terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

Segunda-feira de carnaval
Passou em silêncio desta vez.
Infelizmente.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Cuidado com o que você deseja.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

I know it sounds funny but I just can't stand the pain...
É preciso comparar
(da série Recordar é Viver)

Eu deveria ter contado tudo a ela. Mamãe adora histórias. Não é tão ruim quando se pensa. Poderia ter sido pior. Pense em como acabou aquele rapaz que foi a Boston implantar um rim novo. Ficou famoso nas notícias mas acabou morrendo. Penso na Laika, a cadelinha espacial. Foi colocada dentro do Sputinik e enviada ao espaço. Ligaram fios no coração e no cérebro dela para observar seu estado. Não creio que ela se sentia bem. Girou lá em cima cinco meses até a comida dela acabar. Morreu de fome. É importante ter coisas assim para comparar. Penso naquela mulher que foi a Etiópia como missionária. Ela foi morta a pauladas no meio do sermão. Precisa-se sempre comparar. Penso no cara que foi ao cinema ver o filme "Tarzan na lagoa". Depois pendurou-se num fio de alta tensão e morreu na hora. Nunca se deve bancar o Tarzan. Eu deveria ter contado tudo enquanto ela tinha saúde. Histórias da vida. Mamãe gostava delas. Fazia coleção. É preciso ter alguma coisa para contar a ela. Gosto muito quando ela ri porque aí esquece os livros. Ela lê demais. Esse é o problema. É bom... faz com que pense em outras coisas. Acho que amo a Sickan tanto quanto a mamãe. Mamãe era fotógrafa, antes de adoecer. Tinha um atelier. Teve que parar. Poderia ter sido pior. É importante lembrar isso. Lembro-me do desastre sobre o qual li. Um trem chocou-se com um ônibus em Chyeksbo. Seis pessoas morreram, catorze ficaram feridas. Deve-se comparar. É preciso ter cuidado com os ônibus. Eu poderia estar naquele. Me dá pena quando penso na pobre cadela Laika. Maldade mandarem a coitada na astronave... sem comida o bastante. Ela teve de servir ao progresso do homem. Não pediu para ir. Eu deveria ter contato tudo a ela... enquanto ela gozava de boa saúde. Ela tem bom senso de humor. Sobre o cabelo verde do Manne, e a cuia voadora que o pai dele fez. Do Fransson no telhado e dos malucos daqui. Ela teria rido muito. Garanto. Realmente tenho tido sorte, comparado aos outros. É preciso comparar para sentir a distância entre as coisas, como a Laika. Ela deve ter visto as coisas em perspectivas. É importante manter certa distância. Penso no cara que tentou um recorde mundial saltando sobre ônibus numa motocicleta. Ele alinhou trinta e um ônibus. Tivesse deixado por trinta, ainda estaria vivo. Imagine, não bateu o recorde do mundo por um ônibus. O último. Bateu com a roda traseira nele. Penso naquele sujeito que atravessou o campo da praça de esportes. Um dardo atravessou o peito dele. Atravessou o peito dele. Ele deve ter ficado muito surpreso. É estranho como não consigo deixar de pensar na Laika. Eu não devia pensar tanto! O tempo cura as feridas, como diria a Sra Arvidsson. Ela diz muita coisa sábia. Aconselha a gente a esquecer. É importante comparar. Pense numa cachorra como a Laika. Eles sabiam desde o começo que ela não voltaria viva. Sabiam que ela ia morrer. Eles simplesmente a mataram.

Do filme Minha Vida de Cachorro

domingo, 19 de fevereiro de 2006

Domingo de manhã

Triste conclusão a sua.
Tristíssima leitura a minha.
Tanta coisa boa para aprendermos juntas, e você prefere aprender a me abandonar.

Meu choro de saudade não tem nada de gostoso.
É doído, doído, doído.

sábado, 18 de fevereiro de 2006

Mach Point

Fim de semana parece que é um tempo à parte.
É uma coisa entre vazios e vazia pos si só.
Esse "por si só" nem sei se existe.
Mas estou, literalmente, por mim só.
Acho que sempre estive, sempre estarei.
A cada momento desses de vida partida, isso fica tão claro.
A esperança vai indo embora e você se vê por si só.
A esperança acaba e você acaba um pouco também.
Apaga as fotos que podem ser apagadas.
Esconde as cartas que podem ser escondidas.
Esquece as lembranças que podem ser esquecidas.
Mas tudo isso é quase nada.
É nada.
Perto de tudo.
E aí você olha ao redor e está... por si só.
E não sabe, mais uma vez, para que serve isso.
Para que serve viver por si só.
Além de chato, é idiota, é mais inútil do que qualquer outra situação.

Nem no palco vale a pena viver por si só.
Porque depois que a platéia vai embora, para suas casas com seus pares, comentar a história que você contou, você não tem par, não tem com quem contar... Não tem casa.

Quando será que vou querer de novo?
E mudar o discurso?
E começar tudo outra vez?

E quando, depois, vou voltar para esse mesmo ponto?

Que ciclo besta, Meu Deus.
Chega, hein.
Já entendi como é.
E não tô mais a fim.

Quero dar W.O.
Pode ser?

