domingo, 16 de agosto de 2009

sem exclamação

Sou fraca, dúbia, há uma charlatã dentro de mim embora eu fale a verdade. E sinto-me culpada de tudo. Eu que tenho crises de cólera, "cóleras sagradas". E não encontro o recolhimento da paz. Por piedade, me deixem viver! Eu peço pouco, é quase nada mas é tudo! Paz, paz, paz! Não, meu Deus, não quero ter paz com ponto de exclamação. Quero apenas o mínimo seguinte: paz. Assim, bem, bem devagarzinho... Assim... quase dormindo... Isso... isso... está quase vindo...

Não me assustem, sou assustadíssima.


Clarice, em Um Sopro de Vida

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