segunda-feira, 12 de março de 2007

fugas
tenho sangue nas mãos
não sei de quem
pode ser meu
mas não acho o corte

acordei às três da manhã
no chão gelado
no tapete encharcado
do lavabo de casa

por que no lavabo
não sei

talvez eu tenha tentado fugir
pela janela do olho
pelo ralo da fala
pela fresta do tornozelo

é um sangue que parece velho
mas fresco

o corte é interno
o sangue é veneno
talvez eu tenha tentado fugir
pelo vidro da cabeça

...

notas
a menina que roubava livros
era eu

aquela que levava as almas
era eu

a crueldade em pessoa
era eu

o décimo terceiro tiro
era eu

na família certa
no momento estranho
na melhor escola
no palco

na cidade antiga
no momento certo
no ano seguinte
no palco

na escolha intensa
no momento oculto
na alegria farta
era eu

...

tolices
de tão triste
minha agonia
sorri

ri de mim
de tão tola
e tão minha

caminha
no lugar
de tão só



mi

noite.

a melodia amarga do palhaço morto.

...

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