quinta-feira, 16 de outubro de 2008

bati a cabeça na quina da mesa mas não doeu

a gente vende refrigerante como se fosse a coisa mais importante do mundo. a gente se protege da chuva num dia de verão como se a água queimasse ou fizesse algum mal irreparável à saúde. a gente reclama da demora no restaurante como se dez minutos fossem fazer uma diferença fatal na nossa vida. a gente não dá passagem no trânsito como se um ou dois carros na nossa frente aumentassem o congestionamento monstro. a gente põe o celular e o notebook pra carregar toda noite como se ficar sem bateria fosse a morte. a gente paga o flanelinha pra ele não quebrar nosso carro como se ele tivesse razão. a gente põe cercas e alarmes na casa para o ladrão não entrar como se adiantasse. a gente vota como se fosse mudar alguma coisa. a gente aceita o mais ou menos como se não tivesse outra opção. a gente se esforça demais para que alguém nos ame como se não houvesse no mundo mais ninguém pra nos amar. a gente se contenta com pouco como se não pudesse ter mais. a gente insiste em acreditar em coisas que não existem como se essas coisas passassem a existir de tanto a gente insistir. a gente se surpreende com milagres como se não tivesse fé.

Nenhum comentário: