terça-feira, 26 de novembro de 2002

E O Vento Levou...

Houve uma terra de cavaleiros e campos de algodão denominada O Velho Sul.

Neste mundo o galanteio fez sua última mesura.

Aqui foram vistos pela última vez cavaleiros e suas damas,

senhores e seus escravos.

Procure-os apenas nos livros pois não passam de um sonho a ser relembrado.

Uma civilização que o vento levou...




E o vento levou esses dias e meses maravilhosos de teatro no ar, no sangue, nas noites, na minha vida.

Estou cheia de um vazio novamente que, nem que eu tente, se explica.

Talvez quem já viveu coisa assim entenda. Um pouco.

Em mim é uma dor. Especialmente este ano, uma dor bem doída.

Now what?

Agora não sei...



À Flor da Pele

Estive muito sensível esses dias.

E coisas bem extraordinárias aconteceram.

O que fechou com uma chave que não sei bem se é de ouro foi o Tom aparecer ontem na peça. Não se entende, não se explica. Os motivos que o levaram lá são os mais bobos possíveis. E eu estava lá mais uma vez. E eu perguntei: como você está? E ele respondeu: SÓ. Como assim "só"? Só, ele disse. Estou sozinho. E ele está sozinho e foi lá, me contar... E quando olho aqueles olhos tanta coisa passa na minha cabeça... dez anos apaixonados por ele... e mais alguns de tantas descobertas tão distantes dele... Eu me pergunto se ainda temos algum caminho... Mas sempre que andamos juntos vejo que não... não ... não... Por que é que a gente deixa de admirar alguém que era tudo na vida? Por que é que a gente se cansa? Por que é que a gente abre mão do sonho da vida inteira? Por que e que a gente amadurece, cresce, e se afasta tanto de quem não vem junto? Por que é que a gente ama outra pessoa e descobre que o amor não era aquilo que se tinha? Por que é que a gente não pode viver na ingenuidade? Por que é que a gente deixa de amar?

Eu quero, mas só quero quando ele está longe. Quando ele vem é tão claro que não quero mais. Que triste.



Tudo Sobre Minha Mãe

A Dona Daysi foi ver a peça ontem... e amou. Vejam só que coisa! Parece que minha mãe mudou de olhares. Ou então aquelas peças de antigamente eram muito ruins mesmo! Risos. Deviam ser, sim. Porque ela sabe das coisas. Ela tem bom gosto, eu sei. E me pergunto como vamos indo, nós duas... Bem, eu diria. Mas quero ver até quando. Até eu, e ela, descobrirmos que talvez não tenha sido só uma fase... Sei lá. Mas que é bom demais essa coisa boa entre a gente, isso é. E eu gosto tanto de vê-la lá... Até fico pensando que pode ter sido bom um tanto de ausência que senti a vida toda... porque agora dou tanto valor à presença dela. E ela vai comigo ao prêmio amanhã. E é realmente ela quem eu quero ali ao meu lado. Independentemente de qualquer coisa, sei que a gente vai dar risada, e que vamos nos entender no olhar, e que vamos debochar das coisas de que sempre debochamos. E sei que vamos sentir muito a falta da minha irmã que está longe, e da minha tia linda e amada que está vendo tudo lá de cima. E só ela e eu sabemos o que a gente sente. E é por isso que tem de ser ela lá, a minha mãe. Que só reclama, que briga sem nem saber por que, que fala NÃO até hoje, sem motivo, como se eu tivesse 15 anos... Mas que é ela, minha mãe. E que no dia 4 de dezembro vai ser beatificada por aguentar o senhor meu pai há quarenta anos - de casados - mais dez - de namoro... Bendita seja. O seu Eduardo é legal, eu sei... Mas ela aguenta, viu! E não posso parar de pensar no comentário da DonAna, a cozinheira: Graças a Deus sua mãe voltou de viagem... É só ela mesmo que esquenta lugar nesta casa! Não adianta: é ela que manda! ... Pois é. É ela que manda.



And The Oscar Goes To...

