sábado, 27 de dezembro de 2008

Senhor, agradeço a graça alcançada.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008


SALDADE

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

a carta que eu mandei pra ele este ano
(a leonor que entregou)

meu velhinho querido e bom,

só alguém muito bom mesmo poderia me dar de presente o presente que eu desejo no fundo da alma. mas juro que mesmo se eu ganhar esse presente, nunca vou ser dona dele, e vou continuar a desejá-lo todos os dias da minha vida, na alegria e na tristeza. não é nada que se compre nas lojas e acho que você também não conseguiria fazer na sua fábrica. é uma pessoa, meu velho. uma pessoa específica e especial. tão especial. eu queria de presente essa pessoa. você sabe quem é. sei que é meio egoísta da minha parte pedir isso porque estou pensando em mim e só em mim. mesmo com o mundo desabando e precisando de tantos presentes, e mesmo sem saber se a tal da pessoa gostaria de ser dada de presente pra mim. mas depois, eu prometo, prometo ser altruísta o resto da vida. com todas as minhas forças. pro-me-to. mas, bom, velhinho, voltando ao meu presente, era isso que eu queria, que essa pessoa que eu quero tanto me quisesse. que me queira. o presente que eu desejo, Noel, é que a pessoa que eu desejo deseje estar comigo. e pra sempre, se der. se-der. não sei qual o tamanho do presente que eu posso pedir, mas se puder ser bem bem grande, é isso, que seja pra sempre. tá? e depois, olha, depois não precisa mais me dar nada em nenhum natal porque tenho certeza de que eu já terei tudo de que preciso para ser feliz, feliz, feliz como os natais deveriam ser para todo mundo. para sempre.

obrigada.
um abraço bem apertado.
juli

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

I could write this but I won't

It hurts

I'm sorry but I am sorry.
I think I don't want it anymore.
we always think we can
I thought I could but I can't.
I can't handle it. sometimes.
I don't want it anymore.
because I AM sorry.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

I hate to see you cry

I hate to see you cry Lying there in that position
There's things you need to hear So turn off your tears And listen
Pain throws your heart to the ground Love turns the whole thing around
No it wont all go the way It should But I know the heart of life is good
You know it's nothin new Bad news never had good timing
Then the circle of your friends Will defend the silver lining
Pain throws your heart to the ground Love turns the whole thing around
No it wont all go the way It should But I know the heart of life is good
Pain throws your heart to the ground Love turns the whole thing around
Fear is a friend who is Misunderstood
But the heart of life is good
I know it's good


The Heart Of Life, John Mayer

domingo, 21 de dezembro de 2008

slow dancing on mulholland drive

It's good to feel necessary...
where the light is.
how long she can go before she burns away?
I'll never stop this train.
I'd die if I didn't see you there.
I've done all I can.
now I'm free... free falling.

gravity is working against me.
(and I was really defying gravity)

belief.
I'm gonna find another you.
bem lembrado


Eu queria trazer-te uns versos muito lindos

colhidos no mais íntimo de mim...
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para as ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel!
Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas
do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento
da Poesia...
como
uma pobre lanterna que incendiou!

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos, Mario Quintana


...

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos...
Trago-te estas mãos vazias
Que vão tomando a forma do teu seio.

A Oferenda, Mario Quintana

sábado, 20 de dezembro de 2008

um sábado depois do outro II

ela acorda. pensa. come um bis. se levanta. checa o telefone. um número desconhecido. talvez conhecido, mas perdido portanto estranho. não se importa. levanta. lava o rosto. escova os dentes. olha o espelho. pensa. sai do quarto de meias nos pés. desce as escadas e o chão está gelado. pensa. come um pedaço de pão. abraça as crianças. combina o cinema. brinca. brinca. brinca. não pensa em nada. brinca. ri. canta. dança. almoça. ri muito. toma banho. se veste. chama todos eles. entra no carro. aperta os cintos. conversa. ri. gargalha. estaciona. pensa. lembra. se obriga a esquecer. compra os ingressos. compra as pipocas. compra os refrigerantes. encontra a melhor amiga. sorri. entra. acomoda todo mundo. se acomoda. ri. ri muito. gargalha. chora. lembra. lembra muito. chora. ri. ri muito. gargalha. sorri. vai ao banheiro. entra na fila. compra os lanches felizes. organiza. come. espera. ri. limpa. encomenda um presente especial. segura as mãos pequenas entre os carros. entra. aperta os cintos. dá a partida. pensa. liga o rádio. lembra. da ré. engata primeira. pensa. canta. ri mais um pouco. desvia. abre o portão. estaciona. tenta escapar. não consegue. brinca. brinca. brinca. morre de cócegas. morre de rir. lembra. esquece. pensa que vale a pena, apesar de tudo que não tem. porque tem tanto. tanto. sorri.

...

e o que vale também é isto!

...

e hoje também vale porque decidimos que vou mesmo viver lá,
no apartamento dos meus sonhos, com as melhores energias do universo.
indiscutivelmente faz valer tudo que está por vir.
o porvir.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

de quando um momento único se repete

porque hoje, de novo, o mundo parou.
quase o coração, de susto, não aguenta.
mas a cabeça já não pensa e a razão se matou.
é um monte de ilusão misturada em realidade.
um delírio, uma insanidade, a inatingível visão.
alucinação, presente, talvez fé. fé demais.
e eu que tenho tantas palavras as perco,
perco o chão, o discernimento, perco o limite da servidão.
é um amor que se submete, arremete, e se me aniquila.
não consegue ser diferente, então obedece e se disciplina.
é um amor que não tem escolha,
e mesmo sem ser, suporta.
é uma porta pra algum lugar
que só pode ser bonito e excelente.
é o meu Jogo do Contente.
porque o mundo pára.
porque o mundo pára de repente.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

comecei
(e vai ser rápido)



o segredo das coisas perdidas
tododiaelafaztudosempreigual


Você vai me seguir aonde quer que eu vá
Você vai me servir, você vai se curvar
Você vai resistir, mas vai se acostumar
Você vai me agredir, você vai me adorar
Você vai me sorrir, você vai se enfeitar
E vem me seduzir
Me possuir, me infernizar
Você vai me trair, você vem me beijar
Você vai me cegar e eu vou consentir
Você vai conseguir enfim me apunhalar
Você vai me velar, chorar, vai me cobrir
e me ninar



Você vai me seguir, Chico Buarque

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

paratitertulianadorada


Tertuliano, frívolo peralta,
Que foi um paspalhão desde fedelho,
Tipo incapaz de ouvir um bom conselho,
Tipo que, morto, não faria falta;

Lá um dia deixou de andar à malta,
E, indo à casa do pai, honrado velho,
A sós na sala, diante de um espelho,
À própria imagem disse em voz bem alta:

- Tertuliano, és um rapaz formoso!
És simpático, és rico, és talentoso!
Que mais no mundo se te faz preciso? -

Penetrando na sala, o pai sisudo,
Que por trás da cortina ouvira tudo,
Severamente respondeu: - Juízo. -


Velha Anedota, Artur Azevedo


segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

ningu´em sabe nada

eu nÂo sei se vou te amar amanha~,
vocÊ nao sabe se vai estar aqui no meu aniversÀrio.
eu n~Ao sei se nos encontraremos no anoo que vem,
voc^e nnaõ sabe se vai trabalhar nos mesmos horÀ´rios.
ela nNão sabe se vocE^ vai suportar muito tempo,
voc~^E tambbém nNao sabe se vai continuar esperando.
eu Não sei aonde seremos felizes,
ela nao~ sabe se fez bem em viajar.
voce^ n~ão sabe se um dia vai sentir a minha falta,
nem eu sei se quero que vocÊ sinta (muito).
porque eu nÃO sei se e´ bom perder a ilus~ao,
e ela também na~o sabe se seria bom n~a!o ter perdido.
vocE^ nN~ao sabe o efeito da aus~ência das palavras,
e eu ñao sei usar este teclado.

domingo, 14 de dezembro de 2008

por favor, senhor Deus, melhora pra mim na próxima, vai...

bode: sm 1 Ruminante cavicórneo, macho da cabra.
Estar de bode amarrado: estar aborrecido, contrariado, zangado.

individualismo: sm 1 Posição de espírito oposta à solidariedade. 2 A capacidade de poder existir separadamente.
3 Existência individual. 4 Teoria que fez prevalecer o direito individual sobre o coletivo.


idiota: adj+s m+f (lat idiota) 1 Falto de inteligência. 2 Estúpido, parvo, pateta. 3 Ignorante. 4 Med Doente de idiotia.
5 Psicol Pessoa com nível mental a um quinto, ou menos, do nível normal do grupo de idade cronológica a que pertence.


idealismo: sm 1 Tendência para o ideal. 2 Devaneio, fantasia.
ideal:
adj (baixo-lat ideale) 1 Que existe apenas na idéia. 2 Imaginário, fantástico, quimérico. 3 Que reúne todas as perfeições concebíveis e independentes da realidade. sm 1 Aquilo que é objeto de nossa mais alta aspiração.
2 O modelo idealizado ou sonhado pelo artista. 3 Perfeição. 4 Sublimidade.


romântico: adj 2 Próprio de romance; fantasioso, fictício, imaginário. 6 Que se imagina herói de romance; lírico, piegas.
romance: 4 Enredo de coisas falsas ou inacreditáveis. 5 Conto, fábula. 6 Urdidura fantástica do espírito; fantasia.
7 Objeto ou fato real, mas que tem o que quer que seja de fantástico, de inacreditável.


cacholeta: sf (cachola+eta) pop 1 Pancada na cabeça com a mão ou com vara. 2 Ofensa. 3 Censura.

estou de bode do mundo.
porque cada um só pensa em si e eu sou uma idiota idealista e romântica
que continua pensando nos outros.
e só levo cacholeta.

(mas a sapatada que o jornalista iraquiano mandou no FDP do GB valeu o dia!)

sábado, 13 de dezembro de 2008

A espera

Era uma senhora elegante. Estava sentada na poltrona do café e me olhou assim que entrei. Baixa e gorducha. De pernas grossas e quadril largo. Como todas essas senhoras desse tipo. Cabelos curtos e brancos. Com um brilho particular - ela e os cabelos, visivelmente arrumados num cabeleireiro chique. Mas chique mesmo, na medida. Ela não era, nem por um detalhe, exagerada. Nada daquelas libanesas descabidas que jogam tranca no salão de jogos do meu clube. Era simples até, de tão sóbria e elegante, apesar do laquê. E sorria. Sorria para mim, vi logo. Eu não a conhecia, mas ela sorria para mim antes mesmo de eu cruzar a porta de entrada. Pedi um expresso americano doppio, na xícara grande que eu prefiro, uma garrafa de água sem gás, e me sentei. No mesmo instante, ela, xícara - grande também - nas mãos, se sentava ao meu lado. Não a vi levantar, não a vi caminhar, não a vi ir se chegando: ela brotou, de um segundo para o outro, ao meu lado. - Como vai? - Vou bem, e a senhora? - Poderia estar melhor, ela disse com um meio sorriso. Eu ri. - Eu também, respondi. - Eu sei, disse ela. Levantei as sobrancelhas em interrogação, sem saber exatamente se queria continuar aquela conversa. Sou de conversa, sim, e muito, mas nem sempre me agradam pessoas estranhas que tentam dizer soluções para a minha vida incerta. Ou que acham que sabem de mim sem me conhecer. Também não sou daquelas que se fecham imediatamente. E ali existia uma estranheza que ao mesmo tempo me afastava mas me atraía. - Sei bem, ela repetiu, enfática no bem. - Por isso é que vim até aqui falar com você. - Como assim a senhora sabe? Ela se acomodou na cadeira, pegou a xícara grande, fez que ia tomar mas desistiu por alguma razão, se ajeitou como se aquela nossa conversa fosse durar anos. Levantou as sobrancelhas exatamente como eu, soltou um som daqueles que fazemos com a garganta para concordar com alguma coisa que não tem jeito, e respirou fundo. - Quando eu tinha a sua idade, começou a dizer sem me olhar, eu esperava. Assim mesmo ela disse "eu esperava" e ponto final. Depois de uma longa pausa, perguntei: esperava o quê? - Esperava, ela disse simplesmente. - Sentava num café, como estamos fazendo agora, e esperava. Ia ao cinema e esperava. Trabalhava - vezes muito, vezes pouco, vezes demais - e esperava. Amava a minha família e esperava. Tinha idéias, planos, amores, dores, e esperava. Estava sempre esperando. - Mas o quê?, eu insisti. - Não sei, ela disse. É por isso que estou aqui até hoje, com a xícara grande na mão, e esperando. Mas agora que você entrou, eu entendi. Eu estava esperando por você. Ela falava de um jeito que eu não conseguia nem interromper, nem achar que ela era louca, nem nada. Eu escutava e mais nada. Eu escutava e ficava esperando o que vinha depois. Eu esperava. Ela então se levantou e a passos curtos e lentos foi andando em direção à porta, saiu e se foi, sem olhar para atrás. A xícara dela ficou. Não pude deixar de notar que não tinha nada dentro. Estava vazia. Vazia e limpa. Nunca teve café ali. A xícara esperava também, pensei, alguém que lhe servisse alguma coisa.

O que aprendemos com isso? Nada.
um sábado depois do outro

um sol depois do outro
uma lua depois da outra
um amor depois do outro
uma rua depois da outra
um filme depois do outro
uma depois da outra

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

arirarara

hoje, de repente
sem razão aparente
me deu uma saudade
de você e eu

mas saudade diferente
de coisa que a gente
nunca viveu

deu saudade da nossa amizade
de sermos amigas só

de verdade

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

da série repetir é preciso

É um descanso ter alguém que nos pertence por inteiro.

de Tète-a-Tète, uma biografia de Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre, de Hazel Rowley

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

uma outra coisa sempre amada de mim no meio do que hoje sou e sinto

o que falta está onde sempre esteve: dentro. o que falta é o que você pensa quando não pensa em nada. o que está lá, mesmo sem estar. o que jamais vai faltar quando você realmente precisar. o que falta é sempre a mesma coisa quando escurece, sob o céu, sob a chuva, sob o sol, sob todo ponto de luz. na escuridão falta tudo. mas só parece que falta porque a gente não enxerga no breu. no escuro do caminho inevitável, a gente não vê nada. não vê o que há e o que existe para além da falta. porque o que falta também faz parte do caminho. que leva não se sabe para onde, mas é sempre para dentro antes da próxima parada. antes de clarear e ficar claro que o que falta é um pouco todo dia. ou toda noite. falta um pouco acreditar que há mais força do que fragilidade. falta acreditar na montanha. você falta em você. falta você. o que falta está onde sempre esteve: dentro do espelho. o que falta é exatamente o que não falta.

(...)
Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.


de Amor e Seu Tempo, Drummond


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

land II: a quadrilha

enquanto você dorme, eu penso. penso na quadrilha. em vocês, em nós. em nada. em tudo. enquanto você dorme, tudo acontece dentro de mim. há calma, sim, mas me maltrata uma ansiedade insistente. não sei de quê exatamente. porque quase acho que não existe nada além do que eu invento. e da quadrilha. há paciência, sim, mas em um turbilhão. de vontades e desejos e calafrios. enquanto você dorme, me dou conta de que, dentro, sonho e me contradigo. porque a quadrilha me mata às vezes. e quando estou acordada não consigo evitar a espera do fim de tarde, e a ausência dolorida de tudo que eu agora já conheço e ainda quero. e tenho medo de querer não querer mais (se doer). me cubro de medos enquanto minhas mãos não te cobrem as costas. durmo entre palavras enquanto não durmo ao teu lado. tento acreditar, ainda que a falta de fé me tente. sempre por causa da quadrilha. e da armadilha de todas as tardes. enquanto você dorme, eu penso. penso em todos os lugares onde não estou. temo não estar nunca. penso. penso nessa terra onde piso - durante a quadrilha: wonderland? waterland? disneyland? ne-ver-the-land?

enquanto você dorme, eu caminho de pés descalços e esquento minhas mãos.

...

you look so good it hurts sometimes
We got the afternoon You got this room for two One thing I've left to do Discover me Discovering you something 'bout the way your hair falls in your face I love the shape you take when crawling towards the pillowcase You tell me where to go and Though I might leave to find it I'll never let your head hit the bed Without my hand behind it - You want love? We'll make it Swimming a deep sea Of blankets Take all your big plans And break 'em This is bound to be a while Your body Is a wonderland Your body is a wonder (I'll use my hands) Your body Is a wonderland Your body is a wonderland Damn baby You frustrate me... - JM

land

eu quero te escrever mas não acho.
é tanto.

domingo, 7 de dezembro de 2008

SETE de dezembro de dois mil e OITO


WONDERLAND


I dry the tears I've never shown

Sometimes I wonder Where I've been Who I am, do I fit in?
Make-believing is hard alone Out here, on my own
We're always proving Who we are Always reaching For that rising star
To guide me far And shine me home Out here on my own
When I'm down and feeling blue I close my eyes so I can be with you
Oh, baby, be strong for me Baby, belong to me
Help me through Help me need you
Until the morning sun appears Making light of all my fears
I dry the tears I've never shown Out here on my own

Sometimes I wonder Where I've been Who I am, do I fit in?
I may not win But I can't be thrown
Out here On my own

