domingo, 10 de maio de 2009

de mães, amores, saudades incuráveis e o estômago embrulhado

1. do estômago embrulhado
hoje recebi notícias invisíveis
recebi notícias invisíveis hoje
recebi notícias hoje invisíveis

2. das saudades incuráveis
Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.
(Saudade, em A Descoberta do Mundo, Clarice Lispector)

3. dos amores
O "amar os outros" é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra. (...) Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca. (...) Sempre me restará amar. Em escrever eu não tenho nenhuma garantia. Ao passo que amar eu posso até a hora de morrer. Amar não acaba.
(de As três experiências, em A Descoberta do Mundo, Clarice Lispector)

4. das mães
Eu me orgulho deles, eu me renovo neles, eu acompanho seus sofrimentos e angústias, eu lhes dou o que é possível dar. Se eu não fosse mãe, seria sozinha no mundo. Mas tenho uma descendência, e para eles no futuro eu preparo meu nome dia a dia. Sei que um dia abrirão as asas para o vôo necessário, e eu ficarei sozinha. É fatal, porque a gente não cria os filhos para a gente, nós os criamos para eles mesmos.
(de As três experiências, em A Descoberta do Mundo, Clarice Lispector)

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