sexta-feira, 26 de julho de 2002

Ninguém



Como é chato, e triste, e a cada dia mais insuportável, entrar naquele carro, chegar nesta casa, levantar desta cama, fazer qualquer coisa, e tudo dos meus dias, sem ter com quem compartilhar. Sem ter pra quem telefonar de noite. Sem ter o abraço certo que sempre me acalmaria. Sem o colo pra chorar nessas horas de angústia. Sem o sorriso, o conselho, a opinião. Como não vale a pena, meu Deus! E como parece injusto eu me sentir assim e dizer essas coisas já que tenho tanto e tanta gente não tem nada. Mas como é que faz pra evitar esse nó na garganta? Como é que faz pra aprender a dar valor pra o que se tem e não sofrer pelo que não há? Parece que não ter com quem dividir faz com que nada de bom exista.



Como é trsite, meu Deus... Como é triste entrar naquele carro e constatar, dia após dia, que não tenho ninguém comigo. E é mais triste porque eu só sei que não tenho quando lembro que já tive... e como é feliz ser dois em vez de um. Um não é oito. Dois é.



Eu não quero mais entrar naquele carro.

Eu não quero mais levantar dessa cama.

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