On my own, nikka costa

sábado, 6 de dezembro de 2008




ouvindo lou reed, alzira espíndola

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

das repetições

acho que eu sempre digo pra ela que tudo se repete. e de tanto eu repetir que tudo se repete, ela me pediu para pensar nas repetições. as repetições da vida, quero dizer. da minha vida. e da sua talvez. as repetições das culpas, dos erros, das expectativas, das decepções. dos amores. principalmente dos amores. das dinâmicas repetidas dos amores repetidos. e então eu me lembro que desde pequena tudo se repete. as figurinhas repetidas que eu nunca conseguia trocar e que sempre vinham aos montes aumentar os meus montes. os times repetidos, as notas repetidas, as dúvidas repetidas. as manhãs, as tardes, as noites, os finais de semana repetidos. e então as amigas preferidas, as que eu sempre queria que se repetissem. os vestidos repetidos nas festas de quinze anos repetidas. os reveillons repetidos. as angústias repetidas. os casamentos, os altares, os filhos repetidos. e, em mim, as paixões, as esperas, as alegrias, os medos, tudo repetido. a ansiedade, a dedicação, a abdicação, a disponibilidade, a frustração. que se repete, se repete, se repete. as conversas, as histórias, as lembranças, as esperanças. sempre repetidas. as dores se repetem, as cores se repetem. a falta se repete. a vida, a cada nova tentativa, se repete. e o cansaço das repetições se repete, incansável. só da morte não sei: se repetirá? saberei. repito: saberemos.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

quatro de dezembro de dois mil e oito

aniversário de 13 anos do sobrinho mais velho.
os pais comemoram 46 anos de casados (55, com os 9 de namoro).
são também 46 anos da morte do avô, que obviamente ela nem conheceu.
(sim, ele morreu ali, no dia do casamento da filha - a mãe dela -, logo depois de levá-la ao altar).

mas ela, aos 34, não tem nada de realmente importante para relatar neste 4 de dezembro.

e, admitamos: chove. nem se sabe bem por quê.
(mas chove muito, muito além das desgraças alheias)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

eu só quero saber do que pode dar certo
não tenho tempo a perder


(mas a verdade é que nada disso importa.
porque chove e as pessoas perdem a vida e tudo.
e eu, por mais que faça, não posso fazer nada.
e choro por ser impotente sempre diante da tragédia alheia
- e tão profundamente minha.
tão profundamente minha.)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

a mulher que ri

a gente se habitua com aquilo que tem.
e também com aquilo que falta.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

aquela indesejada

não tem jeito, ela vem. de repente ela vem. no meio do nada. como uma piada de mau gosto, ela vem. por um sorriso não dado, por uma chave esquecida, por um telefone perdido ou um desejo desperdiçado. ela vem. ela volta. porque é segunda-feira ou porque é um domingo vazio. porque passou um aniversário e você não lembrou ou porque falou demais, tá lá, ela, de volta. você liga o rádio no carro pra tentar se distrair, mas é pior: ela já está nas melodias e nas letras. quanto mais alto você canta, mais ela te invade. porque o sinal fechou, porque abriu, porque nem era pra você ter saído de casa hoje. e quando você volta, ela já se instalou no seu quarto, deitou na sua cama e vai dormir com você. não tem jeito, a tristeza vem.

(se ela não te derrubar durante a noite, que bom, porque você PRECISA acordar amanhã)

domingo, 30 de novembro de 2008

mas então amanheceu

já era tarde quando ela acordou. sentiu-se estranha ao abrir os olhos e sabia que alguma coisa estava diferente. essa é uma das sensações na vida que ela mais teme (e se repete, de tempos em tempos, inevitavelmente): a sensação do amanhecer diferente quando o diferente significa que levaram dela algo de muito importante. mas, então, amanheceu. e o primeiro pensamento de todas as manhãs não estava mais lá. se perdera. se perdera assim, casualmente, como ela se perde de vez em quando por ruas desconhecidas tentando voltar pra casa. foi daquele jeito. acelerando o carro e dobrando as esquinas, tranquila, querendo acreditar que estava no caminho certo. mas não. era para o outro lado. e ela se dá conta tarde, na maioria das vezes. tarde para chegar na hora exata. tarde para dar tempo. tarde para evitar a sensação temida. da perda, enquanto amanhece.

(e aí, ela sabe, não tem outro jeito a não ser respirar fundo, aumentar o som, e tentar achar um retorno. mas o retorno da metáfora nem sempre existe.)

sábado, 29 de novembro de 2008

as três paradas

há dias em que não há o que dizer, ela pensou, sozinha no quarto.
sabendo que jamais esqueceria aquela noite.
sabendo que jamais esqueceria.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

o milagre dos dois abraços

quando eu nasci, já sabia, mesmo sem saber nada.
tudo isso já ia acontecer, é a estrada.
porque antes de nascer, eu escolhi:
primeiro o mundo vai parar,
depois virão dois abraços,
e então o amor que dá sentido aos passos.

eu amo seus olhos, sua boca, seu sorriso, seu jeito de andar.
eu amo a sua voz, o seu discurso, as suas mãos e os seus braços.
eu amo seu cheiro, seu perfume, suas histórias.
e seus abraços.

quando nasci, eu já sabia.
mesmo sem saber nada.
é a estrada.
o sonho sonhado

depois de tantas noites sem te achar no sonho
depois de ficar acordada pra não te perder na madrugada
finalmente você veio me ver
essa noite eu sonhei com você
essa noite eu sonhei com você

deve ser o universo cuidando de mim.

domingo, 23 de novembro de 2008

alívio

o que alivia é a certeza
de que seja como for seremos felizes.
o que alivia é falar de amor
com a paz dos sentimentos divinos.
o que alivia é saber que nada abala
o que já se tem de lindo e de verdade.
o que alivia é a beleza
do que se construiu além dos pés no chão.
o que alivia é o olhar calmo
para o que pode vir de novo.
o que alivia é não ter pressa
de colher os frutos que crescem saudáveis.
o que alivia é plantar as flores
e vê-las mais bonitas a cada dia.
o que alivia é o sorriso perfeito
que transforma nada em tudo.
o que alivia é o tempo que cura
toda a dor.
o que alivia é o amor.
o que alivia é o meu amor.

sábado, 22 de novembro de 2008

bem aventurados os anjos que amam (ou que sonham)

- é ela, disse a moça de olhos ainda pintados, apresentando a sua menina dos olhos.

todas as outras que olhavam puderam ver que o sorriso da moça ao dizer é ela se abriu escancarado como girassóis ao sol. ela esperara por aquele momento como quem espera um filho, tamanha a alegria que lhe invadia quando imaginava a possibilidade.

sim, ela esperava por aquele momento, e já não podia mentir para si mesma como se o amor fosse inventado. não era. pelo menos o que ela sentia não era mesmo inventado. era uma das coisas mais lindas que já sentira na vida inteira. e estava ali. o coração batia disparado e agora um monte de outros olhos viam. não era uma ilusão. embora pudesse ser ainda - e ela sabia - apenas um desejo profundo que jamais se tornaria realidade. mas existia.

ela estava ali e todos a viam com a sensação contida da descoberta de um mito, de uma miragem, de um grande amor anunciado e até então sem rosto, sem cheiro, sem gosto, sem a noção real do tamanho do brilho daquele rosto. e a moça sentiu um prazer tão indescritível e sublime em tê-la ali no seu mundo, que quis congelar aquele momento e viver nele para sempre - quase se esquecendo de que quer e precisa de mais do que só aquilo.

e, então, depois de ver quem ela é, todas compreenderam o amor avassalador.
e também a amaram.

pois desta vez eu quero o poema um pouco ao contrário: que eu possa tocar o que fique.

(...)

As coisas tangíveis

tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão

drummond

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

apenas mais uma de amor

porque enquanto eu não sei do teu abraço
te falo no silêncio dos dias sem palavras
te penso nos instantes de certeza adolescente
te amo, incansável, em cores reluzentes.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

amor perfeito

Flores para quando tu chegares
Flores para quando tu chorares
Uma dinâmica botânica de cores
Para tu dispores pela casa

Pelos cômodos, na cômoda do quarto Uma banheira repleta de flores
Pela estrada, pela rua, na calçada Flores no jardim
Pétalas ao vento, para tu contares Para além dos nomes, que possam dizê-las
Flores pra compores Metáforas antes de comê-las

Para quando tu chegares
Flores para quando tu chorares
Uma dinâmica botânica de cores
Para tu dispores pela casa

Pelos cômodos, na cômoda do quarto Uma banheira repleta de flores
Pela estrada, pela rua, na calçada Flores para mim
Flores pros meus braços Ofertá-las para parabenizar-te
Flores quantas flores, forem necessárias
Pra perguntares: pra que tantas flores!

para quando tu chegares.
para quando tu chorares.

Flores, Zélia Duncan

quarta-feira, 12 de novembro de 2008


THE BEST IS YET TO COME


terça-feira, 11 de novembro de 2008

PAN-CINEMA PERMANENTE

documentário sobre Waly Salomão, de Carlos Nader.
absolutamente imperdível.


Mundo e ego : palcos geminados.

Quero crer que creio
E finjo e creio
Que mundo e ego
Ambos
São teatros
Díspares
E antípodas.

