segunda-feira, 31 de março de 2003

Amídalas Exaustas

Ai, como a gente corre! Como tudo às vezes é um monte de chuva caindo do céu, fora de controle, com barulho, susto. Imprevisão do tempo, eu diria. Será que é isso mesmo a vida? Esse descontrole? Domingo fizemos a pré-estréia de Amídalas e foi uma corda no pescoço, apesar de toda a nossa antecipação, é sempre assim. No fim, claro, dá certo. Ai, mas que cansaço. Tô mais feliz do que cansada, eu acho. Mesmo assim me pergunto. Estamos cheias de perguntas e nenhuma resposta. Será que foi assim mesmo que Deus imaginou a vida quando resolveu criar esse ser complicado, complexo e eternamente insatisfeito que é o ser humano? Será?



E esta semana promete!

Vamos lapidar os diamantes...

Diamantes? Bobagem...

Vamos lapidar as amídalas.



Se você acha que é melhor tirá-las,

arrancá-las, dá-las ao cão...

Não! Não!




E o pior é que sempre de repente a gente pára a correria e se pergunta essa mesma pergunta: será que é isso mesmo a vida?



Ela é a dona da banca

Ela é a dona do jogo...

Daniela Mercury


sábado, 29 de março de 2003

Eu descobri

(Raul,)

Eu descobri porque este lugar é meio sombrio e angustiado, ainda que eu seja tão cheia de boas energias, e feliz - de certa forma e de muitas formas -, ainda que eu sorria e ria muito, e vá às festas, e converse bastante, e conte piadas ótimas - como a da mala. Eu descobri. Ou eu sempre sei e agora estou capaz de explicar melhor. A angústia vem exatamente de toda essa alegria. Vem de não ter comigo quem eu amo pra dividir tudo isso. Então nos momentos em que eu páro pra pensar só nisso, nisso de sentir muita falta de quem eu amo, nesses momentos eu escrevo. Acho que é isso. Só pode ser isso. Você assistiu a Fale Com Ela? Pois ali tem uma frase que diz exatamente isso que eu sinto. Um dos homens do filme explica ao outro por que chora muito quando vê alguma coisa lindíssima - um espetáculo de dança, uma peça de teatro, um filme, um dia de sol, uma flor, sei lá... Ou quando escuta uma música maravilhosa, ou uma história sensacional. Ele chora porque aquilo é tão lindo e ele não tem ali a pessoa que ama pra dividir aquele instante. É por isso. É por isso que eu choro também. É a tristeza de não ter mais como dividir as coisas lindas da vida com quem eu amo. Uma tristeza estranha que só existe mesmo porque eu sou feliz. Ser feliz sem o amor da minha vida ao meu lado é muito, muito triste. Então é por isso essa melancolia aqui, essa densidade, esse peso tantas vezes... É por isso.

Eu acho.

É que hoje ouvi Fábio Jr o dia inteiro então me lembro de algumas certezas.

De que eu amo tanto, meu Deus! Tanto...

Só eu sei quanta falta você me faz...

Será que isso não vai passar nunca?

As horas... as horas... as horas...

quarta-feira, 26 de março de 2003

A hora de entender que acabou

Li isto na Nanda e... Meu Deus do Céu!



"Saudade é basicamente não saber.

Mas o pior é reencontrar e descobrir que há diferença:

- você nunca gostou de chocolate amargo..

- agora eu adoro."




...





Chicago

Eu amei o filme!

Tem cenas inacreditáveis de tão boas!

Acho imperdível mesmo...

Por isso entendo ter ganho o Oscar.

Mas...

...As Horas é muito mais filme.

domingo, 23 de março de 2003

Mais um amor da minha vida

Fala se você já viu uma coisa mais fofa?

Esta é a Sofia. Uma das razões da minha vida.

Filha da minha irmã favorita.

Que sonho... Quase morro de saudade.

Quase, não. Morro um pouco, sim.

Mas elas sempre vêm...



Sofia mais linda desse mundo!









Uma carta para Raul

Meu querido,

quando eu olho pra essa coisa linda que é a Sofia - como pode ser TÃO maravilhosa? - quando olho assim pra ela, eu também me pergunto onde é que tem dentro de mim lugar pra essas angústias e essas tristezas que escrevo aqui. E, no fundo, sei lá... Tem um pouco disso, sim, mas é tão pequeno, né, perto do milagre que é a vida. Tudo tão pequeno perto da vida privilegiada que eu tenho... Você tem razão quando diz que eu sou animada, e feliz, e essas coisas boas. Sou mesmo. Obrigada por me lembrar.



