto que doía a minha cara.



O resto tanto faz.



Quantas vezes te liguei e não falei

Quantas cartas escrevi, depois rasguei

Tantas coisas tenho feito pra enganar a solidão

Mas eu sei que não tem jeito, impossível te arrancar do coração

Por que é que você veio se não era pra ficar?

Quem mandou você deixar tanta saudade em seu lugar?

E agora o que que eu faço? Não existe igual você...

Eu não posso inventar uma paixão

Só no tempo e no espaço estou longe de você

Porque sei que aqui dentro não vou te esquecer

Os desejos só acordam pra quem faz você sonhar

Quando o amor é só no corpo muito pouco pra ficar

Pode ser que eu esteja louco, me agarrando ao que passou

Mas no fundo só um louco é que se entrega a um grande amor

Te amo, cada vez te quero mais

Eu só tenho esse horizonte a me guiar nos oceanos

Me ama, diz que vai voltar pra mim

Qualquer coisa pra enganar meu coração

Eu preciso dar um tempo nessa solidão

Desejos, Fábio Jr.




terça-feira, 8 de abril de 2003

Loucura e Solidão



Loucura Gabriel



Fui ver o Gabriel apresentar Loucura no Sesc Pinheiros.

Gabriel me encanta em todos os sentidos.

É um ator visceral - como eu. É dedicado, bailarino, inteiro.

É lindo vê-lo no palco. E mais ainda por saber o quanto ele "trabalhou" para estar lindo ali.

Mas, mais do que na loucura, saí de lá pensando na solidão.



E não sei saber se o "tanto faz" que está em mim também tanto faz a solidão.

Acho que não. Acho que a solidão é culpada.

Culpada. Crime e Castigo. Culpada.



Porque se estivesse aqui alguém, não tanto fazia.



Mas quem?

domingo, 6 de abril de 2003

Nasceu!!





Convite da estréia!





Ai, foi uma delícia!

Pelo menos 70 dos meus conseguiram entrar!

Preciso dizer que fiquei bem feliz.

Afinal, faço teatro pra quem, se não pros amigos que eu amo e pros meus pequenos lindos?!

E quase todos desses todos estiveram lá.

Faltou gente essencial, mas deu pra disfarçar isso em mim.

E, também depois eles vão.

Eu quero mais é curtir essa alegria muitos dias mais.

Platéia lo-ta-da.

E o mais legal é que eu me divirto muito, muito...

Um beijo pra vocês, minhas queridas, que foram lá e me encheram de felicidade!



E é isso... estão todos convidados.

Ficamos em cartaz até o final de junho.

Mas o que eu faço não vou contar!!!



MERDA!!!!!



Amídala é pra essas coisas...

Na hora do canto e da dor também...

Unidas resistiremos.

Unidas não tememos ninguém.

Vem cá, me abraça e me beija.

Onde quer que esteja, contigo estarei bem!


segunda-feira, 31 de março de 2003

Amídalas Exaustas

Ai, como a gente corre! Como tudo às vezes é um monte de chuva caindo do céu, fora de controle, com barulho, susto. Imprevisão do tempo, eu diria. Será que é isso mesmo a vida? Esse descontrole? Domingo fizemos a pré-estréia de Amídalas e foi uma corda no pescoço, apesar de toda a nossa antecipação, é sempre assim. No fim, claro, dá certo. Ai, mas que cansaço. Tô mais feliz do que cansada, eu acho. Mesmo assim me pergunto. Estamos cheias de perguntas e nenhuma resposta. Será que foi assim mesmo que Deus imaginou a vida quando resolveu criar esse ser complicado, complexo e eternamente insatisfeito que é o ser humano? Será?



E esta semana promete!

Vamos lapidar os diamantes...

Diamantes? Bobagem...

Vamos lapidar as amídalas.



Se você acha que é melhor tirá-las,

arrancá-las, dá-las ao cão...

Não! Não!




E o pior é que sempre de repente a gente pára a correria e se pergunta essa mesma pergunta: será que é isso mesmo a vida?



Ela é a dona da banca

Ela é a dona do jogo...

Daniela Mercury


sábado, 29 de março de 2003

Eu descobri

(Raul,)

Eu descobri porque este lugar é meio sombrio e angustiado, ainda que eu seja tão cheia de boas energias, e feliz - de certa forma e de muitas formas -, ainda que eu sorria e ria muito, e vá às festas, e converse bastante, e conte piadas ótimas - como a da mala. Eu descobri. Ou eu sempre sei e agora estou capaz de explicar melhor. A angústia vem exatamente de toda essa alegria. Vem de não ter comigo quem eu amo pra dividir tudo isso. Então nos momentos em que eu páro pra pensar só nisso, nisso de sentir muita falta de quem eu amo, nesses momentos eu escrevo. Acho que é isso. Só pode ser isso. Você assistiu a Fale Com Ela? Pois ali tem uma frase que diz exatamente isso que eu sinto. Um dos homens do filme explica ao outro por que chora muito quando vê alguma coisa lindíssima - um espetáculo de dança, uma peça de teatro, um filme, um dia de sol, uma flor, sei lá... Ou quando escuta uma música maravilhosa, ou uma história sensacional. Ele chora porque aquilo é tão lindo e ele não tem ali a pessoa que ama pra dividir aquele instante. É por isso. É por isso que eu choro também. É a tristeza de não ter mais como dividir as coisas lindas da vida com quem eu amo. Uma tristeza estranha que só existe mesmo porque eu sou feliz. Ser feliz sem o amor da minha vida ao meu lado é muito, muito triste. Então é por isso essa melancolia aqui, essa densidade, esse peso tantas vezes... É por isso.

Eu acho.