Absolutos que se refratam / difratam…
Espelhos estilhaçados que não se colam.

Entanto são
Ecos de ecos que se interpenetram
Partículas de ecos ocos, partículas de ecos plenos que se conectam
Aí cosmos são cagados, cuspidos e escarrados pelo opíparo caos
E o uso do adjetivo está correto
Pois que o caos é um banquete.

Fantasmas de óperas.
Ratos de coxias.
Atos truncados.

Há uma lasca de palco
em cada gota de sangue
em cada punhado de terra
de todo e qualquer poema.

Barroco, WS

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

SAVE THE LAST DANCE FOR ME

You can dance-every dance with the guy

Who gives you the eye,let him hold you tight
You can smile-every smile for the man
Who held your hand neath the pale moon light
But don't forget who's takin' you home
And in whose arms you're gonna be
So darlin' save the last dance for me

MB

domingo, 9 de novembro de 2008

dos momentos legais no meio das separações

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

pra você se achar aqui neste dia, se um dia ler isto.
(já que a sua memória não funciona muito bem!)

sábado, 8 de novembro de 2008

a dor da mulher da minha vida

será que a gente apaga o que escreve
porque quer apagar o que sente?

funciona?

ou a gente só pensou que sentia, por um lapso do coração?

depois de tanto tempo ainda me dói saber que a mulher da sua vida não sou mais eu, sabia?

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

seu casaco ficou comigo porque eu insisti

mas mesmo assim eu não te aqueço.
o tem-po-pas-sou, não nos parecemos mais.
nas fotos, veja, não nos parecemos mais.
não nos parecemos nem um pouco.
embora sejamos iguais ainda, as mesmas.
as mesmas músicas, os mesmos gostos, o mesmo nome sem cura.
não nos parecemos mais. não nos encaixamos mais.
você ama outra pessoa. eu também.
mas aquela coisa está lá.
e nunca saberemos por quê.
talvez nunca saibamos.
talvez nunca mais.
e ainda bem que eu consigo dormir
porque essa coisa não tem remédio.
talvez porque você seja linda, mesmo sem rir como antes.
talvez porque eu sempre te ame. mesmo sem amar como antes.
porque é você.
seja como for.
ou talvez nada
além de uma saudade enorme.

o seu casaco, porque eu inisisti, ficou comigo.
mas insistir, eu já aprendi, não serve pra nada.

sabia?

PS: para os fantasmas, Ghostbusters!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

a vida não tem ensaio

- A pessoa por quem você está apaixonada não existe. É uma invenção.
- A pessoa por quem a gente se apaixona é sempre uma invenção.

Romance, um filme de Guel Arraes

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

as outras

eu me deito e tento. tento sonhar com você pra saber como é pelo menos no sonho. mas não consigo. sonho com elas a noite inteira. as outras. sonho com elas enquanto te procuro por todo o sonho. pelas ruas imaginárias das cidades inventadas. pelos restaurantes com banheiros escondidos. pelas portas secretas onde se trocam moedas. pelos botecos onde os amigos que nem cantam, cantam. até dentro da minha própria casa de miragem eu te procuro. quem sabe. mas não, você não aparece. você só existe na vida real. do outro lado da ilha.

eu acordo e tenho que passar o dia convivendo com isto: sua ausência no sonho.
fácil não é. mas sempre há alguma beleza no amor. e há sol por toda a ilha.
(até nelas).

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Ela

e embora Calvin e Haroldo digam aí em cima que não vão a lugar nenhum - e eu tente me consolar com uma história em quadrinhos -, sim, as pessoas morrem. vão mesmo. deixam de estar aqui fisicamente. não podemos mais vê-las bem de perto, tocar, ouvir a voz ou as histórias, sentir o cheiro e a respiração. não podemos mais abraçar.

ela chega de novo e mais uma vez temos que lidar com esse maldito sentimento - ou seria uma emoção, hein? - da perda. a dor da perda. a falta. a implacável certeza de que amanhã aquela pessoa não vai acordar, não vai estar, não vai. foi. certeza. irreversível.

e quando alguém morre, alguém que de alguma maneira é uma peça do quebra-cabeças que forma a sua vida, você se pega assistindo dentro dos próprios olhos ao filme de tudo que já fez, e sem poder evitar repete as perguntas de para onde vamos? por que as coisas acontecem assim? como aceitar? como seguir?

e lá, entre pais, tios, primos, irmãs e irmãos, amigos da vida inteira, a infância inteira, as pessoas que sempre estão, nos casamentos e nos velórios, nas platéias dos seus teatros, e onde você precisar. lá, entre todas essas pessoas, você se paralisa no meio da tristeza e da impotência, e se detém, por intermináveis minutos de vigília, olhando para tudo e todos, com a questão tatuada na testa: será que eu estou fazendo certo? essa vida, quero dizer, será que eu estou vivendo direito? será que é assim?

a resposta não existe. mas ela, indiferente, vai continuar vindo e levando as pessoas que você ama. ela vai continuar vindo e te lembrando de se perguntar de tempos em tempos se isso está valendo a pena do jeito que você está fazendo.

ela vai continuar vindo e te fazendo pensar se você está perto, bem perto, muito perto, das pessoas de quem mais sentirá falta quando forem embora com ela.

ela vai continuar vindo para que você questione as suas escolhas.
para que você MORRA de medo de estar simplesmente fazendo tudo errado.

domingo, 2 de novembro de 2008

dia dos vivos

If you don't know how to take care of something,

you don't deserve to have it.

Fireflies in the garden
the photographer

quando vejo essa lente nesse retrovisor na minha parede, me dá uma saudade.
de você, da menina verde, da sede debaixo de todo aquele nosso sol.
das ruas da sua cidade, dos nossos caminhos, da nossa cumplicidade.
sabe?

olha aqui você
I take!

sábado, 1 de novembro de 2008


O MAL EXISTE. E ANDA POR AÍ.



quinta-feira, 30 de outubro de 2008


las viudas de los jueves

"Como si fuera posible, a certa edad,
arrancar las hojas de un diario
y empezar a escribir uno nuevo."

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

THANK YOU FOR THE MUSIC













aMelhorAtrizdoMundo

To be in Meryl's presence is to be on the receiving end of how far she goes in her exploration of the human experience. By putting life before art, Meryl Streep has made the choice of a trailblazing pioneer, and in the process she became my generation's genius. Thank you for giving me the opportunity to recognize the inevitable: giving love is the true measure of a great artist. - diane keaton


I highly recommend having Meryl Streep play you. If your husband is cheating on you with a carhop, get Meryl to play you. You will feel much better. If you get rear-ended in a parking lot, have Meryl play you. If the dingo eats your baby, call Meryl. She plays all of us better than we play ourselves, although it's a little depressing knowing that if you went to audition to play yourself, you will lose out to her. Some days, when I'm having a hard day, I'd call up Meryl and she'll come and she'll step in for me. She's so good, people don't really notice. I call her at the end of the day and find out how I did, and inevitably it's one of the best days I've ever had. - nora ephron


I don't wanna talk
'cause it makes me feel sad
but I understand
You've come to shake my hand
I apologize
If it makes you feel bad
Seeing me so tense
No self-confidence
But you see

The winner takes it all
The loser has to fall
Its simple and its plain
Why should I complain


But tell me does she kiss
Like I used to kiss you?
Does it feel the same
When she calls your name?
Somewhere deep inside
You must know I miss you
But what can I say
Rules must be obeyed
.

Mamma mia!
here I go again... my, my, how can I resist you? Slipping through my fingers I try to capture every minute Chiquitita you and I know Money Money Money must be funny S.O.S. the love you gave me, nothing else can save me Dancing Queen having the time of your life

bridges
hours
youdontknowme
meryl special
meryl talks


sábado, 25 de outubro de 2008

fala

quando eu não tenho nada pra dizer, escuto.
sigam-me os bons.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

better days

sua voz ao telefone me toca como dias melhores


dos achados musicais intermitentes

Uma vez eu tive uma ilusão E não soube o que fazer Não soube o que fazer Com ela Não soube o que fazer E ela se foi Porque eu a deixei Por que eu a deixei? Não sei Eu só sei que ela se foi. Mi corazón desde entonces La llora diario No portão Por ella no supe que hacer Y se me fue Porque la deje Por que la deje? No sé Solo sé que se me fue. Sei que tudo o que eu queria Deixei tudo o que eu queria Porque não me deixei tentar Vivê-la feliz. É a ilusão de que volte O que me faça feliz Faça viver Por ella no supe que hacer Y se me fue Porque la deje Por que la deje? No sé Solo sé que se me fue. Sei que tudo o que eu queria Deixei tudo o que eu queria Porque não me deixei tentar Viver-la feliz Sei que tudo o que eu queria Deixei tudo o que eu queria Porque no me dejo Tratar de ser la feliz Porque la deje Por que la deje? No sé Solo sé que se me fue. / ilusion, julieta venegas e marisa monte
...

