sábado, 10 de agosto de 2002

Lembrança



Uma vez mandei isto pra minha mãe.

Não sei por que me lembrei agora...

Mas é lindo:





"De tanto te pensar, me veio a ilusão.

A mesma ilusão

Da égua que sorve a água pensando sorver a lua.

(...)

De te sonhar, tenho nada,

Mas acredito em mim o ouro e o mundo.

De te amar, possuída de ossos e abismos

Acredito ter carne e vadiar

Ao redor dos teus cismos.

De nunca te tocar

Tocando os outros

Acredito ter mãos, acredito ter boca

Quando só tenho patas e focinho.

De muito desejar altura e eternidade

Me vem a fantasia de que Existo e Sou.

Quando sou nada: égua fantasmagórica

Sorvendo a lua n'água."



De Hilda Hilst, mãe.

Mas, hoje, de mim para você.

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