a maldição do dia seguinte em dois atos rápidos e cortantes
1.
Minha verdade espantada é que eu sempre estive só de ti e não sabia. Agora sei: sou só. Eu e a minha liberdade que não sei usar. Grande responsabilidade da solidão. Quem não é perdido não conhece a liberdade e não a ama. Quanto a mim, assumo a minha solidão. Que às vezes se extasia como diante de fogos de artifício. Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima que na solidão pode se tornar dor. E a dor, silêncio. Guardo seu nome em segredo. Preciso de segredos para viver.
Clarice Lispector, em Água Viva
2.
Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas duas pernas. Sei que somente com as duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar.
Clarice, em A Paixão Segundo G.H.
terça-feira, 28 de julho de 2009
segunda-feira, 27 de julho de 2009
domingo, 26 de julho de 2009
cravo, canela e sol
não é só no álbum de fotos que vocês vão entrar.
mas na minha vida, na minha história, no meu lar.
não é só um cinema, um café, um almoço, um jantar.
eu quero viagens longas, confidências, montanha e mar.
não é só porque por acaso vocês estão lá e eu vou encontrar.
nós agora estamos ligadas de fato e não vai ser nada fácil separar.
não é só porque eu quis tanto que vocês se aproximassem pra ficar.
é que nada é mais bonito do que o verbo onde tudo entre nós está: amar.
não é só no álbum de fotos que vocês vão entrar.
mas na minha vida, na minha história, no meu lar.
não é só um cinema, um café, um almoço, um jantar.
eu quero viagens longas, confidências, montanha e mar.
não é só porque por acaso vocês estão lá e eu vou encontrar.
nós agora estamos ligadas de fato e não vai ser nada fácil separar.
não é só porque eu quis tanto que vocês se aproximassem pra ficar.
é que nada é mais bonito do que o verbo onde tudo entre nós está: amar.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
segunda-feira, 13 de julho de 2009
domingo, 12 de julho de 2009
doze de julho
Nem tudo que reluz corrompe
Nem tudo que é bonito aparenta
Nem tudo que é infalível se aguenta
Nem tudo que ilude mente
Nem tudo que é gostoso tá quente
Nem tudo que se encaixa é pra sempre
Nem tudo que é sucesso se esquece
Nem todo pressentimento acontece
Nem tudo que se diz tá dito
Nem tudo que não é você é esquisito
Nem tudo que acaba aqui
Deixa de ser infinito
nem tudo, zelia duncan
Nem tudo que reluz corrompe
Nem tudo que é bonito aparenta
Nem tudo que é infalível se aguenta
Nem tudo que ilude mente
Nem tudo que é gostoso tá quente
Nem tudo que se encaixa é pra sempre
Nem tudo que é sucesso se esquece
Nem todo pressentimento acontece
Nem tudo que se diz tá dito
Nem tudo que não é você é esquisito
Nem tudo que acaba aqui
Deixa de ser infinito
nem tudo, zelia duncan
quarta-feira, 8 de julho de 2009
faltava, não falta mais
E quando você me vê
eu vejo acender outra vez aquela chama
Então pra que se esconder
você deve saber o quanto me ama
Que distância vai guardar nossa saudade
Em que lugar vou te encontrar de novo
Fazer sinais de fogo
Pra você me ver
Quando eu te vi e te conheci
Não quis acreditar na solidão
E nem demais em nós dois
Pra não encanar
Eu me arrumo, eu me enfeito, eu me ajeito
Eu interrogo meu espelho
Espelho em que eu me olho
Pra você me ver
Porque você não olha cara a cara
Fica nesse passa não passa
O que te falta é coragem...
sinais de fogo, ana carolina
E quando você me vê
eu vejo acender outra vez aquela chama
Então pra que se esconder
você deve saber o quanto me ama
Que distância vai guardar nossa saudade
Em que lugar vou te encontrar de novo
Fazer sinais de fogo
Pra você me ver
Quando eu te vi e te conheci
Não quis acreditar na solidão
E nem demais em nós dois
Pra não encanar
Eu me arrumo, eu me enfeito, eu me ajeito
Eu interrogo meu espelho
Espelho em que eu me olho
Pra você me ver
Porque você não olha cara a cara
Fica nesse passa não passa
O que te falta é coragem...
sinais de fogo, ana carolina
quinta-feira, 2 de julho de 2009
aquela coisa
ela olhava para o nada e pensava no que queria dizer. não achava as palavras perfeitas, mas conhecia tão bem aquela sensação. talvez se deixasse em branco, quem lesse entenderia melhor. aquela coisa. aquela coisa que a gente sente quando sabe que aquilo vai acontecer de novo. ela sentia, e sabia. e não gostava nada de sentir aquilo. ai, como destestava aquilo. ela sentia e detestava. sempre queria que não acontecesse mais, mas de repente acontecia. de novo, mais uma vez, inevitável. aquela coisa. aquela coisa.
ela olhava para o nada e pensava no que queria dizer. não achava as palavras perfeitas, mas conhecia tão bem aquela sensação. talvez se deixasse em branco, quem lesse entenderia melhor. aquela coisa. aquela coisa que a gente sente quando sabe que aquilo vai acontecer de novo. ela sentia, e sabia. e não gostava nada de sentir aquilo. ai, como destestava aquilo. ela sentia e detestava. sempre queria que não acontecesse mais, mas de repente acontecia. de novo, mais uma vez, inevitável. aquela coisa. aquela coisa.
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