Ya sé lo que te diga no va hacer suficiente Y lo que tú me entregas dejará pendientes Quien nos dice qué la vida nos dará el tiempo necesario Toma de mi lo que deseas como si solo quedara... El presente es lo único que tengo El presente es lo único que hay Es contigo mi vida Con quien puedo sentir que merece la pena vivir Con el mundo como va se nos acaba todo La tempestad y la calma son la misma a cosa Quien nos dice qué la vida Nos dará el tiempo necesario Toma de mi lo que deseas si solo quedara... El presente. / el presente, julieta venegas
...


Antes era así, hora es otra Comedia empieza ya terminó Antes era con alguien, ahora quizás Antes tenia tanto y para todos Antes tenía, ahora deseo Antes había, ahora espero Siempre a punto de tocar El momento que termina A punto de extrañarlo... Antes tenía, ahora deseo Antes había, ahora espero Antes tiempo de más Hoy no puedo terminar Ya no puedo terminar / antes, julieta venegas
...


Acredita em anjo Pois é, sou o seu Soube que anda triste Que sente falta de alguém Que não quer amar ninguém Por isso estou aqui Vim cuidar de você Te proteger, te fazer sorrir Te entender, te ouvir E quando estiver cansada Cantar pra você dormir Te colocar sobre as minhas asas Te apresentar as estrelas do meu céu Passar em Saturno e roubar o seu mais lindo anel Vou secar qualquer lágrima Que ousar cair Vou desviar todo mal do seu pensamento Vou estar contigo a todo momento Sem que você me veja Vou fazer tudo que você deseja Mas, de repente você me beija O coração dispara E a consciência sente dor E eu descubro que além de anjo Eu posso ser seu amor. / anjo, saulo e daniela
...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

libanesa e intermitente desde cedo

- tchía, quando eu fôr morá no brasil, fô durmí na sua cassa todu dchia.
e quando cê morrê, eu nun fô comprá uma cassa, fô morá na sua, táá?!
.
das intermitências da memória da minha sobrinha

daí eu chego aqui e essa menina fica perguntando sobre pessoas,
pedindo pra mandar beijos e telefonar para quem já se foi,
cantando arararira o dia inteiro na minha cabeça,
e querendo saber se eu vou ter filho
(porque ela não quer me dividir).

eu mereço?

terça-feira, 21 de outubro de 2008

das intermitências do amor

Amor, meu grande amor Não chegue na hora marcada Assim como as canções Como as paixões E as palavras... Me veja nos seus olhos Na minha cara lavada Me venha sem saber Se sou fogo Ou se sou água...

Amor, meu grande amor Me chegue assim Bem de repente Sem nome ou sobrenome Sem sentir O que não sente...

Amor, meu grande amor Só dure o tempo que mereça E quando me quiser Que seja de qualquer maneira... Enquanto me tiver Que eu seja O último e o primeiro E quando eu te encontrar Meu grande amor Me reconheça...

amor meu grande amor, angela roro
das intermitências da morte

teu nome no remetente me arranca a idéia de morte.
tuas palavras infantis riscam de cor e alegria os cortes.
tuas mãos nos meus pulsos frágeis me socorrem a renúncia.
teus olhos sempre certos me abrem o sol, o sal, o salto.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

fotofog

por que você está nítida e eu desfocada?


domingo, 19 de outubro de 2008

enquanto vôo

será que eu te inventei?
foi nisso que pensei o dia inteiro
queria te escrever um galanteio, o poema perfeito
seria você o sujeito com milhares de adjetivos

será que eu te criei pra sobreviver?
se você responder sorrindo, acho que morro de amor
só queria te encher, assim, do que for alegria
e a vida seria, enfim, preenchida de felicidade

será que é tudo fantasia?
porque eu não via a hora de você chegar...
queria te contar, antes de morrer de medo
mas se não fosse segredo, será que você viria?

quase compreendo que não é mesmo o seu tempo
te conheci do avesso, mil dias antes da hora?
talvez um milhão de existências... de novo não é agora?
mas se um dia, o dia vier, você me promete que vem?

hein?

sábado, 18 de outubro de 2008

das dores inevitáveis dentro da espera

sim, me dói um pouco. as vezes me dói bastante. como quando eu estou lá na platéia e vejo seu lugar ao meu lado mas você ainda não está. ou como quando eu sei que as pessoas todas vão te abraçar muito e te receber com palavras lindas. ou como quando eu preciso da sua opinião para tudo e quero conversar com você sobre o que acabamos de ver. sim, me dói. e me dói também quando eu morro de vontade de entrar no carro e pegar a sua mão enquanto decidimos para onde ir. ai, e como me dói quando eu me pego pensando na gente chegando em casa, entre beijos e sorrisos, e na noite inteira de amores, e na manhã com sol - dentro e fora. me dói também todo dia quando vai entardecendo e eu tento descobrir que filme você gostaria de alugar pra gente assistir no quarto, agarradas em baixo do cobertor. e, no calor, me dói pensar em bicicletas, sucos, parques, sorvetes e piscinas. e me dói ter que esperar as viagens, os lugares nunca visitados, as nossas férias, as nossas fotos. me dói diariamente pensar nos jantares, nos cinemas, nas risadas, nos papos das madrugadas, nas noites todas juntas antes de dormir. me dói, também, eu confesso, quando vejo possibilidades e já não me interesso porque você existe e eu já sei quem você é. e me dói quando me pisam no pé.

tento me distrair na alegria. mas a verdade é que me dói.

...

pra você não quero dor
você é a luz do caminho
é o ninho onde eu vou morar
você é o presente, o colo e o destino
você é a sorte de um amor tranqüilo
Deus,
me ajuda. o que é que eu faço com isso? você não poderia guardar pra mim e então quando for a hora me devolver? me ajuda, vai. de onde é que vem essa certeza de que acabou a procura? por que é que eu já escrevi isso e deixei esperando? não é um pouco assustador, embora lindo? por que é assim tão claro pra mim? é você que está falando na minha cabeça? sim, eu escuto, mas às vezes me parece perfeito demais pra ser verdade. ou divino demais pra eu merecer. eu mereço toda essa felicidade que seria, ou que virá? tá bom, desculpe, não vou repetir o erro da pouca fé. mas, veja, é tanta beleza que eu queria ser ainda melhor pra receber. é uma beleza que eu não via fazia tanto, mas tanto tempo. gostaria de achar as palavras pra te explicar, ainda que você saiba tudo. sim, eu gostaria de ter as palavras e encher a cidade de poemas, de frases de amor, e das histórias que vieram antes, e que nos prepararam. porque, sim, isso eu sinto também. que a gente sempre se pertenceu, mas estava se preparando. ainda está, de alguma forma. mas, Deus, enquanto isso eu faço o quê? será, por favor, que você poderia guardar pra mim? pode ser que demore meses, talvez anos... pode ser? me ajuda, vai.

ou então me explica logo que eu tô louca e arranca isso de mim.

PS: mas me fala a verdade: se um dia ela quiser, acabou mesmo a procura, não é?!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

cuide bem do seu amor
seja quem for
perdoai as minhas ofensas e a minha fé, pequena.

"Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte:
Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível"

(Mt 17.20)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

bati a cabeça na quina da mesa mas não doeu

a gente vende refrigerante como se fosse a coisa mais importante do mundo. a gente se protege da chuva num dia de verão como se a água queimasse ou fizesse algum mal irreparável à saúde. a gente reclama da demora no restaurante como se dez minutos fossem fazer uma diferença fatal na nossa vida. a gente não dá passagem no trânsito como se um ou dois carros na nossa frente aumentassem o congestionamento monstro. a gente põe o celular e o notebook pra carregar toda noite como se ficar sem bateria fosse a morte. a gente paga o flanelinha pra ele não quebrar nosso carro como se ele tivesse razão. a gente põe cercas e alarmes na casa para o ladrão não entrar como se adiantasse. a gente vota como se fosse mudar alguma coisa. a gente aceita o mais ou menos como se não tivesse outra opção. a gente se esforça demais para que alguém nos ame como se não houvesse no mundo mais ninguém pra nos amar. a gente se contenta com pouco como se não pudesse ter mais. a gente insiste em acreditar em coisas que não existem como se essas coisas passassem a existir de tanto a gente insistir. a gente se surpreende com milagres como se não tivesse fé.
vem

vai, vem com esse punhal e enfia bem no meu peito. bem feito. eu sei que mereci. você nem sabe o que fez. não quer me ferir, eu sei. você nem sabe de nada, minha adorada. fui eu que escolhi. não, não é bem assim. não dependia de mim. você surgiu na minha frente, eu nem podia fugir. eu te vi, não tinha saída. te vi. não era pra você dizer nada, mas você falou tanto, eu tive que ouvir. e como é bonito te ouvir. você é calma e inteira. minha alma te reconheceu no sorriso. você sorriu olhos lindos, e agora não vejo mais nada. além de você. não sei pra onde correr. tento não pensar, mas quando vejo estou lá, na porta da sua casa. nem sei como cheguei. não sei. mas, de repente... eu sempre te amei. enfim eu te achei. ou foi você que me encontrou? depois de eu te escrever muito. aqui estou, então, esperando a chuva passar. ou o sol, se você precisar. talvez você passe e nem me veja. então vai, vem com esse punhal, assim, bem no meio do meu peito. mas faz direito que é pra eu não chorar.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

