Ou os dois ganham ou ninguém ganha
Li este texto há muitos anos. Nunca esqueci. Lanço mão dele em muitas ocasiões. Dou como exemplo, como argumento, como alerta aos outros e a mim também. É uma das definições mais legais e tocantes que já encontrei sobre relacionamentos. O autor fala de amor, de casamento. Mas, pensando bem, vale pra tudo, pra qualquer tipo de relação. Vale entre amigos, entre irmãos, entre pais e filhos, entre patrão e empregado. Claro que é mais lindo quanto mais se pensa que o que une os dois "jogadores" é algum tipo de amor. Então, imagine se em TODAS as relações houvesse amor, e se todas as pessoas do mundo jogassem Frescobol... Xangrilá!
Meu amor, é pra você, porque a gente joga Frescobol.
E, Dé, é pra você também, que afinal foi quem me fez lembrar do texto hoje...
(E a gente também joga Frescobol, não vem querer mudar!! Tênis eu nem sei - esqueci!)
Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que há relacionamentos de dois tipos: tênis e frescobol.
Os do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal.
Os do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.
Explico-me: O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a derrota se revela no erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir sua cortada - palavra muito sugestiva - que indica o seu objetivo sádico: cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra, pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir... E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro fica chateado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos sozinho, mas os dois ganham juntos.
Ruben Alves
O que você joga, tênis ou frescobol?
Que 2004 seja o ano do FRESCOBOL!
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