quarta-feira, 17 de julho de 2002

Carmina

Atuo para mim. Crio para mim. Quero estar fechada.

Porque não há nada de bom por enquanto, para ninguém.

Mentira. Há. Mas ela não quer. E, se não para ela, não há.

Portanto escrevo para mim.



A gente tá lá fazendo o curso. É interessante. Mas eu me convenço de que tudo é muito repetitivo. Não que não seja bom, a repetição é necessária no teatro, mas eu ando tão vazia... nada disso me preenche mais. Ou pelo menos agora. E no centro de tudo, aquilo que eu disse ontem, no centro de tudo está sempre a mesma pessoa, a mesma história, os mesmos fantasmas dos quais não consigo me libertar. Não me pergunte mais nada esses dias.



NOITE

Passos cansados de ir e voltar nesse mundo, fugas. Ver e rever o que há nesse meu lado verdadeiro... Noite, somente. Como fingir que não se vê, como negar que representar quis a vida, palco em luz, boca a mentir a minha fé. Remover, num golpe só, esse sorrir, esse chorar que pus no tempo a enfeitar a velha imagem que dei a todos, face de bem, canto de paz, brilho na dor... Ir derrubar meus castelos, vencer o mal que nunca vi sair de mim.



Nessa angústia de ter que nascer novamente - lutas - vou me entregar a quem sei que quer, e pode, me ensinar, sim. Dia, somente, que possa ter força maior pra transformar pó em uma terra gestante, que ainda agora traga à luz esse meu Deus. Findarão num gesto seu, o Sim, e o Não, o meu talvez, a sempre escolha por fugir dos meus temores, dos meus fantasmas... O gosto amargo de ficar na escuridão. Por seu querer-bem eterno, santificar o velho ser que vive em mim...

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