quinta-feira, 22 de agosto de 2002

A vida escapa


Quando me surpreendo ao fundo do espelho assusto-me,

mal posso acreditar que tenho limites, que sou recortada e definida.

Sinto-me espalhada no ar, pensando dentro das criaturas,

vivendo nas coisas além de mm mesma (...).



Fascinada mergulho o corpo no fundo do poço,

calo todas as suas fontes e sonâmbula sigo por outro caminho.

Analisar instante por instante, perceber o núcleo de cada coisa

feita de tempo ou espaço. Possuir cada momento,

ligar a cosciência a eles, como pequenos filamentos

quase imperceptíveis mas fortes.

É a vida? Mesmo assim ela me escaparia.



Perto do Coração Selvagem, de Clarice




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