O Oscar vai para as minhas queridíssimas Débora e Ana! Que me deram mais uma vez o prazer inenarrável de irem me ver no teatro! A Débora escreveu lá sobre esse nosso louco encontro nessa rede louca, e que se não fosse isso talvez nunca nos cruzássemos por aí... e pode ser mesmo... Mas seja como for, eu só tenho a agradecer a Deus por, eu sim, ter tido o privilégio de cruzar o caminho de duas pessoas tão, tão queridas. Ahhhhhhhh, e o Raul gostou da peça!!!! Ufa!!!! Pontos para o teatro! Deus seja louvado! Por falar em Deus... esta rede maluca ainda nos fez descobrir, Ana e eu, que sempre estivemos unidas de alguma forma por Ele, ainda sem saber. Que coisa iluminada.

Obrigada, meninas! Vocês moram no meu coração. E no meu palco, sempre!



Ah, e o Oscar vai também pros meus lindos!!!!!

Luca e Nana!

Que foram ver a peça! E adoraram!

Fazer teatro pra eles é tudo o que me tira do chão.

Não vejo a hora de fazer mais.

Breve, num teatro perto de você: Amídalas!



The End

Acabou, acabou... por enquanto acabou.

Temos mais duas apresentações marcadas, se é que serve de consolo.

Nos dias 4 e 19 de dezembro.

No teatro Paulo Autran, e no Ruth Escobar, respectivamente.

Legal, né. É.

Mas é outra coisa...

O primeiro The End aconteceu e a gente vai juntando os pedaços devagarzinho essa semana. Eu estou quebrada como se tivesse apanhado muito. Mas nem te conto como é boa essa sensação de dever cumprido, como diria meu diretor Marco André. Dever cumprido. E essa certeza de que não dá pra fazer outra coisa na vida a não ser cumprir o meu dever de estar no palco. E o meu dever de educar por meio dele, e de contribuir com o mundo também por meio dele, o palco. E isso não vai ter The End.

Coooooooooooorta!!!!!!!!!!!!

Olha, foi muito bom mas nós vamos ter de refazer a cena, pessoal.

Every day!



Dan e a Nossa Cidade

Fui ver a peça da ESPM no sábado.

Entrar ali foi só o começo da emoção sem tamanho que eu iria viver naquela noite.

A peça foi muito bonita... aquela quadra, aquelas pessoas, aquela cena de Se Essa Rua Fosse Minha... Aquelas lembranças... Aqueles olhos azuis que passaram como um vulto por mim e me trouxeram tanta saudade...

OI, Dan. Oi, Ju... e uma conversa de quase uma hora sobre o nosso encontro, sobre a nossa paixão pelo teatro, sobre a nossa cena, sobre as nossas emoções, sobre tudo o que fizemos, tivemos, vivemos, sentimos... Coisas que só a gente, e quem esteve lá, e mais ninguém pode saber o que é. Mais uma vez essas coisas que não têm explicação... não tem, não tem. Debruçados ali, em cima daquela arquibancada, lembrando de cada momento lindo, do começo de tudo... e olhando pro momento do Dan agora, e pras coisas que vêm por aí... e falando do que eu não posso fugir... E... sei lá. Foi aquilo, que mais uma vez a gente teve... e é nosso. Eu te amo, Dan. E nada, nada vai tirar da gente o que a gente tem. Não tirou até hoje. E agora somos gente grande, grandes crianças que amadureceram... E nada vai nos tirar o que é nosso. E o amor que a gente tem. Pelo teatro, que nos une, pra sempre. Fiquei muito, muito feliz com esse reencontro e, finalmente, com uma conversa boa que havia muito, muito tempo eu esperava acontecer. E ainda vou te ver gigante, ainda vou ter aquela emoção que senti no Rio multiplicada por mil quando muito mais gente descobrir o universo que há dentro de você... Quando muito mais gente tiver a alegria de te ver atuar, do jeito que eu vi, vejo, verei sempre. Os olhos têm que brilhar. Como os seus. Azuis. Diamantes.



A Semana

Esta semana vai ser muito feliz.

Mas o motivo eu guardo aqui dentro.

A gente sabe, né. E isso basta.



À Flor da Pele II

Continuo bem sensível esses dias.

Não sei se isso é bom ou ruim.

Mas é isso.



Coisa de Criança

Tinha mais pra dizer mas... esqueci.







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