sábado, 27 de julho de 2002

Hoje é meu aniversário



Eu adoro aniversário.

Mas este ano tô assim... assim...





Sempre chega a hora da solidão

Sempre chega a hora de arrumar o armário

Sempre chega a hora do poeta plêiade

Sempre chega a hora em que o camelo tem sede



O tempo passa e engraxa a gastura do sapato

Na pressa a gente não nota que a lua muda de formato

Pessoas passam por mim pra pegar o metrô

Confundo a vida ser um longa metragem

O diretor segue o seu destino de cortar as cenas

E o velho vai ficando fraco esvaziando os frascos

E já não vai ao cinema



Tudo passa e eu ainda ando pensando em você

Tudo passa e eu ainda ando pensando em você



Penso quando você partiu assim sem olhar pra trás

Como um navio que vai ao longe e já nem se lembra do cais

Os carros na minha frente vão indo e eu nunca sei pra onde

Será que é lá que você se esconde?



Tudo passa e eu ainda ando pensando em você

Tudo passa e eu ainda ando pensando em você



A idade aponta na falha dos cabelos

Outro mês aponta na folha do calendário

As senhoras vão trocando o vestuário

As meninas viram a página do diário



O tempo faz tudo valer a pena

E nem o erro é desperdício

Tudo cresce, e o início

Deixa de ser início

E vai chegando ao meio

Aí eu começo a pensar que nada tem fim

Que nada tem fim...



O Avesso dos Ponteiros, Ana Carolina


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