terça-feira, 5 de novembro de 2013

faz um mês que morri um pedaço

Quando eu nasci, ela estava lá.
Quando eu chorei, quando eu sorri,
quando precisei, quando pedi,
quando conquistei e quando perdi.
Ela estava lá de manhã, depois da escola, na hora de dormir.
Ela estava lá para me acordar, me alimentar, me cobrir.
Quando eu falei, quando eu esqueci,
quando eu mudei, quando cresci,
quando gritei e quando me feri.
Ela sempre esteve lá, ela sempre esteve aqui, comigo.
Faz um mês, ela foi arrancada de mim, fui obrigada a vê-la partir.
Essa coisa que a vida faz com a gente sem aviso.
Essa crueldade, esse perigo que a gente não pode evitar.
Agora eu choro esse choro, que é todo o chorar.
Até quando, não sei. Acho que até secar, o mar.

Minha neguinha, minha florzinha,
minha mãe preta, minha Betinha,
você me cuidou, me mimou, me amou tanto.
Viver sem você é assim, essa novidade,
esse buraco, essa saudade sem fim.

Eu te amo pra sempre,
e te abraço todo dia dentro de mim.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Me olha de onde estiver...

Hoje, que perda irreparável. Minha neguinha foi embora. 


segunda-feira, 25 de março de 2013

não me calo

você me pede em segredo palavras
eu te escrevo sem saber a razão
confesso em silêncio o que não digo
você me decifra invisível

a vida segue bem repetida
dias issos dias aquilos dias nada
as mesmas frases os mesmos sinais
não fosse o rio eram dias iguais

mas há a felicidade atávica
do sangue libanês da alma artista
há a esperança infinda
e há amor ainda

amor que não cala
não fere
cresce
e aparece


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

uma folha de papel em branco

Eu me lembrei de você de repente como lembro sempre nas horas de todos os dias em que não te esqueço Lembrei então das lembranças e das palavras guardadas e dos sons que eram parte de mim quando eu era você Que nunca deixei de ser talvez por teimosia ou amor não se sabe ao certo já que errei tanto quando estive tão perto Mais do que eu queria menos do que podia tanto quanto foi possível evitar evitei e quem me garante que teria sido ao contrário Há o que existe o que é e o que não é ainda que eu pensasse que pudesse depender de mim Mas isso só pensei no início quando nada sabia da vida e da onda que anda sozinha com a força dos que nada temem O medo que eu tenho é o mesmo de ontem de hoje de sempre De que quando se forem os outros que amei que amava em você não sobre em mim nem vontade nem milagre nem muito prazer.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Dois mil e quanto

Por que será que a gente vai contando os anos?
Tudo aqui é de qualquer tempo, da idade da pedra.
Tudo é de sempre desde que eu escrevi a primeira linha.
Tudo é do mesmo ainda que pareça diferente de antes.
O que vem, que já veio, que virá de novo no novo.
Dois mil o quê? Dois vezes quanto?
Quantos espantos ainda hão de me contar a vida...
Mas uma mentira há, e bem contada: o oito.