sexta-feira, 9 de agosto de 2002

The Day After
"Good mooooooorning Vietnã..."

Apesar da guerra diária, estou viva. O dia amanhece por aqui, há um silêncio e uma tranqüilidade que me dão vontades de vida de novo. O corpo dói mas o coração está quente. Não é ninguém ainda, mas uma brisa boa que algum bom vento traz. E as mães é que são maravilhosas. São duras, às vezes, cruéis sem querer, ausentes sem saber... mas são maravilhosas. Tenho acordado com saudades da minha mãe. E o bom é que ela está logo ali, no quarto ao lado, e eu posso ir vê-la sempre, e logo. Tenho acordado com vontade de estar aqui. Não todos os dias, mas hoje. Falo de hoje. Amanhã não sei. Ninguém sabe. Nem leio mais o jornal. Essa vontade perdi por enquanto. O sol do meio-dia está lindo. Daqui a pouco começo a ficar agitada - como a raposa do Pequeno Príncipe, que sabe que o principezinho vem às quatro da tarde então desde às três já tem o coração ansioso... É preciso ter ritos. Os barulhos da casa são os mesmos de toda a nossa vida. Pelo menos de dia. À noite não, porque já não há muita gente aqui. Eles se foram, um por um. Mas sempre voltam, é verdade. E se multiplicaram. Isso é que bom. Essas crianças que trouxeram qualquer coisa mágica de novo pra vida da gente. Acho que é por isso que ainda consigo me lembrar de acordar contente. Graças a Deus, que nunca me abandona. Apesar da guerra, e da minha falta diária. Obrigada.

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