Atenção: o que a menina escreve neste espelho é só uma parte de mim, que, às vezes, se sente assim, sozinha e triste... por um amor que eu amo e não está comigo... por algumas perguntas que não consigo responder. Mas a minha vida é muito legal e eu sou muito feliz, graças a Deus. Apersar de tudo - quase nada.

sexta-feira, 21 de março de 2003

Há qualquer coisa...

Por que será que a gente se torna passiva diante de tudo?

A vida tanto faz. Nada importa.

Eu não estou triste nem feliz.

Não tenho ninguém possível que eu ame.

Nem ando procurando, nem querendo achar.

Esqueci das minhas vontades descontroladas.

Tenho achado que fiz tudo o que quis fazer.

Trabalhei nos lugares que escolhi, escolhi quando sair, decidi tudo.

Acabaram minhas ambições, minhas expectativas.

Fiquei boba, sei lá.

Fiquei fraca de propósito.

Fiquei cansada e resolvi me render.

Não sei também a quê, mas me rendi a alguma coisa.

E o que me intriga um pouco é que nada me incomoda.

A passividade não tem me incomodado.

E isso é um tanto assustador para alguém como eu.

Será que só estou descansando? Ou será que desisti mesmo?



A única coisa que sei é que por você eu enfrentaria tudo.

Mas, hoje, nada importa.



Há qualquer coisa ausente que me anula...



Socorro, não estou sentindo nada

Nem medo, nem calor, nem fogo

Não vai dar mais pra chorar

Nem pra rir

Socorro, alguma alma mesmo que penada

Me empreste suas penas

Já não sinto amor nem dor

Já não sinto nada

Socorro, alguém me dê um coração

Que esse já não bate nem apanha

Por favor, uma emoção pequena, qualquer coisa

Qualquer coisa que se sinta

Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva

Socorro, alguma rua que me dê sentido

Em qualquer cruzamento

Acostamento

Encruzilhada

Socorro, eu já não sinto nada

Socorro, Alice Ruiz e Arnaldo Antunes


domingo, 16 de março de 2003

“Há qualquer coisa ausente que me atormenta.”

Camile Claudel


sábado, 15 de março de 2003

Se ao menos você soubesse

Se você soubesse do meu choro no carro, das letras das músicas que eu canto pra você.

Se você soubesse das coisas lindas que eu digo, do meu esforço, do meu espelho.

Se você soubesse...



Tanto

Tanto

Se ao menos você soubesse

Te quero tanto

Tanto




Ah, se você me visse sem eu te ver.

Se você me seguisse invisível.

Se você me escutasse falando de nós.

Se você me ouvisse pelo menos um dia.

Um dia...



Pra mim

Basta um dia

Não mais que um dia

Um meio dia




E se a gente esquecesse tudo.

E lembrasse tudo, do começo.

E se a gente se conhecesse de novo.

E tivesse aqueles medos de novo, aquele descontrole, aquela alegria.

E se a gente perdesse a noção da hora como em nossas horas mais felizes...



Ah, se já perdemos a noção da hora

Se juntos já jogamos tudo fora

Me conta agora como hei de partir

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios

Rompi com o mundo, queimei meus navios

Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós, nas travessuras das noites eternas

Já confundimos tanto as nossas pernas

Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão

Se na bagunça do teu coração

Meu sangue errou de veia e se perdeu

(...) Não, acho que estás só fazendo de conta

Te dei meus olhos pra tomares conta

Agora conta como hei de partir




Tanto.

Tanto.

Se ao menos você soubesse.

Se ao menos você ainda soubesse.

Se ainda quisesse saber.



Em que esquina do tempo eu te deixei duvidar de que era possível ser feliz assim?

Se ao menos eu soubesse.



Te quero tanto.

Parece que o tempo não passa.

E já se passaram mais de MIL DIAS...

Mil dias sem você e eu ainda te quero tanto.



Ai, que raiva!

Mas a verdade é que nada importa.







sexta-feira, 14 de março de 2003

Andando no lugar

Ai, meu Deus, por que é que é tão difícil?

Quando penso - e até sinto - que as coisas começam a caminhar nos eixos e pra frente, Paf! Um dia como hoje... Um dia cheio de coisas boas, cheio de pessoas legais, cheio de sol, elogios, vozes queridas... E pra nada. No fim do dia, cá estou, só, com essa saudade de sempre, essa dor que não me deixa em paz. Que sempre volta. Que chega pesada até nesses momentos em que parece que nada mais me atinge, nada mais me importa, me desafia, me anima, me dá vontades, me derruba... Só parece. Chega assim, pra me maltratar mais e mais e mais. Antes a inércia. Mas nem nela consigo descansar... Que cansaço, meu Deus, que preguiça, que vontade de que acabe a brincadeira. Sem graça há tanto tempo...

