sexta-feira, 9 de setembro de 2011

somos só estatísticas, anyway

Em cada cem pessoas, aquelas que sempre sabem mais: cinquenta e duas.
Inseguras de cada passo: quase todo o resto.
Prontas a ajudar, desde que não demore muito: quarenta e nove.
Sempre boas, porque não podem ser de outra maneira: quatro – bem, talvez cinco.
Capazes de admirar sem invejar: dezoito.
Levadas ao erro pela juventude (que passa): sessenta, mais ou menos.
Aqueles com quem é bom não se meter: quarenta e quatro.
Vivem com medo constante de alguma coisa ou de alguém: setenta e sete.
Capazes de felicidade: vinte e alguns, no máximo.
Inofensivos sozinhos, selvagens em multidões: mais da metade, por certo.
Cruéis, quando forçados pelas circunstâncias: é melhor não saber nem aproximadamente.
Peritos em prever: não muitos mais que os peritos em adivinhar.
Tiram da vida nada além de coisas: trinta (mas eu gostaria de estar errada).
Dobrados de dor, sem uma lanterna na escuridão: oitenta e três, mais cedo ou mais tarde.
Aqueles que são justos: uns trinta e cinco. Mas se for difícil de entender, Três.
Dignos de simpatia: noventa e nove. Mortais: cem em cem – um número que não tem variado.

Wislawa Szymborska, poeta polonesa
(mais uma extraordinãria que minha professora Tati Fadel me apresentou)

2 comentários:

Raquel Medeiros disse...

Muito bom mesmo! Quantos serão os corajosos de verdade? Beijos

tati fadel disse...

a divisão dos versos e estrofes ficou esquisita