terça-feira, 14 de outubro de 2008

(in)sucesso

e aí ela me aparece, no começo da madrugada, e a noite gelada vira rio. ela conta histórias e viagens, é cheia de esperança e ideais. eu, dos meus, nem me lembro mais. mentira, confesso. sou romanticamente o inverso. ela fala de amores curtos e de medo da solidão. eu sorrio na contramão, revivo paixões e planos eternos. falamos dos enganos, dos infernos e das possibilidades. combinamos leões, aquários, capricórnios e metades. politicamente hostis, discutimos o país. ela acredita, eu me penitencio. ainda bem que o desafio é no chão. não tenho altura pra competir. há fé em nós, mas o jogo de iludir é perigoso. pode ser areia movediça, pode dar preguiça, pode enlouquecer a vida. ela diz que não foi boa a partida. eu digo que partir faz parte do campeonato. nosso dom de conversar é nato. nascemos no mesmo dia e isto sim é fantasia. é histérico, eu diria. histeria. a miopia ela operou. eu nem poderia. meu problema é no cérebro, eu sei. só com os olhos veria bem. sério. é difícil compreender. e é um ofício aprender sempre. aprendo já coisas com ela e penso no que posso ensinar. somos amigas de infância, mas só hoje começamos a brincar. cansaremos amanhã? alguém vai se ferir? não sei. vou dormir.

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