É que hoje ouvi Fábio Jr o dia inteiro então me lembro de algumas certezas.

De que eu amo tanto, meu Deus! Tanto...

Só eu sei quanta falta você me faz...

Será que isso não vai passar nunca?

As horas... as horas... as horas...

quarta-feira, 26 de março de 2003

A hora de entender que acabou

Li isto na Nanda e... Meu Deus do Céu!



"Saudade é basicamente não saber.

Mas o pior é reencontrar e descobrir que há diferença:

- você nunca gostou de chocolate amargo..

- agora eu adoro."




...





Chicago

Eu amei o filme!

Tem cenas inacreditáveis de tão boas!

Acho imperdível mesmo...

Por isso entendo ter ganho o Oscar.

Mas...

...As Horas é muito mais filme.

domingo, 23 de março de 2003

Mais um amor da minha vida

Fala se você já viu uma coisa mais fofa?

Esta é a Sofia. Uma das razões da minha vida.

Filha da minha irmã favorita.

Que sonho... Quase morro de saudade.

Quase, não. Morro um pouco, sim.

Mas elas sempre vêm...



Sofia mais linda desse mundo!









Uma carta para Raul

Meu querido,

quando eu olho pra essa coisa linda que é a Sofia - como pode ser TÃO maravilhosa? - quando olho assim pra ela, eu também me pergunto onde é que tem dentro de mim lugar pra essas angústias e essas tristezas que escrevo aqui. E, no fundo, sei lá... Tem um pouco disso, sim, mas é tão pequeno, né, perto do milagre que é a vida. Tudo tão pequeno perto da vida privilegiada que eu tenho... Você tem razão quando diz que eu sou animada, e feliz, e essas coisas boas. Sou mesmo. Obrigada por me lembrar.



Atenção: o que a menina escreve neste espelho é só uma parte de mim, que, às vezes, se sente assim, sozinha e triste... por um amor que eu amo e não está comigo... por algumas perguntas que não consigo responder. Mas a minha vida é muito legal e eu sou muito feliz, graças a Deus. Apersar de tudo - quase nada.

sexta-feira, 21 de março de 2003

Há qualquer coisa...

Por que será que a gente se torna passiva diante de tudo?

A vida tanto faz. Nada importa.

Eu não estou triste nem feliz.

Não tenho ninguém possível que eu ame.

Nem ando procurando, nem querendo achar.

Esqueci das minhas vontades descontroladas.

Tenho achado que fiz tudo o que quis fazer.

Trabalhei nos lugares que escolhi, escolhi quando sair, decidi tudo.

Acabaram minhas ambições, minhas expectativas.

Fiquei boba, sei lá.

Fiquei fraca de propósito.

Fiquei cansada e resolvi me render.

Não sei também a quê, mas me rendi a alguma coisa.

E o que me intriga um pouco é que nada me incomoda.

A passividade não tem me incomodado.

E isso é um tanto assustador para alguém como eu.

Será que só estou descansando? Ou será que desisti mesmo?



A única coisa que sei é que por você eu enfrentaria tudo.

Mas, hoje, nada importa.



Há qualquer coisa ausente que me anula...



Socorro, não estou sentindo nada

Nem medo, nem calor, nem fogo

Não vai dar mais pra chorar

Nem pra rir

Socorro, alguma alma mesmo que penada

Me empreste suas penas

Já não sinto amor nem dor

Já não sinto nada

Socorro, alguém me dê um coração

Que esse já não bate nem apanha

Por favor, uma emoção pequena, qualquer coisa

Qualquer coisa que se sinta

Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva

Socorro, alguma rua que me dê sentido

Em qualquer cruzamento

Acostamento

Encruzilhada

Socorro, eu já não sinto nada

Socorro, Alice Ruiz e Arnaldo Antunes


domingo, 16 de março de 2003

“Há qualquer coisa ausente que me atormenta.”

Camile Claudel


sábado, 15 de março de 2003

Se ao menos você soubesse

Se você soubesse do meu choro no carro, das letras das músicas que eu canto pra você.

Se você soubesse das coisas lindas que eu digo, do meu esforço, do meu espelho.

Se você soubesse...



Tanto

Tanto

Se ao menos você soubesse

Te quero tanto

Tanto




Ah, se você me visse sem eu te ver.

Se você me seguisse invisível.

Se você me escutasse falando de nós.

Se você me ouvisse pelo menos um dia.

Um dia...



Pra mim

Basta um dia

Não mais que um dia

Um meio dia




E se a gente esquecesse tudo.

E lembrasse tudo, do começo.

E se a gente se conhecesse de novo.

E tivesse aqueles medos de novo, aquele descontrole, aquela alegria.

E se a gente perdesse a noção da hora como em nossas horas mais felizes...



Ah, se já perdemos a noção da hora

Se juntos já jogamos tudo fora

Me conta agora como hei de partir

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios

Rompi com o mundo, queimei meus navios

Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós, nas travessuras das noites eternas

Já confundimos tanto as nossas pernas

Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão

Se na bagunça do teu coração

Meu sangue errou de veia e se perdeu

(...) Não, acho que estás só fazendo de conta

Te dei meus olhos pra tomares conta

Agora conta como hei de partir




Tanto.

Tanto.

Se ao menos você soubesse.

Se ao menos você ainda soubesse.

Se ainda quisesse saber.



Em que esquina do tempo eu te deixei duvidar de que era possível ser feliz assim?

Se ao menos eu soubesse.



Te quero tanto.

Parece que o tempo não passa.

E já se passaram mais de MIL DIAS...

Mil dias sem você e eu ainda te quero tanto.



Ai, que raiva!

Mas a verdade é que nada importa.