domingo, 17 de fevereiro de 2019

Um registro porque não quero esquecer

É domingo, 17 de fevereiro de 2019, 10h36, e eu morri. Assim, de um momento para o outro, outra vez. Como uma tempestade que se forma em silêncio e despenca impiedosa sem nem saber o que arrebenta. Quando parecia que o caminho caminhava para o destino - ainda que distante -, de repente veio a morte. Veio esse choro torrencial da morte. Veio a onda violenta que destrói o porto - ainda que seja um não-porto. Mas agora eu preciso lembrar. Não posso esquecer. Vejo que talvez eu já não suporte morrer - de amar. Sempre me lancei sem rede e sobrevivi, mas agora não me sinto mais capaz. Meu corpo está cansado e a correnteza me arrasta - ainda que por passageiros instantes. A tempestade inesperada derruba minha casa e já não me sinto capaz de reconstruí-la como antes. Como me conserto desta vez? Será que me conserto? Talvez. Talvez sem sair do lugar. Talvez me jogando no mar.

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