DIA DO PROFESSOR

mesmo se alguém me ensinasse, eu não ia aprender.
nasci assim, amando até morrer.

acho que a maçã estava encantada.
mas dei o presente pra pessoa errada.
não tenho vontade de dormir porque você existe

não tenho vontade de dormir porque você existe. e quando durmo te perco. quando durmo esqueço. meu sonho não obedece. adormeço e você desaparece. é assim por enquanto. então me levanto e não durmo. assumo que vivo em conflito. não acho bonito. embora o amor seja lindo. sim, é lindo. é lindo isso que eu sinto. mas preciso ficar quieta, apesar da porta aberta. tento ficar protegida, embora já esteja perdida. tento me enganar. porque esperar é honesto. quase não me manifesto. mas detesto sentir esse medo. de guardar tudo tão em segredo que o futuro nunca amanheça. afinal se eu não durmo... talvez aconteça. se eu não digo, talvez fique antigo sem jamais a gente saber. sonho calada, com bruxas e fadas. sonho e acredito, mas o que é que está escrito? será que não podem mudar? e se alguém estragar o destino? se nunca existir um vinho, uma dança, um lugar? e se você não ligar? e se você não quiser? e se eu já estiver louca? e se essa vida for pouca pra caber você e eu? acho que serei triste. não tenho vontade de dormir porque você existe. meu sonho é acordado: eu só quero dormir ao seu lado.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

o problema

como é que eu vou fazer pra você saber que é você? porque eu já sei. soube assim que te vi. sabe quando a gente ri à toa e simplesmente sabe? é você que vai trazer de volta as vontades e os castelos. é você que vai fazer os dias belos e ensolarados. é você que vai dar razão pra chuva e pro novo apartamento. vai ser você a companhia na frente da TV, no restaurante, em cada instante, todas as manhãs. só não seremos irmãs porque eu vou te beijar tanto, mas tanto, que você nunca vai ter tempo de chorar. eu vou te abraçar noites inteiras e te acordar devagar. é pra você que eu vou sorrir no café e é de você que vou sentir saudade. e vou me encher de vaidade com você ao meu lado. vamos andar de mãos dadas e seremos tão felizes! é você que os meus amigos vão amar e sou eu que vou adorar os seus. e minha cara vai doer de sorrir cada vez que eu te olhar pra dizer eu te amo. e ninguém vai mais sofrer. mas como é que eu vou fazer você saber?
(in)sucesso

e aí ela me aparece, no começo da madrugada, e a noite gelada vira rio. ela conta histórias e viagens, é cheia de esperança e ideais. eu, dos meus, nem me lembro mais. mentira, confesso. sou romanticamente o inverso. ela fala de amores curtos e de medo da solidão. eu sorrio na contramão, revivo paixões e planos eternos. falamos dos enganos, dos infernos e das possibilidades. combinamos leões, aquários, capricórnios e metades. politicamente hostis, discutimos o país. ela acredita, eu me penitencio. ainda bem que o desafio é no chão. não tenho altura pra competir. há fé em nós, mas o jogo de iludir é perigoso. pode ser areia movediça, pode dar preguiça, pode enlouquecer a vida. ela diz que não foi boa a partida. eu digo que partir faz parte do campeonato. nosso dom de conversar é nato. nascemos no mesmo dia e isto sim é fantasia. é histérico, eu diria. histeria. a miopia ela operou. eu nem poderia. meu problema é no cérebro, eu sei. só com os olhos veria bem. sério. é difícil compreender. e é um ofício aprender sempre. aprendo já coisas com ela e penso no que posso ensinar. somos amigas de infância, mas só hoje começamos a brincar. cansaremos amanhã? alguém vai se ferir? não sei. vou dormir.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

suddenly I see

yes, I had a dream last night. she was there. it was now and she was here. not past or future. present. my present back. back from there - so far - to nowadays. and I was happy. absolutely happy. she was so real I could believe it yet even when I woke up. she was so real I almost called her to say I know. but I don't even know what I'm writing. I don't even know what number I ought to try. It was just a dream. the unexamined life. bringing back the unpredictable days. but I'm limited. look at me. I'm limited. wishing only wounds the heart.

domingo, 12 de outubro de 2008

DIA DA CRIANÇA

sempre que acaba o fim de semana ela tenta entender a vida. mas sempre as mesmas pessoas dizem as mesmas coisas, e as mesmas esperas são as que vêm na manhã seguinte. então parece que não há nada mais a ser entendido. mas há. se a noite é fria, ela olha pro fogo e pensa nas coisas que acabam. ou queimam. se a noite é quente, ela abre a janela. na tv, desgraça. no telefone, silêncio. no avião, saudade. na estante, livros não lidos continuam sem saber para que servem.

só é diferente quando tem último capítulo de novela.
aí ela começa a pensar nisso antes mesmo do fim de semana acabar.
no sábado à noite, em casa. e normalmente faz frio.

only thing to do is jump over the moon

last night I had a dream

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

se faz sentido pra você

se faz sentido pra você, é bom. existe razão além da vaidade. é de verdade. se faz sentido pra você, vale a pena. há cena além da cortina. há esperança além da dúvida. não é só brincadeira de criança. mas se faz sentido pra você, mesmo se eu só brincar vai fazer. e eu brinco. de pegar, de esconder, de caçar o tesouro que nem sei se existe. mas se faz sentido pra você, deve existir. mesmo se eu mentir pra mim, mesmo assim, se faz sentido pra você, pode ser. as minhas bobagens, as minhas viagens, as minhas paixões secretas, as palavras certas. as descobertas. se faz sentido pra você, é bom descobrir. mas qual o sentido de sentir? se você me disser, eu acredito. porque se pra você faz sentido, eu sei que o futuro é bonito.
WHAT DO YOU STAND FOR?

When you ask me, who I am What is my vision? And do I have a plan?
Where is my strength? Have I nothing to say?
I hear the words in my head, but I push them away.


'Cause I stand for the power to change, I live for the perfect day.
I love till it hurts like crazy, I hope for a hero to save me.
I stand for the strange and lonely, I believe there's a better place.
I don't know if the sky is heaven, But I pray anyway.


And I don't know What tomorrow brings The road less traveled Will it set us free?
Cause we are taking it slow, These tiny legacies.
I don't try and change the world; But what will you make of me?


With the slightest of breezes We fall just like leaves As the rain washes us from the ground
We forget who we are We can't see in the dark And we quickly get lost in the crowd


I stand for the power to change, I live for the perfect day.
love till it hurts like crazy, I hope for a hero to save me.
I stand for the strange and lonely, I believe there's a better place.
I don't know if the sky is heaven,


But I pray anyway.


I Stand, Idina Menzel

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

quando você sorri

quando você sorri o mundo pára. e o meu coração comemora. nada ao redor existe. é a minha hora. te olho sem pressa e você me acolhe. tudo fica verde, então, porque é você que escolhe. quando você sorri eu juro que é sonho, e páro no meio de tudo. tudo ao seu redor. o melhor é que quando você sorri eu já sei. lembro da alegria que me dá. e que vai sem eu dizer. eu me lembro das coisas que ninguém precisa saber. e posso te ouvir por dias, e noites, e madrugadas, e manhãs. eu te invento. e adoro tudo que você representa. quando você sorri, eu represento. eu te vejo e congelo o tempo. o passado, o presente e o futuro. porque o seu sorriso eu tenho pra sempre. eu te olho e posso morrer ali, bem na frente do seu sorriso. ausente de tudo ao redor. juro, a vida é ali, quando você sorri.
TODAY

There's Only Us There's Only This Forget, Regret, Or Life Is Yours To Miss.
No Other Path
No Other Way No Day But Today.
There's Only Yes Only Tonight We Must Let Go To Know What is Alright.
No Other Course No Other Way No Day But Today.
I Cant control My destiny I Trust My Soul My only goal Is just to be.
There's only Yes There's only This Forget Regret Or Life Is Yours To Miss.
No other Path No other Way No day but today.
There's only now There's only here Give in To Love Or live in Fear.
No Other Road No Other Way No Day But Today.