Ai, esses dias... Tantos dias.

As pessoas são muito mais infelizes do que felizes.

Então pra quê tudo isso?

Ai, que sono.





A Família que eu escolhi para ser minha também

Existe mais-que-amor? Um sentimento maior? Muito maior...

Tem de existir, porque o que eu sinto por eles é mais-que-amor.

E até no meio dessa dor que dilacera, eles conseguem me fazer feliz.

Minha família amada, idolatrada, adorada... Que agora está aprendendo a viver sem o pai de todos.

Mas eles nem imaginam o quanto são capazes, senão meu tio tão gentil, jamais teria ido.



Dizem que só o TEMPO e o AMOR dos que ficam é capaz de amenizar dores de uma perda tão irreparável. Como o tempo caminha sozinho, eu queria colaborar com a minha porção de amor, que, para vocês, é TODO o amor que eu tenho. Obrigada por vocês existirem perto de mim e por fazerem tanta gente feliz.









domingo, 9 de março de 2003

Cinema! Pra variar...

Assisti tanta coisa ultimamente.

Deixa eu dar uma lembrada...



As Horas

Mulheres e Horas

Ma-ra-vi-lho-so. Eu amei.

Fiquei impressionadíssima e encantada.

Achei lindo, tocante, sensível, provocador. Forte.

É o tipo de filme que me pega em cheio.

E estou louca pra ler Mrs. Dalloway.

Os três beijos:

O beijo que Julianne Moore dá em sua vizinha é de um arroubo de compaixão que acaba se transformando numa descarga de corrente elétrica. Ele foi criado para mostrar que ela se conectou com um certo tipo de energia que não estava presente em seu casamento. O beijo no epílogo do filme obviamente representa o final do dia para aquelas mulheres. E o beijo de Virginia Woolf em sua irmã Vanessa é um momento terrível, que traduz desespero, carência e solidão.

David Hare, o roteirista






Adaptação

Nicolas Cage horroroso O ladrão de orquídeas que vai ganhar o Oscar. Ele está demais! Meryl, sempre perfeita.

Ai, sei lá. Não gostei muito.

Tem que ver. Não dá pra falar.

Mas prefiro Quero Ser John M.





Prenda-me se for capaz

Catch me if you can

É bem divertido e gostoso de ver.

Mais ainda porque o cara existiu.

Ele fez coisas inacreditáveis.

Pra sair do cinema sorrindo. E só.

Os figurinos são o máximo!





Gangues de NY

Gangues de NY

Não gostei.

A fotografia é bonita.

Mas tem tanto erro de continuidade que até desanima.

Realmente não gostei. Quase detestei.

Se ganhar o Oscar, me mato.

Mas o Daniel DL merece de melhor ator.





Cristina quer casar

Denise Fraga

Eu esperava tão mais.

Está bem longe de ser bom como Por Trás do Pano, o primeiro filme deles.

Achei bobinho, vazio. Apesar de ter coisas bem boas sobre gente e relações.

Amo a Denise Fraga, mas é Fábio Assunção que vale o filme: está engraçadérrimo.

E tem duas músicas que eu adoro na trilha: Zélia Duncan e Fito Paez.





Deus é Brasileiro

Deus é brasileiro

Adorei.

Cheio de detalhes muito legais.

Deus mora nos detalhes...

E o cara é muuuuito bom.

Apesar do Fagundes ser Deus, o filme é o cara... Digamos, o menino-deus.

(Ele fazia A Máquina, no teatro, e sempre foi muito bom!)





Quem Sabe?

Quem Sabe? - cinema francês

Achei longo demais. Dava pra tirar pelo menos meia hora de filme.

Daí seria ótimo. Mas acaba sendo meio chato.

Apesar de ter coisas interessantes também. Mas cansa.





O Último Beijo

Casamentos... Italianos...

É italiano mas poderia perfeitamente ser brasileiro.

É um retrato dos homens da minha geração. Impressionante.

Dá uma preguiça deles... Nossa, MUITA preguiça.

Mas o filme é bom demais! E a menina é uma mega atriz!!





Esperando o Messias

E a Argentina, como vai?

Eu gostei, mas não é regra.

Vale muito pra quem quer saber da situação atual da Argentina.

O filme é bem sobre gente, no fundo.

Mas pode ser bem chato para alguns.





Assunto de Meninas

Lost and Delirious Meninas... E Meninas...

