sexta-feira, 21 de março de 2003

Há qualquer coisa...

Por que será que a gente se torna passiva diante de tudo?

A vida tanto faz. Nada importa.

Eu não estou triste nem feliz.

Não tenho ninguém possível que eu ame.

Nem ando procurando, nem querendo achar.

Esqueci das minhas vontades descontroladas.

Tenho achado que fiz tudo o que quis fazer.

Trabalhei nos lugares que escolhi, escolhi quando sair, decidi tudo.

Acabaram minhas ambições, minhas expectativas.

Fiquei boba, sei lá.

Fiquei fraca de propósito.

Fiquei cansada e resolvi me render.

Não sei também a quê, mas me rendi a alguma coisa.

E o que me intriga um pouco é que nada me incomoda.

A passividade não tem me incomodado.

E isso é um tanto assustador para alguém como eu.

Será que só estou descansando? Ou será que desisti mesmo?



A única coisa que sei é que por você eu enfrentaria tudo.

Mas, hoje, nada importa.



Há qualquer coisa ausente que me anula...



Socorro, não estou sentindo nada

Nem medo, nem calor, nem fogo

Não vai dar mais pra chorar

Nem pra rir

Socorro, alguma alma mesmo que penada

Me empreste suas penas

Já não sinto amor nem dor

Já não sinto nada

Socorro, alguém me dê um coração

Que esse já não bate nem apanha

Por favor, uma emoção pequena, qualquer coisa

Qualquer coisa que se sinta

Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva

Socorro, alguma rua que me dê sentido

Em qualquer cruzamento

Acostamento

Encruzilhada

Socorro, eu já não sinto nada

Socorro, Alice Ruiz e Arnaldo Antunes


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