terça-feira, 3 de dezembro de 2002

Desencanto

O que me encantava desencantou.

Desencantei.

Por quê, não sei.

Desencantei.

Assim, sem mais.

Em paz.

Em mim.

Assim.

Se é bom ou ruim.

De novo não seii.

Mas desencantei.




Despaixão

Desapaixonei.

E agora quem?

E agora quando?

Queria logo.

Mas queria bem.

Queria brando.

Em paz.

Em mim.

Em nós.

Que nós?

Sós.

Sóis.




Descanção

É você

Só você

Que na vida vai comigo agora...


Não é ninguém.

É solidão.

A música toca mas não há ninguém, não.



Desesperança

Ano que vem vai ser um ano bom.

Um ano de bom tom.

De silêncio e som.

Mais som.

Silêncio é o resto.

Na verdade sou eu, mas queria citar Hamlet.

Envenenar-me.

E morrer.

Mas depois.

Porque ano que vem vai ser um ano bom.




Desprendimento

Não penso mais em você como antes. Não acordo mais com a sua imagem nos olhos, apesar do porta-retrato aqui, insistente. Minto se disser que o dia vai inteiro sem você, mas quase. Quase quase. Minto se disser que escuto música impunemente. Isso talvez nunca. Nem quase. Mas a sensação de acordar sem dor tem uma melodia boa. Ainda é tudo muito vazio portanto é difícil avaliar o estrago, avaliar a recuperação, avaliar as melhoras. Ainda é tudo muito confuso portanto é difícil. Mas é livre. Ainda que a solidão seja a pior das grades.




Desalento

Começo a precisar

de dedos nas costas de noite

de abraço na madrugada.

de pernas enroscadas

de sorriso de manhã

de beijo de café

de bala de hortelã

de oi

de tchau

de saudade

de carinhos sem ter fim.




Deus...?

Alguém...?



Se fosse um filme seria tão mais fácil.

Mas é teatro.



Ano que vem vai ser bom.

Seremos felizes para sempre.



Estou dilacerada.



Outro dia uma amiga me disse: "você é uma pessoa que ama".

Pois desamei.

Desisti.

Deixa.

Passa.













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