Amor, Covardia e Desespero Coragem e Medo

É bem adolescente. E achei meio preconceituoso de certo ponto de vista.

Meio ditador de regras de boa criação e bom comportamento para ser feliz e ir para o céu. Afinal, dá a sensação de que a menina tem determinado comportamento em consequência da infância conturbada e da falta de uma família direitinha. Isso me incomodou porque não é necessariamente assim na vida real.

Mas pode ser bastante tocante pra quem tem algum envolvimento com o assunto.

Apesar de parecer exagero, eu sei que não é, e se tornou bom pra mim por isso.

É bem real. Doído. E de um amor bem, bem bonito, eu diria.

Metades e Segredos... de tantas.



...



E hoje fui ao teatro ver

A Impotância de Ser Fiel

A Importância de Ser Fiel

Eu adoro o Tapa.

Adoro a direção do Tolentino.

Achei os figurinos, o cenário e a luz lin-dís-si-mos.

Mas, aaaaaai, que peça comprida!

Quase cansei. Mas não, porque sou fiel.



quinta-feira, 6 de março de 2003

Meu querido Tio Samir,

estamos todos aqui, como o senhor vê, eu sei, tentando sobreviver a essa dor, essa dor, essa dor que é a sua ausência, a sua falta. Eu tenho tentado amenizar a minha tristeza de não poder fazer nada diante dessa dor, essa dor, essa dor que vejo nos seus filhos tão maravilhosos, que eu amo tanto. Essa dor, essa dor, essa dor da minha Tia Rita, tão especial, tão querida, tão idolatrada... e eu só fico lá, tentando, no fundo, nada... apenas estar lá. Tento amenizar toda essa dor, essa dor, essa dor... estando lá. E é só o que sou capaz de fazer. Que impotência, mais uma vez. Eu queria fazer milagres.



Mas no meio de toda essa dor, essa dor, essa dor, eu quero te agradecer tanto - e eu sei que já fiz isso tanta vezes quando o senhor estava aqui - agradecer pela sua família ser tão maravilhosa, agradecer pela sua bondade, pela sua gentileza, pela sua generosidade, por ter ensinado tanta coisa pra tanta gente, por ter deixado tantos exemplos. Eu sei que o senhor deve estar aí com "raiva de ter ido" como a minha tia disse, e eu te confesso que estamos aqui também com muita raiva de terem te levado... mas quando estou na sua casa, com aquela gente que é uma luz na minha vida, uma benção, um milagre mesmo, quando estou lá eos vejo, e abraço, e olho, e sinto... quando estou lá, apesar de toda essa dor, esse dor, essa dor, eu me sinto feliz. Feliz mesmo. Lá no fundo mim. Feliz de uma felicidade que até dói sem ser dor, dor, dor assim. Dói de alegria e eu nem me aguento em mim de querer tanto bem, de amar tanto.



Agora que o senhor é onipresente, sei que vê o amor que tenho aqui dentro por vocês. Que sempre tive e você sempre soube, e eu sempre te contei, e eu nunca cansei de repetir. Mas agora eu tenho certeza de que o senhor sabe mesmo QUANTO é.

E, mesmo tendo ainda um infinito pra te dizer, não sei mais.

Obrigada por tudo.

E a sua saudade vai ser pra sempre uma lembrança sem palavras.

A sua casa é um dos meus lugares favoritos nesse mundo.

E a sua família é, de longe, uma das favoritas que conto nos dedos de uma mão.

Obrigada muito por tudo o que senhor me deixou.

Cê sabe, né... tio. Pai da Mari, ainda por cima... além de tudo... Um deus!

Eu te amo pelo vento,

Ju



E só pra registrar aqui o que disseram pro tio Riad, que é tão lindo, e tão verdade:

"Se o Samir não soltar um palavrão no caminho, ele passa do céu..."



E o senhor não leu essa historinha do Calvin aí em cima, puxa....

Todo o meu amor...

segunda-feira, 3 de março de 2003

3.33333333333333

Hoje é três do três do três.

Quando dá isso no resultado é infinito, não é?!

Como a nossa dor, dessa perda tão cruel.



E 33 é a idade de Cristo, para nos lembrar... pra gente tentar não perder a fé.



domingo, 2 de março de 2003

A morte me cala

Morreu um tio meu tão querido.

De primas minhas tão unicamente especiais.

Da minha tia tão amada, idolatrada.



E por não se poder fazer nada,

dizer é inútil,

então me calo.



Estou em silêncio esses dias.



É difícil demais aceitar algumas mortes.

Entender... não vamos nunca.

Pelo menos aqui, não...

Que dor.