Idina Menzel
No day but today, Rent

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

enquanto você pensava que eu não ligava pra nada

ela entra no banheiro e fecha a porta. eu aceito calada, como quem não liga. pra nada. escuto a água estalar o chão. gelada. não a água, eu. e imagino os detalhes sórdidos do banho quente que me exclui. ela se despe de brincos e anéis, e as roupas pelo piso frio fazem do espelho o paraíso. quente. não o paraíso, eu. mas não vejo espelho nenhum. e não preciso. escuto o corpo entre a água e o chão e o meu coração acelerado. escuto, acelerada, minha respiração pesada entre o ar do céu e o do inferno. hiberno no quarto vazio. e, de repente: silêncio.

ela desliga o chuveiro e se prepara para me torturar mais um pouco. quase sem som, e sem esforço. como quem não liga. pra nada. eu ouço e sinto. longos minutos de tampas e cheiros. e imagino o que já era lindo ao entrar, sair por aquela porta e me matar de deslumbre, entre o perfume e a visão. mas ainda não. há mais o tempo das cores, dos cílios e da boca. da boca. como louca acredito que a porta se desfez. massacrada de imaginação, espero. outra vez.

mas, pá! pela porta do quarto uma avalanche de mãe, tia e irmãs me invade o devaneio secreto. me acorda. me arrasa de concreto. derruba a água toda da casa na minha cabeça. gelada. vozes e rostos e o quarto cheio de realidade. e antes que eu me esqueça, qual é mesmo a minha idade? sorrio forçado como quem não liga pra nada. falo, falo, falo. ela sai do banheiro, desarrumada. e a graça se esvai pelo ralo.

eu, nem reparo. nem me abalo. nem ligo.
falo.
no good deed goes unpunished

que bom que eu te descobri. com esses olhos e esses cachos. esses olhos lindos de luz e esses cachos disfarçadamente lisos e louros. que bom. que bom que eu te descobri muito antes de descobrir de fato e, portanto, confirmo meu bom gosto e meu tato. que bom que você agora vive perto. mesmo longe, perto. sob o mesmo teto. mesmo distante, na mesma casa. porque agora a gente tem asa. e desafia a gravidade. a gravidade de tudo. dos perigos, das vozes. e dos amigos ferozes. a gente é feliz. e foi tudo por um triz. ainda é. mas a gente agora será sempre. presente. e, se alguma coisa acontecer, escuta o que eu vou te dizer: eu tenho um livro mágico. eu tenho um livro fantástico com toda a magia do mundo. e nunca mais te deixo. é esse o desfecho: eu nunca mais te deixo. eleka nahmen nahmen. ah tum ah tum eleka nahmen. eleka nahmen nahmen. ah tum ah tum eleka nahmen. ah tum ah tum eleka: eleka!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

A ROTINA DO ESPELHO É O OPOSTO

(natura)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A FAVORITA

foi quando ela apareceu. pegou assim a minha mão, como quem pega displiscentemente uma lata de cerveja em cima do balcão. de passagem, nem olhando pra mim, me puxou sem me dar escolha. porque eu estava distraída. eu teria olhado pra ela tarde demais, depois que alguém já tivesse chegado primeiro. mas, sim, eu a escolheria também. e então ela foi andando com uma urgência deliciosa, me levando. me arrastou entre as pessoas e, no meio da multidão, parou, sem nunca me soltar as mãos. olhou bem pra mim, cruzou os dedos nos meus, enroscou a minha cintura com os braços entrelaçados aos meus, e me beijou. muito.

já naquele momento, extasiada, eu pensei em tudo que viria depois.

abri os olhos na manhã seguinte e a vi, dormindo ao meu lado com um rosto que já era pra mim o mais bonito do mundo. como por telepatia, ela acordou no instante em que eu ensaiava um sorriso, e sorrimos juntas. sabendo que aquilo ia durar. muito.

e os dias foram assim, um atrás do outro. com sorrisos pela manhã. e risos noite adentro.
(e muitos risos noite adentro.)

e vieram os cinemas, os teatros, os jantares, os amigos, as festas. os vinhos, as comidas, os chocolates. os presentes, as músicas, os cheiros. as descobertas, os riscos, as viagens. as bebedeiras, as bobagens. os oscars, as novelas, as novas temporadas. as estréias. as mudanças, as compras, as idéias, as roupas, os espelhos do banheiro. as alegrias, as tristezas, os abraços sem fim. as saudades, as vaidades, as compreensões, as cumplicidades. as portas, os quartos, as janelas, as bicicletas. as implicâncias, as alianças. as fraquezas, as certezas, a felicidade.

e a cidade inteira ficou feliz. muito.
tante lettere

E quante notti perse a piangere
Rileggendo quelle lettere
Che non riesci più a buttare via
Dal labirinto della nostalgia
Grandi amori che finiscono
Ma perché restano nel cuore

Strani amori fragili
Prigionieri, liberi
Strani amori che non sanno vivere
E si perdono dentro noi

strani amori, laura pausini

domingo, 5 de outubro de 2008

de domingos que se repetem

sábado, 4 de outubro de 2008

um outro que não ela que não eu

é um corpo cheio de vida que sorri e abraça, mas há uma solidão insuportável voltando a tomar conta de tudo. se vê. é aquele vento, aquele monstro. aquele frio do chão do banheiro escuro. aqueles dias iguais sem sol, sem mar. é um corpo embalado de história e com sonhos que vão ficando pelo caminho. com sonhos realizados. e com as ilusões, perdidas ou novas, cansadas. é um pedaço, um pouco que não basta. a ninguém. nem a si. não se basta. são vontades perdidas no ponto só. sem nó. sem dó. o dia vazio, a noite vazia. o vão. em vão. é um corpo cheio de vida que sorri e abraça, mas carrega um espaço que pesa como a multidão de mãos dadas. os pares, os lares, os filhos. pesa tudo aquilo que falta. é um corpo forte mas que já não aguenta a parada. se vê. em vão. é todo dia um não. não tem. não vem. não pode. não há. é um corpo no fundo do poço. que luta. que sorri, abraça, fala, e cansa.
inse(s)to

quatro e meia
me rodeia
me invade o sonho
me rouba o sono
me arranca a roupa
me deixa louca

quatro e trinta e três
se chega outra vez
sussurra um zunzunido
ao pé do meu ouvido
me lambe a orelha
me incendeia

quatro e quarenta e quatro
passeia pelo meu quarto
me persegue
quer que eu me entregue
à força bruta
me morde, me chupa

quatro e cinqüenta
me violenta
suga o meu sangue
até que eu me zangue
ferida, de fato,
o mato.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

de riscos

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

descobertas

chegou a sua hora.
a primavera é fria para que ela chegue com flores e te abrace.
às vezes demora.
a certeza, a tranqüilidade, o enlace.
e o laço é forte.
é um recorte
na vida.
mas não é uma ruína.
é só virar a esquina e está lá a multidão.
não, eu não disse que é fácil.
eu não digo isso.
mas também não é um castigo.
não.
é uma porta, uma janela, um caminho.
claro que se trata de carinho.
o amor é feito disso.
o amor é feito.
é a grande construção da existência.
é uma exigência da felicidade.
e se é aquela a outra metade,
é assim. ponto.
fim.
começo.
encontro.
tudo do avesso.
e a gente, de repente, feliz como nunca imaginou.
eu estaria lá até hoje.
lá quando ela me sonhou.
na primeira primavera.
no primeiro abraço.
nas primeiras flores.
nos dias urgentes.
na primeira noite fria com as mãos mais amadas afagando minhas costas incertas,
descobertas
e quentes.
quentes.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

FEITIÇO DO TEMPO

são silhuetas, não há fisionomia.
mas a bagunça se nota. se nota.

é a bagunça de sempre, a mesma alegria.
é o dia da marmota. se nota.

domingo, 28 de setembro de 2008

CORAÇÃO RASGADO

eu não vou nem tentar descrever o tamanho e a profundidade da violência que tem sido revirar sacos e mais sacos, caixas e mais caixas do meu passado inteiro misturado, amassado, rasgado, pronto pra ir pro lixo. também não vou tentar achar uma palavra para o tipo de tristeza que é reviver pedaços de toda a minha vida, assim, sozinha no meu quarto revirado. menos ainda vou procurar um jeito de registrar a alegria "doída" que tem sido me deparar com toda a felicidade e o amor que eu já senti, já recebi, já comemorei. E que eu escrevi e que me foi escrito um dia com as palavras mais bonitas que alguém pode encontrar para falar a outra pessoa que a ama e que está com saudade. não sei por que o amor acaba, mas agora, no meio dos retalhos dos meus amores, eu vivo de novo a emoção dos dias em que ele começa, e cresce, e parece que não vai acabar nunca.

como as coisas que a gente guarda na gaveta pensando que, assim, não vão levar nunca pra longe de nós.

de mim, levaram. inútil guardar.
e eu estou aqui juntando os cacos e os retalhos.
vivendo de novo cada amor e cada dor.
e me despedindo pra sempre.

sábado, 27 de setembro de 2008

A CARTA FIORENTINA

Oi. Come stai?
Queria te avisar que eu mudei de lugar. Embora eu saiba que você me acharia mesmo se eu ainda estivesse lá. Bom, mas, pra facilitar, voltei. Tô aqui pertinho, é uma reta só. Quando você alcançar as curvas, tudo já vai estar tranqüilo aí dentro. Pode ir se chegando. Estou um pouco diferente, mas você vai me reconhecer. Mesmo sem conhecer. Você vai saber. Porque, afinal, somos nós. Se você chegar de dia, toque a campainha e, se eu não estiver, por favor me espere. Prometo aparecer logo, com flores e pronta. Se chegar de noite, seria melhor ver se a lua está no céu e, se estiver, podemos caminhar um pouco de mãos dadas. É tudo muito simples, não pense demais. Só venha. Pro inverso da certeza.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Scusa, sai, non ti vorrei mai disturbare
Ma vuoi dirmi come questo può finire?
Non me lo so spiegare
Io no me lo so spiegare


Tiziano Ferro e Laura Pausini

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Sempre chega a hora de arrumar o armário.
espelho, janela, casa.
de volta pra casa.

(e ninguém armou o coreto nem preparou aquele feijão preto)

domingo, 14 de setembro de 2008


era um espelho. agora, uma janela.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

CIOÈ

eu te recebo assim com a calma de quem já não tem por onde ir.
te abro um sorriso lento e te dou meus olhos mareados de alegria.
te abraço como uma criança com sono que se encaixa num colo seguro.
e me deito em ti a cabeça leve sentindo o encaixe perfeito dos nossos vãos.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

STANZA

eu sabia
que você ia
me achar.

mas não pensei
que fosse assim,
de repente.

numa noite quente
sob lençóis
e aviões.

acordei.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Apesar dos perigos dos próximos momentos

Vou tentar manter o coração aberto pra você.
Apesar dos outros, Apesar dos medos,
Apesar dos monstros nos meus pesadelos.

Vou tentar manter o coração aberto pra você.
Apesar dos trincos, Apesar dos trancos,
Apesar dos dias repetidos... que são tantos.

Eu vou tentar manter o coração aberto pra você.
Apesar da chuva, Apesar da rua, Apesar da hora.
Apesar dos pesares, das canções, dos lugares.
Apesar dos meus pensamentos, dos perigos, dos próximos momentos.

Aberto, Zélia Duncan/Edu Tedeschi

sábado, 6 de setembro de 2008

por favor, senhor computador, faça com que eu me distraia.
A volte mi domando se Vivrei lo stesso senza te Se ti saprei dimenticare
Ma passa un attimo e tu sei Sei tutto quello che vorrei Incancellabile oramai
Sembrava un’altra storia che Il tempo porta via con sé
Tu non lasciarmi mai Tu non lasciarmi...
E più mi manchi e più tu stai Al centro dei pensieri miei
Tu non lasciarmi mai Perché oramai sarai Incancellabile
Con la tua voce lÂ’allegria Che dentro me non va più via
Come un tatuaggio sulla pelle Ti vedo dentro gli occhi suoi
Ti cerco quando non ci sei Sulle mie labbra sento la voglia che ho di te

E più ti guardo e più lo sai Di te io m’innamorerei
Tu non lasciarmi mai Tu non lasciarmi...
Non farlo mai perché Se guardo il cielo Io sento che sarai Incancellabile oramai
Tu non lasciarmi mai Tu non lasciarmi... Incancellabile tu sei

I miei respiri e i giorni miei E si fa grande dentro me Questo bisogno che ho di te
E più mi manchi e più tu sei Al centro dei pensieri miei Tu non lasciarmi mai

Da sola senza te Ora e per sempre resterai Dentro i miei occhi... incancellabile.

Incancellabile, Laura Pausini
Scrivimi
Quando il vento avrà spogliato gli alberi
Gli altri sono andati al cinema
Ma tu vuoi restare solo
Poca voglia di parlare allora
Scrivimi
Servirà a sentirti meno fragile
Quando nella gente troverai
Solamente indifferenza
Tu non ti dimenticare mai di me
E se non avrai da dire
Niente di particolare
Non ti devi preoccupare
Io saprò capire
A me basta di sapere
Che mi pensi anche un minuto
Perché io so accontentarmi
Anche di un semplice saluto
Ci vuole poco
Per sentirsi più vicini
Scrivimi

Scrivimi, Laura Pausini

terça-feira, 2 de setembro de 2008

CONDIZIONALE COMPOSTO

se eu soubesse quem você é, te diria:

vem pra cá morar comigo. vem agora.
tem lugar, tem trabalho, tem espaço, tem tempo.
tem bicicleta portanto não tem trânsito.
e tem ainda tantos lugares para serem descobertos,
tantos países, tantas cidades, tanta beleza.
e tem tanto, tanto amor.

se eu soubesse quem você é...

continuo aqui, esperando você me achar.
no inverso do David.

domingo, 31 de agosto de 2008

KARAOKÊ

Can anybody find me somebody to love?

Each morning I get up I die a little
Can barely stand on my feet
(Take a look at yourself)Take a look in the mirror and cry
Lord what you're doing to me
I have to spend all my years in believing you
But I just can't get no relief Lord
Somebody (somebody) ooh somebody (somebody)
Can anybody find me somebody to love?

I work hard (he works hard) everyday of my life
I work till I ache my bones
At the end (at the end of the day)
I take home my hard earned pay all on my own
I get down (down) on my knees (knees)
And I start to pray (praise the Lord)
'Til the tears run down from my eyes
Lord somebody (somebody) ooh somebody (please)
Can anybody find me somebody to love?
(He wants help)

Every day - I try and I try and I try -
But everybody wants to put me down
They say I'm goin' crazy
They say I got a lot of water in my brain
Got no common sense
I got nobody left to believe
Yeah - yeah yeah yeah
Ooh

Somebody (somebody)
Can anybody find me somebody to love?
(Anybody find me someone to love)
Got no feel I got no rhythm
I just keep losing my beat (you just keep losing and losing)
I'm OK I'm alright (he's alright)
I ain't gonna face no defeat
I just gotta get out of this prison cell
Some day I'm gonna be free Lord

Find me somebody to love find me somebody to love
Find me somebody to love find me somebody to love
Find me somebody to love find me somebody to love
Find me somebody to love find me somebody to love
Find me somebody to love find me somebody to love
Somebody somebody somebody somebody somebody
Find me somebody find me somebody to love
Can anybody find me somebody to love
Find me somebody to love
Find me somebody to love
Find me somebody to love
Find me find me find me
Find me somebody to love

Somebody to love
Find me somebody to love...

Somebody to love, Queen (Fredie Mercury)

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

ai, que saudade.
A TERRÍVEL DIFICULDADE DO DESAPEGO

entrou um bando de ladrões na minha casa.
eles invadiram a nossa vida e, segundo me disseram, fizeram a maior bagunça.
não levaram quase nada porque a polícia chegou. mas destruíram muita coisa.

embora eu ainda não saiba exatamente o quê, destruíram muita coisa.
destruíram a vida que eu guardava em caixas, gavetas e estantes...
em envelopes, palavras escritas e imagens.
destruíram sem dó, com raiva, todo o amor que eu insistia em guardar.
amassaram, rasgaram, pisotearam um monte de pedaços da minha vida.
e muita coisa foi pro lixo.

fico aqui pensando que eu talvez nunca saiba exatamente tudo que foi pro lixo.
ou porque muita coisa eu já havia jogado fora tempos atrás,
ou porque, finalmente, à força, eu tenha que me desapegar.

e ficar, talvez, só com algumas sensações boas.

mas a sensação agora é bastante ruim,
essa de ter de lidar sozinha com a terrível dificuldade do desapego.

(como é bom quando a gente pode simplesmente jogar fora o que não tem mais importância.
e viver feliz com o que tem.)

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O LET IT GO

Nao é uma sensação boa, mas eu não sei como se chama.

É quando a gente se sente mal por alguma coisa que não sabe exatamente o que é. Alguma coisa que a gente acha que aconteceu, mas não sabe exatamente se foi a gente que fez. É um pouco infantil a sensação, um pouco abstrata, mas muito, muito ruim.

É ainda pior porque normalmente quando a gente se sente assim não tem muito o que fazer pra mudar a coisa. A sensação fica lá e só vai passar quando passar. Às vezes demora, às vezes não. Mas não dá pra saber. Você dorme, acorda, estuda, faz as suas coisas, até esquece por um momento, mas ela fica lá só esperando, aquela sensação desgraçada, e, de repente, você está se sentindo mal de novo.

Normalmente se você tenta fazer alguma coisa pra melhorar, piora. É assim. Sem razão de ser. Pode não fazer o menor sentido, mas é assim. Basta você achar que pode consertar aquilo que nem sabe se quebrou, e pronto, ainda que não afete a vida de mais ninguém, você está pior, se sentindo pior ainda do que antes.

E então vem o dificílimo desafio do “let it go”. É só o que se pode fazer. Não adianta tentar, não adianta esperar que alguém faça alguma coisa. Não farão. E nada fará diferença, a não ser o “let it go”.

E por mais que você tente explicar tudo isso, não vai conseguir.

Just let it go.