Há qualquer coisa...
Por que será que a gente se torna passiva diante de tudo?
A vida tanto faz. Nada importa.
Eu não estou triste nem feliz.
Não tenho ninguém possível que eu ame.
Nem ando procurando, nem querendo achar.
Esqueci das minhas vontades descontroladas.
Tenho achado que fiz tudo o que quis fazer.
Trabalhei nos lugares que escolhi, escolhi quando sair, decidi tudo.
Acabaram minhas ambições, minhas expectativas.
Fiquei boba, sei lá.
Fiquei fraca de propósito.
Fiquei cansada e resolvi me render.
Não sei também a quê, mas me rendi a alguma coisa.
E o que me intriga um pouco é que nada me incomoda.
A passividade não tem me incomodado.
E isso é um tanto assustador para alguém como eu.
Será que só estou descansando? Ou será que desisti mesmo?
A única coisa que sei é que por você eu enfrentaria tudo.
Mas, hoje, nada importa.
Há qualquer coisa ausente que me anula...
Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir
Socorro, alguma alma mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor nem dor
Já não sinto nada
Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha
Por favor, uma emoção pequena, qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva
Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento
Acostamento
Encruzilhada
Socorro, eu já não sinto nada
Socorro, Alice Ruiz e Arnaldo Antunes
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