domingo, 23 de março de 2008

casa III

é o palco, você sabe como. entrar em cena. e milhares de estrelas no céu. e os tons de luz que só a gente conhece. o chão de madeira e os sons de cada passo, da pisada forte, de alguma queda. é o escuro e a expectativa. são os olhos ao redor do que pode ser uma vida inteira. em instantes. são aqueles minutos e o calor de um sol ausente. é o presente de cada noite em silêncios e partidas rápidas. é a platéia que me trouxe uma visão. mas pisquei os olhos e se foi. é o dia seguinte se a exaustão for muita, se a gratidão for breve, se restarem sentimentos por trás da cortina. é quando aquilo tudo faz sentido simplesmente por ser. um monte de gente que sorri, se formos de sorrisos. um monte de gente que vê. gente que diz mais oi do que tchau. mas que volta e que acredita. é a arena. encena, mente, se engana e desiste. ou então descobre que ainda pode ser. e convence. esquece o texto, improvisa, sem avisar ninguém. me surpreende, pelo amor de deus. são os meus sonhos e os seus. mãe, pai, zeus. é o palco. você sabe como. rostos conhecidos e abraços guardados. a mesma lembrança em todos os toques. o mesmo desejo em todos os olhos. a mesma falta. o ingresso não dado. uma porta abre, alguém sai. alguém entra. tem o chão, tem os pés descalços, tem os dedos firmes nas coxas e na cintura. as curvas que vieram depois da dor. é o amor. esse que de todos persiste. me fala da tua estrada, da tua estada, do que não tem fim. é depois da saída, a comida. as ruas, minhas e propícias. mas hoje sou outra, ontem sou nova, amanhã saberei. é a páscoa. oca. nascente. sempre, você sabe como. nós entre três paredes.

Nenhum comentário: