quinta-feira, 8 de janeiro de 2004

Ou os dois ganham ou ninguém ganha

Li este texto há muitos anos. Nunca esqueci. Lanço mão dele em muitas ocasiões. Dou como exemplo, como argumento, como alerta aos outros e a mim também. É uma das definições mais legais e tocantes que já encontrei sobre relacionamentos. O autor fala de amor, de casamento. Mas, pensando bem, vale pra tudo, pra qualquer tipo de relação. Vale entre amigos, entre irmãos, entre pais e filhos, entre patrão e empregado. Claro que é mais lindo quanto mais se pensa que o que une os dois "jogadores" é algum tipo de amor. Então, imagine se em TODAS as relações houvesse amor, e se todas as pessoas do mundo jogassem Frescobol... Xangrilá!



Meu amor, é pra você, porque a gente joga Frescobol.

E, Dé, é pra você também, que afinal foi quem me fez lembrar do texto hoje...

(E a gente também joga Frescobol, não vem querer mudar!! Tênis eu nem sei - esqueci!)



Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que há relacionamentos de dois tipos: tênis e frescobol.

Os do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal.

Os do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.




Explico-me: O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a derrota se revela no erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir sua cortada - palavra muito sugestiva - que indica o seu objetivo sádico: cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.



O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra, pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir... E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro fica chateado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos sozinho, mas os dois ganham juntos.



Ruben Alves




O que você joga, tênis ou frescobol?

Que 2004 seja o ano do FRESCOBOL!

Nenhum comentário: