segunda-feira, 19 de agosto de 2002

E foi por isso que eu te amei tanto...

E quem eu queria que fosse, foi. (Deus ouviu. E me deu de presente. Obrigada.)

Por pressentir, entrei no palco tensa, nervosa, com medo de qualquer coisa. A voz nessas horas é a primeira que vai embora. E foi. A voz que vinha acho que saía da alma, não de Joana.

Foi um domingo de emoções opostas, extremamente opostas.
Como eu sou extremista! Hoje, inevitavelmente, estou "morta".

Sobrevivo, é verdade, mas depois de morrer um pouco. Ao mesmo tempo, a felicidade daquela presença acho que vale qualquer morte.

A dor, no final das contas, é a mesma e independe de ver, não ver. Independe de tudo. Porque não há um dia em que eu não me lembre. E não tenha saudade. Não há um dia que não doa.

Então, prefiro ter tido essa alegria, apesar do sofrimento de conviver com a tragédia todo dia.










O primeiro prato, o primeiro aplauso, a primeira inspiração...

Você me deu cada sinal do meu temperamento.


Obrigada por você ter ido.

Eu sei que você sabe o quanto foi importante pra mim.

Espero que você tenha gostado mesmo e que eu não tenha feito nada que te

chateie ou incomode. Eu fico tão feliz de te ver que às vezes tenho receio

de te incomodar com isso. Espero do fundo da alma que não,

porque queria que fosse só coisa boa.

Se sim, me desculpa e saiba que não é por mal.



Quero que você saiba também que a peça foi um sucesso, que só recebi

elogios e ouvi coisas muito emocionantes de muita gente que eu nem

conheço! De mães, senhoras, gente de todo o tipo que sempre comentava de

forma geral a mesma coisa: como é verdadeiro todo aquele sentimento de

amor profundo e adoração que a Joana transmitia... Tirando a parte da

loucura e de tudo o que ela faz de ruim depois, o que eu tenho pra te

dizer e agradecer é que foi você a pessoa responsável por um dia eu ter

descoberto o que é amar de verdade, e se entregar, e ser feliz... e

depois a dor da perda e a tristeza, e ter de aprender a aceitar isso

também - apesar de ela não ter conseguido, eu acho que consegui de algum jeito.

Essas coisas que, hoje eu sei, fazem parte da vida mesmo, e do fim do amor.



E mais, hoje eu te entendo tanto, te dou razão,

me arrependo de muita coisa, apesar de saber que, na época, eu não saberia

ter feito diferente. Hoje, até depois de ter ido lá remexer em tudo pra

conseguir encontrar a força de amor dessa Joana - que é também a minha -

eu enxergo o que você passou, todos os esforços que você fez, e até

o quanto você suportou para tentar me fazer sofrer menos. E isso tudo,

ironicamente até, me faz te guardar com mais carinho em mim, com mais

alegria, com mais amor. Faz com que eu admire mais a pessoa maravilhosa

que você é. E até o seu comentário sobre a peça reforça isso, que eu

sempre soube, o seu senso de justiça, a sua coerência, a sua lealdade

com o que pensa e sente.



Você é a minha maior lição de vida, meu maior orgulho.

Eu às vezes nem entendo como mereci ter tido você do meu lado tanto

tempo. Mas aí Deus me diz que foi por isso mesmo, pra eu aprender tanta

coisa e me tornar uma pessoa melhor. Quando digo que gostaria muito que

a gente pudesse conviver hoje em dia e daqui pra frente, acho que é

um pouco também porque eu gostaria de te mostrar

quanto bem você trouxe pra minha vida.

E de te dar tantas coisas boas que hoje eu tenho

e sei dar de uma forma tão branda, tão tranquila, tão leve...



Bom, você me conhece e sabe que eu ficaria aqui a vida inteira te agradecendo

e te dizendo o quanto eu te amo de todas as formas. Mas você já cansou disso, eu sei.

E nem precisa também. O importante é você saber a alegria que me proporcionou.

E saber que sempre, pro resto das nossas vidas, eu continuo do seu lado,

pronta pra o que você precisar. Lembra daquilo que a gente falava no

Encontro, que "amigo é aquele que dá a vida pelo outro"... pois eu dou a

vida por você, sempre. Mesmo longe, você mora em mim.




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