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

aquele dia

aquele dia, de novo, chega
te pega assim, meio pronta mas nunca pronta
você pensa que vai ser tudo bem, que é só ir passando o tempo
mas aí começa a lembrar do que já passou e vê que não é bem assim
é um saco
essa é que é a verdade
separação é um saco
desestrutura tudo, te derruba, te inferniza o pensamento
tem as coisas pra buscar, as fotos pra guardar
tem um monte de coisa pra guardar na gaveta
em quantas gavetas será que já te guardaram?
e você nem tem mais espaço nas suas gavetas
pra guardar toda essa gente que parte, tanta coisa partida, perdida, chorada...

aí vai seguindo a sua vidinha
fazendo o que tem pra fazer
arranjando o que nem tinha, pra se distrair
a noite demora a passar
a manhã demora a te dar ânimo
é um saco
vai lá, faz as suas obrigações, sai pra bater papo, volta
você sabe que é assim mesmo
você compartilha a sua dor com gente que te entende
que também está passando por isso
mas não tem jeito
pode fazer tudo
continua sendo um inferno

porque tem a parte boa de tudo o que passou
tem todas as lembranças felizes
as idéias juntas, os planos, as invenções
tem as músicas de vocês, os lugares, os amigos
tem os cheiros, os sons, até os silêncios
e você lembra do olhar
do sorriso
da risada
da voz baixa no seu ouvido
dos gemidos
dos sussuros
você lembra do esforço de todo dia
como valia!
você lembra da alegria do caminho
da sensação de felicidade ao estacionar o carro
você lembra que delícia era estar junto
contar tudo, ouvir, desejar, brincar, rir, gargalhar
você pensa que é um desperdício estar sofrendo quando tudo isso existe
existiu e existe

daí você tenta mudar de assunto,
deixar pra lá
mas ainda não dá
ainda é tudo muito presente
ainda é tudo que você ainda quer
ainda não tem graça outra coisa, nem outra pessoa, nem outra vida

você tentar pensar nas coisas chatas pra ver se se conforma
mas é um saco!
porque as coisas chatas existem em tudo, em todas as pessoas
e portanto as coisas chatas não te consolam nem um pouco
pra se livrar das coisas chatas, você sabe, só se matando

de repente você se distrai com alguma coisa e esquece um pouco
só um pouco

porque já já volta um som, uma sensação, um cheiro
uma saudade

então você resolve ir dormir porque não tem o que fazer
porque não há nada que você possa fazer
é assim, mesmo, como você sempre diz pros outros
é assim, vai fazer o quê?
vai conviver com isso de novo e um dia passa
um saco!
pode ser um grande erro
uma perda irreperável
mas a-vi-da-é-as-sim

um dia depois do outro
tudo igual
não sei pra quê

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

dois mil e seis

começou e eu nem percebi
já podia acabar, pra mim dá na mesma
é essa falta de sentido pra tudo
essa falta de tudo que eu nunca vou ter
é assim

14 de fevereiro é Valentines Day
e daí? primeiro não sou americana
depois, não tenho mais a funny valentine

funny funny funny

o mais engraçado é que o tempo passa e tudo continua igual
aqui está, de novo, essa menina, escrevendo nesse blog
e daí?

e no dia em que eu morrer?
isso vai ficar aqui até quando?
dois mil e seis
dois mil e sete
dois mil e doze
dois mil e vinte e sete
dois mil e vinte e nove
três mil?

depois que eu morrer, e daí?

fiz um teste outro dia
pra uma coisa legal
que se der certo será legal
que se desse certo seria legal
mas e daí?
quantas pessoas sofreriam menos nesse lugar só porque seria legal se eu passasse no teste? e quanto mudaria na minha vida se eu passasse no teste? e quanto mais eu seria feliz se eu passasse no teste? e quando as pessoas seriam menos miseráveis se eu passasse no teste? e quantas criancinhas chorariam menos de dor, de tristeza, de fome, de frio, de falta de tudo se eu passasse no teste? e o que isso mudaria depois que eu morrer? ainda sssim, eu queria, e seria legal. eu não tenho mesmo valor.

a menina que trabalha ao meu lado confia tanto em mim que até me comove. e eu confio nela. nos damos bem. e ela se preocupa comigo como se preocupa com a filha dela, que também gosta de mim sem nem me conhecer direito. a filha dela é uma criança, mas gosta de mim como se tivesse a minha idade. ou como se eu tivesse a dela - o mais provável. e essa moça que trabalha ao meu lado fala muito em jesus - em nome de jesus! jesus te ajude! jesus te proteja.

eu sei que ele me cuida. se existe, ele me cuida.
me vê, me cuida, me avisa... ele tenta.
eu ainda acho que ele existe, apesar de não saber mais pra quê.
eu gosto de acreditar que ele existe.
eu deixo de ser eu, aquela com quem sempre convivi, quando perco a fé.
nunca perdi a fé.
só largo ela às vezes, assim, por instantes.
mas depois me lembro de que sem ela sou alguém de quem não gosto.
e daí não perco mais.
quero gostar de mim.
senão vai ser um saco ficar aqui passando o tempo.

minha mestra também trabalha perto de mim
na minha frente exatamente
eu tento aprender com ela mas não sei se dá
de qualquer forma, é bom ter mestres
mesmo que só para tê-los.

como ter deus, só para tê-lo.

existem outras pessoas que eu queria ter, só para tê-las.

mas como eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo me quer bem... todo mundo é meu também. tô te querendo como ninguém. tô te querendo como deus quiser.

empty
again
and again
and again

maria fumaça
muito prazer, eu queria me sentar aqui bem ao seu lado.

Marco seni andatto e no ritorna piu

Volevo dirti solo che Sei sempre tu la mia allegria Che quando parli insieme a lei Diventa folle gelosia Per tutto quello che mi dai Anche quando non lo sai Questo io volevo dire a te Di come quando non ci sei Io mi perdo sempre un po' E poi mi accorgo che non so Più divertirmi senza te Invece quando stai con me Anche il grigio intorno a noi Si colora della vita che gli dai Com'è difficile Dire tutto questo a te Che d'amore non parli mai Non ne parli mai con me Forse perché Hai paura come me Di una risposta che Ancora tu non sai qual è

ciatrizes.